IV O Novo Testamento:
as origens das comunidades
1.1.PAZ E HARMONIA
Os Romanos deram a região antiga
do reine de Israel/Judá o nome Palestina, derivada de Filisteus.
ANOS DE TERROR E VIOLÊNCIA 4 a.C – 6 d.C
OS TEMPOS DE JESUS 6 d.C - 39 d.C
PÔNCIO PILATOS 27 d.C. - 37 d.C.
Herodes Agripa I (41-44) foi
neto de Herodes Magno, viveu por muito tempo em Roma, conhecia a família de
César em Roma e ajudou na nomeação de Cláudio como César. Por isso foi nomeado
rei de Judá. Pouco tempo antes Calígula tinha decidido de impor o culto do
imperador a todos os povos, no ano 39 deu ordem expressa de introduzir a
estátua do Imperador no templo de Jerusalém. Quando Petrônio veio com duas
legiões (12.000 soldados), 10.000 camponeses se reuniram diante do palácio em
Ptolomaida para protestar. O mesmo aconteceu
O
JUDAÍSMO FORMATIVO NA DIÁSPORA
O Evangelho de Mateus
1.
Prefácio: O nascimento de Jesus em Belém
2.
A vocação do Nazoreu: A voz do céu chama:
Meu Filho
Sobre tributo ao Império:
5. AS OBRAS DE LUCAS
III. de Antioquia a Roma At 15,36-28,31;
6.15 Paulo, preso em Jerusalém, vai para Roma atos 21,17-
28,31
7. As cartas de Paulo
7.5 AS CARTAS AOS CORINTIOS
8.1 A EPÍSTOLA DE TIAGO
Da Carta de Plínio a Trajano
8. De onde vem o Messias e para onde vai o Filho do Homem
15. Oração de Jesus 17,1- 26;
Jesus recebe a vida, a mesma expressão como no Apocalipse: ¨Estive morto, eis que estou vivo¨ (Ap 1,18; e 2,8). Não se fala da ressurreição. Só um comentarista explica: Ainda não tinham compreendido as Escrituras secundo a qual Jesus devia ressurgir (20,9).
14 . O APOCALIPSE DE JOÃO:
as origens das comunidades
1. O IMPÉRIO ROMANO E A PALESTINA...............................................................01
2. OBSERVAÇÕES SOBRE OS
EVANGELHOS....................................................... 09
3. EVANGELHO DE
MARCOS......................................................................................17
4. EVANGELHO DE MATEUS......................................................................................25
5. AS OBRAS DE
LUCAS..................................................................................................37
6. A IGREJA MÃE DE
JERUSALÉM.............................................................................43
7. O GRUPO DOS
HELENISTAS.....................................................................................45
8. SAUL, CHAMADO
PAULO..........................................................................................47
9. VIAGEM PARA A
EUROPA........................................................................................49
10. PAULO VOLTA PARA EUROPA..............................................................................51
11. ROMA A CAPITAL DO
IMPÉRIO............................................................................54
12. AS IGREJAS NA ÁSIA
MENOR................................................................................59
13. O EVANGELHO DE
JOÃO.........................................................................................63
14. O
APOCALIPSE............................................................................................................79
“Que o leitor compreenda!” Mc 13,14
LITERATURA USADA:
Ribla n◦ 22- Cristianismo Originário 30 -70 d.C
Ribla nº 29 – Cristianismo Extrapalestino
35 – 138 d.C. Ribla n 20 - Paulo de Tarso
Frederik F. Bruce, -
Basiswissen Neues Testament
Pinchas Lapide: Paulus –
Zwischen Damaskus und Qumram
Klaus Wengst Pax Romana.
Ohlig: Fundammentalchristologie, Kösel1986.
Boyarin: Die jüdischen
Evangelien, Ergon Verlag Würzburg
Uma introdução à Bíblia
Ildfo Bohn Gass Paulus 2005
Ligação do primeiro Testamento com o (secundo) Novo Testamento
O primeiro Testamento encerrou com o
profeta Malaquias, suas últimas palavras foram: “E eu vos enviarei o profeta
Elias antes que chegue o dia do Senhor, grande e terrível: ele reconciliará pais
com filhos, filhos com pais, e assim “não virei eu para exterminar a terra.” (Ml.
3, 23).
O Novo Testamento começa com a
formação das comunidades, primeiro na Palestina helenista. O extremo Oriente fora do Império
na Ásia não estava presente.
As comunidades transmitem as
narrações sobre Jesus, celebram o batismo e a ceia do Senhor em memória dele e
pronunciam a presença dele: Vinde Senhor Jesus! A prática deles é o serviço
fraterno e os apóstolos estão em serviço do Evangelho.
1. O IMPÉRIO
ROMANO E A PALESTINA
1.1.PAZ E HARMONIA
A partir de 770 a.C. colonizadores gregos povoaram a
Itália com a cultura grega.
Conforme a uma lenda Roma foi fundada por Romulus e Remus,
filhos de Mars e da filha de um rei. No início aconteceu um fratricídio: Romulus
matou Remus, Roma foi uma colônia de criminosos, roubaram até mulheres. Com o
tempo cercaram a cidade de sete colinas e conquistaram os arredores, chamados Latium.
Os romanos foram agricultores. A riqueza do país foi a pecuária (pecus), de lá
pecúnia “dinheiro”. Existe uma conexão entre dives = ricos e divus =
divino.
O imperador foi juiz supremo, sacerdote e beligerante,
mantinha o poder absoluto como o “pater famílias”, houve a classe dos
patrícios, plebeus e clientes. O poder do pai abrange o direito sobre vida e
morte da mulher, das crianças, dos clientes. Casar significa introduzir para a
maternidade (matrimônio), quer dizer a mulher serve para a criação. Só tinham
escribas, poeta é uma palavra grega.
Fides (fé) e piedade significam lealdade a um pacto
cumprindo os compromissos. Os Romanos não gostaram do comercio e da corrupção.
Os Romanos seguiram os Gregos no poder e assumiram a
cultura e a filosofia deles. Apesar disso a religião Romana guarda sua
propriedade, especialmente na África do Norte. No início não existiam deuses,
em vez tinham poderes superiores. O divino aparacia aos Romanos como “Numen ou Fatum”, um poder
superior que coloca o direito. Numen vem da palavra “inclinar se”. Religião significa re-ligar-se à justiça dos deuses.
Piedoso é aquele que cumpre a justiça
divina. Devoção (pietas) é a virtude pricipal, é salvação, a harmonia com a
ordem divina, desgraça ou nefasto é a destruição da harmonia.. As núminas foram
personalizadas: As divindades mais importantes são Jupiter e Mars, Mars é o
deus da guerra e da agricultura, de lá o nome do mês de Março. (Ohlig p, 147 s)
Encontramos uma estrutura hierárquica, quando é um único
que domina os outros. O único desejo é a salvação do príncipe, com isso tem
salvação de todos.O imperador é um deus, tudo depende dele.”Tu, Cesar, podes
afirmar ousadamente que tudo aquilo, que se subordina à tua fidelidade eà tua
proteção, está em segurança”. O Cesar Augusto é “como deus na terra”.
Domiciano (81 – 96) foi chamado “Dominus et Deus noster”.
Domiciano (81 – 96) foi chamado “Dominus et Deus noster”.
Os Romanos achavam que foi a
melhor época e a mais feliz da história do universo. “Nós devíamos ser gratos
por já termos 40 anos de paz”.
O
César Augusto (31 a .C.-
14 d.C.) foi elogiado como o salvador de todo o gênero humano, que pôs fim a
guerra e organizou a paz, é “o dia do nascimento de Deus”, mas esta paz foi
conseguida no campo de batalha: “Guerra , Vitória e Paz”. Nas moedas de Trajano
a Deusa “Paz” coloca o pé em cima da cerviz de um vencido.
Os
Imperadores encheram a Itália de sangue e cadáveres. Germanico no ano 44 d.C.
mandou devastar completamente à fogo e à espada de 50 milhas, nem sexo, nem
idade valia, tudo foi arrasado.
“Tu romano, pensa em governar os
povos com o poder das ordens, impor a lei, a paz, poupar os subjugados e
derrotar os rebeldes”.
O culto ao Imperador
Romano na Ásia menor:
A Ásia menor foi berço e centro do culto ao imperador. A
ideologia do império culmina na paz dos deuses, no imperador: “Senhor e Deus”.
Para as comunidades é o diabo que busca a quem devorar. O Apocalipse conta
a derrota do Império Romano e mostra um
mundo novo.
O imperador Augusto 29 a.C. concordou na edificação de uma estátua sua para ser venerada, o culto a Augusto era o mais antigo culto imperial romano na Ásia. Tibério (14-37 d.C.) não aceitou honras divinas, Calígula (37-41) exigiu ser tratado como um deus. Nem Cláudio (41-54) nem Nero (54-68) foram oficialmente aceitos entre os deuses, enquanto na vida. Vespasiano (69-79) retomou as formas do culto do imperador, somente um imperador divinizado após a morte tornava-se um dos deuses do império. Domiciano (81-96) exigiu ser chamado “Senhor e Deus”. O culto ao imperador não só era celebrado nos templos, mas também em outros espaços públicos. Era uma expressão de lealdade ao império. Entre os anos 1 d.C. até 150 mais de 140 templos foram construídos na Ásia menor.
1.2.A CONQUISTA DA PALESTINA
Os Romanos deram a região antiga
do reine de Israel/Judá o nome Palestina, derivada de Filisteus.
Dos anos 168 a.C. - 135 d.C. tinham
na Palestina 6l revoltas, começando com a luta dos Macabeus contra o Império
dos Gregos e terminando com as revoltas contra o Império Romano.
Após consolidar o poder no Ocidente Roma começou a
expansão no Oriente. No ano 63 a.C. Pompeu anexou ao Império Romano o reino do
Ponto, no norte da Anatólia e estabeleceu uma nova ordem na Ásia Menor de
acordo com os critérios romanos. Em 64 a .C em Antioquia Pompeu rebaixa a Síria a
província romana. Ele aproveitava da disputa entre o poder real e a função do
sumo sacerdote em Jerusalém e em 63 tomou Jerusalém. Otaviano emergiu como
governante em 31 a.C. recebeu o título Augusto 27 a.C. e pôs fim à guerra no
Império Romano (Pax Augusta). Morreu 14 d.C. Seu sucessor é Tiberius até 37
d.C.
Os
Romanos exerceram seu domínio de forma direta pelos procuradores ou indiretamente
através de reis vassalos como Herodes Magno. A presença Romana acentuou a
prática clientela: o Império é o patrão e as elites econômicas e políticas locais
são clientes constrangidos. A relação do
patronato gerou uma acirrada competição entre as principais cidades de Ásia
menor. Cada cidade queria conseguir as honras e privilégios imperais
construindo templos e monumentos.
Informação sobre Galileia:
Foi uma área montanhosa no norte, e fértil no sul. 80
km N/S e 40-45 km E/O. No norte o povo vivia em grutas e cavernas.
O lago da Galileia fica 212 metros abaixo do
nível do mar, 50-80 m
de profundidade, 21 km
N/S, 13 km
E/O. Tinha muitos pescadores, os peixes eram vendidos até em Roma.
Diferentes das cidades da Galileia onde se
concentravam os colonos romanos, funcionários helenizados e comerciantes, a
população nativa era rural, concentrada em pequenas aldeias, de 50 a 200 famílias com poucas
distâncias umas das outras. Reuniram-se nas sinagogas aos sábados. É provável
que nesses encontros se mantivesse a viva memória dos profetas do Norte.
Na Galiléia, a sociedade agrária vivia
essencialmente da semeadura (trigo) e do gado (cabrito, ovelhas). 90% da população eram camponeses. A produção
na Palestina era cerca de 278 000 toneladas de cereais.
Herodes retinha 20% em impostos. O sistema do templo
(sacerdotes) retinha 30%. O Império Romano cobrava em torno de 10% em tributos. Os
arrendatários pagavam 33% em
rendas. E os camponeses ficavam com uns 13% para sobreviver.
O recenseamento foi uma exploração cruel.
Roma impôs novamente um pesado tributo. Na sua
presença tornou-se mais agudo o processo de concentração das terras. Isso
aumenta a pobreza no campo e a riqueza na cidade. O povo começa a perceber que
é “Tomado e governado por outros”. Não é casual que o sintoma “Estar possuído
pelo Demônio” seja uma sensação frequente. Flávio Joséfo informa: “Roubar é a
prática comum deste povo, pois não há outro jeito para eles viverem: eles não
têm cidades que sejam deles, nem possuem terra, mas só uns buracos, onde vivem
com seus animais”.
Sobre
enfermidade: No judaísmo todos os
aspectos da vida humana eram avaliados em relação com seu criador. “O judaísmo
acreditava firmemente na determinação do querer de Deus, que é o único que
governa de maneira soberana o mundo”. Por isso encontram-se afirmações como:
“vinde e voltemos ao Senhor. Ele nos despedaçou, mas também nos sanará;
feriu-nos, mas também nos curará.” (Os. 6,1)
A enfermidade é entendida como estar de costas para
Deus. Igualmente no mundo helenístico-romano a saúde corporal é entendida como
um estado de “pureza“; “Os doentes não são aceitos no convívio da comunidade.
São excluídos de cargos e lugares públicos. Ficam sem assistência social e
médica (já bem precária). São obrigados a mendigar para prover a sua penúria e
fome. Assim, são vistos caídos pelo caminho (Mc 10,46) nas portas dos lugares
públicos (Jo 5,3), fora dos povoados (Lc 17,12), perto do templo (At. 3,2). São
tidos como escória e vergonha da sociedade. Não têm lar nem futuro. São mortos
prematuros.”
A realidade é que a falta de alimento e de higiene nos
grupos menos favorecidos da sociedade trazia como conseqüência que, além de
passar fome, os mendigos em sua maior parte estavam enfermos. Os enfermos eram
considerados possessos, portanto, impuros, porque haviam cometido algum pecado
e Deus os havia castigado. “No tempo de Jesus acreditava-se que o mundo era
habitado por uma enorme população sobrenatural: deuses, anjos, demônios,
espíritos da morte...” ( Ribla 57, p.
123 e 125)
Lactancius descreve a prática de um recenseamento
Romano:
“Os cobradores de impostos Romanos apareceram em
qualquer lugar e tumultuaram tudo. Os lotes foram medidos, cada videira e
árvore de frutas contadas. Cada cabeça de gado registrada e cada pessoa
contada. O pessoal do campo e da cidade foi reunido na cidade. A praça pública
estava lotada pelas famílias, cada uma aparecia com parentes e crianças.
Podia-se ouvir o grito dos interrogados com torturas e pancadas. Aproveitou-se
a rivalidade entre pai e filho, homem – mulher, as pessoas foram torturadas até
que depuseram contra si mesmo. Uma propriedade sujeita aos impostos foi
registrada mesmo sem existir, não respeitaram idade e nem estado de saúde”.
Em Jerusalém o verdadeiro líder judeu foi Antípater de Iduméia, ele corre para o
Egito com três mil soldados para ajudar César contra os Ptolomeus. César
concedeu aos judeus privilégios: isenção de impostos e liberdade religiosa. Os
judeus podiam viver conforme as próprias leis, com poder judiciário próprio.
A disputa pelo poder em Jerusalém
contínua: o filho de Antípater, Herodes, foge para o Egito e depois viaja para
Roma. O Senado romano designa Herodes rei de Judá que foi entronizado 37 a .C. em Jerusalém, com a
força romana, Herodes fez um banho de sangue na cidade. Herodes manda matar 45
Saduceus que se opuseram e mandou afogar o sumo sacerdote. Seu reino abrangeu
Judéia, Iduméia, Samaria, Galiléia, Pereia e Basã. Ele construiu Cesaréia, um porto artificial
com uma estátua em honra de Cesar. Conseguiu amizade de César Augusto, assinou
a pena de morte de sua esposa amada Mariamne, mais tarde mandou matar os dois
filhos dela por causa de conspiração. Assim ele exerceu o direito do “pater de
casa” sobre sua mulher e seus filhos.
Herodes limpou a Galiléia do bandidismo.
Galiléia estava cheia de bandidos e ladrões. Herodes foi um grande construtor:
reformou o templo, fundou o porto Cesaréia, a cidade Samaria, ginásios, praças,
templos e teatros. Jesus nasceu 6 a .C. em Belém, Herodes deixou
matar os
meninos de Belêm temendo um
usurpador, morreu 4 a .C.Foi
um rei brutal (Mt 1, 16ss).
Filipe, um filho de Herodes Magno, tetrarca do
antigo Basã, Gaulanitide, Traconitide (Lc 3,1) fundou a cidade de Cesarea de
Filipe. Lá Herodes Magno tinha colocado também uma estátua de Augusto. A região
dele foi habitada por gentios.
ANOS DE TERROR E VIOLÊNCIA 4 a.C – 6 d.C
O filho de Herodes, Arquelau,
sucedeu o pai na Judéia 4 a.C. até 10 d.C. Ele foi pior do que o pai (Mt 2,22),
apresentando-se ao povo na Páscoa no ano 4 a .C. com um massacre de 3.000 pessoas. José
fugiu de Arquelau e morou em Nazaré (Mt 2,22).Em seguida, quase simultaneamente
explodia uma revolta em todo país. Judas Galileu excitou o povo para uma
rebelião e repreendeu aqueles que pagaram tributos aos Romanos e que aceitaram
homens como “Senhores ao lado de Deus”. Varo, o general romano, destruiu
Séforis, capital da Galiléia, a uns 7 km de Nazaré, e vendia a população à
escravidão.
Jerusalém escapou da
destruição, pois seus habitantes se distanciaram da revolta e abriram as portas
da cidade para receber Varo. Mas o interior da Judéia foi vasculhado, 2.000
rebeldes foram presos e o general mandou crucificá-los todos ao redor de
Jerusalém. Nesta época Jesus estava
saindo da infância e entrando na adolescência (Lc. 2,52).
Arquelau, destituído pelo Imperador
Augusto, foi
banido para Gália (França). Judéia recebeu um procurador Romano e se tornou
província romana.
OS TEMPOS DE JESUS 6 d.C - 39 d.C
Herodes Antipas, (filho de Herodes Magno),
foi tetrarca da Galiléia e Peréia,fundou sua capital na margem do lago de Galileia
entre 18 – 20 d.C. dando o nome Tiberíades em honra do Cesar Tibério. Assim em
toda Ásia Menor e Síria se mostrou a lealdade a Roma, foi aquele que mandou matar
João Batista.
Diferentes
das cidades da Galileia onde se concentravam os colonos romanos, funcionários
helenizados e comerciantes, a população nativa era predominante rural,
concentrada em pequenas aldeias, de 50 a 200 famílias com poucas distâncias umas
das outras. Reuniram-se nas sinagogas
aos sábados. É provável que nesses encontros eles lembrassem a viva memória dos
profetas do Norte.
Recentes escavações em Séforis (destruída por Varos)
mostram um anfiteatro com 5.000 vagas, onde certamente se falava a língua
grega. José um “tecton” (arqui-teto) que significa pedreiro ou
carpinteiro, poderia ter trabalhado lá
junto com Jesus. Mais tarde Jesus chama os fariseus “hipócritas” é o nome grego
para um ator no teatro, e compara a sua geração com crianças que fazem teatro
na praça tocando flauta e fazendo lamentações (Mt. 11,16). Será que Jesus
entendia um pouco da língua grega? Em Nazaré Jesus amadurece como profeta.
Os diferentes correntes no Judaísmo:
Os Fariseus: são os “Separados”, os puros, que
praticam minuciosamente a lei. No tempo de Jesus valiam muitas leis: 365
proibições e 248 prescrições. Quem interpreta estas leis são os professores das
leis. Como eles Jesus interpreta a Torá do seu jeito. Os fariseus no tempo de
Jesus não são tão hostis como parece. O povo maldito não conhece a lei (Jo.
7,49).
Os Zelotas: o movimento dos
Zelotas tem sua origem no zelo pela lei, entre os discípulos de Jesus se
encontram Zelotas como Pedro, Tiago, João e Simão o Zelota. Os Zelotas formam o
partido militarista que esperam um Messias guerreiro que vai liderar a revolta
contra a Roma. Mais tarde os Zelotas radicais se chamam Sicários, com a espada
curvada escondida na roupa, Judas Iscariotes pode significar Judas o Sicário.
Estes radicais também se chamam de “Kannaim”. Os Zelotas incitaram o povo para
que não pagassem os tributos.
Os Saduceus: são famílias
sacerdotais influentes em Jerusalém, querem manter seu poder, são contra os
movimentos populares com sua esperança na ressurreição.
O Sinédrio: composto de 70
pessoas podia decretar a pena de morte, mas não executar. Eles tinham autoridade
sobre o templo e a lei e uma polícia própria no templo. O sumo sacerdote foi
presidente do Sinédrio.
Os Essênios formam um grupo
piedoso que se retirou no deserto (ARABA) esperando um Messias pacifico. O
centro deles foi Damasco, o Qumram de hoje, onde foram descobertos muitos rolos
da Bíblia e escritos dos Essênios. Eles evitam prazeres, não valorizam o
matrimônio, muitos praticam o celibato, exercem extrema pobreza. O óleo faz
impuro. Eles têm tudo em comum, e não fazem nada sem autorização dos líderes
exceto a misericórdia. Porque não aparecem no Novo Testamento? Conforme Mt.
26,6 Jesus está na casa de Simão, o leproso, (Zarua), sendo que ninguém poderia
entrar na casa de um leproso. Por isso podemos corrigir e ler: Simão, o Essênio
(Zanua). Jesus repreende as atitudes deles. Em Mc. 14,13 os discípulos devem
encontrar o homem carregando água. Isto em geral as mulheres fazem. Por isso
este homem pode ser um essênio celibatário, onde Jesus celebra a Páscoa.
PÔNCIO PILATOS 27 d.C. - 37 d.C.
Desde o início Pilatos tinha
diferenças com os judeus. Quando ele quis introduzir a imagem do César, os
judeus ficaram deitados no chão cinco dias e noites pedindo para retirar as
“signas”. Pilatos os ameaçou de matá-los, mas eles estavam prontos para serem
mortos. Pilatos retirou as signas.
Pegou o dinheiro do tesouro
para construir um aqueduto, mandou matar os Galileus enquanto ofereciam
sacrifícios (Lc. 13,1). Durante os 10 anos como procurador deixou crucificar
3.000 judeus, e deixou prender um tal Jesus Barrabás junto com os rebeldes que
tinham cometido um assassinato na revolta (Mc. 15,7 e Mt. 27,16). Conforme João
18,12 a
coorte romana (600 até 800 soldados) com seu comandante e as guardas do templo
prenderam Jesus.
Jesus, declarado Rei dos
Judeus por Pilatos, sem sentença de morte foi crucificado junto com dois
rebeldes.
A pena da morte na cruz:
Segundo o estudo feito por Martin Hengel sobre
a crucificação no mundo antigo e a loucura da mensagem na cruz:
- A crucificação era e permanecia um castigo político
militar. Enquanto entre os persas e os cartagineses era aplicada principalmente
aos altos oficiais e mandatários, como aos rebeldes, entre aos romanos era
imposta, sobretudo às classes sociais baixas, ou seja, aos escravos, aos
criminosos violentos e aos elementos revoltosos nas províncias rebeldes,
certamente na Judéia... O principal motivo para usá-la era a sua eficácia supostamente
alta como meio dissuasivo. Evidentemente era executada em lugar público. O crucificado era visto como criminoso que
recebia um castigo justo e necessário... Costumava ser praticada junto com
outras formas de tortura, dando pelo menos algumas bordoadas no condenado...
Por causa da exposição pública da vitima desnuda em um lugar proeminente – numa encruzilhada, no teatro, numa colina,
no lugar onde foi cometido o crime – a crucificação representava também a
sua humilhação absoluta...
A crucificação
tornava-se ainda pior pelo fato de que suas vitimas freqüentemente ficavam sem
sepultura. Era uma imagem estereotipada dizer que o crucificado servia de
comida para os animais selvagens e as aves de rapina. Desta maneira sua humilhação se fez completa.
RUMO À ANIQUILAÇÃO 37 d.C – 70 d.C
Herodes Agripa I (41-44) foi
neto de Herodes Magno, viveu por muito tempo em Roma, conhecia a família de
César em Roma e ajudou na nomeação de Cláudio como César. Por isso foi nomeado
rei de Judá. Pouco tempo antes Calígula tinha decidido de impor o culto do
imperador a todos os povos, no ano 39 deu ordem expressa de introduzir a
estátua do Imperador no templo de Jerusalém. Quando Petrônio veio com duas
legiões (12.000 soldados), 10.000 camponeses se reuniram diante do palácio em
Ptolomaida para protestar. O mesmo aconteceu em Tiberíades. Petrônio
perguntou: “Vocês querem a guerra?” Os Judeus responderam: “Nós não queremos
guerra, preferimos morrer em vez de ver transgredida a nossa lei”.
Eles jogaram-se no chão, esticaram
o pescoço e disseram que estavam prontos para serem mortos, fizeram isso
durante quarenta dias, não trabalharam
no campo, enquanto conforme à época deviam semear. Graças à intervenção
de Herodes Agripa a execução do decreto foi adiada.
Herodes eliminou à espada Tiago, irmão de João
(At 11,27). Em pouco tempo ele tinha um reino como Herodes Magno. Morreu em 44
d.C.
Cláudio colocou o filho dele
Agripa II no trono judaico com o direito sobre a religião judaica como sumo
sacerdote. Agripa II se chamou “Amigo de César”, se comportou como um romano e
foi membro da nobreza romana. Às vezes ele conseguiu acalmar a raiva dos
Zelotas contra Roma.
Neste período tinham várias
rebeliões, uma dessas se deu em 52. Começou com um assassinato de um Galileu
que passava pela Samaria. Não havendo justiça os Galileu persuadiram as massas judaicas
a recorrer às armas e diziam: “A escravidão é amarga, mas quando lhe são
acrescentadas insolências é intolerável”. No ano 66 o procurador Flocos tentou
pegar o tesouro do templo, e deixou crucificar cidadãos judeus. Os Zelotas
invadiram o castelo Antônia e mataram os Romanos. Um grupo de Zelotas
conquistou Massadá ao lado do mar morto e marchou para Jerusalém ocupando uma
parte da cidade. Eles acharam Deus ao seu lado (Dan 9,24-27).
Eliasar, comandante do templo,
fez a proposta não mais oferecer sacrifícios pelos pagãos, o que significava
uma ofensa contra o imperador romano. O legato da Síria com 40.000 soldados não
conseguiu conquistar Jerusalém e devia fugir.
Quem mandou em Jerusalém
foram os Zelotas e os Sicários que derrotaram o partido da paz com o sumo
sacerdote Ananias. No ano 62 o sumo sacerdote Ananias tinha condenado Tiago, o
irmão do Jesus, que estava na frente da comunidade em Jerusalém, a ser
apedrejado com outros cristãos.
Os Zelotas incendiaram os arquivos onde
constavam as dívidas da população e mataram milhares de soldados romanos.
Durante 3 anos de 67 até 70 os revolucionários controlaram a
cidade de Jerusalém. Vespasiano lutou na Galiléia, Peréia e Judá. Em junho de
69 tinha conquistado toda a Palestina e bloqueou a Jerusalém. Mas sendo nomeado
César entregou a conquista da cidade a seu filho Tito.
A aniquilação de Jerusalém: 70 d.C. Titos, o filho do Vespasiano, começou
a conquista, com quatro legiões (uma legião tinha 6.000 soldados, 12 cavaleiros
e tropas auxiliares). De 5 de julho até 10 de Agosto o templo foi destruído,
mais de 10.000 de judeus perderam a vida. Um resto se retirou no castelo de
Massadá e resistiu até 73. Quando os romanos entraram no castelo, só
encontraram cadáveres: houve um suicídio coletivo.
Para escapar da aniquilação Jochanan Ben Sakkai foi
carregado num caixão para fora da cidade, ele se encontrou com Vespasiano,
saudou-o como imperador, como “César” e anunciou a destruição de Jerusalém.
Depois pediu a Vespasiano a formação de uma escola em Jâmnia, onde se dará a
origem ao “Judaísmo formativo”. A tradição fala de um encontro em Jâmnia por
volta do ano 90, que foi decisivo para a posterior identidade do judaísmo.
Atribuí-se a
esse “Sínodo” o cânone da Bíblia hebraica, a TANAK: Torá, Nabim e Ketubim. O
judaísmo formativo fixou certas regras, manifestando-se nelas a exclusão das
comunidades judeu-cristãs: “Nenhuma esperança reste aos renegados e o poder
irresistível os faça desaparecer. E os nazarenos (os judeus chamam os cristãos
nazarenos) e os minim (dissidentes) pereçam instantaneamente. Sejam apagados do
livro da vida e não sejam inscritos como justos”.
Ainda a chama da revolução
não tinha se apagada. Em 131 aparece um Bar-Kochba, saudado como salvador de
Israel. De novo os romanos destruíram tudo em 135. O nome Judá desaparece, a
terra foi chamada Palestina. Sob a pena de morte nenhum judeu não podia mais
entrar na cidade, todos os costumes dos judeus foram proibidos. Jerusalém
recebe o nome Aelia Capitolina.
O
JUDAÍSMO FORMATIVO NA DIÁSPORA
Destruído o templo e eliminada a função sacerdotal os
saduceus, o eixo do poder sacerdotal, desapareceram junto com o templo e os
sacrifícios sem deixar rastros. Os fariseus ficaram a única expressão coerente
do judaísmo, não mais como expressão política, mas como escola de piedade.
Começa a divisão trágica entre Judeus e Cristãos. Isto
deu origem ao anti-judaísmo na igreja, que já aparece no Novo Testamento, veja
Jo 8. e Mt 23.
A grande pergunta dos sobreviventes de Jerusalém foi a
seguinte: Porque a destruição do templo e da cidade? Eles responderam: foi a
nossa infidelidade a Torah, Jerusalém foi destruída porque estava cheia de
ódio. Agora: como ganhamos agora a expiação dos nossos pecados, se não tem mais
sacerdotes nem templo nem sacrifícios? Os Rabinos responderam: Ler a Ta-Na-K
(Ta-Tora, Nabim–Profetas,
Ketubim–Escritos), celebrar nas sinagogas o Sábado, sentar-se na mesa
familiar e praticar o amor e a misericórdia. Os sobreviventes podiam tomar como
exemplo a rica vivência da gente na diáspora como mostra o livro de Tobit.
Nos anos 200 foi escrito a Mischna, um comentário da Bíblia,
nos anos 450 o Talmud Palestinense nos anos 500 foi composto o Talmud
Babilônico, que tem a maior autoridade para os judeus. A santidade significa a separação do mundo,
pureza e santidade são a mesma coisa.
.
2.2. O EVANGELHO RADICAL DE <Q>: “Ditos de
Jesus”
2.3) O EVANGELHO DE TOMÉ
OS
JUDEUS (am) e OS NÃO – JUDEUS (goim) na história
Nos anos 200 foi
escrito a Mischna, o início da tradição oral da Tora, equiparado à Tora
escrita. Já Mateus escreveu, que os escribas e os fariseus estão sentados na
cátedra de Moisés (Mt 23,2). Nos anos
450 foi escrito o Talmud Palestinense, nos anos 500 foi composto o Talmud
Babilônico, que tem a maior autoridade para os judeus. As explicações dos
rabinos da Tora na história foram aceitas como revelação divina.
Em geral o título
para Deus é o ETERNO, aquele que é, que era, que vem. Os rabinos ensinam, que a
SCHECHINA, a dimensão feminina de Deus, acompanha os filhos de Israel no exílio
para os consolar. Em vez dos sacrifícios cotidianos do templo a gente reza três
vezes por dia (veja Ro 12, 1)
Cada menino foi
circuncidado no oitavo dia. Com treze anos o menino é maior (Bar Mizwa) e
obrigado a cumprir a Tora, oral ou escrito que tem o mesmo valor..
As leis da pureza
são as mais importantes, elas têm nada a ver com a moral. Elas servem para
separar os judeus dos não-judeus e criam uma judiaria (gueto). A santidade
significa a separação do mundo, pureza e santidade são a mesma coisa.
O judaísmo fica hostil a cada outra religião mesma
coisa como o anti- judaísmo da igreja. O
Sábado é mais importante de todas as festas. Os rabinos até proibiram o contato
com ferramentas de trabalho. Tudo precisa parar e não pode mudar nada. Se
precisa fazer uma coisa proibida no Sábado, a gente chama um não-judeu
(¨Sabbat-goi¨) para fazer (em Israel e EUA).
O judaísmo
ortodoxo tem o monopólio sobre todas as leis e reformas que surgiram durante os
tempos, p.e. o movimento dos chassidim na Polônia não entrou no judaísmo
oficial.. O maior antijudaismo foi o holocausto dos judeus
pelos Nazistas de Alemanha.
(Baruch Rabinowitz: Ein Jesus fürJuden und Christen. 2009 Publik Forum)
1.3 A corrente da Gnose (conhecimento) do
Oriente:
Desde o primeiro
século aparecem correntes gnósticas no Império. Foi descoberta a diferença
radical do EU humano do mundo, do cosmo. O mundo não é só estranho, é o
inferno. Precisa se libertar deste cosmo, largar o corpo como parte do cosmo e
o verdadeiro EU, um faísco preexistente
sobe e volta na sua pátria. A alma, anima, vem dos deuses e vai para os
deuses. A salvação é a libertação do finito para o infinito para participar da
divindade. A mediação da salvação acontece na troca do finito, temporal para
infinito, eterna.
Origem: A corrente gnóstica se encontra no Iraque (manda), no Egito, na
Índia e China, e na Sírio-palestina nos
tempos do cristianismo primitivo, já no fim do 1. século, onde o Evangelho
foi escrito. A Gnose e a filosofia grega têm influência no judaísmo tardio com
a sua apocalíptica. Surgem várias teorias “teológicas” e alguns grupos começam
também a querer reler o evento “Jesus de Nazaré” com os conceitos gnósticos,
Jesus é o intermediário entre a humanidade e a divindade.
Foi descoberta a diferença radical do EU
humano do mundo, do cosmo. O mundo não é só estranho, é o inferno. O Evangelho
de João quer dar uma resposta a esta corrente.
A experiência da vida: Para a Gnose existe um dualismo radical
entre a Divindade e o Cosmo ou mundo: No pensamento grego o cosmos era a ordem
no universo, a ordem suprema. Na Gnose o
cosmos é desordem, mau, ruim, hostil, significa escuridão e morte, inferno.
O Divino está absolutamente fora do mundo.
O mundo é obra
ruim de potências inferiores, é uma prisão, preso por sete esferas que não
deixam a alma passar. Na Gnose se argumenta: A criação não pode ser a obra de
um Deus perfeito, porque o mundo é imperfeito e mal. Entre o divino e humano
existem entidades como um demiurgo, um arquiteto, que criou o mundo, depois
demônios, anjos, potestades. O dualismo se exprime em luz – escuridão, verdade
– mentira, liberdade – escravidão. Na Bíblia a criação é obra boa de Deus.
A alma é
representante do mundo, por isso não tem confiança no outro. A pessoa está em inimizade com o mundo,
despreza todas as relações com os outros. Pela ignorância surgem escassez e
sofrimento.
Os gnósticos
perguntam: como EU posso me salvar deste
mundo ruim? Dentro do ser humano
se esconde um espírito, é uma faísca da parte divina, que entrou no ser humano,
ignorante, dormindo, esperando a libertação.
O verdadeiro EU, a faísca preexistente sobe e volta na sua pátria pelo conhecimento.
A alma (anima) veio dos deuses e vai para os deuses.
A salvação deste mundo ruim acontece pelo conhecimento, pela sabedoria e
educação para participar do divino. Uma morte que salva não tem sentido. Precisa se libertar deste cosmo, largar o
corpo como parte do cosmo. Quem tem conhecimento desrespeita e rejeita este
mundo. “A salvação perfeita é o conhecimento da grandeza inefável”.
Só pelo conhecimento o EU pode voltar
para o Divino escapando da morte. Importante é o conhecimento do caminho, para
que no final a faísca possa reunir-se de novo com o divino. A salvação é a
libertação do mundo finito para o mundo infinito para participar da divindade.
Pelo conhecimento o EU se une com o ente divino, consegue a perfeição.
Na Gnose e nas religiões do extremo Oriente
não se encontram um Deus pessoal como em Israel onde Javé se revela e
fala, um TU, por isso se fala na Gnose da grandeza inefável.
Flavio Josefo descreve no seu
livro ¨História da guerra judaica¨ após a caída de
Jerusalém no ano 70 d.C. como o exército Romano encontrava
um suicídio coletivo na bastião de Massada,. Os sitiados tinham matado suas mulheres
e crianças e si mesmos, uma lei que o judaísmo não conhece.
Àqueles que no início não
quiseram matar seus parentes por causa da compaixão o líder Eleazar deu uma
fervorosa palestra:
¨ Não a morte, a vida é uma
desgraça para os homens. Pois a morte dá liberdade às almas e abre o acesso ao
lugar puro, onde não há mais sofrimento.
Enquanto a alma está presa no corpo mortal, ela deve ser na verdade morta, pois a ligação do divino com o mortal é contra
a natureza. Mas só quando ela está livre do peso que puxa para a terra ela
chega á verdadeira pátria, que fica invisível aos olhos humanos como Deus. A
prova disso é o sono, quando a alma imperturbada do corpo goza do supremo
repouso.
Olhemos para os Indianos (no extremo oriente),
estudiosos na filosofia: Esses homens nobres suportam a vida de má vontade como
um serviço necessário devido à natureza e apressam-se a desligar a alma do
corpo. Desejando o estado da imortalidade anunciam aos outros que querem sair
deste mundo. Ninguém os impede, todos os louvam e dão mensagens aos concidadãos eternos.¨
(Reclam, Leipzig 1994 p. 496)
Os gnósticos cristãos: Eles entendiam
Jesus como salvador que revela o conhecimento de Deus à humanidade. Ele teria
descido in forma humana. No entanto, não era verdadeiro homem. Não teria
passado pelo sofrimento e pela morte.
Afastaram-se de um Cristo encarnado na
condição humana. Transformaram o Evangelho do reino em uma religião que não
representa nenhum perigo às estruturas deste mundo. (Gass Nr 8 p.95)
A passagem do cristianismo judaico
para o cristianismo helenístico começa já cedo, antes de Paulo. Conceitos
apocalípticos como Filho do homem, Messias, Reino de Deus desaparecem, em vez
são usados títulos como Filho de Deus, Senhor, Kyrios, vida eterna.
Exemplos para isso o hino na carta
aos Filipenses (2,6-11): Jesus, de forma de Deus, se rebaixou. Foi exaltado.
Paulo já encontrou este hino. Provavelmente ele acrescentou a cruz que resume
toda a atividade de Jesus. Outro exemplo é o Evangelho de João. Muitos
conceitos no Evgl. de João aludem às
ideias da Gnose.
2. Observações sobre os Evangelhos
2.1.)
Os Evangelhos judaicos. A história do Cristo judeu.
Daniel Boyarin: Ergon VerlagWürzburg 2015 Band 12
Os cristãos pensam que o título
¨Filho de Deus¨ significa a sua divindade, enquanto o título ¨Filho do homem¨
sua humanidade. Filho do homem aparece mais vezes do que Filho de Deus. O
título ¨ Filho do homem¨ designa Jesus como parte de Deus, enquanto ¨Filho de
Deus¨ designa Jesus como Rei – Messias.
Daniel Boyarin defende a tese que
os Evangelhos e mesmo as cartas de Paulo pertencem a religião de Israel no
primeiro século d.C. Muitos judeus esperavam um Messias divino, os Evangelistas
partilharam esta convicção e reconheceram em Jesus este Filho do homem..
No livre de Daniel, escrita em
torno de 161 a.C. aparecem duas figuras divinas:¨Eu via, quando tronos foram
instalados e um Ancião se assentou...eis que com as nuvens do céu vinha um como
Filho do homem¨ (Dn 7,9-13). Este Filho do homem é divino, aparece na figura
humana, é mais jovem do que o Ancião,
vai ser entronizado.Tudo é uma teofania. O que se promete aqui, vai se cumprir
em Jesus.
Quando Marcos escreve seu Evangelho
devia ser conhecido este título. Jesus perdoa os pecados de um paralítico. Para
os escribas Jesus blasfema se faz deus. (Mc 2,7) Mas Jesus também tem autoridade plena (exusia) , entregada pelo
ancião.Em Mc 2,28 ele é Senhor do Sábado. Quando Jesus se identifica com o
Filho do homem que virá, o sumo sacerdote disse: Ele blasfemou (Mc 14,61-64; Mt
26,64-65). Tudo indica, que os lideres
do povo entendiam este título com divino.
1.O Filho do Homem em
1. Henoc e 4. Esdras: O livro de Heno data do 3. Sec.a.C. até 1. Sec.d.C. A
história de um Filho de Homem foi conhecido entre os judeus antes da vinda de
Jesus. Nos discursos das imagens, escritos no
mesmo tempo de Marcos, Henoc vê um Filho do Homem que tem a justiça. Ele faz parte de Deus, já
foi escolhido antes da criação. Existiam duas tradições: uma a ascendência de
um ser humano e uma a descendência do divino. No discurso de Henoc se ligam as
duas, uma síntese da descida (Teofania) e da subida (Apoteose).
No 4. Esdras, se fundamentando no
Daniel, este homem é divino como JHWH. Aparece um conflito entre tais judeus
que reconheceram uma figura divina ao lado daquele que está sentado no trono e
outros que destacaram o monoteísmo.
2.O que é proibido na Torá, o que faz impuro na tradição dos fariseus:
No cap.7 de Marcos Jesus não anula estas regras. Mas os fariseus,
seguindo novas tradições radicais, aumentaram a lei da pureza exigindo lavar as
mãos antes de comer. Jesus defende a Torá
e declara todos os alimentos puros, mas não toca a Torá que fala dos alimentos
proibidos.
3.O
Cristo sofredor como Midrash segundo Daniel
Que o Messias deve sofrer os
rabinos aprenderam pela combinação de vários textos bíblicos. Tais narrativas
se chamam Midrash.
Em Mc 8,38 Pedro confessa Jesus como Messias.
Jesus responde que o Filho do homem deve sofrer. O Messias é o Filho do homem
conforme Dn 7,25 e deve sofrer. Marcos fala do sofrimento do Filho do homem, em 14,62
da sua elevação. Temos uma alusão a Isaías 53, 1-12; onde o servo de Deus será rejeitado e exaltado.
2.2. O EVANGELHO RADICAL DE <Q>: “Ditos de
Jesus”
Os estudiosos
falam de uma fonte ”Q” no cristianismo primitivo na Galileia. A fonte Q será
utilizada por Mateus e Lucas. É opinião comum, que Q provém da Galileia, uma
coleção de ditos de Jesus. Q é um texto escrito em grego e de um lugar perto do
Lago de Genesaré, passou por várias edições. Q ficou marcada por uma visão
quase apocalíptica que esperava um “Filho do homem”, também conhecido como “O
que vem” e tem conflito com um grupo “esta geração”.
O templo em
Jerusalém não figura no discurso, nem fala do sacrifício ou pureza. Não é muito
discutido o tema da Torá ou a questão da lei, Não pesa no discurso a LXX “como
está escrito”.
Não há
presença dos títulos cristológicos: “Cristo” não aparece, não se encontra
“Salvador”, senhor aparece num sentido comum, não “O Senhor”, o ser “filho de
Deus” não é um privilegio de Jesus. Onde se fala “O que vem”, serve para
definir o horizonte próximo do juízo e julgamento, uma visão quase
apocalíptica. A linguagem de Q é “esta geração”. Virá a ira de Deus Mais
importante a figura do “filho do homem”,
como figura de “o que vem”. Não se
faz referência à morte e ressurreição de Jesus como no Evgl. de Marcos. Não há muitas parábolas.
O “reino de
Deus” não é orientado para o futuro, mas procura articular uma opção
alternativa no presente: O reino pertence aos pobres (bem-aventuranças em Lc),
o reino é o objetivo da busca, é um reino onde Deus desempenha um papel
importante, “venha o teu reino”, “vosso pai sabe o que necessitais (Lc
12,22-34). O projeto social é a busca de uma nova ordem, de um novo povo,
busca-se uma renovação da comunidade e da família como no Mc 10, 28-30. Os
itinerantes deixaram casa, irmãos, pai, filhos... Mas nas novas comunidades
eles encontram novas casas, irmãos, mas com perseguições. O papel do pai perde-se
para sempre, simbolizando o fim da família patriarcal! Não se preocupa tanto
com os dominadores, nem com o templo.
Jesus não
apareceu como rabi, mas como representante da sabedoria, que procura libertar o
povo da sabedoria legalista e opressora dos escribas.
É uma sabedoria popular, humana, cotidiana, familiar.. (Ribla 22 Cristianismos originários)
É uma sabedoria popular, humana, cotidiana, familiar.. (Ribla 22 Cristianismos originários)
2.3) O EVANGELHO DE TOMÉ
O documento
mais parecido com Q é o Evangelho extra-canônico de Tomé, conhecido desde a
antiguidade e recuperado em 1945 com o descobrimento da “Biblioteca Gnóstica”
de Nag Hamadé. São 114 ditos, atribuídos a Jesus, provavelmente escritos entre
50 e 70 d.C.
Parece que
o Evangelho de Tomé nos dá a tradição mais antiga dos ditos e das parábolas de
Jesus. A comparação com os sinóticos nos deu a evidência, que as parábolas de
Jesus não eram alegorias, mas histórias completas em si mesmas, a alegoria e
apocalíptica é secundária.
2.4) Uma releitura do Evangelho na Coréia do Sul
O professor
Ahn Byung-Mu estudou a exegese na
Alemanha em busca do Jesus real, ele é um dos pais da Minjung (pronunciado
<Mindschung>). No livro ´Jesus of Galiléia´ ele demonstra que a Minjung (ochlos) está ligado a Jesus, o Filho humano.
Sua teologia surgiu na prisão.
Minjung é povo sofrido e perseguido pela
ditadura, são os trabalhadores e agricultores, a mulher, professores demitidos,
os presos políticos, vítimas do sistema da violência e do pecado estrutural.
Foi a Minjung indefesa que resistiu durante a história às invasões estrangeiras
e à ditadura nos anos setenta. A Minjung estava pronta assumir sofrimentos por
causa da libertação. Os sofrimentos da Minjung e de Jesus são idênticos. A
Minjung não é um bastidor para Jesus, um comparsa parra destacar o sucesso de
Jesus, a Minjung mesma age, iniciadora das ações de Jesus. Jesus é a
incorporação da Minjung.
Existe
uma palavra, que surgiu da história dos sofrimentos da Minjung: ´´Han´´, para
Ahn um sentimento da vida oprimida, um ´patein´, se fala hoje da ´empatia´.
Chung ´Han´ significa raiva, rancor, amargura, desgosto, mas também energia
para a luta. Pessoas, vítimas da
injustiça e do homicídio, se transformam em espíritos vageando em busca da
restituição da justiça. Hahn destaca que as mulheres discriminadas são símbolos
de Han. Han da Minjung ocupa um lugar central na teologia da libertação.
Hahn
liga o ´acontecimento´ de Jesus com a experiência dos sofrimentos da Minjung,
do ochlos, da multidão. Na vida, morte e ressurreição de Jesus está incluída a
multidão que segue Jesus. Para derrubar a cerca entre cristãos e não-cristãos
precisamos nos identificar com aqueles que sofrem.
A
narração é o modo para publicar e conservar os acontecimentos de Jesus e da
Minjung. O boato, o rumor pertence ao este estilo da narração, surge em tempos
da perseguição, quando a palavra livre e verdadeira está proibida. Os contos dos sinais e da paixão de
Jesus pertencem ao estilo de rumor.
2.5. Títulos para Jesus
Na
fonte ¨Q¨ não há presença dos títulos cristológicos: “Cristo” não aparece,
não se encontra “Salvador”, senhor aparece num sentido comum, não “O Senhor”, o
ser “filho de Deus” próximo do juízo e julgamento, uma visão quase
apocalíptica. Mais importante a figura do “filho
do homem, o que vem¨, uma figura futura,que já está presente.
a.)
Jesus, o Filho de Deus:
Para os judeus o Filho de Deus é o filho
de David (S 2), para os cristãos é um título divino Paulo aos
Romanos (1,3-4): ¨Concerne ao seu Filho, oriundo, secundo a carne, da estirpe
de David, estabelecido, secundo o Espírito Santo, Filho de Deus com poder, por
sua ressurreição de entre os mortos¨..
O Evangelho de Marcos começa com Jesus Cristo,
Filho de Deus: (Mc 1,1) No batismo
Jesus foi chamada;: ¨Tu és o meu Filho bem-amado¨ (Mc 1,10). Na tentação Satanás
pergunta: Se tu és o filho de Deus... No
monte da transfiguração:: “Este é meu
filho bem amado. Ouvi-o!” (Mc 9,7). O Pai entregou tudo ao Filho: Como
antigamente precisava ouvir a voz de Javé precisa agora ouvir a voz do Filho. O
Evangelho de Marcos (15,39) termina com a profissão do centurião: ¨Este homem
era Filho de Deus¨.
Pedro depois a
ressurreição Pedro chama Jesus: ¨Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo¨ (Mt 16,16)
b) Jesus:
Senhor e Messias: líder do povo
David chamou o
rei Saul ¨o messias do Senhor¨ (1 Sm 24,7). David mesmo se identifica como
servo e canta ¨que salvas teu servo David (Sl 144 (143),10). Zacarias
profetizou que o Deus de Israel ¨suscitou uma força de salvação na família de
David, seu servo¨(Lc 1,69). Confere. a disputa de Jesus sobre o Messias como
filho de David (Mt 22,41-45; Mc 12,35-37, Lc 20,41-44;
O título ¨Messias¨ é fundamentalmente pascal e
está ligada à ressurreição de Jesus: ¨Com certeza, portanto, saiba a toda casa
de Israel que Senhor e Messias fez Deus a este Jesus que vós crucificastes¨ (At
2,36).
Os títulos de
Messias no prólogo de Lucas antecipam o futuro pascal (Lc 1,32) trono de David,
2,11; 2,25 Simeão; 2,29). Os demônios ¨sabiam que ele era o Messias¨ (4,41),
mas são calados antes de falaram. Quando Simão Pedro fala que Jesus é o
Messias, Jesus o repreende e fala que o filho do homem deve sofrer (Mc 8,27-33)
( J.Severino Croatto Ribla 44 (Lucas) p.161-163)
c) Jesus, o
profeta de Nazaré chamado da massa perdida
Marcos: Jesus proclamava o Evangelho de
Deus na Galileia, o Reine de Deus se aproximou (Mc 1,14). Os parentes já
diziam: Ele é louco, perdeu o juízo. Os escribas de Jerusalém: Ele tem
Beelzebul em si (Mc 3,21-23) Jesus ensinava,
mas o conteúdo do ensinamento só se revela (8,31). Jesus é um Rabi. ¨Um profeta
é só desprezado em sua pátria (Mc 6,4). Quando o nome de Jesus se tornou famoso
alguns diziam: “É um profeta semelhante a um dos nossos profetas” (Mc 6,15). No
caminho Jesus pergunta: ¨Quem sou eu, no dizer dos homens?¨ A resposta: João
Batista, Elias ou um dos profetas (Mc 8,28).
Jesus, acusado
ser blasfemador (Mc 14,64; e Mt 26, 65). Diante do Sinédrio: ¨Banca o profeta¨(Mc 14,
65)
Mateus: O profeta de Nazaré (Mt 21,11) No
Evangelho de Mateus Jesus é um Rabi que dá instruções aos discípulos contra o
ensinamento dos escribas com a rigorosidade da lei. Jesus não dissolve a lei,
mas cumpre a justiça de Deus (Mt 5,1-7,29;).
.Na entrada de
Jesus em Jerusalém a cidade ficou abalada perguntando: ”Quem é?” Mas as massas proclamam: “Ele é o profeta de Nazaré ¨ (Mt 21,11), para os sacerdotes, porém,
este homem é um falso profeta, um impostor veja Zacarias 13,2-6.), Quando Jesus
expulsou os vendedores do Templo (Mt 21,23-27), os sacerdotes e os anciãos do
povo questionam a autoridade de Jesus, ele não pode ordenar (Dt 18,18), isto
pertence aos sacerdotes. Agora os sacerdotes querem prender Jesus, tiveram medo
das massas, pois elas consideravam Jesus como profeta (Mt 21,46).
Lucas: “O Espírito do Senhor está sobre mim¨
O terceiro Evangelho apresenta um
Jesus profeta atuante. Na sinagoga
de Nazaré Lucas introduz Jesus citando Isaias III: “O Espírito do Senhor está sobre mim porque me conferiu a unção para
anunciar a boa nova aos empobrecidos” “(4,16), Lucas toma os profetas Elias
e Eliseu como modelo para Jesus (1Rs 19,16). Jesus, o trabalhador da periferia,
Quando Jesus despertou um jovem de Naim todos falaram: “Um grande profeta se ergueu no meio de nós e Deus visitou o seu povo”
(Lc 7,16). “Não é possível que um
profeta pereça fora de Jerusalém! Jerusalém, Jerusalém, tu que matas os
profetas¨ (Lc 13,33-35).
d) O Filho do homem:
Jesus fala de
si nos Evangelhos só na terceira pessoa:
o Filho do homem - da humanidade. um título que ocorre 70 vezes nos
sinóticos, 12 vezes em Jo e só em At 7,56
e no Ap 1,13; e 14,14.
Os filhos de Adão: O ser
humano Adam foi tirado do humo, da adama (Gn 2,7), um jogo de palavras no
hebraico ¨adam / adama¨ e no latino ¨homo / húmus e no português ¨homem e humo¨,
pó, terra. Adão não designa uma pessoa individual, mas coletiva, significa a
humanidade, a humanidade caída, fraca, nu. ¨Da
terra o Senhor criou o homem e a ela o faz de novo tornar¨. (Sr 17,1)
Eclesiastes (Cohélet) reflete sobre o filho de Adão 3,18.19.21; 12,7). Também a
palavra ´humilde´ deriva de humo, terra, pó.
Por isso ser humilde e não ser como deuses.
¨Quem
é o filho da humanidade¨? (Sl 8,5; 80 (79),18; Sl 143(144). Os filhos do
homem são os descendentes de Adão e designam toda a humanidade da terra, este
termo aparece bastante nos Escritos do Judaísmo exilio / pós-exílio. (cf. Is 56,2; Jr 49,18; Dt 32,8; Dn 3,82; Sr 40,1; 17,1; 17,30;) Na genealogia de Lucas Jesus é filho de Adão,
filho de Deus 3,38;
Ezequiel é chamado: Filho do
homem: ¨Em face da Glória, ele não passa de um ínfimo e derrisório filho do
homem (TEB Introdução Ez 2,1).
Daniel viu uma aparição divina: um ancião e “com as nuvens do céu vinha um como Filho do homem” (7,13)
literalmente “Filho da humanidade” (TEB), quer dizer: aparecem duas pessoas
divinas, a segunda na figura humana que está
em oposição às bestas, aos Impérios, que surgem de terra, do mar, símbolo da
morte, que são os impérios que se comportam desumanos. Já em torno de 160 a.C.
houve a ideia de dois deuses, um ancião e um jovem, um binitarismo.
Daniel Boyarin: Os Evangelhos judaicos. A história do
Cristo judeu.
Adão e Cristo: Nos primeiros escritos do NT não existia o termo
Filho do homem, Porém Paulo compara o
Cristo com Adão:: “O primeiro ser humano, Adão, foi um ser animal dotado de
vida, o último Adão é um ser espiritual que dá a vida” (1 Cor 15,45).
O ‘Filho do homem’ aparece nos Evangelhos quando Jesus na condição humana destaca sua autoridade plena que vem do Pai quee consiste
em perdoar pecados na terra (Mc 2,10;), ele é Senhor do Sábado (Mc 2,28).
Jesus ensinava os discípulos três
vezes: que era necessário que o Filho humano fosse rejeitado pelos anciãos,
sacerdotes e escribas, que fosse morto e três dias depois ressuscitasse (Mc
8,27-33; 9,31; 10,33). Era necessário significa: a lei rigorosa dos sacerdotes
e o poder dos impérios não conhecem compaixão, são os sistemas desumanos no
mundo inteiro.
O Filho humano como servo: “Pois o Filho do Homem veio, não para
ser servido, mas para servir e dar a vida em resgate para muitos” (Mc 10,45 e
Jo 13, 13-16). Cumpriu-se o que o Segundo Isaias predisse de um ‘servo
sofredor’ (Is 53):“Transpassado por
causa de nossas revoltas, esmagado por nossos crimes. .Foi maltratado, mas livremente
humilhou-se e não abriu a boca. Javé quis a seu esmagado pelos sofrimentos” (e não: Javé quis esmagá-lo). Is.
52,11- 53,12;
O Filho do homem no Evangelho de João: Contrário às declarações dos primeiros discípulos Jesus
declara: ¨Vereis o céu aberto e os
anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do Homem (Jo 1,51).O filho
exerce o julgamento, porque é o filho do homem (Jo 5,27). Comer a carne do Filho humano e beber seu sangue
(Jo 6,57). O Filho do homem subira para onde estava antes... (Jo 6,62). O
Evangelho não fala da paixão e ressurreição de Jesus, fala da descida e subida:
Quando tiverdes elevado o Filho do homem, conhecereis que ´Eu sou´ (Jo 8,28)
Jesus pergunta o cego curado: Crês no Filho do homem? (Jo 9,35)
¨É chagada a hora em que o Filho do homem deve
ser glorificado¨ (Jo 12,23;13,31).
Para Caifás Jesus,
este indivíduo, é um malfeitor. Pilatos apresenta este homem (18,30) como rei
dos judeus: “Eis o homem” (19,5).
d) Jesus, o cordeiro de Deus
No
início do Evangelho de João os primeiros discípulos titularam Jesus ¨Rabi,
Messias, o filho de José de Nazaré, o filho de Deus, o rei de Israel¨ (Jo 1,20-
51). o Batista apresenta Jesus: Eis o cordeiro de Deus que tira o pecado do
mundo.
Jesus nunca
foi sacerdote, foi a vítima deles. Ele seguiu a tradição profética (D) e
desmascara a hipocrisia dos escribas da lei que seguiram tradições humanas e
deixaram de lado as palavras de Deus, (Mc 7,1-23).
Conseqüentemente
Jesus enfrentava a oposição do sacerdócio e deve morrer. Caifás: é melhor “um
só homem morra pelo povo e que não pereça a nação inteira” (Jo 11,50).
Caifás transportou o debate para o plano político; sejam quais foram os motivos
religiosos, o fato é que Jesus provoca perturbações; convém, pois, eliminá-lo
para assegurar a tranqüilidade da ordem pública (TEB)”. Este homem, este
indivíduo, como “malfeitor” foi entregue ao Pilatos.
No Apocalipse aparece ao lado do
trono um cordeiro, que parecia imolado porque “foste imolado, e redimiste para Deus, por teu sangue, homens de toda
tribo, língua, povo e nação, Deles fizeste, para nosso Deus um reino de
sacerdotes, e reinarão sobre a terra”. (Ap 5,6-10).
2.6) A ação de Jesus
a) O
profeta anuncia o reino à massa danada em Galileia
Jesus, sendo mesmo um trabalhador,
anuncia aos que vivem na sombra da morte, aos que são gentios, aos que são aflitos a boa notícia: Deles é o reino de Deus.
b) O Filho do homem ensina os discípulos no
caminho:
Jesus toma o
caminho para Jerusalém, sabendo que um profeta não será aceito na sua pátria.
Ele ensina os seguidores o caminho da vida.
Lucas esta caminhada é tão importante, que ele dedica 10 capítulos a ida
a Jerusalém: 9,51-19,28
.
c) Resiste aos poderosos em Jerusalém
Ele enfrenta o poder religioso,
os sacerdotes com a lei e o poder político com as tropas e armas, Ele resiste
com a sua própria vida. Eles podem matar o profeta, mas se a semente morre,
dará muitos frutos, Jesus vence o poder pelo amor.
2.7) Povo
(laos), massa excluída (ochlos):
O povo de Deus (laós) contra as nações
(gojim) na Bíblia:
Javé tinha
prometido às doze tribos de Israel, escravos no Egito, fazer deles seu povo:.“Javé disse: “Eu vi, enxerguei a opressão de
meu povo no Egito.(Ex 3, 7-8)
Oséias, em
torno de 750 a.C. acusou Israel que rompeu a aliança: ”O nome do terceiro filho
será: “Lo-ami”: Não-meu povo (1,8). Mas Javé firmará uma aliança e noivará:
Direi a Lo-Ami “Tu és meu povo” e ele dirá: “Meu Deus” (2,25).
Jeremias
(31,31;) e Ezequiel (Ez 36,28; 37,27) no tempo do exílio afirmam que Javé
renovará a aliança: “Sereis para mim um povo e eu serei para vós Deus”. A
aliança foi fundamental para a fé de Israel.
Os sacerdotes
sadoquitas no tempo dos Persas não podiam mais falar do povo de Israel, porque
não existia mais o estado. Em vez falam
dos filhos de Israel, que são dispersos no mundo inteiro.
Marcos usa só uma vez “povo” Mc 14,2: Os
sacerdotes querem prender Jesus: “Não em
plena festa por receio de que haja tumulto entre o povo (laos)¨.
Mateus usa
também uma vez ¨povo¨: “Todo o povo (laós) respondeu: Caia o seu sangue sobre nós e sobre nossos filhos” (Mt
27,25). Aqui Mateus usa o título solene da promessa de Deus: “Meu povo” (Os
2,25; Ex 3,7; Jr 31,31: “Tornar-me-ei seu Deus, eles se tornarão meu povo”
(Hb 8,10;). Veja At 5,28.
A 1. carta de
Pedro (2,9-10) se dirige aos estrangeiros, fora do povo (demos) no Império
Romano, fora da casa (paroikos): Eles são excluídos do Império: “Vós, porem, sois a raça eleita, a
comunidade sacerdotal, a nação santa, o povo que Deus conquistou para si... Vós
que outrora não éreis seu povo, mas agora sois o povo de Deus” (Os 1,6.9.
2,13).
Paulo usa o
mesmo título “meu povo” para judeus e nações (Rm 9,25): “Aquele que não era o meu povo, eu o chamarei Meu Povo,”. Os gentios
são inseridos no povo de Israel: “Foste
enxertada entre os ramos restantes da oliveira. É a raiz que te sustenta”
(Rm 11, 17-18).
No Apocalipse
na queda da grande prostituta Roma usa-se o título ´meu povo´: “Saí desta cidade, ó meu povo” (Ap 18,4),
lembra Ex 3,7: ”Vi a miséria do meu povo”. O povo saiu do Egito. Na Nova
Jerusalém se cumpre a grande promessa de Javé: “Eles serão seu povo e ele será o Deus que está com eles” (Ap 21,3;
cf. Ez 37,27;).
A massa excluída (óchlos) em grego, turba
em latino, multidão em português:
Aparece a
palavra grega ‘ochlos’ 174 vezes no NT. Em espanhol a turba é uma aglomeração
agressiva. O português conhece as palavras “conturbar, perturbar-se”,
“turbulência”.
Em geral se
traduz óchlos por multidão (pletos) é uma grande conglomeração indefinida de
gente: Lucas fala uma vez de uma grande multidão de povo de Judeia e Jerusalém
(Lc 6,17).
Porém,
o termo ‘ochlos’ não designa uma quantidade indefinida de pessoas, mas a massa
fora do povo organizado, plebe, ordinário, indecente, marginalizado, ser de
moléstia, massa excluída, sobra, ‘Ochlos’ é a massa dos empobrecidos, sem
lideres, desorganizados, excluídos da sociedade religiosa e política, a gente
sem voz, sem vez, sem dignidade e direito.
Ochlos descreve a situação econômica, política
cultural e religiosa desta massa, típico para a literatura apocalíptica que
encontramos na fonte Q e no Evgl. de Marcos. Movimentos apocalípticos nascem em
situações de desintegração, perseguição, opressão e exclusão. (Paulo Richard em
“Apocalipse” (p.49). “Eu vi: era uma
imensa massa (ochlos). Eles vêm da grande tribulação” (Ap 7,9-14). A massa popular anônima, sem
importância política e cultural.
A exclusão religiosa: Em Jerusalém a
massa estava dividida a respeito de Jesus, alguns acreditaram que Jesus é o
profeta, outros por causa da expectativa messiânica estavam desorientados (Jo
7,40-44).
Os fariseus em Jo 7,49 declaram: “Apenas há este “óchlos”, essa massa que não
conhece a lei, essa gente maldita”. No pós-exílio a prática religiosa
consistia na observância da Lei: quem não observou a lei, mesmo inconsciente,
era pecador. Esta gente está excluída do templo, do Santo, tem demônio. Jesus
tem compaixão com eles,.
Esta
massa maldita encontra-se na rua, nas estradas, no campo, ao lado do mar de Galileia,
na casa, no trabalho, mas não na sinagoga, a multidão é excluída do templo, do
Santo, é impura e pecador, tem demônio, não observa a Lei.
Esta
massa excluída, sofrida, excluída segue Jesus: ”Uma grande massa excluída vinda
de Galileia o seguiu”: Mc 3,7-12; Mt 4,25; 5,1; 9,35; Lc 6,17-19; 10,2; Jo
6,1;.7,40-52; Ela segue-o para escutar a palavra dele, uma palavra libertadora.
Mais: ´Quem faz a vontade de Deus (a
massa excluída sentado em redor dele), esse é meu irmão, minha irmã, minha mãe´
(3,35), ´´Jesus viu muita turba (óchlos). Ele foi tomado de compaixão por eles,
porque eram como ovelhas sem pastor´´. (6,34) Os líderes políticos nem têm
compaixão com esta massa danada, nem cuidam deles. “Jesus mandá-los estenderem-se por mesas” quer dizer fazer grupos,
e organizar-se para depois partilhar o pão com eles.
Nas
bem-aventurados em Mt (5,1) lemos: Jesus vendo muitas massas excluídas (ochlous) ensina os discípulos quem é bem-aventurado,
certamente a massa em redor dele: os pobres abatidos no espírito, aos
amansados, aflitos e fomentos, os misericordiosos, perseguidos, puros de coração.
Lucas
(6,17-26) agrava com o ´Ai` aos ricos:Agora Jesus fala de uma grande massa
excluída (ochlos) de discípulos (de Galileia) e de uma grande multidão do povo
(laos) de Judéia, Tiro e Sídon (de fora) Felizes
vós, os pobres, o Reino de Deus é vosso (da multidão e dos discípulos).
Justamente os malditos são felizes. Mas “Ai” dos ricos.
Os doentes fazem parte da massa: A
enfermidade é entendida como estar de costas para Deus. Igualmente no mundo
helenístico-romano a saúde corporal é entendida como um estado de “pureza“; “Os
doentes não são aceitos no convívio da comunidade. São excluídos de cargos e
lugares públicos. Ficam sem assistência social e médica (já bem precária). São
obrigados a mendigar para prover a sua penúria e fome. Assim, são vistos caídos
pelo caminho (Mc 10,46), nas portas dos lugares públicos (Jo 5,3), fora dos
povoados (Lc 17,12). São tidos como escória e vergonha da sociedade. Não têm
lar nem futuro. São mortos prematuros.” Os enfermos eram considerados
possessos, portanto, impuros, porque haviam cometido algum pecado e Deus os
havia castigado. (Uma mulher com hemorragias aproximou se de Jesus Mc 5,25). Ribla
57, p.123 e 125.
Os
gentios, as nações, povos ´goim´, (não-judeus): Mateus especialmente dirige
seu Evangelho aos povos, às nações, diferenciando os judeus dos gentios. Jesus
veio para a: ´Galileia das nações¨ (Mt
cita Isaias 8,23-9,1. Em geral as traduções traduzem os gentios por os pagãos,
um termo que só aparece no IV século d.C. que significava os camponeses for de
Roma, que não ouviram do Evangelho..
Os
estrangeiros, as gentes, nações são automaticamente ochlos, massa excluída do
povo eleito, Jesus dirige se a eles. Por isso a partilha do pão com a multidão,
desta vez têm 7 pães: pois já faz três dias que permanecem com Jesus e não tem
nada o que comer (Mc 8,1), a mulher com a sua fé (5,34;). O centurião. A mulher
estrangeira, cachorrinha (Mc 7,24) tem fé.
O Reino de Deus é da massa excluída: Diante
desta massa Jesus ensina os discípulos: quem são os chamados?: “Felizes os
pobres, abatidos no espírito (Is 57,15; 66,2), deles é o reino dos céus” Feliz
quem tem misericórdia com eles (Mt 5). O
reino é dos pequenos, dos excluídos da sociedade “Vinde a mim, vós que estais
cansados sob o peso do fardo”, (Mt 11, 25-30). O peso do fardo é a lei dos
sacerdotes e escribas!
A massa
marginalizada e os discípulos são chamados a seguir o Filho humano na
perseguição (Mc 8,34), tomar o jugo dele, ser perseguido. A massa bem
experimentou esta exclusão e sofrimento, já está carregando a cruz.
3. O EVANGELHO DE MARCOS
Tem sido comum pensar que o Evangelho de Marcos foi escrito em Roma entre 66-70. Menciona-se um João Marcus nos Atos 12,12 e 15,37, também 1 Pedro 5,13. Portanto pensa-se cada vez mais, que o texto original foi escrito na Síria Palestina. Durante muito tempo a Exegese,(interpretação da Bíblia,) ignorou a Galileia como o berço do cristianismo, só uma leitura reducionista dos Atos e de Paulo pôs a origem do cristianismo em Jerusalém e nas cidades helenistas. A valorização do documento Q e do Evangelho de Marcos e sua localização histórica na Galileia e no Sul da Síria antes do ano 70 renovaram o estudo das origens do cristianismo, dos “radicais itinerantes”. (Ribla 22) Galileia é o lugar do Evangelho que está contraposta a Jerusalém com o templo, sacerdote e lei.. Temos diante de nós um movimento contra est a tradição. Nenhum grupo recebe tanta crítica como os escribas.
Não por meio de profissões, hinos ou títulos, mas por meio de uma narração Marcos criou um Evangelho. É uma narração subversiva a partir dos vencidos e não dos vencedores na história. Jesus, o homem de conflito, está ao lado da multidão oprimida e perseguida e opta pela vida como exigência do Reino do Pai. Não é um simples relatório, mas uma narração teológica, que convida para o seguimento na perseguição do Império. Devemos realizar que a multidão na Galileia sofre de opressão, de fome e doenças.
Finalmente existe uma polemica contra o grupo dos “Doze” e contra a família de Jesus. Todos vão para o lixo, fugiram abandonando Jesus (14,50). A polêmica, sutil e aguda, se dirige contra a liderança em Jerusalém.
No inicio do Evangelho o reino de Deus se aproximou (1,15). Como entrar no reino? (9,1; 47 e 10,14 e 10, 23-25). Marcos destaca que são praticas bastante simples. No final só se espera o reino (15, 42).
O Evangelho é uma tentativa de linear os diversos Cristianismos sob uma só luz que é a sombra da Cruz. É o Evangelho cristão.
É um texto “apocalíptico” se fala muito “de uma vez”, não usa o passado, mas o presente histórico. “O Filho do homem”, sentado a direita do Todo Poderoso (14, 62) refere-se a Daniel.
O “deve” (8,31; 9,11; 13,10) reflete um processo sócio-político, necessário e inevitável e certamente convulsivo, pelo qual se alcança outra realidade nova.
Resta de mencionar que o testamento de Jesus e o mandamento da missão universal acontecem na Galileia (Mt 28,16-20). O que fazem agora estes galileus em Jerusalém? Nos Atos são claramente classificados como homens de Galileia At 1,11. Em At 24, 5 Paulo é apresentado pelo Sumo Sacerdote Ananias como “um dos lideres da seita dos nazarenos”. (Os judeus e os muçulmanos chamam os cristãos de “nazarenos”).
(Carlos Bravo Gallardo: Jesus, hombre em conflito, Sal Terrae 1986 , Santander)
I Início do Evangelho de Jesus, o Cristo, Filho de Deus!
I Início do Evangelho de Jesus, o Cristo, Filho de Deus!
João Batista pregava: Preparai o caminho do Senhor. Todos se perguntavam: não seria João o Messias (Lc 3,15 e Jo 1,20). Os chefes de Jerusalém buscavam desde o tempo dos Macabeus um Messias Rei, João não avisa um rei poderoso, mostrando para Jesus diz: Eis o cordeiro de Deus, a vítima do poder.
João batiza com água e Jesus batizará com a Espírita Santa (Jo 1,29-34). O Evgl. de João não conta um batismo de Jesus. Só os discípulos de Jesus batizam (Jo 4,2).
João não mexe com as sandálias de Jesus (Dt 25,9), porque Jesus é o noivo da igreja. A pomba é símbolo do amor.
a) Uma voz chama Jesus: Meu Filho
Deus escolhe um trabalhador e não os sacerdotes, os inteligentes, os grandes de Jerusalém.
Primeiro Jesus vê: os céus se lascam como um tecido e ele viu o Espírito como pomba descendo sobre Ele. A pomba foi símbolo da Deusa do amor. Na morte de Jesus vai se lascar o véu do templo.
Segundo Jesus ouve: “Tu és o Meu Filho amado, aprova-me escolher-te”. A visão de Isaias 42,1 se cumpre: “Eis o meu servo, ele é o meu escolhido”
b) A tentação de Jesus, Filho de Deus:
Marcos 1,12-13; Mateus 4, 1-11; Lc 4,,1-13;
Jesus conduzido pelo Espírito ao deserto. O deserto foi o lugar, onde o povo duvidou na caminhada e não confiou na promessa de Javé. Mais: tinha sua cabeça dura, seguia seus desejos, tentou e provou Javé.
Do mesmo modo Jesus, conduzido pelo Espírito enfrenta as expectativas por um messias do povo e dos lideres religiosos e políticos. No Mt e Lc o tentador pergunta: ¨Se és o filho de Deus... ¨
Cristo ou Messias e Filho de Deus são títulos para Jesus ressuscitado, descente de David veja Atos 2,29-36: “Deus o fez Senhor e Cristo” (Rm 1,2). Marcos começa : ´´Início do Evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus´´. No batismo Jesus é chamado ¨Filho de Deus¨.
c) Escutem o que ele diz
No monte saiu de novo uma voz: ¨Este é o meu filho amado. Escutem o que ele diz¨. Agora fala o Filho mesmo, não mais o Pai. O Filho revela, como é o Pai.(Mc 9,7)
d) Este homem era mesmo Filho de Deus!
Finalmente o oficial do exército romano proclama Jesus como Filho de Deus (Mc 15,39; Mt 27,54)
II Pratica
de Jesus pelo reino de Deus em Galileia (1,21- 5,43):
A proclamação
do Reino de Deus se manifesta na prática de Jesus que liberta. Marcos guarda
certamente narrações daqueles que foram libertados. Jesus abre os olhos,
ouvidos, faz andar, agir, se levantar.
São dois
grupos de cinco ações, os primeiros na Galileia no ambiente dos judeus, os
segundos no estrangeiro, na Dekapolis (10 cidades gregas) fora da Galileia,
entre os povos.
1, Cafarnaum,
1,21-39; enlace: leproso 1,40-45;
2.Controversas 2,1-3,5; enlace:
planejamento matar Jesus: 3,3,6-7ª
3.Respostas a Jesus: 3,7b-35, enlace:
proteção de Jesus 4,1-2ª
4.Parábolas 4,2b-34; enlace: tempestade
4,35-41
5.Morte e vida 5,1-43
1.
Cafarnaum (1,21-28) A sinagoga é o lugar dos escribas,
para eles o cumprimento da lei garanta a santidade. Aparece um homem, possuído
por um demônio na sinagoga deles. Possuído por um demônio significa ser preso
na consciência pela ideologia da lei dos sacerdotes e escribas. Jesus tem
autoridade, ele proclama as palavras de Deus (Dt 18,18), que são vida. Jesus
é “o Santo”, uma expressão central da
lei dos sacerdotes (Lv 19). O homem exclamou: “Que há entre nós e ti”? Fala-se de nós no plural, o possuído
representa a massa danada, (Os espíritos impuros gritavam: ¨Tu és o Filho de
Deus 3,11) possuída pelo sistema dominante da sinagoga dos escribas que possuem
a lei. Jesus o Santo de Deus (1,23-28) Ele veio para destruir o sistema impuro,
o código da impureza (Lv 13 e 14)? Ele
liberta as pessoas alienadas pelas leis dos sacerdotais para devolver a eles
sua auto-estima, Sua autonomia: tirar o veredicto da impureza, que exclui.
Jesus só manda silênc
Aparece
a primeira mulher: a sogra do Simão na casa de Simão e André, ela serve Jesus
1,29-31; Cura de doentes e expulsão de
endemoninhados 1,32-39
. Enlace: Cura de um leproso (1,40-45) Em
comparação com os dez leprosos no Lc 17,11-19 que ficaram à distância por causa
da lei da impureza, o leproso com muita coragem se aproxima de Jesus e o tocou.
Curado, ele não vai para os sacerdotes, mas se torna profeta e proclama a
notícia. Agora Jesus, sofrendo o mesmo destino do leproso, não pode entrar nas
cidades.
2. Controvérsias
2,1-3,5: Jesus estava em casa. O
paralítico não só era doente, pior: na opinião daquela época e dos escribas o
doente era pecador. Quem pode perdoar a não ser Deus só? O Filho humano tem a
autoridade (não poder) 2,1-12
Agora Jesus come com os pecadores, escolhe o
cobrador Levi. Os fariseus criticam a prática dos discípulos. Enquanto o esposo
estiver com eles, os discípulos não podem jejuar. Espigas no Sábado 2,13-28. Jesus não chama os
justos, e sim pecadores. O Sábado foi feito para o homem (Dt. 5, 12-15). O Filho do homem é senhor até do Sábado.
Um homem com a mão paralisada: no Sábado não
podia fazer nada, a gente ficou paralisada.
Jesus faz agir, fazer o bem.(3,1-5)
Enlace: Fariseus e Herodianos
querem fazer Jesus perecer 3,6-7a);
3. Respostas diante de Jesus 3,7b-35
Uma grande massa (ochlos, outra tradição fala
multidão plaetos)) segue Jesus (3,7b). Os espíritos impuros gritam: ´´Tu és o Filho de Deus´´! (3,11),
contrário aos parentes e escribas.
Chamado dos Doze (3,13-19;).
Cresce a
oposição contra Jesus. As pessoas da sua parentela vieram para detê-lo dizendo:
Ele perdeu o juízo. Os escribas: Ele tem Beelzebul em si (Mc 3,21-30);
Blasfêmia contra o Espírito: ´´Tudo será
perdoado aos filhos dos homens, os pecados e as blasfêmias. Mas se alguém
blasfema contra o Espírito Santo, fica para sempre sem perdão¨ A 1. Carta de João (5,16;) fala de um pecado que conduz à (secunda) morte.
A verdadeira família de Jesus é a massa
excluída que faz a vontade do Pai 3,31-35.
Enlace: A
massa excluída em redor de Jesus, sentado num barco.
4. Parábolas 4,2b-34
Parábolas sobre o Reino, tiradas da vida
cotidiana do agricultor, da semente e de mostarda, que foi uma daninha (4,1-9 e
26-34): O semeador semeia a ´palavra´ (4,14). Jesus dizia a ´palavra´ (4,33
8,32; 9,10;). A essência das parábolas: ter esperança por que o reino cresce
apesar dos obstáculos; mesmo a mostarda ocupa tudo. Jesus anuncia a palavra, à
medida que eram capazes de compreender. Dentro das parábolas temos uma
explicação das parábolas para a comunidade cristã que especifica a parábola
para os ouvintes e moraliza: 4,10-25.
Enlace:
Tudo culmina na tempestade no mar: passando para outra margem, para terreno
desconhecido, para a Decápole, os discípulos têm medo (4,35-41).
5..
Morte ou vida: 5,1-43
Chegaram
à Gerasa no Sul, 50 km distante do lago de Galiléia, uma região de dez cidades
gregas com outra cultura, onde se criam, por exemplo, porcos: o nome do
possuído, que mora em túmulos, é Legião “somos numerosos” (cf. 1,23-28), uma
alusão ao exército Romano com legiões (uma tinha 6 mil homens), o sistema
político do Império Romano, 5,1-20; Os espíritos impuros podem ir para os
porcos
À beira-mar: A filha de Jairo, que morreu com
12 anos, e a mulher sofrendo de hemorragias 12 anos. Não se - menciona a
impureza, mas a fé que salva. Ela fala toda a verdade 5,22-43; parecem pessoas
da classe mais elevada.
Enlace: Jesus passa por sua pátria
Nazaré, o nome do seu pai falta. Jesus, o profeta, rejeitado na sua própria
pátria.¨Donde lhe vem isto?¨ Que sabedoria, a ponto de se realizarem até
dinámica (em grego, milagres em
português), forças imensas.
Jesus mesmo não pretendeu para si um
título, mas o trabalhador da periferia se identifica indiretamente com os
profetas, que são desprezados na sua pátria. “Carpinteiro é um operário que
trabalha com madeira, com pedra ou metal” (TEB). Falta de fé (6,1-6a).
III Pão,
conflito com o centro 6,6b-8,21
1.
Missão 6,6b-31a
Enlace:6,31b-33;
volta dos apóstolos
2.
Pão 6,34-56
Enlace:
Assédio dos fariseus e escribas 7,1-4;
3.
Pureza: 7,5-7,23;
Enlace:
Retiro em terra estranha: 7,24;
4.
Pão7,25-8,21
Enlace:
O cego de Betsaida: 8,22-26
1.
Missão a: 6,6b-12: Agora Jesus
envia os discípulos, os Doze .Missão b: 6,14-16: Quando o nome de Jesus se
tornou famoso alguns diziam: “É um
profeta semelhante a um dos nossos profetas”.Agrava-se a situação. Missão
b´(6,17-29): Herodes matou João. Missão a: 6,30-31ª. Volta dos Doze.
Enlace: 6,31b-33 O povo em necessidade
2. Pão 6,34-56 Jesus, tomado de
compaixão partilha do pão com a massa excluída sem pastores. Nem os lideres
religiosos, nem os políticos dominantes, aqui representados por Herodes, cuidam
do rebanho. O Ressuscitado, o verdadeiro pastor, anda sobre a água (6,1-56).
Enlace:
7,1-4: Assédio do centro
3.Pureza 7,5-23; Os discípulos não
observam a tradição. “Abandonais o mandamento de Deus e vos apegais à tradição
dos homens. O que sai do homem, isto é que torna o homem impuro”. Jesus recorre
às dez palavras contra as leis.
Enlace 7,24: Jesus se retira para o
território de Tiro, perto do Mar Mediterrâneo.
4 .A vida dos Não-judeus,7,25-8,21.
A fé de uma mulher de siro-fenícia: Jesus se
sabe só enviado para os perdidos de Israel, a mulher concorda: é verdade. Mas
os cachorros, os gentios, também comem as migalhas dos filhos. Jesus se
converte 7,25-30;
Cura de
um surdo mudo: a situação é em terra dos gentios (TEB) 7,31-37;
Pão partilhado, também em terra
estrangeira com a multidão, os sete pães simbolizam as setenta nações.
Dalmanuta, localidade desconhecida (8,1-9).
Um
sinal negado aos fariseus, cegueira também dos discípulos 8,11- 21.
Enlace: O cego de Betsaida 8,22-26;
IV Crise de
Galileia 8,27-38;
1.
Pergunta sobre identidade 8,27-29
2.
Ordem de silêncio 8,30;
3.
Expectativas messiânicas 8,31- 32ª
4.
Crise e seguimento 8,32b-38
5.
Enlace 9,9-10; pergunta dos discípulos
Jesus partiu com os discípulos para uns 50 km no Norte de Galileia,
onde se encontram as nascentes do rio Jordão, ao pé do Monte Hermon 3.000 m de altura. No pico
sempre tem neve, à tarde se formam nuvens. Jesus tinha se despedido de Galileia
e faz agora um resumo da sua atividade, quer saber o que o povo acha.
Pergunta: O que dizem as pessoas que
eu sou? Os homens falam certo: Jesus é
um profeta como Moises, como Elias, como Jeremias, ele é o profeta.
Precisamos
lembrar que a palavra de Deus, anunciada pelos profetas, estava no pós-exílio
na mão do sumo sacerdote, ele manda e ordena sobre a Tenda ou Templo (Ex
25,22). O sumo sacerdote (Ex 28,36) é
consagrado a Javé. O título “o povo consagrado a
Javé” (Jr 2,2-3 e Dt 7,6) passou a ser monopólio do sumo sacerdote. O sumo
sacerdote será o único ungido (Ex 29,7) e substituirá a dinastia de Davi no
poder. Os sacerdotes do Templo têm o monopólio da profecia, eles não
admitem contradições ou critica. Do campo só surgem os falsos profetas. Por
isso: “Expulsarei também da terra os profetas... seu próprio pai e sua mãe o
traspassarão” (Zc 13,2-6).
Pergunta: E os
discípulos, quem dizem que eu sou?
Desde os tempos antigos os judeus esperavam um Messias (Cristo =
Ungido), David foi ungido como um rei por Samuel e Javé prometeu que o trono de
David será sólido para sempre. No tempo
de Jesus o desejo de um Messias Rei guerreio foi muito forte.
Pedro responde em nome dos discípulos: Tu és o Messias. Os discípulos querem também um Messias com
poder, que eliminará o jugo dos Romanos.
Primeiro anúncio: ”O filho humano deve
sofrer muito, ser rejeitado pelos chefes de sacerdotes e doutores da lei, deve
ser morto (não se fala por quem), e ressuscitar depois de três dias (Mc 8,31).
O seguimento: Jesus convoca a massa
danada e os discípulos a tomar a cruz Mc 8,34-38. Esta massa já sabe o que é
sofrimento: exclusão e rejeição. Sempre
o seguimento foi interpretado, que a pessoa deve se mortificar a si mesmo, eu
sou nada, precisa si castigar a si mesmo.
Jesus esclarece e disse a Pedro: Você pensa as coisas dos
homens, não de Deus. Renunciar significa: não mais os pensamentos, desejos,
aspirações do mundo, mas de Deus, do Evangelho, do reino.
Enlace: O que significa: ressurgir
dentre os mortos.
V Transfiguração 9,2-8
Jesus subiu com Pedro, João e Tiago uma
montanha alta, provavelmente o Monte Hermon: acontece uma grande mudança com
Jesus: uma transfiguração: suas vestes tornaram - se resplandecentes como a
neve - no monte -, ao seu lado estão Moisés e Elijas, o representante dos profetas. Não tinha túmulo deles. Jesus
defende a tradição deuteronomista, quer dizer dos profetas contrario do culto e
a lei dos sacerdotes. Os dois confirmam a decisão de Jesus, ser rejeitado em
Jerusalém pelos sumos sacerdotes e ser entregue ao Império Romano, mas
ressuscitar.
Uma voz da nuvem alerta “Este é o
meu Filho amado. Escutem o que ele diz.” Deus não fala mais, agora o Filho fala (ver Mt 11,25-27 e Lc
10,21-22). Nas ¨Falas de Moisés¨ Javé coloca suas palavras na boca do profeta,
agora o Filho de Deus é o sujeito que fala , mas ele é o filho humano que fala
por sua rejeição e ressurreição. Precisa escutá-lo. Enquanto isso, os
discípulos dormem ou sonham suas próprias pretensões.
Enlace 9,9-10
Mas os discípulos perguntam ¨o que Jesus entendia por ¨ressurgir dentre
os mortos¨. Elias ressurgiu em João Batista (9,13), João ressurgiu em Jesus (6,14-16),
o poder de João atua em Jesus. Jesus ressurgirá nos discípulos: o poder dele, a
Espírita Santa, atuará neles.
VI
Preparação dos discípulos 9,11-10,45;
1. Pergunta a
respeito de Eliias 9,11-13;
2. Cura de um rapaz
possesso 9,14-29;
3. Secundo anúncio
da paixão 9,30-32 Atravessando
Galileia Jesus ensinava os discípulos: “O Filho do homem vai ser entregue na
mão dos homens, e eles o matarão...”
4. O que significa tomar a cruz e
seguir Jesus na vida cotidiana? No caminho os discípulos discutem quem é o major.
Jesus: Se alguém quer ser o primeiro (luta pelo poder), deverá ser o último
9,33-35;
5. Jesus pega uma criança da rua, abandonada sem
nenhum poder e se identifica com ela.
Até nas crianças se mostra o pai, que não está com os grandes. Não dar escândalo
aos pequenos. 9,36-37;
6. Quem não está
contra nós 9,38-39
Enlace:
Jesus vai para o território de Judá 10,1;
1. A pergunta sobre divorcio mostra a dominação do homem sobre a mulher.
Jesus toma uma postura contrária ao machismo, o homem e a mulher são iguais.
10.2-12;
2. Finalmente, para entrar no reino de Deus, deve ser como uma criança. 10, 13-16;
3
O reino de Deus contra a riqueza 10,17-27;
4. Instrução sobre pobreza e o reino 10,28-31;
5. Terceiro anúncio: Tomando os Doze: “O Filho do
homem vai ser entregue aos chefes dos sacerdotes e aos doutores da lei. Eles o
condenarão à morte e o entregarão aos gentios novamente...” Só Marcos fala que
os sacerdotes condenam Jesus à morte, 10, 32-34.
6. Os discípulos não entendem, brigam pelo poder.
Jesus destaca a sua missão: o Filho Human veio para servir como um escravo, e
para dar a sua vida como o resgate em favor de muitos. Jesus assumiu o papel do
Servo de Javé.10,35-45;
Enlace: No caminho o cego Bartimeu
vê e segue Jesus 10. 46–52.
EM JERUSALÉM:
VII A JULGAMENTO DE JESUS SOBRE O CENTRO
VII B O CENTRO CONDENA JESUS
VII A. Confrontação
com o centro 11,1-15,41;
1.
Ações proféticas
de Jesus 11,1-26:
Entrada
em Jerusalém:11,1-11: Muita gente exclamava: ¨Hosana! Bendito seja em nome do
Senhor aquele que vem!:¨
Depois cada Evangelho concretiza:
Bendito seja o reino que vem¨ (Mc 11,10)
Hosana ao filho de David! (Mt
21,9) O rei, paz no céu (Lc 19, 38) Jerusalém não terá paz. O rei de Israel (Jo 12,13).
Pilatos: Rei dos judeus.
A entrada em
Jerusalém concretiza as falas do profeta Zacarias II: Não como Alexandre Grande,
que conquistou o mundo com poder e cavalos, Jesus entra num jumentinho. Muitos
diziam:“Bendito aquele que vem em nome do
Senhor, bendito seja o reino que vem, o reino de David, nosso pai”. Expectativa
deles: Jesus vai restabelecer o reino de David, de Israel contra a ocupação dos
Romanos (At 1,6). Jesus volta para a Betânia, não fica na cidade.
A figueira estéril 11,12-14 Sinal de advertência para os
sacerdotes: “Nunca mais alguém coma de teus frutos” (11,14)
No templo 11,15-19; Expulsão dos vendedores no
átrio dos gentios, o templo uma caverna de bandidos, mas não uma casa de oração
para todas as nações. Veja Jr 7 e 26. Jesus expulsa os vendedores e cambistas,
fizeram da casa de Deus uma caverna de bandidos. O judaísmo procurava segurança na lei e daí
considerava a ofensa contra a lei, mesmo por inadvertência ou descuido, como
pecado (Lv 4,2). O pecado gerava uma desordem, que exigia a reparação através
de sacrifícios ou ritos de absolvição. Os sacerdotes procuravam como Jesus
perecer, porém temiam a massa, Jesus sai da cidade.
De manha a
figueira seca. Para quem tem fé, tudo é possível, pode perdoar (11,15-26).
Enlace:
11,27 Jesus ia e vinha no templo.
2.
Controvérsias
com o centro 11,28-12,34;
A autoridade dos profetas só vem de Deus e não
da descendência sacerdotal
(11,27-33).
Contra os
sacerdotes: a vinha será confiada a outros, fica aberto quem são os outros.
Medo dos sacerdotes diante da massa (ochlos) 12,1-12.
Imposto, um
tema quente dos fariseus, o denário com a imagem do Cesar. Mexer com esta
imagem seria idolatria. Devolver a Deus significa devolver o que é do povo de
Deus (12,13-17).
Sobre a
ressurreição: Os Saduceus querem segurar seu poder, ressurreição é insurreição
contra o poder. Jesus recorre ao Deus vivo dos pais (12,18-27).
O primeiro mandamento (palavra) é amar.
Por isso o Escriba não está longe do reino, (12,28-34).
Enlace:
12,34c-35a; Jesus ensinava no templo.
3.
Correções e
denúncias: 12,35b-13,2
O centro até
os discípulos esperam um messias poderoso como David. Como os escribas podem
dizer que o Messias é o filho de David? O próprio David chama-o Senhor. Uma
crítica à figura do Messias. Uma grande massa escuta Jesus com prazer.
(12,35-37).
Cuidado dos escribas, que devoram os bens das
viúvas (12,38-40).
Cena final no templo será uma viúva, o verdadeiro
exemplo da fé: a viúva tira tudo da sua miséria (12,41-44).
Jesus se
retirava do Templo. ¨Não ficara pedra sobre pedra¨( 13,1-2)
Enlace:
pergunta sobre o fim do Templo 13,3-4.
4.Um discurso apocalíptico 13,5-37
Frente às conflitos histórico:
discernimento 13,5-23: Naquele tempo várias gerações esperavam o fim do mundo.
O Evangelho usa esta expectativa apocalíptica. Jesus se retirava do Templo e
agora está sentado no monte das Oliveiras. Cuidado dos falsos profetas, o
verdadeiro profeta vai ser perseguido. Cuidado de quem instala “o Abominável
Devastador”, uma linguagem típico apocalíptico, que não expressa um tempo
histórico, mas simbólico. Em qualquer tempo a atitude dos discípulos atentos
será a vigilância.
Frente
ao chegado à vinda do O Filho do homem: esperança virá rodeado de nuvens e
reunirá seus eleitos (Mc 13,24-31).
Frente ao presente: vigilância
13,33-37;
VII B O CENTRO CONDENA JESUS
Juízo dos poderosos sobre Jesus
Os sumos Sacerdotes e escribas
procuravam prender Jesus (14,1-2), porem têm medo do povo (laos), os fariseus
não aparecem.
Jesus em Betânia na casa de Simão, o leproso
(14,3-9), não pode ser o leproso Zarua. Já a entrada na casa de um leproso fez
impuro, precisa corrigir e falar do Zanua, que significa um Essénio. Alguns
criticam a desperdício do perfume, podem ser Essênios, que praticam uma pobreza
extrema.
Judas foi ter com os sacerdotes para
entregar Jesus, não se fala da traição, mas sim da entrega. (14,10).Jesus
disse: “Melhor fora para este homem não ter nascido”.
A refeição pascal 14,12-30: um homem
carregando uma bilha de água. Carregando água foi a tarefa das mulheres, neste
caso pode ser um Essénio solteiro, não casado. “Tomai”: Cada convida tomava
diretamente e com a mão seu alimento no prato comum. “O sangue da aliança,
derramado em prol do muitos” é a mesma de Ex 24,8.
No
monte das Oliveiras Jesus disse: ¨Todos
vós ides cair (14,26-31) Mas, depois
de ressuscitado, preceder-vos-ei na Galileia¨. .
No Getsêmani Jesus reza (14,32- 42): ainda pode fugir: “Não
o que eu quero, mas o que tu queres” Sobrevém Judas com um bando armado de espadas,
soldados romanos, e paus, guardas do templo, Judas dá um beijo (14,43-52).
Jesus perante
do Sinédrio (14,53-65): A primeira acusação é mais pesada: a destruição deste santuário. Do mesmo
jeito Jeremias (26) foi condenado à morte. Secunda acusação: “És tu o Messias,
o Filho de Deus?” (veja 1,1). Não foi uma blasfêmia, Jesus não pronunciou o
nome de Deus. “Todos o condenaram como digno de morte” (14,64). (Mateus 26,66 é
menos explícito, só diz: “Ele merece a morte”, Lucas 22,71 não menciona este
veredicto.)
Jesus perante Pilatos (15,1-15): Logo
de manhã deliberaram em conselho e entregaram Jesus a Pilatos, que pergunta: Tu és o Rei dos Judeus? “Tu o dizes”
(15,2).
Aparece agora a massa excluída pede como
costume a liberação de alguém na Páscoa. Barrabás foi a cabeça de um motim
contra o imperador romano Os sacerdotes incitaram a massa a pedir Barrabás. Barrabás
representa o grupo violento dos Sicários em Jerusalém que querem guerra contra
Roma.
Na
crucificação (15,16-47) os transeuntes insultavam Jesus como destruidor do
Santuário (15,29). O véu do santuário rasgou-se em duas partes (15,38), é o
sinal de que acabou o culto do Sacerdócio no templo. O centurião romano
confessou: “Este homem era Filho de Deus”. Jesus já foi proclamado Filho de
Deus no início do Evgl.. As mulheres olhavam, à distância. (15,40).
As mulheres foram ao
sepulcro:
Um Jovem avisa que precisa buscar Jesus em Galileia:
Jesus tinha falado: ¨Mas depois de ressuscitado, preceder-vos-ei na Galileia¨ (14,28). Por medo falaram nada a
ninguém. (16,1-8). Precisa de novo voltar ao início do Evangelho que começou em
Galileia.
Apêndice:
16,9-20: Aparições de Jesus. A tradição manuscrita é muito incerta.
O Evangelho de Mateus
¨Existe consenso, atualmente, que o Evangelho de Mateus foi
escrito na cidade de Antioquia nos anos 80 d.C. Seu autor seria um escriba
judeu-cristão, helenista... (Antioquia
era a terceira major cidade do Império Romano).
No ano 70 Jerusalém foi arrasada pela guerra judaica contra Roma. O
único grupo que se salvou foi os dos fariseus... Estes rabinos fariseus
fundaram a Academia ou Sinédrio de Jâmnia ou Jaíne, nasceu aqui o chamado judaísmo
rabínico que se apresentou como a única reconstrução autêntica e legítima da
tradição de Israel depois da crise do ano 70...
O movimento de Jesus...procurou reconstruir a tradição de Israel de uma forma alternativa e diferente
do judaísmo farisaico. Jesus era o Messias e Filho de Deus...os cristãos de
Antioquia entraram em conflito com as sinagogas e chegaram a sofrer uma aberta
perseguição. Neste clima nasceu o Evangelho de Mateus¨. ( Ribla 27 p.
Mateus se refere ao Evangelho de Marcos e à fonte
¨Q¨
Sua intenção é mostrar a passagem de Israel (am) para os
povos (gojim).
O
Evangelho termina com a missão para
todas as nações, sejam judeus ou gentios (28,16-20).
1.
Prefácio: O nascimento de Jesus em Belém
No prefácio Mateus, contando a
infância de Jesus, coloca seu tema do Evangelho: a aliança que comecou com Abrão.
Nas genealogias,que são um tema dos
escritos sacerdotais, contam-se três vezes quatorze homens que geram filhos (o
homem gera). Quatro vezes aparecem mulheres, delas nascem os filhos: Judá gerou
Farés e Zara, de Tamar, Salmon gerou
Booz de Raab, Booz gerou Jobed, de Rute, David gerou Salomão da mulher de Urias (1,5;). Todas estas mulheres não são
legitimamente casadas.
O gerador da
gravidez de Maria falta, .ela está grávida da Espírita Santa, o autor quer
destacar o mistério da fé e não falar da biologia. Sempre o texto falava “de”
uma mulher. destacando a força feminina que dá à luz. O que foi gerado em Maria
provém “do” Espírito Santo . ¨Sempre quando Espírito aparece sem
artigo refere-se ao poder criador de Deus que transforma situações e condições¨
(Ribla 44 p.55). Agora aparece o artigo, o autor, um judeu, sabe que “ruach” é
feminino, a profissão da fé proclama:
Creio no Espírito Santa que dá à luz. O Espírito Santo não é o gerador de Jesus.
O Pai gera o Filho. Mas é a mulher que dá à luz da Esspírita Santa.. Por isso
devemos corrigir o gênero e traduzir “da
Espírita Santa”,
José,
um homem justo cumpre a justiça:
Conforme a lei (Dt 24,1) José “deve
ser autêntico por um certificado oficial.” e denunciar Maria conforme à justiça
legalista do sacerdócio sadoquita que conduz à exclusão, finalmente à morte.
Ele sente que isso é injusto, a lei
conduz à morte. Ele decide repudiar
Maria secretamente para ficar livre do problema.
Isto não dá
certo. Aparece um anjo no sonho: ¨Não temas receber em tua casa Maria, pois o
que ela concebeu é da Espírita Santa. José cumpre a nova justiça: a nova e
plena justiça que não rejeita mas sim
aceita,
Jesus dirá “Não penseis que vim
ab-rogar a Lei ou os Profetas, mas cumprir.” E se dirigindo se aos discípulos
Jesus diz (5,20): “Se a vossa justiça não ultrapassar a dos escribas e dos
fariseus (os fariseus após Jâmnia) de modo algum entrareis no Reino dos
céus.”
O Evangelho se dirige a todos os povos:
Os Magos do oriente, guiados por
uma estrala, são estrangeiros: Eles cumprem todas as promessas dos profetas sobre o
futuro: Jerusalém, “a fortuna das nações virá a ti (Is. 60)”. Há em Jerusalém o
poder político, o corrupto Herodes e o poder religioso, sacerdotes e escribas
que sabem, mas não fazem, o que os profetas anunciam: O Rei dos Judeus (rei dos
judeus 27,37) não nasce em Jerusalém, o Messias vem do campo de Judá como
Miquéias falou: “o chefe que apascentará Israel, meu povo (2,6)”.
A fuga para o Egito lembra Javé o libertador
das tribos de Israel: “Do Egito chamei meu filho”. A exterior apresenta mais
seguro.
Finalmente José escolhe a região da
Galileia, a Galileia das nações (Mt 4,15) e mora em Nazaré. Jesus será chamado:
o Nazareno.
2.
A vocação do Nazoreu: A voz do céu chama:
Meu Filho
João, o Batista, (3,2) proclamava: “Convertei
vos, o Reinado dos céus aproximou-se...toda
árvore que não der bom fruto será cortada e lançada ao fogo.” ¨Eu vos
batizo com água, ele vos batizará na Espírita Santa (3,11)
Agora Jesus vem
cumprir toda a justiça, - é a primeira palavra de Jesus - que não só vale no
batismo, mas durante toda a sua vida até a morte.
A Espírita de
Deus desce sobre ele como uma pomba. A voz do céu: “Este é o meu Filho
bem-amado, aquele que me aprouve escolher.” Quem chamou o seu filho do Egito,
chama agora seu filho para uma missão como o servo de Javé, vestido com o seu
espírito. (Is. 42,1).
¨Se és o filho
de Deus¨ As
tentações vêm da fonte ‘Q’: Aqui
temos o esquema de todas as tentações que Jesus encontrará na sua atividade
(4,1). O que significa isso para Jesus,
o que significa isso para os contemporâneos ?
O deserto alude à
tentação do povo no deserto: Naquele tempo o povo quis voltar para o Egito,
tinha nojo deste maná, preferiu a escravidão à luta pela liberdade. Jesus vai enfrentar
a mesma tentação, o povo quer sempre pão e jogos que sacia o desejo dele e que
não lutar pela liberdade. Jesus vai
anunciar a palavra de Deus que liberta o
povo.
O templo: A
tentação vem do sacerdócio na cidade santa: o Templo é da competência dos
sacerdotes, das escribas com a bíblia na mão, que explicam a palavra de Deus
conforme o jeito deles, querem poder encima de Deus: Joga ti pra baixo. A
tentação mais perigosa é o Satã no religioso. Lá vão levantar Jesus na cruz..
A montanha: A
tentação dos políticos numa montanha muito alta, onde se veem os reinos do
mundo e as suas riquezas. Aqui o confronto com o poder político, finalmente
representado por Pilatos. Jesus não será um homem poderoso, mas o servo Deus. Não pode servir a Deus e ao Mamom, o deus da
riqueza.
3.
Jesus escolhe Galileia
“O
povo que jazia nas trevas viu uma grande luz, para os que jaziam na região da
morte levantou-se uma luz.” (4,16). É a Galileia das nações, dos impuros, dos
abandonados na região da morte. Para eles aproximou-se o reinado dos céus.
“Sua
fama espalhou-se por toda a Síria” (4,24) Mateus já menciona a Síria, pois lá ,
ou mais certo em Antioquia , foi fundada e secunda grande igreja após a mãe
igreja de Jerusalém. A mulher Cananéia da região de Tiro e Sídon seria
simbolicamente a mãe desta igreja? (15,21)
O Rabi
ensina
O
Sermão da Montanha:
Ao
ver as massas marginalizadas (ochlos) Jesus subiu à montanha. Moisés tinha
anunciado a aliança a seu povo (am) no monte de Horeb. Agora Jesus anuncia a
nova aliança: o reino de Deus a estes massas, a todos os povos (gojim, gentios,
não pagãos). Ele é o mestre, rabi, não como os escribas. Os discípulos ensinarão o
que ele ordenou como antes Javé ordenou (28,20).
Jesus
ensina os discípulos nas bem-aventuranças: na primeira parte Jesus toma parte
daqueles que vivem nas trevas da morte no mundo inteiro, é a opção universal e
não nacional, quer dizer a preferência pelos empobrecidos da classe
oprimida de todos os povos, não só de Israel.
Na secunda parte o Evangelho chama todos que
querem praticar solidariedade com exstes miseráveis do mundo. Mateus não
proclama um “Ai” aos ricos como Lucas, ele alerta para atitudes positivas.
Jesus chama todo mundo, não só judeus com a sua lei, mas todos de boa vontade.
Temos diante de nós uma proclamação dos direitos humanos.
a) Felizes os pobres no espírito, deles é o
reino dos céus.
Seguimos o
Terceiro Isaias: “Enaltecido e santo eu permaneço, embora estando com aquele
que é esmagado e que no seu espírito se sente rebaixado” (57,15). “Mas é para
este que olho: para o humilhado, o que tem o espírito abatido” (66,1-2); Jesus
escolhe os miseráveis, deles é o reino.
Felizes
os humildes: seu quinhão será a terra:
Nota
bem: promete a terra e não o céu. Os humildes são os amansados, os aflitos e
humilhados pela dura opressão social, política e religiosa cfr. S 18,28; 35 (34), 10; 37 (36), 11; os ´anavim´.
Não se trata de uma virtude, Jesus toma partido. A eles será doada a terra
prometida.
Felizes
os que choram, eles serão consolados:
O terceiro Isaias
falou: “confortar todos os enlutados” (Is 61, 2) Seria mais adequado pensar em
todos que gritam a Javé: ”Até quando?” No Apocalipse ele me disse: “Eles vêm da
grande tribulação... e Deus enxugará toda a lágrima de seus olhos” (Ap 7,14 –
17).
Felizes
os que têm fome e sede da justiça: eles serão saciados:
A realidade da
fome e sede no mundo atual é um problema da justiça. A terra produz bastante
alimento.¨ Dá bastante para a nossa carência, mas não para a nossa ganância¨..
O que é injusto a gente sente e sabe, o que é justiça, dificilmente podemos
imaginar.
b) Felizes os
misericordiosos, ele alcançarão misericórdia;
Deus é misericórdia, ele tem
solidariedade com os oprimidos. Jesus vendo as massas excluídas tomou se de compaixão
(Mt 9,36). ”Sejam misericordiosos, como eu sou misericordioso”. No juízo final
entrarão no reino aqueles que praticaram a misericórdia sem saber que serviram
com isso ao filho humano. (25,31)
Felizes
os corações puros: eles verão a Deus.
Esta frase se dirige contra a hipocrisia dos
fariseus com a sua religiosidade, cumprindo a lei e se julgando justos. O
coração puro vê a realidade, fala a verdade. Pela primeira vez aparece o nome
Deus. Quem fala e pratica a verdade vê a Deus.
Felizes os que promovem a paz, eles serão chamados filhos de Deus.
Felizes os que promovem a paz, eles serão chamados filhos de Deus.
A paz não significa se submeter às
autoridades e ficar calado. “Nada de secreto que não venha a ser conhecido. Eu
não vim trazer a paz e sim a espada” (10,26...). A paz será fruto da verdade e
justiça. E está certo: a paz se alcança pelo perdão onde tem arrependimento.
Esta é a mensagem do Ressuscitado. Quem luta pela verdadeira paz, será um filho
ou filha de Deus. ( Não aquele que cumpre a lei).
Felizes
os perseguidos por causa da justiça, deles é o reino.
De
novo: Eles, os defensores dos direitos humanos, sofrem injustiça, aqui não por
causa de Jesus, mas por causa da justiça. Eles podem ter a certeza, que o reino
é deles, mesmo se a igreja não os declara santos
Felizes discípulos perseguidos por causa de Jesus, são como os profetas.
Felizes discípulos perseguidos por causa de Jesus, são como os profetas.
O cumprimento da Torá (5,13-7,28):
Continua o ensinamento dos discípulos: Jesus
não veio ab-rogar a Lei e os Profetas mas cumprir na tradição ¨das falas de
Moisés e dos profeta¨. (Mt 5,17). A justiça dos discípulos deve ultrapassar a
dos escribas e fariseus contra a prática do judaísmo após de Jámnia.
Aprofundamento da secunda parte das 10 Palavras (5,21-42).
Amor é a prática da fé (5,43-48):
“Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo” foi a interpretação dos escribas
que aconselharam: odiar os inimigos, trata-se de um comentário dos rabinos. Falta “como a ti mesmo”, o que devia ser traduzido:
”Ele é como tu”. No Lv 19 foi falado
amar ao próximo, quer dizer ao concidadão (Lv19,18) e ao imigrante, quer dizer
o estrangeiro, pois você foi imigrante no Egito (Lv 19,34). Podemos falar: amar
ao outro, ele é como tu, amar até os inimigos.
Veja o extremo Oriente: A Máxima, chamada “Regra de
Ouro”
O chinês Confúcio
551-479 aC. foi um dos primeiros a articular a regra de Ouro. Seus discípulos
devem cada dia praticar este ensino, o mais importante para a vida, chamado
<ren>. A religião não pode ser separada do altruísmo, tratar o outro com
absoluto respeito.
No
Canon Páli o “Buda” Gautama, nascido por volta 563 aC. na Índia se diz: “Como
eu sou, estes são; como estes são, sou eu. Se assim um homem se iguala ao
outro, não quer matar ou se deixar matar”. “Respeitando a mim mesmo eu respeito
o outro, respeitando o outro eu respeito a mim mesmo”.
As tradições de Maomé
(Hadithe) ensinam: Ninguém é um muçulmano verdadeiro enquanto não deseja para o
seu irmão o que deseja para si. “Deseja aos outros homens, o que desejas para
ti”.
O pai Tobit na diáspora
ensina o filho: “O de que não gostas, não o faças a ninguém”. Tobit 4,15.
O Rabi Hillel (30
a.C.- 9 d.C.) ensinava esta regra de ouro, ela é universal: “O que não queres
para te, não faças ao outro. Isto é o que a Torá ensina. O resto é explicação”.
Mateus usa a formula positiva: “Tudo aquilo que quereis que os homens façam a vós, fazei-o vós mesmos a eles: esta é a Lei
e os Profetas”(Mt 7,12). Mateus valoriza o ensinamento dos gentios porque o
Evangelho será para todos, judeus e povos.
Os
concelhos em relação ao culto, à religião são poucas (6,1-18).
A prática da
religião deve acontecer no oculto, não diante dos homens porque Deus está no
oculto: Esmola (6,1-4), oração com o Pai
nosso (6,5-15) ¨ se perdoares aos homens as suas faltas, vosso Pai celeste
também vos perdoará vossas faltas¨,(6,1-18), jejum 6,16-18.
Seguem concelhos: (6,19-7,27).
As massas ficaram impressionadas
com seu ensinamento,
Jesus
ensinava com autoridade, não como os escribas (7,28-29).
O mestre pratica o que
ensinou
Jesus desceu da montanha, seguiram-no grandes massas (8,1). Começa
a prática de Jesus:
Jesus
purifica um leproso.
Ele elogia o oficial Romano: “Nunca encontrei uma fé igual
a essa em ninguém de Israel” (Mt.8,10). A massa marginalizada disse: ¨Nunca se
viu algo assim em Israel¨ (9,32-34) Cura da sogra de Pedro, exorcismo, as
massas em redor de Jesus (8,18). Os homens, os não crentes (TEB)
maravilharam-se (8,27)
O filho do homem tem autoridade (do Pai, não
do poder dos sacerdotes) na terra para perdoar os pecados (9,6;). Os sacerdotes
no templo vão questionar: ¨E quem te deu tal autoridade? (21,23) As massas
deram glória a Deus (9,8;).
Ele chama um pecador Mateus, Deus
quer misericórdia e não sacrifícios (9,13). Uma mulher que padecia hemorragias
tem fé (9,21) A menina despertou e a notícia se difundiu (9,25; 9,31). Critica
dos fariseus (9,34). A massa excluída fica sem pastor (9,35-38).
Por isso o chamado dos doze apóstolos, Jesus
os ensinou e enviou com instruções. Eles vão ser perseguidos, Jesus não traz a
paz, mas a espada. Terminando as
instruções Jesus prega nas cidades (10,1-11,1;)
A reação às atividades de Jesus:
Pergunta de João e declaração de
Jesus: ¨Não surgiu ninguém maior que
João; e todavia, o menor no reino dos céus é maior do que ele¨(11,11;).¨O reino dos céus é assaltado, são violentos que o roubam¨ ( duas vezes aparece a palavra ´roubar´).
Contra as cidades de Galiléia Jesus diz “Ai“
enquanto Tiro e Sidônia na Síria vão encontrar uma sentença menos dura
(Mt.11,22). Preferência dos gentios.
Revelação aos pequeninos (naepíos,
menores) 11,25-30: a revelação nos
lembra como Javé escolheu e se manifestou aos profetas, veja Dn 2,18-19. Jesus louva o Pai pela revelação dessas coisas aos pequeninos e não aos sábios e
inteligentes 11,25-27). Os pequeninos são os portadores da revelação. Jesus tem
mutuo conhecimento do Pai, a sua autoridade tem aqui sua raiz. Como o Pai
revela de mesmo modo o Filho revela os mistérios do Reino a quem ele quer.
Na interpretação judaica o jugo leve é a Tora.
Jesus como a sabedoria personificada
chama todos àqueles que estão cansados de carregar o peso da lei
(11,28-30) Jesus traz um novo jugo que é
leve, porque ele é manso e humilde (21,5). Jesus é a nova Torá e proclama a
alegria do reino. O Evgl. de Tomé fala que o jugo de Jesus é manso e seu
domínio é humilde.
Agora Jesus
revela os mistérios do reino aos que estão cansados sob o peso da lei, ele
encontrarão repouso.
Os fariseus
defendem a lei do Sábado, mas aqui há algo major do que o Templo, Deus quer
misericórdia, o Filho humano é Senhor do Sábado (12,1-8). .
Jesus é o Servo de Deus, para a massa ele deve
ser o filho de David, para os fariseus Jesus é o chefe dos demônios. Jesus
replica: quem fala contra o Filho humano, será perdoado, mas quem fala contra a
Espírita Santa, isto não lhe será perdoado. “Porque você será justificado por
suas próprias palavras, e será condenado por suas próprias palavras.”
(12,15-37).
Os fariseus buscam um sinal (não um
milagre): o Filho do Homem estará no seio da terra. A verdadeira família de
Jesus é aquela que faz a vontade do Pai (12,38-50).
O reino e seus inimigos, as parábolas (13,1-53):
. Falando de João Batista Jesus
tinha dito (11,12): ¨O reino do céu está violado e violentes roubam o reino
¨ (13,19).
Agora Jesus saiu da casa e sentou-se à beira
do mar, ensina muitas coisas às massas:
Todas as parábolas são tiradas da vida
cotidiana do homem e da mulher.
1. Parábola do semeador (O Filho do homem) semeava a semente (a palavra). Na explicação (13,10-17) são primeiro os próprios Israelitas que olham sem ver e ouvem sem ouvir nem compreendem (Is 6,9-10). ao passo que é dado aos discípulos. (13,11), Interpretação: Jesus semeou a semente na terra (13,18-23) para todos os que têm ouvidos. Vem o Maligno e o rouba (13,19) A rejeição do reino começa no coração dos ouvintes.
1. Parábola do semeador (O Filho do homem) semeava a semente (a palavra). Na explicação (13,10-17) são primeiro os próprios Israelitas que olham sem ver e ouvem sem ouvir nem compreendem (Is 6,9-10). ao passo que é dado aos discípulos. (13,11), Interpretação: Jesus semeou a semente na terra (13,18-23) para todos os que têm ouvidos. Vem o Maligno e o rouba (13,19) A rejeição do reino começa no coração dos ouvintes.
2,Parábola:
O joio (13,24-30)
Durante toda história
o servos do Dono atacam e querem sufocar
o reino: arrancando o joio com o trigo. Os servos, podemos pensar nas
autoridades da igreja,- a igreja não é o reino-
condenaram e arrancaram sempre
seus adversários, mas o juízo não é
deles. ¨Deixai que ambos cresçam até a
ceifa¨. Explicação do joio:13,36-43.
3.Parábola (13,31-33) O grão de mostarda e o fermento da mulher: Apesar de tanta inimizade o reino cresce, precisa de esperança na semente do reino.
3.Parábola (13,31-33) O grão de mostarda e o fermento da mulher: Apesar de tanta inimizade o reino cresce, precisa de esperança na semente do reino.
4. Parábola: 13,44-46: tesouro e a
pérola: mesmo os ricos podem descobrir o reino, mas para ganhar precisa vender
tudo.
5. Parábola: Os pescadores 13,47-50:
Os pescadores representam os anjos no fim do mundo. Só o Dono fará o juízo.
As parábolas servem para proclamar
coisas escondidas aos menores (13,34) com o fim de compreender os mistérios do
reino. Jesus terminou essas parábolas, partiu dali (13,51-53).
Rejeitado na sua pátria,
controvérsias com escribas e fariseus
controvérsias com escribas e fariseus
Jesus rejeitado na sua pátria,
Nazaré e na sua família: ¨Donde lhe vem essa sabedoria e as ações poderosas? (em grego: dinamismos) Jesus: ¨Um profeta só
é rejeitado em sua pátria e casa (13,54-58).
Morte de João Batista por Herodes
Antipas, filho de Herodes Magno, numa festa deixa degolar João Batista, o profeta.
Jesus foi informado e retirou-se dali, de
barco. As massas excluídas o seguiram de pé. Tomado de compaixão curou seus
doentes e manda partilhar os cinco pães e dois peixes com a grande massa, foram
cinco mil homens fora as mulheres e crianças. . Jesus anda sobre as águas
(14,1-36).
Controvérsia agora com os fariseus
e escribas de Jerusalém sobre a lei da pureza. Os escribas no tempo do
Evangelho agravaram a lei de pureza mandando lavar as mãos ao tomar as
refeições, uma tradição humana. A observação da pureza é superficial, falta de
fé (15,1-20).
Jesus se retira perto de Tiro e Sidônia onde
uma mulher Cananéia convence Jesus que os povos, chamados os cachorrinhos pelos
judeus, vivem também das migalhas dos senhores. (Mt. 15, 21 -28). Uma mulher
estrangeira converte Jesus para os povos.
Jesus se dirigiu às cercanias do mar da
Galileia. Agora ele tem compaixão com os coxos, cegos, aleijados, Uma secunda partilha do pão com a massa, desta
vez tem 7 pães, que simbolizam todos os povos. Dalmanuta (Mc 8,10) e Magadan
são localidades desconhecidas (dos povos?) (15,29-39).
De novo controvérsia com fariseus e saduceus,
os discípulos pensam que Jesus falou do
fermento dos pães. ¨Acautelai-vos do fermento deles¨! (16,1-12)
4) Jesus e a igreja
4) Jesus e a igreja
Saída de Galileia, caminhada para o monte 16,13-20,34
Mateus
seguindo Marcos sai da Galileia para o Norte e faz uma revisão da atividade em
Galileia. Para os homens Jesus é um dos profetas (16,13). No Evgl. de Marcos
Pedro confessa: ”Tu és o Cristo (Mc
8,29; Lc 9,20 o Cristo de Deus). Mas os discípulos pensam num messias poderoso
como David. Logo Jesus ensinou que o Filho do Homem sofresse muito (Mc 8,31).
Agora no Evgl
de Mateus Simão Pedro confessa : ”Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo“ (Mt 16,16) uma expressão única no NT.
“Filho de Deus vivo“ é um título do
Ressuscitado (Ro 1,3). Ser Filho de Deus vivo é uma revelação de Deus,
A igreja: inserção de Mateus
Mateus está na
igreja de Antioquia (At 15,3) em torno de anos 90. O termo igreja, assembleia
em hebraico, aparece pela primeira vez nos AT 8,1, e designa a igreja em
Jerusalém. Jesus nunca usou o termo igreja.
Pedro,
que tinha negado seu mestre três vezes, se converteu pelo fato da ressurreição.
Três vezes ele foi para a cadeia (At 4,3; 5,17; e 12,1) anunciando que Jesus
“crucificado por vós, ressuscitado por Deus” Deus o fez Senhor e Cristo,
Príncipe e Salvador. Depois Pedro sumiu de Jerusalém e foi para outro destino
(12,17). Conforme Gl 2,11 Cefas foi para igreja de Antioquia e estava em
conflito com Paulo, Mais tarde Pedro interveio em Jerusalém em favor dos
gentios (At 15).
Mateus encaixa aqui a importância da igreja.
Jesus declarou
a Simão: Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha igreja. A sinagoga dos
judeus mudou para a nova comunidade, a igreja. A Potência da morte não terá força contra a
igreja.
As chaves do reino não mais são das
autoridades de Israel que fecham o reino para as pessoas (Mt 23,13) mas dadas a
Pedro. Mais tarde (18,18) todos recebem a autoridade de ligar ou desligar.: “Se
teu irmão pecar” (18,15...), são acusações típicas dos fariseus e escribas (Lv
4: se alguém pecar por inadvertência, precisa
oferecer sacrifícios). Agora precisa fazer admoestações aos pecadores: Finalmente, “Se ele recusar ouvir a própria
igreja seja para ti como o pagão e coletor de impostos.” (18,17). Isto é
totalmente contra a prática de Jesus. A
igreja será melhor do que a sinagoga? Ela fala e pratica no Espírito de Jesus?
Rezar e perdoar, isto são as chaves do Reino (18,18-35) As chaves do reino são
perdão e misericórdia e não exclusão.
Primeiro anúncio da paixão:
Jesus Cristo mostra
que deve sofre em Jerusalém.. Pedro: Deus te livre disso, Senhor. Jesus:
Satanás, pois teus intentos não são os de Deus, mas dos homens (16,21-28).
Condições para seguir Jesus: renunciar a si mesmo e tomar
sua cruz. Renunciar a si mesmo significa, largar os desejos dos homens e
escolher os intentos do Evangelho.
Transfiguração
numa alta montanha:
No
monte Deus falava a Moisés, Elias e aos
profetas. (17,1-10), Jesus está na
tradição profética. Seus intentos são de Deus.
Já no sermão da Montanha Jesus anunciou as intenções de Deus. O anúncio
da paixão e ressurreição é tão novo e inesperado que precisa a intervenção de
Deus:: Ouvi-o. Deus, o Pai não fala mais através dos profetas, mas diretamente
por seu Filho. Os discípulos estavam cheios de temor.
Secundo anúncio (17,22)
Da
Cesareia precisa passar por Galileia: ¨O Filho do Homem vai ser entregue às
mãos dos homens¨.
Recomendações para o
verdadeiro Israel: a igreja (17,24-18,14). O maior no Reino: a criança. Ai dos
escândalos (18,1-14). Perdoar (18,15-35)
A viagem de Galileia para Jerusalém 19,1-29,34
5. Em Jerusalém: Bendito seja, aquele que vem!
A viagem de Galileia para Jerusalém 19,1-29,34
Jesus partiu da Galiléia, veio para e território de Judéia.
Diferente de Lucas Jesus não passa por Samaria, Jesus evita pisar a terra dos
dissidentes. Uma grande massa segue Jesus. Tema central na viagem é o reino de Deus.
Os fariseus querem prová-lo: A lei permite repudiar a
mulher por qualquer motivo ? Jesus recorre
ao plano de Deus na criação: O que Deus uniu, o homem não separe. defende a
mulher. Já há caso de separação:
A reação dos discípulos: depois não convém casar-se. Jesus:
há eunucos por causa do Reino dos céus (19,1-17).
De novo a preferência das crianças; os discípulos querem
afastar as crianças. O Reino é das crianças (19,13-15).
Um jovem rico
pergunta, o que ele deve fazer para ter a vida eterna. Mateus só cita a secunda
parte das Dez palavras e a junta o amor a próximo. Dificilmente um rico entrará no Reino, não
consegue deixar tudo
Quem deixou tudo por causa do nome de Jesus:: Quando o Filho do homem toma assento no seu trono, vós também vos assentareis em doze tronos para julgar as doze tribos de Israel (19,28)..
O reino dos céus é comparável a um senhor da casa que entrega o reino futuro aos trabalhadores. Os primeiros foram os judeus, os últimos serão os seguidores de Jesus. Deus paga seus operários conforme o contrato, mas ele é bom para com os últimos (20,1-16)
Quem deixou tudo por causa do nome de Jesus:: Quando o Filho do homem toma assento no seu trono, vós também vos assentareis em doze tronos para julgar as doze tribos de Israel (19,28)..
Temos as mesmas idéias no reino dos mil anos no Apocalipse: ¨Vi
alguns tronos e aos que estavam neles sentados foi dado poder para fazer
justiça. Vi também com vida os que foram decapitados pelo testemunho de Jesus e
da palavra de Deus e todos que não adoraram a Besta...reviveram e reinaram com
Cristo mil anos ¨ (Ap 20,4-6)
Um texto que fez muita
história, com força libertadora. Os que se sentaram no trono são os que foram
decapitados e que não adoraram a Besta, que vieram da grande tribulação
(7,9-17), eles estão vivos e fazem a justiça. Eles são os mesmos de 6,10, que
gritavam por justiça.
No NT há
muitos testemunhos acerca deste Reino de Deus sobre a terra: cf. Mt 19,28; Lc 22,28-3-; At 3,21; 1 Cor.
15,21-26; O Magnificat de Maria seria um desse julgamentos.para seguir Jesus (19,16-30).O reino dos céus é comparável a um senhor da casa que entrega o reino futuro aos trabalhadores. Os primeiros foram os judeus, os últimos serão os seguidores de Jesus. Deus paga seus operários conforme o contrato, mas ele é bom para com os últimos (20,1-16)
Terceiro anúncio (20, 17)
Subindo para
Jerusalém Jesus dava o nome aos adversários do Filho do Homem: os sumos
sacerdotes e os escribas: eles o Filho do homem condenarão à morte e o
entregarão aos gentios (20,18). Lucas não menciona a condenação pelos
sacerdotes (Lc 18,31).
. Os filhos de
Zebedeu querem sentar-se à direita e esquerda de Jesus, mas precisa servir: O
Filho do Homem veio para servir e dar sua vida em resgate pela massa
marginalizada (20,20-28).
Saindo de Jericó dois cegos vêem e seguem Jesus (20,29-34).
5. Em Jerusalém: Bendito seja, aquele que vem!
A memória de Jesus pode ser a chave da
verdadeira releitura de Zacarias II: A entrada de Jesus em Jerusalém: Zc
9,9 > Mt 21, 12-13; A saída dos vendedores do Templo: Zc 14,21>Mt 21,
12-13; As trinta moedas: Zc 11,12-13 >Mt 26,15; As ovelhas: Zc 10,2 >Mt
9,36; O bom pastor: Zc 13,7>Jo 10; A
morte do pastor: Zc 13,7; O traspassado:
Zc 12,10>Jo 19,37; Ap 1,7; (Ribla 35, p.235)
Eis que teu rei vem a ti, humilde e montado
numa jumenta¨ (21,1-11).
Jesus entra em
Jerusalém num jumento contrário a Alexandre o Grande, que conquistou o mundo
inteiro com cavalaria e soldados. Jesus é saudado como filho de David, não se
fala da paz, em Jerusalém não terá paz. Muita massa estendeu as vestes sobre o
caminho.
Muita gente exclamava:
¨Hosana! Bendito seja em nome do
Senhor aquele que vem!:¨
Depois cada Evangelho
concretiza::
Bendito seja o reino que vem¨ (Mc
11,10)
Hosana ao filho de David! (Mt
21,9)
O rei, paz no céu (Lc 19, 38)
Jerusalém não terá paz.
O rei de Israel (Jo 12,13).
Pilatos: Rei dos judeus.
Mateus e Lucas
conhecem a destruição de Jerusalém no ano 70. Jerusalém deve ser purificada (Zc
12,10): “Eu derramarei sobre a casa de
Davi e sobre o habitante de Jerusalém o espírito de boa vontade e de súplica;
Erguerão então o olhar para mim. Por aquele a quem traspassaram celebrarão o
luto como pelo Filho único. Vão chorá-lo amargamente, como se chora por um
primogênito.” (Zc 12,10;).
A cidade, que
não conhece Jesus, está sacudida como num terremoto: “Quem é?“ A massa
responde: “É o profeta Jesus de Nazaré de Galiléia” (21,11). Jesus rejeita as
ambições dos militantes da cidade, ele é o filho humano, homem da paz..
Contra os sacrifícios dos sacerdotes:
A
expulsão dos vendedores significa mais do que uma limpeza do Templo: Até o ano
70 foram oferecidas sacrifícios de manha e à tarde. Jesus rejeita a lei dos
sacerdotes que exigem sacrifícios para agradar a Deus, fizeram da casa de
oração uma caverna de bandidos. Jesus saiu da cidade, passa a noite em Betânia.
(21,12- 17).
Se
- cumpre o que João Batista dizia: “Toda árvore que não der fruto será cortada
e lançada ao fogo¨ (3,10). A figueira nunca mais produzirá fruto, a figueira
representa o sacerdócio, que não dá fruto, ao contrário deles os discípulos
devem ter fé (21,18)
Logo
os sacerdotes e os anciãos do povo (laos, 21,23;)) questionam a autoridade de
Jesus. Quem ordena em nome de Deus, não são os sacerdotes. Jesus refere-se a
João Batista que foi um profeta, chamado por Deus. Do mesmo modo precisa ter fé
em Jesus.
Seguem Parábolas: o primeiro filho não quer
trabalhar na vinha, ele simboliza a massa excluída, mas ele se arrepende e foi.
O secundo filho fala: Já vou, mas não foi, ele simboliza os sacerdotes que não praticam a justiça..
Um proprietário plantou uma vinha, que
significa o povo de Deus. Os agricultores são os sacerdotes, os empregados são
os profetas. Mas “O reino de Deus (agora não do céu como Mt. sempre falou) vos
será tirado, e será dado a uma nação que produzirá frutos” (21,43). Povo ou
nação no singular não significa os povos, nem a nação santa (1 Pd 2,9) mas a
geração nova dos fieis. Os sacerdotes e os fariseus (fariseus após Jâmnia: (o
Evgl. de João combina muitas vezes os sacerdotes com os fariseus) procuravam
prendê-lo, mas tiveram medo das massas, “pois elas o consideravam como profeta”
(Mt 21,46).
Na
parábola do festim nupcial do Filho os convidados recusam o convite, os da rua
enchem a sala. (22,1-14)
Sobre tributo ao Império:
A
disputa sobre o tributo a César: os fariseus junto com os políticos de Herodes
são falsos e hipócritas tendo a moeda do César na bolsa para pagar o tributo.
Jesus desmascara a idolatria do César, o César não é divino, mas humano. Ter a
imagem do César não é contra a secunda Palavra (22.15). volver, (não dar), a Deus: Deus está íntimo
ligado ao povo, quer dizer devolver ao povo. Já o Judas Galileu repreendia
aqueles que pagaram tributos aos Romanos e aceitaram homens como senhores ao
lado de Deus
.
Sobre a ressurreição:
Os
Saduceus são o partido prepotente, a elite: a ressurreição é uma ameaça ao poder
estabelecido por eles e pelos poderosos,
que matam, Deus pode ressuscitar (22,23). Na época domina a filosofia grega: a
morte é a libertação da alma do corpo, impossível pensar na ressurreição do
corpo.
Contra um Messias, descendente de David
Jerusalém
espera o Messias, descendente de David (22,41-46): Jesus argumenta com o Salmo
110 onde David diz: ¨Oráculo de Javé ao meu Senhor¨ Se David o chama de meu Senhor, como pode ser
seu filho? A estirpe de Davi não
importa, Deus escolheu seu Filho, seu servo, Jesus rejeitou o título Messias
para si.
Invectivas contra escribas e fariseus:
A
polêmica da igreja de Mateus se dirige contra a sinagoga farisaica após Jâmnia:
“contra escribas e fariseus”, o poder religioso da sinagoga, que mata os
profetas, os sábios e escribas (23,34). , “Pois eles dizem e não fazem (23,3)
vós que trancais a entrada do Reino para os homens” (23,13). O grupo farisaico
de Jâmnia nos anos 80 d.C. trancou o Reino para os cristãos: “Nenhuma esperança
reste aos renegados, os Nazarenos pereçam instantaneamente. Sejam apagados do
livro da vida e não sejam inscritos como justos.” Sete ¨Ai de vós¨ contra os
fariseus.
Sobre o futuro, a escatologia:
A lamentação sobre Jerusalém (23,37-39). Mt só fala daquele que vem (o filho do homem).a esperança dos judeus por o Messias até hoje.
¨Qual será o
sinal da tua vinda e do fim do mundo¨? (24,3) A questão dos sinais do fim deste
mundo era clássica no judaísmo do tempo de Jesus: a destruição de Jerusalém, o
fim deste mundo e a vinda do Filho do Homem (TEB).
A destruição
do Templo: começo das dores, tribulação, falsos profetas, (24,1-25). Sobre o fim
do mundo se fala nada. A vinda do Filho do Homem: Ninguém conhece este dia e
esta hora (24.26-44). O servo fiel
(24,45-51).Mt coloca no cap. 25 três assuntos antes da condenação de Jesus:
A parábola das virgens é
próprio de Mateus e lembra a promessa, que Javé
será o esposo da filha de Sião (25,1-12). O futuro serão as núpcias do
Cordeiro com a esposa ( Ap 21,2;)
Os talentos: só no Mt
(25,14-30) e Lc 19,12-27)
O modelo para estes trechos é
certamente Marcos 13, 33-37. , onde se diz: ¨Vigiai... é como um homem que
parte em viagem : deixou sua casa , confiou a autoridade a seus servos a cada
um sua tarefa, e deu ao porteiro ordem de vigiar¨.
Lucas 19,11-28; conta uma
parábola após do encontro com Zaqueu antes da entrada em Jerusalém. El fala de um
homem de alta estirpe que viajou chamando dez servos entregando a eles dez
moedas. Os discípulos pensam que Jesus vai proclamar o reino de Deus em
Jerusalém, mas isto vai demorar. Lc sempre fala do dinheiro injusto, enganador
( Lc 16,11)
O episódio dos talentos em Mateus
precisa ser interpretado a partir do Filho do homem que fará o julgamento
definitivo:
Mateus não fala de uma parábola,
ele fala dum homem que viajou e entregou os talentos
(um pesa 2kg de
ouro) aos seus servos. Temos diante de nós uma análise do capitalismo em
contraposição do reino do Filho de Deus.
Quem é este homem? Sempre se pensou em Deus ou Jesus. Porém Jesus
em 6,24 tinha falado: ¨Não podeis servir a Deus e ao Mamom, o termo personifica
o Dinheiro como uma potência que escraviza, é o deus de fortuna.
Passado muito tempo o patrão, (um milionário, um empresário,)
ajustou contas com os servos. Importante é o terceiro servo que sabe bem: ¨Eu
sabia bem que és homem rigoroso, colhes onde não semeaste...amedrontado, fui esconder o teu
talento, , aqui tenso que é teu¨. ( Foi costume do camponês esconder seu
dinheiro na terra.) Este homem não pode representar Jesus ou seu Pai, o julgamento do
Filho do Homem é totalmente diferente. Este servo não quer participar do
sistema capitalista que escraviza e dá de revolta, rejeita o talento. Ele
demonstra resistência. Pode pensar no Jó que resiste a um falso Deus (Tg 5,11).
Este servo foi lançado nas trevas exteriores.
O provérbio: ¨A quem tem, será
dado; a quem não tem lhe será tirado o
que tem¨ em Mc 4,25; quer ilustrar a
fecundidade do grão na agricultura.
Mateus (13,10-17) aplica esta sentença a Israel e
aos discípulos: Israel ouve, mas não entende,
os discípulos vêem e ouvem. ¨Ensina o sábio, e será mais sábio¨( Pr
9,9).
Mateus aplica esta sentença
à economia, ao dinheiro o capitalismo, onde domina esta lei de lucro. A crítica
de Mateus vale até hoje, os milionários fazem fortuna à custa do suor dos
trabalhadores que são lançados às margens da sociedade. Os ricos são mais ricos
e os pobres mais pobres (25,29). ( veja
Ribla Nr 27 p.132)
O Filho do homem : o julgamento (25,31-46):
Também
próprio de Mt. Quando o Filho do homem vier na sua glória reunirá todas as
nações. Ele é como um pastor separa as
ovelhas dos cabritos.
Agora o Rei dirá: A sua entronização do rei acontecerá quando os
soldados do governador o despiram e lhe puseram uma capa escarlate, uma coroa
de espinhos e um caniço na mão caçoando
dele: Salve, Rei dos judeus ( Mt27,27-31;)
Este rei dos judeus é agora rei universal. O critério não é a religião,
mas o que está no coração de qualquer um: misericórdia. Os seguidores deste
rei são os mesmos como nas bem-aventuranças,
felizes os pobres, abatidos até o íntimo, deles é o reino de Deus (Mt 5,3-6).
Eles são os menores irmãos e irmãs de
Jesus. Agora justos (não santos) são os
misericordiosos que mostraram o que está no íntimo do humano: a misericórdia
sem conhecer os menores irmãos de Jesus (Mt 5,7-10). Não um mandamento de Jesus
é o critério do julgamento, mas a própria conduta da pessoa. Cada um se julga a
si mesmo.
Os outros vão para o inferno.
Quando Jesus terminou estas palavras, os
sacerdotes e os anciãos concordaram em prender Jesus e mata-lo (26,1-5).
Paixão
e ressurreição:
Em geral Mateus seguiu a narração de Marcus.
Os sumos sacerdotes e os anciãos do povo e concordaram em prender Jesus e
mata-lo, mas não durante a festa por medo do povo (laos).
A unção em Betânia acontece na
casa de Simão, do Essênio, (não leproso). Agora os discípulos criticam o
desperdício ( no Mc alguns). Parece um
argumento dos Essênios que praticaram
uma extrema pobreza. (26,6-13). Aviso da traição (26,14...)
A ceia pascal é o cumprimento da aliança:
Jesus celebra a Páscoa que celebra a libertação
do Egito e a aliança no monte Horeb. ¨Tomai, comei, isto é meu corpo. Bebei,
isto é o meu sangue, o sangue da aliança, Em Ex 24,1-11) sacrificaram novilhos e Moisés aspergiu o povo com o
sangue como sinal da aliança. Jesus dá a beber seu sangue para o perdão dos
pecados de muitos como sinal do cumprimento da aliança , Mt não fala da nova e eterna aliança.
(26,26-29).
Jesus entregue à morte.
Cumpre-se a escritura: Eu ferirei o pastor, e as ovelhas do rebanho serão dispersas. Na detenção de Jesus Judas deu um beijo Jesus responde: ¨Meu amigo, faze a tua obra¨ (26,48-50).A mesma advertência encontramos no Evgl. de João 13,27: ¨O que tens a fazer, faze-o depressa¨.
Cumpre-se a escritura: Eu ferirei o pastor, e as ovelhas do rebanho serão dispersas. Na detenção de Jesus Judas deu um beijo Jesus responde: ¨Meu amigo, faze a tua obra¨ (26,48-50).A mesma advertência encontramos no Evgl. de João 13,27: ¨O que tens a fazer, faze-o depressa¨.
Um dos que
estavam com Jesus desembainhou a espada... Jesus rejeita toda a violência, ele
é o homem da paz; O sangue que eles derramaram cairá sobre eles e esta geração.
”Todos os que tomam a espada morrerão pela espada” (26,52)
Diante
do Sinédrio aparece a falsa acusação: “Posso destruir o Santuário de Deus e
reconstruí-lo em três dias.” (26,61) Veja João 2,2,13 e At.7,47. A acusação
mais grave fala a respeito do templo.
Outra
acusação: “Eu te conjuro pelo Deus vivo que nos digas se tu és o Messias, o
Filho de Deus“. A designação Messias significa sempre: Rei dos Judeus. A
resposta de Jesus não foi uma blasfêmia. “Ele merece a morte” não é uma
verdadeira sentença da morte contrário de Mc.14,64.
Negação de
Pedro (26, 69-75). Só Mateus relata a
morte de Judas (27,3-10).
O
caso de Jesus Barrabás (27,17): de novo os agentes são os sacerdotes e os
anciãos, que incitaram a massa para que pedissem Barrabás e fizessem perecer
Jesus. Não se conhece o costume de soltar um preso na Páscoa. Jesus Barrabás
representa o partido da violência, Jesus Nazareno o partido da paz.
Dificilmente um Romano assume o costume dos judeus e lava as mãos (Dt 21,6)
para se distanciar de um crime.
Enquanto
Pilatos estava assentado sobre o estrado, sua esposa mandou um recado, no sonho
ela estava aflita por causa deste justo (Mt 27,19;) Este episódio recorre ao início
do Evgl: os Magos e seus sonhos. De novo uma mulher estrangeira.
Agora todo o povo (laós), quer
dizer o povo da Aliança, responde. Em geral Mateus fala da massa (ochlos). Em
13,15 e 15,8 Mateus citava Isaias com a palavra povo, laós: “O coração deste
povo se tornou insensível, Este povo me honra com os lábios”. Mateus relembra a conclusão da aliança de Javé
com o povo (Ex 24,1-11): ¨Moisés tomou o sangue e com ele aspergiu o povo,
dizendo: ¨Este é o sangue da aliança¨. Agora o povo da Aliança responde: “Caia
o seu sangue sobre nós e sobre nossos filhos” (27,25). O povo de Deus carregará as consequências deste crime. No
Evgl de Lucas Jesus disse do mesmo sentido às mulheres: ¨Não choreis por mim, mas chorai por vós e por vossos filhos...(Lc
23,28).
Esta decisão do povo de Israel tinha terríveis
consequências: foi um dos motivos dos cristãos para perseguir e matar os judeus durante
toda a história, porque eles mataram Jesus.. Mas o sangue de Jesus serve para o
perdão dos pecados, em primeiro lugar para o povo de Deus..
Pilatos
entregou Jesus para ser crucificado. Não houve uma sentença: “Condemno, Íbis ad
crucem” (Condeno, Vai para a cruz!). Pilatos sempre agiu assim. Jesus gritando rendeu o espírito.
A
natureza participa deste triste fato: o véu do Santuário rasgou, acabou o culto
do templo: aa terra tremeu, os rochedos se
fenderam, os túmulos abriram-se, os corpos de muitos santos ressuscitaram
(27,51-54). O centurião e os gurdas disseram: ¨Este era o Filho de Deus¨(27,54)
Para os sacerdotes Jesus foi um “impostor”, um falso profeta (27,63).
O
Túmulo vazio e o Ressuscitado
Veja
o medo dos sacerdotes diante da ressurreição: precisa a força armada para
guardar um túmulo, mas o Ressuscitado vence o poder: os soldados ficam como
mortos. (28,4).
Maria de Magdala e a outra Maria foram ver o
sepulcro. De Moisés e Elias não tinha um sepulcro, também o sepulcro de Jesus
está vazio. Jesus mesmo vai ao encontro das mulheres (28,9) e manda dizer aos discípulos, que
ele está vivo.
O Ressuscitado, aquele que está vivo, aparece de novo numa montanha (29,16-20) : ¨Toda a autoridade (exusia) me foi dada no céu e sobre a terra¨. Aqui não fala-se de poder, mas de licença, de permissão: Jesus é autorizado pelo Pai. Na expulsão dos vendedores (19,23-27) os sacerdotes tinham perguntado: ¨E quem te deu tal autoridade (exusia)¨. ( Só os sacerdotes tinham autoridade.)
O Ressuscitado, aquele que está vivo, aparece de novo numa montanha (29,16-20) : ¨Toda a autoridade (exusia) me foi dada no céu e sobre a terra¨. Aqui não fala-se de poder, mas de licença, de permissão: Jesus é autorizado pelo Pai. Na expulsão dos vendedores (19,23-27) os sacerdotes tinham perguntado: ¨E quem te deu tal autoridade (exusia)¨. ( Só os sacerdotes tinham autoridade.)
“Fazei discípulos de todas as nações¨ (ethnae,
são os povos, mas também judeus), ¨Batizando as em nome do Pai e do Filho e da
Espírita Santa¨. Se fala de três pessoas, um ao lado de outro. Ainda não havia
a reflexão sobre a Trindade, onde os três são um em conexão como fala mais
tarde a igreja síria. Jesus estará com os discípulos todos os dias até a
consumação dos tempos (28,16-20). Igual ao Evgl de João e do Apocalipse Mt não menciona uma segunda vinda de Jesus no
final dos tempos
5.1 A FAMA DOS CRISTÃOS NO IMPÉRIO
No ano 64 d.C. Nero mandou secretamente incendiar um bairro de Roma para construir uma nova cidade de acordo com seus sonhos de grandeza. Todos os boatos culpavam o imperador pelo incêndio. Nero fez o possível para evitar esses boatos, mas nada deu resultado. Finalmente recorreu a infâmia de culpar os cristãos. O historiador Tácito (55-120), cinqüenta anos depois do sucedido, em seus Anais , nos dá testemunho da perseguição dos cristãos nessa ocasião. Diz assim:
Com o fim de extirpar o rumor, Nero inventou alguns culpáveis e executou com refinadíssimos tormentos os que, aborrecidos por suas infâmias, o vulgo chamava cristãos. O autor desse nome, Cristo foi mandado executar com o último suplicio pelo procurador Pôncio Pilatos durante o império de Tibério e, imediatamente reprimida, a perniciosa superstição irrompeu de novo não só pela Judeia, origem desse mal, mas também pela urbe, aonde conflui e é celebrado tudo quanto de atroz e vergonhoso há onde quer que seja. Portanto, começou-se por deter os que confessavam sua fé; depois, pelas indicações que estes deram, toda uma ingente multidão foi condenada não tanto pelo crime de incêndio, quanto pelo ódio ao gênero humano. Sua execução foi acompanhada com escárnios e assim uns, cobertos de peles de animais, eram dilacerados pelos dentes dos cães; outros cravados em cruzes eram queimados no fim do dia, à guisa de luminárias noturnas... Por isso, mesmo castigando os culpados merecedores de suplícios, tinha-se lástima deles, pois se tinha a impressão de que não eram eliminados por motivo de utilidade pública, mas para satisfazer a crueldade de um só (Anais, 15.44).
Seutônio, também, fala da perseguição de Nero, sem relacioná-la diretamente com o incêndio em Roma: Foram submetidos ao suplício os cristãos, casta de homens de uma superstição nova e maléfica.
5.2 A CARTA DE CLEMENTE
Os pensamentos ideológicos de Lucas se aproximam daqueles de Clemente de Roma que defendeu a ideologia do Império. Ele escreveu uma carta à comunidade em Corinto. Esta comunidade tinha excluído alguns presbíteros. A carta teria surgido na mesma época dos escritos de Lucas e do Apocalipse, posterior a Domiciano (81 -86). O autor lembra da perseguição de Nero. Os martírios de Pedro e Paulo (5, 1) ainda valem como “exemplos da nossa geração”. Clemente silencia os perseguidores das comunidades, perseguições são “acidentes de percursos”, se baseiam no mau entendimento e finalmente são falhas no comportamento dos cristãos. Os martírios de Pedro e Paulo aconteceram “por causa de ciúme injusto”.
O conflito em Corinto deve ser resolvido de seguinte modo: restituir os presbíteros, submeter-se a eles e os que provocaram a destituição devem fugir.
No final da carta se reza: “Dá harmonia e paz, tanto a nós, como a todos os habitantes da terra” Harmonia e paz é a ideologia do Império. Clemente reza pelos “dominadores e chefes” que detém o poder imperial: “Da-lhes, Senhor, saúde, paz, harmonia e estabilidade”. Clemente está interessado na estabilidade e segurança do Império. O poder do Império vem de Deus: “Tu, Senhor, deste-lhes o poder do domínio por teu poder... para lhes obedecermos...” Muito mais pesado do que Paulo falou em Romanos 13. Clemente tem grande admiração do exército romano porque obedece às ordens dos chefes. (Não obstante até 175 d.C. um cristão não podia ser soldado.)
O rico deve apoiar o pobre, o pobre deve agradecer a Deus por ter dado àquele que o pode ajudar (38,2)... À mulher compete submissão ao homem, cuidar das tarefas domésticas, honestidade e silêncio na comunidade, um pensamento típico patriarcal.
Deus é soberano, o cosmos está em “ordem”, ele “tudo estabeleceu, para que subsista em paz e harmonia”. Por conseqüência: estimar o Senhor Jesus, ter respeito para com os “nossos chefes”. Ensinar a humildade às crianças.
Clemente adapta perfeitamente a ideologia do Império Romano à igreja e prepara assim os pensamentos da cristandade a partir de Constantino + 325 d.C. Graças a Deus esta carta não faz parte do Novo Testamento
5.3- AS OBRAS DE LUCAS E OS DESTINATÁRIOS:
5.3- AS OBRAS DE LUCAS E OS DESTINATÁRIOS:
¨É bem possível que Lucas tenha escrito uma só obra que depois se separaria em evangelho e Atos dos apóstolos. O prólogo em Lc 1,1-4,13 seria o prólogo a toda a obra lucana. Lc 24,50-53 e Atos 1,1-5 seriam acréscimos posteriores.
A estrutura dos Atos: 1. O movimento de Jesus em Jerusalém At 1,12-5,42, 2.de Jerusalém a Antioquia At 6,1-15,35; 3. de Antioquia a Roma At 15,36-28,31;¨ (Ribla 44 p.8)
Será que Lucas como Clemente quer corrigir a imagem sobre os cristãos odiados por Roma? O autor fala o grego num estilo elegante e escreve entre 70 e 100. Alguns argumentam que ele escreveu antes de 64, porque Lucas não menciona o martírio de Pedro e Paulo em Roma nem a destruição do Templo. Ele pode ser um discípulo de Paulo. Que Lucas estava informado sobre o fim de Paulo pode ser concluído nas insinuações em Atos 20,23- 25 e 21,10-14.
Provavelmente Lucas já conhecia os rabinos farisaicos que excluíram os judeus cristãos, “os nazarenos” das sinagogas, por isso a polemica contra os Judeus. .
Cada um dos dois livros é dedicado a um “Ilustre Teófilo” como um personagem altamente situado como os procuradores Félix e Festo (Atos 23,26; 24,3; e 26-25). Lucas destinou sua obra ao público amplo, aos “simpatizantes e não cristãos interessados” e dirige-se aos ricos. O dinheiro tem papel importante. Mas Lucas condena o dinheiro como injusto e defende a classe baixa.
Nos Atos aderem à igreja pessoas nobres e em altas posições sociais. Lídia (6, 14) é comerciante de púrpura. Felipe batiza um funcionário da corte da rainha (8, 27), Dionísio chega à fé (17, 24), Paulo sempre tem relações evidentes com os grandes do mundo. Os mais altos representantes da sociedade demonstram respeito e consideração a ele nos Atos, Paulo recorre à sua cidadania de Tarso e Roma (16, 37). Caso Paulo tenha tido realmente a cidadania romana, ele próprio nas suas cartas não lhe dava nenhum valor.
5.4.
O EVANGELHO DE
LUCAS
5.4. O EVANGELHO DE LUCAS
O próprio de Lucas
Lucas usa como fonte Marcos e a fonte Q. A genealogia começa com
Jesus e volta atrás até Adão, filho de Deus (Lc 3, 3,22-38;), índice que o
Evangelho se dirige ao mundo inteiro, neste caso ao Império Romano.
O
nascimento de João e Jesus acontece em Judá, lá moram os parentes de Maria,
Zacarias é sacerdote do campo. Jerusalém tem papel importante. Mas Jesus nasce
em Belém, cidade de David. Os pastores representam os pobres (Lc 1 e 2).
Nazaré
é o primeiro lugar da confrontação com os fariseus: Jesus ungido com a Espírita
Santa se compara com Elias e Eliseu e muda para Cafarnaum (Lc 4,16-32).
Os
doze discípulos recebem o nome apóstolos ((6,13).
Num
lugar plano se reúnem muita massa de Judá, Jerusalém, Tiro e Sídon para escutar
Jesus: ¨Felizes os pobres, ai dos ricos¨.(Lc 6, 17-26). Jesus desperta um jovem
em Naim, lembra o profeta Elias (7,11-17) Jesus exulta sob a ação da Espírita
Santa (10,21), dá a Espírita Santa àqueles
que pedem (11.13).
Preferência
pelas mulheres: a pecadora e mulheres que acompanham Jesus ( 7,36-8,3; Marta e
Maria 10,38; uma mulher 11,22; a viuva 18,1).
Herodes perplexo sobre Jesus ( Lc 9,7), quer
matar Jesus (13,31), enfrenta Jesus
(23,6).
A
partida de Jesus para Jerusalém (Lc 9,51-19,28) para ser arrebatado como Elias,
passando por Samaria. O samaritano (10,29); o leproso é um samaritano (17,11).
Quase toda a caminhada é própria de Lucas. O tema central desses
capítulos é a advertência contra o dinheiro e a riqueza.
Em
Jerusalém na crucificação: Pilatos convocou os sumos sacerdotes, os chefes do
povo (não o povo), o povo não participou da condenação (23,13) Jesus pede
perdão, eles não sabem, o que fazem (23.34). O povo ficava olhando (23,35).
Jesus adverte as filhas de Jerusalém (23,27-31). Um dos rebeldes pede a Jesus
(23,42). Jesus entrega o seu espírito (23,46).
O
túmulo vazio: as mulheres, os discípulos de Emaús ( (24,13-35), aparição aos
Onze (24,36-49) o arrebatamento, parece no mesmo dia (24,50-53)
O prelúdio: A infância de João Batista e de Jesus
O prelúdio: A infância de João Batista e de Jesus
No tempo de Herodes havia um
sacerdote do campo, Zacarias, foi casado
com Elisabete, que era estéril, os
dois eram justos. Ele tem seu ofício no templo (Ex 30,1-10) e recebe a mensagem, que Elizabete dará à luz um filho
que em espírito e poder de Elias vai reconduzir o coração dos pais aos seus
filhos (Ml 3,24; última palavra do primeiro testamento grego).
Figura principal é
Maria, ela mora
em Nazaré, cidade de Galileia. Mas há dúvidas. O
papiro a substitui Galileia por Judeia. O códice D omite toda a informação
sobre Nazaré (Ribla 44, .49).Ela estava prometida em casamento, com o noivado o
noivo adquiria o direito de propriedade sobre a menina- moça.
Espírita Santa virá
sobre te e o poder do Altíssimo te cobrirá (1,35). Espírito aqui sem artículo, em
hebraico feminino, em grego neutro. ¨Sempre quando aparece sem artigo refere-se
ao poder criador de Deus que transforma situações e condições¨ (Ribla 44 p.55).:
O ´sim´ de Maria não é apenas aceitar a maternidade: com o ´sim´ ela adere ao
projeto integral de salvação de Deus.
A primeira
ida de Maria rumo à região montanhosa na casa de Zacarias e Elisabete em Judá
(Lc 1,30). Não se menciona Nazaré. Elisabete rejubila em espírita santa.
. O
Magnificat foi tirada do cântico de Haná (1 Sm 2,1-11), é um canto da comunidade, colocado na boca de Maria, a mãe desta
nova comunidade: ¨Deus precipitou os poderosos de seus tronos e exaltou os humildes,
os famintos, ele os cobriu de bens e os
ricos despediu-os de mãos vazios (Lc 1,46).¨ Humilde não significa uma atitude
e sim um estado social. É o âmbito das mulheres: prole, comida, igualdade na
mesa.
Nascimento de João: Repleto de
Espírito/a Santo/a Zacarias profetizou. Após um tempo de silêncio o sacerdote
se torna profeta, lembra das promessas do Deus de Israel (Lc 1,67-79) e
proclama: “Bendito seja o Senhor, Deus de Israel, porque visitou seu povo e
realizou sua libertação”. Zacarias fala só de Israel. Seu filho será profeta do
Altíssimo, anunciando a salvação por meio do perdão dos pecados. De João Jesus
falará: ¨O menor no Reino de Deus é maior
do que ele¨ (Lc 7,28).
A secunda ida de José e de Maria para Belém
em Judá, a cidade de David (é difícil imaginar uma tão longe caminhada de
Nazaré para o Sul com uma mulher no nono mês). Na sala dos hospedes não havia
lugar para eles (designa em 22,11 a sala da última ceia). Deus enviou Seu
filho, nascido de mulher e sujeito à lei (Gl 4,4) O recém-nascido envolto em
faixas como na sepultura de Jesus. Pastores desprezados encontram o salvador e
anunciam a Boa Notícia, mais tarde serão os discípulos que anunciam o
Evangelho.
Segundo a lei
da purificação (Ex 13.2.12.15.) eles iam para o templo em Jerusalém. Um homem
em Jerusalém, Simeão, cheio da
Espírita Santa, tomou o menino Jesus nos braços e bendisse a Deus: “Pois os meus olhos viram a tua salvação que
preparaste em face de todos os povos: luz para a revelação aos gentios” (Lc
2,30). Este menino não só será salvação para Israel, mas sim para todos os
povos.
Havia uma
profetisa, Ana (Lc 2,36) que falava
do menino a todos os que esperavam a libertação de Jerusalém..Houve grande expectativa da libertação em Jerusalém.
A terceira ida: Os pais iam cada ano a
Jerusalém para a festa de Páscoa. Agora eles moram em Nazaré, José tinha fugido
de Judá para Galileia (Mt 2,23) Jesus ficou no templo, sentado em meio aos
mestres. Primeiro confronto com a lei dos sacerdotes. Jesus deve estar junto de
seu Pai (Lc 2,49).Mas lá não se aprende a sabedoria.
Ele desceu
para Nazaré, era-lhes submisso. Numa vida cotidiana como trabalhador ele
aprende a sabedoria.
1.
Uma voz chama Jesus: Meu Filho!
Já no batismo de Jesus por João
aparecem soldados e cobradores de impostos, as colunas básicas do Império, aqui
com bom comportamento, mas na realidade não foi assim. Jesus rezando sozinho
escuta a voz e a Espírita Santa desceu sobre ele. Jesus .mesmo batizará na
Espírita e no fogo (3,16).
A genealogia de Jesus desemboca em Adão, filho de Deus.
O Evangelho se dirige a toda a humanidade. Mateus começava a genealogia com
Abraão e a aliança com Israel.
Jesus, repleto da Espírita Santa era tentado
pelo diabo, não por Deus! (4,1-15): Se
Tu és filho de Deus... Lucas coloca a tentação no Templo no terceiro lugar,
porque é o final da caminhada de Jesus para Jerusalém.
2.
Jesus chamado
profeta pelas pessoas
Jesus ensinava na sinagoga em Nazaré citando o
terceiro Isaias 61, 1-2; ¨A Espírita do
Senhor está sobre mim¨. Jesus é o profeta, o novo Elias. Como ele Jesus ia ser
arrebatado do mundo (Lc 9,51). Já a sinagoga quer precipitá-lo. Os Judeus vão
repetir na crucificação: “Médico cura a Ti mesmo”. Não o Império, mas a sinagoga
é o inimigo de Jesus (At 24, 5). Nenhum profeta é bem acolhido em sua pátria.
Ele muda de Nazaré para Cafarnaum (Mc
1,21-28;), lá ele será bem aceito na
Sinagoga.
Os
primeiros discípulos, Simão, Tiago e João. A pesca de Simão parece ser um fato
da ressurreição (5). Segue Leví. Escolha dos Doze conforme as doze tribos de
Israel. Lucas cria o Título dos “Doze Apóstolos” (6, 13).
Jesus e a massa
marginalizada
Jesus num lugar plano com uma grande
massa (ochlos) dos discípulos e uma grande multidão (plethos) de povo de
Judéia, Tiro e Sídon, que já apresentam o mundo inteiro, são os atormentados
(en-ochlo-umenoi) por espíritos impuros, eram curados (Lc 6,17-19).
Jesus
se dirige a esta massa dos discípulos:
Felizes,
vós, os pobres, o Reino de Deus é vosso, felizes que tendes fome, sereis
saciados, felizes que chorais, haveis de rir, felizes quando os homens vos
odeiam.
Mas ai de vós. os
ricos, ai de vós saciados, ai de vós que rides, ai de vós, se forem elogiados. (Lc 6,20-26).
Em todo o Evangelho Lucas ficou duro com a
classe rica e defende os pobres. Mateus ocupou-se com o judaísmo. A instrução de Jesus sobre a lei é
bem curta em comparação à de Mateus (6,27-49). As parábolas, dirigidas à massa,
também são curtas (8,4-18).
Herodes Antipas, tetrarca de Galileia, assume
um papel importante (9,7-9): quer matar Jesus, ele que matou João. Jesus não
terá medo deste raposo (Lc 13,31-35), só Lucas menciona Herodes na crucificação
de Jesus.
Segue a pergunta de Jesus num lugar
afastado (9,18-43): Quem sou eu? Como
Marcos e Mateus também Lucas menciona as três declarações de Jesus sobre o
destino do Filho humano (rejeitado pelos anciãos, sacerdotes e escribas, ser
morto 9,22; Entregue nas mãos dos homens 9,43. ¨Entregue aos gentios¨18,31).
Mas o Filho humano vai ressuscitar. Desta vez Jesus convida a todos no seu
seguimento 9,23 (massa e discípulos no Mc)
3.
O Filho do homem
no caminho para Jerusalém
(9,51-19,29)
Começa
a subida de Jesus para Jerusalém, são dez capítulos. Os primeiros cristãos se chamam ¨os do caminho¨ Lucas compara a morte,
ressurreição e ¨assunção¨ (não ascensão Lc 24,51) de Jesus com Elias, que foi
arrebatado para o céu. O céu não questiona o poder do Império Romano na terra.
Nesta seção Lucas
apresenta numerosos elementos que lhe são próprios:
A
partida de Jesus para Jerusalém (9,51-56); a parábola do bom samaritano e na
casa de Marta e Maria (L.10,29-42); a parábola do amigo (11,5-8); o louvor da
mulher (11,27-28); os bens do mundo e o rico insensato (12,13-21); a urgência
da conversão e cura de uma mulher (13,1-17); perigo por Herodes (13,31-33); cura
de um hidrópico, escolher o último lugar, convidar os pobres (14,1-14);
renunciar a tudo (14,25-33); Jesus e os pecadores (15,1-32); o gerente astuto e
o dinheiro enganado (16,1-12); o rico e o Lázaro (16,19-31); o servo bom para
nada, cura de dez leprosos, o dia do Filho do homem (17,7-22); o juiz e a
viúva, o fariseu e o coletor (18,1-14); Zaqueu (19,1-10);
Num
lugar afastado Jesus explicara que o
Filho do Homem devia sofrer muito, ser rejeitado da parte dos anciãos, dos
sumos sacerdotes e dos escribas, ser morto, e, no terceiro dia, ressuscitar
(9,18-27), Jesus convida todos para o seguimento.
Oito
dias depois na montanha. Aparecem Moisés e Elias, falavam da partida, do êxodo,
de Jesus. A voz dizia: ¨Este é meu filho, ouvi-o. Agora o Pai não fala mais,
Deus não pode sofrer e ressuscitar. Precisa escutar o Filho humano,nele se
revela Deus. (9,28-36).
Logo depois ele repete: o Filho do homem vai ser entregue às mãos dos homens (9,44).
Primeira etapa:
9,51-13,21:
Começa
a subida de Jesus para Jerusalém (9,51), são dez capítulos que prefiguram ¨os do caminho¨ nos Atos(só Lc)..
Condições no
seguimento:
deixar tudo (9,57), missão de setenta e dois que representam todos os povos
(10,1)(só Lc)., revelação aos pequeninos (10,21), praticar o amor
como o Samaritano (10,29)(só Lc).. Também mulheres, Maria se
torna discípula (10,38), sobre a oração (11,1). Jesus expulsa um demônio (11,14).
Contra os fariseus e legalista que querem um sinal. O Filho do
homem será o sinal como Jonas. Quem blasfemar contra o Espírito Santo, não será
perdoado (11,29- 12,12).
Os bens deste mundo, vender os bens (12,13-34).
Vigilância, pois numa hora que não pensais é
que vem o Filho do homem (12,40). Discernir os sinais do tempo (12,54). Arrumar
os negócios antes do julgamento (12,57). Urgência de conversão (13,1-9)(só
Lc)..
Segunda etapa:
13,22-17,10:
Jesus ensinando e viajando rumo a Jerusalém
(13,22; só Lc).. Quem entra no reino?
Não é possível que um profeta pereça fora de Jerusalém. Lamentação
(13,31-35)(só Lc)..
Ai dos ricos,
felizes os pobres: Os
ricos rejeitam o convite para a refeição no Reino de Deus. Lucas destaca que o
Reino é dos pobres, mutilados, coxos, cegos (14, 12-24)(só Lc)., Condição para
seguir Jesus (14,25).
Os
coletores e pecadores ouvem Jesus enquanto os fariseus e escribas criticam: Este
homem acolhe os pecadores e come com eles (15,1-10). Não precisa se alegrar
como nas parábolas da ovelha
(15,3) e da moeda ? (15,8)
O
filho pródigo (15,11-32)(só
Lc).: O Império Romano estava marcado por uma severa hierarquia: o pai
da casa. O pai do império representa um deus que exige justiça. Quem viola a
justiça, até divina, precisa restituir o dano para restabelecer a harmonia.
Por isso o filho pródigo quer fazer penitência
para assim encontrar um pai (e Deus) que foi ofendido. Assim ele será de novo aceito. Antes que o filho podia
encontrar este verdadeiro pai foi tomado
de compaixão, correu e o cobriu de beijos. O pai mostra a justiça de Deus que dá perdão.
O
filho mais velho nunca desobedeceu às ordens do Pai, ficou fiel à ordem
estabelecida. Ele cumpre a justiça obedecendo às ordens. Ele é auto-suficiente,
não precisa dos outros, é egoísta e não participa da festa. Os dois filhos esperavam um pai patriarca
como no Império Romano e não um pai de compaixão do Evangelho.
O gerente despedido, esperto sabendo que
não pode ficar com seu lucro cede aos devedores o que ele tirou. (16,1-8).. O Dinheiro, o Mamona, enganador (o capitalismo de hoje 16,9-13).
Anúncio do Reinado de Deus (16,16). Sobre adultério (16,18).
O rico e Lázaro (16,19)(só Lc)..
Terceira etapa:
17,11-18,30
Passou
através da Samaria para Jerusalém. O ¨pequeno apocalipse¨ (17,20-37): O Reino
está entre vós (17,21). A vinda do Reino não é um evento do futuro observável:
“O Reino está entre vós” não é uma realidade íntima.
A
comunidade de Reino (18,1-30) (só Lc).: O Filho do homem achará fé sobre a terra? (18,8). De novo renunciar
às riquezas para entrar no Reino (18,18).
Quarta etapa:
18,31-19,44
Subimos a Jerusalém: Terceiro
anúncio a respeito do Filho do Homem (18,31-34) Os presentes acreditam que o Reino
de Deus iria revelar-se imediatamente (19, 11)(só Lc). Lucas coloca
aqui a parábola dos dez empregados,
um homem entregou dez moedas a eles porque partiu para um país distante. Isto
quer dizer que o reino de Deus estará num futuro (At 1,6). Perto de Jerusalém
no monte das Oliveiras houve a aclamação e o choro sobre Jerusalém
(19,28-19,44). (só
Lc).
4. Bendito seja aquele que vem, o rei (19,19-21,38)
O luto por um traspassado (Zc 12,10-11): Jerusalém
deve ser purificada: “Eu derramarei sobre
a casa de Davi e sobre o habitante de Jerusalém o espírito de boa vontade e de
súplica; Erguerão então o olhar para mim. Por aquele a quem traspassaram
celebrarão o luto como pelo Filho único. Vão chorá-lo amargamente, como se
chora por um primogênito.” (Jo 19,31-37).
Muita gente exclamava:
¨Hosana! Bendito seja em nome do Senhor
aquele que vem!:¨
Depois cada
Evangelho concretiza::
Bendito seja o reino que vem¨ (Mc 11,9;))
Hosana
ao filho de David! (Mt 21,9)
O rei,
paz no céu (Lc 19, 38) Jerusalém não terá paz.
O rei de Israel (Jo 12,13). Pilatos: Rei
dos judeus.
A
entrada em Jerusalém não tem nada a ver com o futuro Reino de Deus, mas é o
inicio da entronização celeste: “Bendito que vem, o rei! Hosana no mais alto
dos céus”, Jesus está entronizado no céu, “Paz no céu”, (Lc 19, 38) Jerusalém
não achará a paz.
Lucas
sabia da destruição pelos Romanos no ano 70. Por isso deixa Jesus falar sobre
Jerusalém: Teus inimigos te esmagarão a ti e aos teus filhos. Não deixarão em
ti pedra sobre pedra. (19,41-44;)
Depois
entrou no Templo: (19,45)
Jesus purifica o templo.Da
destruição do Templo e da devastação de Jerusalém no futuro ele fala 21,5-24.
Virá o Filho humano (21,25-27) A libertação está próxima (21,28)..
Os sumos sacerdotes e os escribas
querem fazer desaparecer Jesus, mas tiveram medo do povo (laos). Lucas usa o
termo povo, é o povo da aliança (20,19 e 22,2). ¨E todo o povo vinha a ele para
ouvi-lo¨(21,38).
As
controvérsias em Jerusalém:
A
partir de 20,1 até 22,46 Lucas conta diferentes controvérsias com as
autoridades de Jerusalém seguindo Mateus e Marcos.
5.
Paixão e
ressurreição:
¨Mas agora é a
vossa hora, é o poder das trevas¨ (Lc 22,53). É a hora dos prepotentes desse
mundo, a hora dos inimigos de Deus, o
satanás enfrenta Jesus. Não é a hora de
Deus, Pai de Jesus. João vai mudar esta hora
tenebrosa em hora da glorificação do Filho de homem, quando o príncipe
desde mundo será lançado fora (Jo 12,23-32).
Em Lc 22,66-71; O conselho dos
anciãos do povo, sumos sacerdotes e escribas conduziram Jesus ao Sinédrio, que
perguntaram: ¨Dize-nos se é o Messias¨ (o rei). Jesus confessa: O Filho do
homem se assentará à direita do Deus. No Lc não se menciona de uma blasfêmia,
nem da destruição do Templo.
A
acusação dos Sacerdotes diante Pilatos contêm motivos políticos: “Encontramos
este (Jesus) agitando nossa nação, opondo-se ao pagamento do tributo ao César e
declarando-se Messias Rei”.“Ele subleva o povo” (23,1-5).
É Herodes Antipas, filho de Herodes
Magno (4.a.C.-39 d.C), essa raposa (13,31-33) com seus soldados que trata Jesus
com desprezo impondo-lhe uma veste esplendida (23, 8- 11 (só Lc , contra Mt 27, 27, Mc. 15, 16, Jo. 19, 2.
Pilatos
convocou os sumos sacerdotes, os chefes e o povo (23,13), textos antigos falam:
os chefes do povo. Pilatos sentencia a inocência de Jesus (23, 15), quer soltar
Jesus. Mas eles ( os sacerdotes e os chefes) exclamaram: “Elimina-o, solta nos
Barrabás”. Em muitos textos falta o versículo 17, que fala do costume soltar um
prisioneiro na Páscoa, falta também a multidão. .A proclamação cristã não toca o
direito penal romano. Pilatos sempre quis libertar Jesus dos Judeus, mas deve ceder
às pressões deles: entregou Jesus ao arbítrio deles (23, 25).
Lucas
sempre fala “ELES”, quem são eles? Os soldados romanos só entram 23,36 caçoando
dele.
Mulheres
batiam no peito (23,27-32)(só Lc):¨Filhas de Jerusalém, chorai por vós mesmas
e por vossos filhos¨. Jesus,
crucificado, pede perdão (23,34) Um dos malfeitores dizia: ¨Lembra-te de mim...
23,42.Jesus deu um forte grito ¨Pai, em
tuas mãos entrego nas mãos o meu espírito¨ e expirou. (23,46).
O centurião constata: este homem era justo. (23,
47).
O Filho do homem ressuscitou:
o Cristo (24,1-53):
Para
Lucas o lugar da aparição não é Galileia mas Jerusalém como o Evgl de João diferente do Marcos e Mateus.Foram
três mulheres, Maria de Mágdala, Joana e Maria de Tiago que contam que o Filho
humano está vivo, um delírio para os apóstolos. (24,1-12).
Dois
dentro dos companheiros indo para Emaús (24,13-35) refletem os
acontecimentos. Jesus caminha com eles e interpreta as escrituras: agora o
Cristo devia sofrer. O Cristo é o Filho humano (24,46) Quando Jesus repartiu o
pão o reconheceram. Eles voltam para Jerusalém contando aos Onze e aos seus
companheiros como reconheceram Jesus na fração do pão.
Aparição aos Onze: Jesus mostrou-lhes as mãos
e os pés e pede uma coisa para comer. As últimas palavras de Jesus: ¨Da minha
parte, eu vou enviar-vos a promessa do Pai. Quanto a vós, permanecei na cidade
até que sejais revestidos , do alto, de força (dinamismo)¨(24,49-53), uma declaração
trinitária: Jesus, a promessa do Pai e a força do alto.
6. Os Atos dos Apóstolos
Introdução:
O prólogo em Lc 1,1-4,13 seria o prólogo a
toda a obra lucana. Lc 24,50-53 e Atos 1,1-5 seriam acréscimos posteriores.
A estrutura dos Atos: I. O
movimento de Jesus em Jerusalém At 1,12-5,42,
II.de Jerusalém a Antioquia At 6,1-15,35; III. de Antioquia a Roma At
15,36-28,31;¨ (Ribla 44 p.8)
Já
sabemos que Lucas silencia toda a crueldade do Império, não menciona a
tentativa de Calígula entre 39 até 41 de instalar no Templo a sua própria
estátua, não fala da rebelião em 52, nem fala da execução de Tiago em 62, nem
dos Martírios de Pedro e Paulo em Roma, nem da grande guerra de 66 até 70. Para
comparar os Atos com outros textos só temos o testemunho de Paulo em Gálatas 1,
11- 2,15 e 2 Cor. 11, 25-33 onde Paulo aparece totalmente diferente dos Atos.
I. O movimento de Jesus em Jerusalém At 1,12-5,42,
6.1 OBJETIVO DOS ATOS
Jesus aparece
durante 40 dias aos apóstolos falando do reino e recomendando-lhes que não se
afastem de Jerusalém (contrário a Marcos e Mateus), Paulo não fala nada de um
lugar (1 Cor. 15, 5-8).
Jesus aparece e conversa com os apóstolos
sobre “reino de Deus”. Eles querem a restauração do reino para Israel. O novo
não é nacionalista: ¨Recebereis a força da Espírita Santa sereis minha testemunhas em Jerusalém, Judéia
e Samaria, até as extremidades da terra¨.
O objetivo da missão será universal.. A
soberania de Israel (1,6) pode tocar o Império, o objetivo será agora: ser
testemunhas de Jesus. O Jesus anunciando o reino se torna o Jesus anunciado, os
tempos ficam remotos na autoridade do Pai, chega o tempo do Espírito Santo,
Jesus é definitivamente arrebatado para os céus (1,11).
6.2 RESTITUIR O NÚMERO DOS DOZE (1,15-26).
O grupo dos “Doze” já foi definido no
Evangelho. Os Doze representam as 12 tribos de Israel, a eles foi prometido o
governo de Israel (Lc 22, 29- 30). Judas se tronou o guia dos que prenderam
Jesus. Por isso a escolha de Matias em
At. 1, 15-26
6.3 A VINDA DO ESPÍRITO SANTO (cap.2)
Pentecostes: o cumprimento da
aliança: Lucas aproveita-se da festa de Pentecostes, a festa da aliança no
Sinai, bastante conhecida. Em Jerusalém
celebrava-se o dia de Pentecostes, cinqüenta dias após a Páscoa. Todos, tanto judeus como prosélitos,, vindo de numerosos
países, comemoram a aliança de Javé com o povo de Israel no Horéb. A montanha
estava em chamas e Javé comunicou a aliança , as dez palavras A resposta do
povo: Faremos tudo o que Javé falou. (Dt 4,4-5,21). ¨Ele se torna para ti Deus,
tu ti tornas para ele o povo (Dt. 26,
16-19;)¨,único caso na Bíblia de semelhante declaração dupla.
Todos os apóstolos com Maria, mãe de Jesus e algumas mulheres estavam
numa sala superior. De repente um ruído
como de violento vendaval e apareceu-lhes algo como línguas de fogo pousando
sobre eles, todos ficaram repletos do pneuma ágion e falaram outras línguas.
(At 2,1).
Jesus, que estava morto, mas que vive pelo pneuma ágion, subiu ao seu
pai e nosso Pai. Jesus tinha falado: ¨Permanecei na cidade até que sejais
revestido, do alto, de força¨ (Lc 24,45-53).
Judeus piedosos, vindo de todas as nações, escutando o barulho, se
reuniram diante da casa, perguntando, Como é que cada um de nós, doze nações,
escutamos estes galileios na nossa própria língua? Cumpre-se a promessa da
aliança com todos os povos, não só com Israel.
Quando prenderam Jesus,
Pedro seguia Jesus a distância, não mais conhecia Jesus. O galo cantou e Pedro
se lembrou das palavras de Jesus e chorou amargamente. (Lc 22,54-62). Agora Pedro toma a palavra
e testemunha o fato da ressurreição de Jesus, ele fala aos judeus com as suas
leis. Pedro não reflete as conseqüências deste fato para a salvação dos
judeus.
Pedro acusa os Judeus: “Vós crucificastes pela
mão de gente sem lei Jesus de Nazaré” (2, 23). Gente sem lei são os Romanos.
Deus Jesus fez Senhor e Cristo. Precisa se converter para receber o dom da
Espírita Santa.
Segue
o relato sobre a comunidade 2, 41 – 47. Tinham tudo em comum. Diariamente
acorriam ao templo, mas partiram o pão em casa.
6.4 O CONFLITO COM O SINÉDRIO (3,1-5,42;)
Para
Lucas o Templo está no centro começando com a infância de Jesus e os
acontecimentos no Templo, Jesus deve estar nas coisas do Pai (Lc 2, 49). Contrário
a Marcos Lucas falou que Jesus só tinha limpado o templo.
Pedro
e João entram no Templo (3, 1). Pedro
cura um paralítico (como Jesus em Lucas 5,17-26). De novo Pedro acusa o povo
que rejeitou Jesus diante de Pilatos, que decretava sua libertação
desculpando-o. (3,13), Jesus é o Messias (e o céu tem que retê-lo 3, 21), Jesus
é o profeta e o servo de Deus, Deus ressuscitou-o. Temos diante de nós uma
primeira cristologia judaica.
Segue a acusação de Pedro e João, que foram
presos, diante do conselho com Anãs e Caifas (4, 6), Pergunta: Em que dinámica
ou nome fizestes isso? Pedro, repleto da Espírita Santa acusa agora os chefes
do povo. Ameaça de não falar em nome de
Jesus o Nazareno (4,10; 4,17). Mas precisa obedecer a Deus antes de obedecer às
autoridades (4,19).
Segue
o segundo relato sobre a multidão dos fiéis (4, 32-37) que tinham tudo em
comum. A mentira de Ananias e Safira (5, 1-11), pela primeira vez aparece à
palavra “Igreja” 5,11; 8,1; 11,26;).
Os
Apóstolos continuam anunciando Jesus. Desta vez foram presos, mas o anjo do
Senhor abriu as portas. Pela segunda vez apresentados diante do Sinédrio foram
açoitados, depois ainda mais ensinam no Templo com liberdade. Lucas quer
mostrar, que as autoridades perderam o controle sobre o Templo, os Apóstolos
têm agora o controle (5, 17 - 42).
II. De Jerusalém a Antioquia At
6,1-15,35;
6.5 O GRUPO DOS HELENISTAS
Até capitulo 6,1 só tínhamos boas notícias sobre os
nazarenos. Agora há murmuração dos helenistas contra os hebreus por causa das viúvas.
Helenistas são cristãos judeus da língua grega. Não sabemos de onde eles vieram.
Mesmo na Galileia se falava grego. Os “Doze” são o grupo dos hebreus. Lucas
tenta fechar a brecha entre os Hebreus e Helenistas criando o cargo dos
diáconos, submetido aos “Doze” pela imposição de mãos. Parece que a paz e a
harmonia reinavam novamente. Até uma multidão de sacerdotes obedeciam à fé e
todos perseveravam no templo. Segundo
Atos 6, 7 muitos sacerdotes “escutaram com fé”, sem deixar de serem sacerdotes
no templo. Tiago tinha o direito de ser sacerdote.
O conflito
com Estevão (At. 6, 13): um dos helenistas, mostra, que os helenistas não
estimaram o templo. Os Judeus podiam conviver com os cristãos hebreus, mas não
com os cristãos helenistas. Dificilmente a igreja de Jerusalém aceitou
rapidamente os incircuncisos (Atos 11, 3). Mas os
helenistas abrem a boca e estragam tudo. Estevão, o profeta helenista prega o
Evangelho. Estevão tinha o rosto de um anjo. (At 6, 8-15).
A discussão surge entre Estevão e alguns da
sinagoga dos “Libertos”. Estes libertos subornavam alguns que declaravam terem
ouvido Estevão proferir blasfêmias contra Moisés e Deus (6,9-11). Depois: ele
fala contra o lugar santo e contra a lei (6,13-14), Lucas, que defende o
templo, está harmonizando, ele diz que apresentaram falsas testemunhas.
6.6 O DISCURSO E A MORTE DE ESTEVÃO
Estevão fala contra o templo (7,48), Deus não
mora em casa, feita por mãos humanas. Deus peregrinava com os patriarcas,
caminhava com o seu povo, só admite como morada uma tenda.
Provavelmente
a lei criticada não é a Torá mesma, mas sim as práticas culturais do Templo. A
lei “promulgada por anjos” (7, 38) não é observada pelos adversários de
Estevão. Eles assassinavam o justo, quer dizer Jesus (7, 52).
O discurso de
Estevão pode conter elementos dos cristãos helenísticos. Toda discussão em
torno do Templo não nos é desconhecida. Lucas a omite. Mas através de Estevão
entra novamente.
O relato do
martírio (7, 55; 8,3) tem contornos diferentes: Estevão vê o céu aberto (7, 55) Ele viu a glória de
Deus, e Jesus em pé a direita de Deus. Estevão mesmo fala diferente:
“Eis que vejo os céus abertos e o Filho do homem em pé à direita de
Deus” (v 56). Seria possível que Estevão estivesse representando uma tradição
tão antiga na qual Jesus ainda não era identificado como o Filho do homem?
(veja Q com o dito “o que vem”). Aparece muito forte a esperança na vinda do
Senhor (Lc 21,25-27). Saul era um dos que aprovavam este homicídio ( 8,1)
Todo o relato de Estevão tem elementos comuns
com os de Jesus (Mc. 14, 56...) e sobre o destino dos discípulos. Lucas insiste
em envolver Saul, um zelador da Lei, Será que Estevão foi o grande exemplo para
Saul em superar a Lei, o sacerdócio, o Templo em favor dos gentios? Saul vai
anunciar o Evangelho aos povos ensinando que não a Lei mas a fé em Jesus salva.
O fato atingiu a “Igreja” (8, 2). Todos
tiveram que fugir “exceto os apóstolos”. Isto pode significar que os helenistas
saíram de Jerusalém, enquanto os hebreus ficam e mandam mais tarde no concílio.
6.7 O PERFIL DAS COMUNIDADES HELENISTICAS
Os helenistas
formam outro tipo de comunidade: liderança profética, com prática de serviço,
escatologia apocalíptica “Filho do homem”, liberalidade diante da lei
(característica com a igreja da Antioquia), rejeição ao culto do Templo, ênfase
missionária, maior participação das mulheres, itinerantes como os da Galiléia,
“são os do caminho”, lembra a Torá,
que é uma guia no caminho, agora os do caminho de Jesus ((At 9,2) Paulo também
vai ensinar o caminho.
6.8 Pedro e João em missão
Lucas fala da perseguição contra
a igreja de Jerusalém, todos (os helenistas) devem fugir (8, 1) para o
território de Judá e Samaria. Filipe proclama o Messias em Samaria (8, 5), Os
apóstolos de Jerusalém mandaram Pedro e João para lá e oravam que os samaritanos
recebessen a Espírita Santa se puseram a lhes impor as mãos (8,17). Filipe se pôs
a caminho 8, 27 batiza o eunuco. Eunuco é um “temente a Deus”, embora não
circuncidado, (assim ele não é um prosélito).
Pedro também
viaja para Lida, Jope. Lá ressuscita Tabita e Cesárea (9, 32-420. Ele ficou
bastante tempo em Jope. Vieramm homens e convidam Simão, cognominado Pedro,
para visitar Cornélio, um centurião romano em Cesaréia (10,1- 11,18;), Numa
êxstase Pedro aprende que Deus é imparcial
e de que , em toda nação, quem quer que o tema e pratique a justiça, é acolhido
por ele 10,34,). Espírita Santa caiu sobre todos os ouvintes e
foram batizados.
Pedro abriu
uma grande brecha: os pagãos haviam aceitado as palavras de Deus, um escândalo
que Pedro havia comido com pagãos (11, 2-3). Pedro em Jerusalém se defende.
Será que os Judeus cristãos se acalmaram na verdade? (11, 18).
6.9 A vocação de Saul
Secundo
Lucas Saul é cidadão de Tarso, uma cidade célebre (At. 22, 28) com muitas
escolas. Ele mesmo se chama Hebreu e foi estudar em Jerusalém na escola de
Gamaliel. Nos Atos 9, 1-31 ele pediu
cartas para a sinagoga de Damasco, para levar presos os seguidores do Caminho.
Só a sinagoga não tinha este poder na capital da Síria. Deus chamou-o: uma luz
celeste o ofuscou e ele ficou três dias cego, Ananias curou-o e Paulo recebeu o
batismo.
Paulo
proclama nas sinagogas em Damasco que
Jesus é o filho de Deus. Os judeus decidiram eliminá-lo, por isso certa
noite os discípulos desceram Paulo num cesto muro a abaixo. Foi para Jerusalém
e tentou juntar-se aos discípulos que queriam eliminá-lo, por isso ele foi para
a Cesaréia. Em Atos 22, 6 e 26, 12 Paulo não menciona a fuga num cesto, só em 2
Cor. 11, 23-33 fala das perseguições que ele sofreu da parte dos Judeus. Em
Damasco o governador do rei Aretas ( não
os judeus) quis prender Paulo, por isso:Me desceram muralha abaixo. Paulo não
conta, quando aconteceu isso.
Relato de Paulo na carta às igrejas da Galàcia
Já na
carta aos Tessalonicenses em volta de 50 d.C. Paulo se dirigiu à “Igreja”, o
termo do hebráico tardio “qahal” Javé (
Dt. 23,2-9), que significa assembléia religiosa dos Israelitas na diáspora, ou
“edah” que significa mais o lugar da assembléia: a sinagoga. A LXX traduz
ekklesia, igreja.
Em Gl 1, 11-23 Paulo conta: Eu persegui a
igreja de Deus, a seita dos Nazarenos, mas quando Aquele que me pôs à parte
desde o seio de minha mãe ( é um chamado como o de Jeremias) decidiu revelar em
mim seu filho. Vivo, mas não sou mais eu, é Cristo que vive em mim. Pois a minha vida
presente na carne:“vivo-a pela fé no
Filho de Deus, que me amou e se entregou por mim.” ( 2,20). A fé em Jesus salva, não mais a
Lei com a circuncisão.
Ele foi para a Arábia ( melhor falar Arabá, o deserto) e Damasco, o
Qumram de hoje, onde se encontraram os rolos de Damasco. Ficou lá três anos. Ele não foi para a capital da
Síria, Damasco, uma cidade florescente, que foi um paraíso com jardins e
bosques
Informe: O Damasco no deserto
Já Elijahu buscou o caminho em direção ao
deserto de Damasco ( 1 Rs 19,15) Nos rolos de Damasco, encontrados 1896, lemos
que um mestre da justiça conduzirá os irmãos para Damasco no deserto, para
concluir uma nova aliança com Deus.
Já na fundação dos Essênios em torno
de 180 a .C.
foi importante Isaias 40,3: Preparai o caminho do Senhor no deserto. O deserto
ao lado do Mar Morto foi lugar da esperança messiânca.
Em 1947 foram encontradas vasilhas de
barro com rolos da Escritura e com outros escritos dos Essénios. O nome de
Qumram não aparece nos escritos. Eles chamavam-se “Exilados da Arabá”. Lá nunca
tinham mais de 1.00habitantes. Foram Judeus piedosos que saíram de Jerusalém
esperando o Messias e a purificação do Templo. Foi o tempo do Helenismo com sua
cultura alienante.
A purificação e o batismo foram um
rito deles, mas eles batizam-se a si mesmos. Nos atos 9, 18 Paulo foi batizado,
nos Atos 22, 16 se diz: Batiza-se e lava-se dos pecados.Paulo podia usar o rito
dos Essênios.
Os Essênios procuravam a paz, foram
zelosos na pobreza e muitos eram celibatários (veja um homem carregando água
Mc. 14, 13 e a casa de Simão, o Essénio 14, 3).
Idéias Comuns entre os Essênios e
Paulo:
,A comunidade de Damasco tratava-se
como o Israel verdadeiro, veja Paulo em Fl. 3, 3. Desde a criação do mundo eles
são os eleitos de Deus, veja Ef. 1, 4.
São filhos da luz, 1 Tss. 5, 5. São predestinados para a salvação, o resto está
condenado veja Ro. 9, 6-23 e 2 Cor. 6, 14-7,1. Paulo como os Essênios falam do
Belial..
Os Essênios esperavam a salvação final: o mestre da
justiça virá, aparecerá um novo céu e
uma nova terra, uma nova Jerusalém
Depois
dos três anos Paulo voltou para Jerusalém para conhecer Cefas, ficou lá 15 dias. Depois foi vários
anos nas regiões da Síria e da Cilícia (Gl
1, 21). Após 14 anos voltou para Jerusalém, “Tiago, Cefas e João deram-nos a
mão (Gl 2,1-10)”.Depois tinha o conflito entre Cefas e Paulo sobre a
circuncisão e a lei ( 2,11-16).
6.10 A IGREJA DE ANTIOQUIA
O relato
começa 11, 19-30.Sobreviventes de Estevão foram para Antioquia. Desta vez não os Doze, mas a igreja de
Jerusalém manda Barnabé a Antioquia, ele busca Saulo em Tarso e os dois ficam
em Antioquia por um ano.
Pela
primeira vez em Antioquia os discípulos foram designados com o nome de
“cristãos” 11,26 (veja 1 Pedro 4, 16). No Império os escravos foram chamados
crestos (úteis para o trabalho). Os cristãos mesmos usam este título só a
partir do 2 século.
Antioquia
foi fundada no ano 300a.C. a 40 km ao norte de Jerusalém, um centro pluri-cultural
e comercial, o capital do reino selêucida. Na origem do cristianismo a cidade
tinha 500.00habitantes, 10% foram Judeus,
a terceira maior cidade após Roma e Alexandria. Apesar dos Gregos e Sírios
tinha Cretenses, Árabes, Persas... Vespasiano e Tito frearam várias revoltas
contra os Judeus na cidade.
Como
anunciar o Evangelho às nações que não conhecem a Bíblia? Que Jesus é o Messias
eles não entendem, que Jesus é Senhor (Kyrios) ou filho de Deus Altíssimo, eles
entendem. O termo Reino de Deus eles no entendem, vida eterna sim.
Será que
neste ambiente grego surgiu uma nova cristologia, veja o Hino pré-paulino
(Filipenses 2, 6-11). A fé de Jesus em Deus se torna a fé em Jesus. A tradição judaica
se traduz em termos filosóficos helenísticos.
O mesmo
problema se coloca na ética: os Judeus têm a ética da lei, as nações têm pouca
ética (Rm. 1, 18-32). Não era necessário que as nações deviam aceitar a
circuncisão e praticar a lei? Assim quer a seita farisaica em Jerusalém (15,5).
Segundo
muitos estudiosos o Evangelho de Mateus surgiu na Antioquia, em seu Evangelho Mateus
já coloca a primeira experiência da igreja. Lá estava Pedro (Gl 2, 11-21) e
tinha um papel importante:Jesus é o
Filho de Deus e Pedro a pedra, sobre a
qual a igreja foi fundada (Mt 16, 16-19). A hostilidade dos cristãos aos Judeus
pode ser uma reação a Jámnia.
Lucas
conta a terceira prisão de Pedro no capitulo 12, 1-17. Herodes Agripa tinha
vivido muito tempo em Roma, ajudou na nomeação de Cláudio como César, por isso
foi nomeado o rei de Judá (41- 44). Para agradar aos Judeus mandou degolar
Tiago irmão de João e decidiu prender Pedro. Um anjo liberta o Pedro e ele
mandou contar tudo a Tiago, o Irmão de Jesus. Depois saiu e foi para outro
lugar (12, 17). Secundo Paulo Cefa aparece em Antioquia (Gl 2,11;)
6.11 Barnabé e Saul/Paulo no Sul de Ásia Menor Atos 13,1-14,28
A partir da igreja de Antioquia entre 45 e 49
sai a primeira missão de Barnabé e Saul (At. 13,4). Saul agora chamado Paulo
(13,9). De Antioquia para Selêucia e Salamina junto com João Marcos. Pafos,
Perga, lá Marcos se separa, depois Antioquia, a capital da Galácia, expulsos de
lá para Icónio, Lystra, em Derbe foi apedrejado. Eles voltam para a
Antioquia.Lá tinha conflito sobre a circuncisão.
6.12 O Conflito entre Antioquia e Jerusalém Atos 15
Durante
o primeiro século os líderes da igreja foram da família imediata de Jesus.
Marcos apresentava uma imagem muito negativa da família de Jesus. Agora Tiago
“o irmão do Senhor” é o líder em Jerusalém. Paulo em Gálatas 2, 9 só menciona
Tiago, Cefas e João, não os Doze como Lucas. Após a morte de Tiago também a
família de Jesus decide o sucessor: Simeão de Clopas, irmão de José, pai de
Jesus.
O
incidente que Paulo menciona em Gl. 2,11-14 trata de uma delegação que veio “de
Tiago” e conseguiu impor-se a Pedro e Barnabé para que não comessem com
gentios. No concilio de Jerusalém (At. 15) Tiago é o dirigente máximo, Pedro
desaparece rapidamente.
Para a
igreja de Jerusalém o templo era o centro da sua prática religiosa. Eram
judeus: “muitos judeus creram e todos eram zeladores da lei” (At. 21, 20). Na
sua última visita em Jerusalém Paulo comparece formalmente diante de Tiago que
só lhe apresenta as acusações que circulam (At. 21, 15-26). Paulo preso em
Jerusalém não encontra nenhuma ajuda dos fiéis de lá
O
concilio de Jerusalém aconteceu no ano 49. Temos dois relatos: Atos 15 e
Gálatas 2, 11-21. Conforme Gl. 2, 11
Pedro estava em Antioquia e costumava comer com os gentios. Vieram alguns da
parte de Tiago de Jerusalém e Pedro se afastou das nações por pressão do grupo
farisaico, ele não queria a ruptura com os cristãos Judeus. Paulo repreende
Pedro diante de todos. O que salva é a f
é não a observância da lei. Pedro e Barnabé são vacilantes.
O
hebraico tem duas palavras para ´povo´: am
significa Israel, goyim significa
os outros povos, as nações. A LXX traduz am por laos e goyim por ethne,
os gentios, são os excluídos.
A
comunidade de Jerusalém não põe em dúvida nem a lei de Moises, nem o templo. A
lei continua a ser observada pela
circuncisão. Quem veio de Jerusalém, exigiu a circuncisão para ser salvo (At.
15, 1). Isto provocou forte oposição de Paulo e Barnabé, que desceram para
Jerusalém.
Os Apóstolos e os anciãos se reúnem, o partido conservador
é forte e decidido. Pedro está presente
e defende a Graça do Senhor Jesus e o Espírito Santo entre os gentios, ele é
contra a lei que nem os Judeus podem suportar (15, 7-11).Foi pela graça do Senhor Jesus, que fomos salvos
Depois Barnabé e Paulo contam os milagres e sinais entre os gentios (15, 12,).
Tiago tem a última palavra concluindo não impor obstáculos aos gentios (15,
19). A Assembléia manda uma carta para
Antioquia: ¨A Espírita Santa e nós mesmos decidimos...¨ Contudo Tiago
acrescenta uma cláusula restritiva (15, 20-21) para assegurar a convivência
entre nações e judeus (coloca em vigor a aliança com Noé, pai de todos os povos
( Gn 9).
6.13 VIAGEM DE PAULO PARA A EUROPA 50- 52
Informe sobre
Macedônia e Acaia:
De Macedônia veio Alexandre Magno, que
fundou o Império Grego. A região foi uma terra fértil em contraste com Acaia,
mas pelas várias guerras a terra foi devastada. Em 148 a .C. a Macedônia
tornou-se província Romana. Roma instalou várias colônias romanas com soldados
veteranos das guerras.
Os romanos tinham construído uma
estrada de leste para oeste:a via Egnatia, sem manutenção no tempo de Paulo. Em
2Co 8,2 fala de uma pobreza abismal nesta região.Filipos, uma cidade pobre, estava
situada nesta via Egnatia. Tessalônica foi um porto para o interior.
Corinto, capital da Acaia, foi destruída 146 a .C. e repovoada pelos
romanos 10 anos depois, uma cidade cosmopolita, com muitos romanos, muitos
escravos. Tinha vários templos, manteve-se em uso um canal seco que atravessava
o Istmo de Corinto, construída no século 6 a .C. Foi escavado um anfiteatro com 14.000
vagas. A cada dois anos aconteceram os jogos Olímpicos do Istmo. Corinto foi um
porto de embarque e desembarque.
O regime imperial era escravagista, nas cidades tinha uma pequena elite
com muita riqueza em contraste com uma grande população em extrema pobreza.
Roma tinha introduzido na Grécia o
clientelismo: conseguiu-se tudo pela beneficência de um superior. Em agradecimento
ao patrão foram edificados templos com cultos de honras. César eseus familiares
eram honrados como um Deus com oferendas e festas.
O César é o Senhor e Deus, ele
garante” paz e segurança” (era um slogan quase divino no Império). Aos povos
dependentes era exigida a fidelidade ao Império em troca da garantia da paz.
As cidades consideradas colônias
romanas eram regidas pelas leis romanas e seu governo era considerado extensão direta de Roma, freqüentemente se
falava a língua romana.
Os Judeus no Império: são bem
sucedidos, eles conseguiram o privilegio de sua religião licita, são protegidos
pelo imperador. A única exigência era que eles oferecessem sacrifícios a seu
Deus pelo imperador. Nunca houve no Império perseguição contra os Judeus que se
distanciam dos cristãos, considerados subversivos.
A viagens conforme Atos 15, 36-18,23;
Paulo foi primeiro para Filipos. Num Sábado
foi para as margens de um rio para rezar, aparentemente não tinha uma sinagoga
e conversou com mulheres (At. 16, 13). Hospedou-se na casa da Lídia, uma
comerciante de púrpura de Tiatira, onde se produzia a tinta para a púrpura de
raízes, o que era mais barata que a tinta de animais marinhos. Uma criada,
ela uma escrava a serviço de seu dono,
gritava: estes homens são servos do Deus Altíssimo e nos pregam o caminho da
salvação (At. 16, 17). Apresentados aos magistrados os patrões dela disseram:
estes homens estão perturbando a nossa cidade, são Judeus e pregam costumes que
nós, romanos, não podemos aceitar e nem praticar (At. 16, 21).
Uma nova situação: não o conflito com a
sinagoga mas com o Império. Paulo e Silas na cadeia flagelados..Lucas, pela
primeira vez, precisa contar que a pregação do Evangelho traz conflito com o
Império, mas os magistrados mostram um bom comportamento e se desculpam (16,
22-40). O rápido reconhecimento da cidadania romana de Paulo e o pedido de
desculpas dos magistrados de Filipos são pouco prováveis. Paulo nos relata, que
tinha sérias dificuldades em Filipos ( 1 Ts 2,2)
Em
Tessalônica existiu uma sinagoga. Desta vez os Judeus acusam Paulo diante dos
magistrados: eles revolucionaram o mundo inteiro (17, 6) todos eles atuam
contra os editos afirmando que há outro rei: Jesus. Mais um conflito com os romanos, de noite Paulo foge
para a Beréia, de lá para Atenas.
Em Atenas
17, 16-34 Paulo discutia com Judeus e Prosélitos nas sinagogas e com os pagãos
na praça. Paulo muda a metodologia: fala uma linguagem não bíblica citando
poetas dos gregos. Tudo fica somente em conversa e Paulo foi para Corinto.
Em Corinto (18, 1-18), ele ficou do inverno de
50até o verão de 52. Na sinagoga ele encontra Áquila e Priscila que a pouco
tinham chegado da Itália, porque Cláudio (o Imperador) havia expulsado de Roma
todos os cristãos. Paulo fica com eles fabricando tendas (18, 2-3).
Paulo
ficou bastante tempo em Corinto ( 18,18), depois voltou para Antioquia (
18,23).
6.14 A volta de Paulo para a Europa, Atos 18,23 - 21,1
Lucas não dá muitas informações sobre esta
terceira viagem. De novo Paulo atravessa Galácia e Frigia confirmando os
discípulos. Em 19, 1 chega a Éfeso e ficou lá mais do que dois anos.
Em
Éfeso tinha um judeu Apolo de Alexandria, instruído no caminho do Senhor (18,
24-28). Paulo batiza 12 discípulos de João Batista (19, 1 -10).
Lucas
conta como Paulo fez dinámicas extraordinários (19, 11-20), e depois fala do
Motim em Éfeso (19, 21-40). Lucas no fala nada sobre a hostilidade que Paulo
encontrou em Éfeso e de sua prisão, não combina com a sua visão do Império.
Provavelmente da prisão em Éfeso Paulo escreve as cartas aos Filipenses, ao
Filemon, várias cartas aos Coríntios, aos Gálatas e aos Romanos
Despediu-se de lá e foi para a Macedônia e
Grécia, esteve lá três meses (Atos 20, 3). Em Trôade foram reunidos no primeiro
dia da semana para partir o pão( 20,7).
Depois Lucas conta a volta para
Jerusalém (20,13; 21,17), Paulo não passa por Éfeso para no perder tempo (20,
20-16), mas chama a comunidade para Mileto para se despedir, mais um famoso
relato sobre um trabalho de Paulo (20, 17-38). Será que na verdade Paulo tinha
medo de entrar novamente em Éfeso, onde sofreu tanto?A volta para Jerusalém vai
ser perigosa, ele vai ser amarrado pelos Judeus e entregue aos pagãos (21, 11).
No verão de 58 ele está em Jerusalém.
No ano 58 , logo na chegada em Jerusalém,
Tiago avisa Paulo sobre os boatos que corriam contra Paulo (21, 21) Paulo sofre
o mesmo destino que Jesus, o povo grita: mata.
Mas sempre os soldados salvam a vida dele. Durante 58-60
preso sob o ilustríssimo Félix. Paulo apela ao imperador (25,12) em Cesárea. Outono de
60 foi para Roma, reaparecimento de “nós”, (27,1), o autor se apresenta como
participante desta viagem. 61 - 63 em Roma sob custódia militar.
Pela
ultima vez Paulo convoca os Judeus em Roma (28,17). Por causa da esperança de
Israel ele carrega estas cadeias ( 28,20). Como eles não querem entender, a
salvação foi enviada aos pagãos (28, 28). Lucas termina os Atos contando que
Paulo proclamava o reino de Deus com toda a liberdade. Isto soa muito bonito, mas
foi eufêmico, porque Paulo foi executado em Roma.
7.1 A CARTA À IGREJA DE TESSALÔNICA
No ano 51 em Corinto Paulo escreve aos Tessalonicenses: o primeiro testemunho do Novo Testamento
Os fiéis de Tessalônica não eram judeus, mas gentios, que se converteram dos ídolos para servir ao Deus vivo e verdadeiro. Este Deus há de manifestar a sua ira contra a injustiça do Império Romano. Antes de fazer enviará seu filho para salvar os fiéis. Paulo tratou-os como mãe e pai (2, 7;2, 11). O tema é a vinda do Senhor, já no inicio Paulo chama Jesus ” o Senhor “ que se opõe a César (2,19; 3, 13; 4,13-18) bastante diferente da concepção de Lucas.
Paulo está promovendo a formação de células urbanas, são casas subversivas contra os cultos romanos e a política dominante. Significativo o uso negativo de paz e segurança. Os imperadores tinham trazido a paz, mas não vão escapar do julgamento no Dia do Senhor (5, 2-3). Temos uma linguagem com ressonância política: Kyrios, Reino, Parusia. Os escravos e pobres da Tessalônica esperavam da vinda do Senhor Jesus uma nova era de justiça e igualdade.
Durante a espera da Parusia do Filho de Deus precisa viver uma vida digna.
Primeiro: trabalhar com as próprias mãos (4, 9-12). Paulo mesmo trabalhou dia e noite a fim de não sermos peso para ninguém (2, 9). Contra o clientelismo do Império, a dependência do patrão, Paulo prega um modelo diferente: a solidariedade, o amor de um pelo outro. Paulo mostra isso pelo seu próprio trabalho, assim ele não é dependente de ninguém, é o seu modo de seguir Jesus no caminho da cruz.
Segundo: não se deixar amedrontar,”sofrer perseguição é nosso destino” (3, 3), Paulo se refere às pressões dos concidadãos (2, 4). Paulo consola-os com a vinda (Parusia) do Senhor.
Parusia era uma festa na vinda de um general vitorioso ou governante. A vinda do Senhor ocorre com a voz do Arcanjo, som da trombeta, uma recepção festiva nas nuvens.
Terceiro: abster-se da pornéia, fornicação, prostituição, bem comum no Império Romano.
7.2 A CARTA AOS GÁLATAS:
Pensa-se
que esta carta foi escrita em Éfeso, por
volta do ano 57, várias vezes Paulo tinha visitado os discípulos na Galácia. É
possível que chegassem lá Judeus Cristãos radicais que exigiram dos cristãos
pagãos a circuncisão.
Lei ou
fé, mas uma fé ativada pelo amor (5, 6). Antes da chegada da lei foi a promessa
a Abraão, pela fé Abraão foi justificado, quer dizer feito justo, assim a
descendência de Abraão será justificada pela fé. A lei veio mais tarde, pode
ser válida para os judeus e judeus cristãos, mas não para os não-judeus..A lei
não justifica, ela vem acrescentar-se.( 3,19).
O batismo
atinge fortemente a vida da sociedade, os discípulos não estão mais sob o comando
dos pedagogos escravos e da lei. Os fieis não dependem mais deles, todos são
filhos de Deus, não tem mais judeu e grego, escravo e livre, homem e mulher (3,
23-19).
Paulo traz em seu corpo as marcas de Jesus (6, 17).
Sobre os que
se conduzem secundo esta regra, paz e misericórdia, assim como sobre o Israel
de Deus (6,16).Questiona-se, quem é o Israel de Deus. Será a resposta de Paulo
em Romanos cap. 9-11?
Paulo
estava convencido de que o judaísmo era bom, mas era a caminhada de um determinado
povo com o conjunto de seus valores peculiares, sua cultura. O evangelho estava
para além disso. Foi a primeira vez em que aparece a distinção entre fé e
cultura: a circuncisão e a lei são cultura dos Judeus, os gentios não precisam
assumir esta cultura. Foi a única experiência séria, profunda e ampla para a
implantação do evangelho nos outros povos.
7.3 A CARTA AOS FILIPENSES
Em Éfeso da prisão, no pretório da residência do governador,Paulo escreve aos Filipenses entre 56 e 57. Os presos no receberam alimentação, nem roupa e nem remédio, tudo devia ser levado pelos parentes e amigos.
Paulo está preso por causa de Cristo 1, 13, “Cristo será exaltado em meu corpo, seja por minha vida, seja por minha morte” 1, 21-24. Ele se identifica com a morte e ressurreição dele,” por causa dele perdi tudo”
3, 7-11.Conseqüência da revelação do seu Filho em mim. (Gl 1,16) Paulo destaca sempre que toda a graça vem de Deus, mas por seu Filho Jesus. A fé de Jesus em Deus foi o primeiro passo, agora Paulo acredita em Jesus.
Ele cita um Hino 2, 6-11; uma nova Cristologia:
Jesus Cristo é de condição divina: “achando-se em forma de Deus”. Isto significa uma alusão a Gn 1,27; 5,1; “a imagem de Deus”, não considerou como presa a agarrar o ser igual a Deus...tornando se obediente até a morte. “ e morte numa cruz” deve ser um acréscimo de Paulo.
A missão de Paulo está intimamente ligada à vinda próxima do juiz. Os fariseus fizeram missão que não estava ligada com a vinda do juiz . Nós somos cidadãos do céu (3, 20), assim critica o encarcerado o Império Romano, e esperamos o Senhor Jesus Cristo (4, 4-5).
Figura mais importante foi Epafrodito (2, 25) que mandou um donativo dos Filipenses ao encarcerado. Nenhuma outra igreja associou-se tanto a Paulo (4, 15) por isso a sua alegria.
A carta parece compor-se de três cartas: A primeira ( Fl 4,10-20)é uma acusação de recibo da oferta. Sua situação jurídica agravou-se, e é possível uma sentença de morte ( 1,20-23; 2,17;) Epafrodite fica gravemente doente. Paulo envia uma secunda carta ( 1,1, - 3,1 e 4, 1-7). Finalmente libertado, Paulo soube da presença dos “ inimigos da cruz de Cristo” ( 3,18) e manda uma terceira carta ( 3,2–21 e 4,8-9;)
7.4 BILHETE AO FILÊMON
A data desta pequena carta está incerta, mas a referencia da prisão de Paulo deixa pensar em Éfeso. Os colaboradores de Paulo são companheiros de uma militância e não são sacerdotes ou
funcionários de uma religião.
A Igreja está na casa de Filêmon. A estrutura básica da cidade tem uma estrutura hierárquica. Filêmon não precisa ser rico, muitos pequenos artesãos tinham em sua oficina alguns escravos, que atuavam como aprendizes, foram enviados a fazer compras ou vender produtos. Tem um escravo desaparecido Onésimo que se converteu na prisão pela pregação de Paulo e tem medo de voltar.
Paulo pede a Filêmon que não exerça o poder sobre o seu escravo mas trate-o como irmão. A casa com sua estrutura hierárquica deve se transformar em espaço igualitário. Chamar de “irmão” um escravo é impensável para a cultura greco-romana. Paulo descobre que o fato de Cristo mina toda a cultura do poder.
7.5 AS CARTAS AOS CORINTIOS
Informe sobre a cidade Corinto: capital da Acaia, foi destruída 146 a .C. e repovoada pelos romanos 10 anos depois, uma cidade cosmopolita, com muitos romanos, muitos escravos. Tinha vários templos, manteve-se em uso um canal seco que atravessava o Istmo de Corinto, construída no século 6 a .C. Foi escavado um anfiteatro com 14.000 vagas. A cada dois anos aconteceram os jogos Olímpicos do Istmo. Corinto foi um porto de embarque e desembarque. Cidade muito rica entre dois mares, eminentemente comercial com caráter cosmopolita, tinha mais de meio milhão de habitantes, dois terços dos quais eram escravos.
Paulo fez a primeira visita 50-52 proveniente de Tessalônica, a secunda visita 56-57 partindo de Éfeso e Macedônia.
Ao chegar a Corinto Paulo se situa novamente no setor dos artesãos manuais e se dispõe a ganhar o seu próprio sustento. Esta prática de trabalho o levaria tanto ao porto como à “agora”, a praça do comércio, onde ele encontrava comerciantes, trabalhadores, desempregados. Seu próprio trabalho o faz independente de qualquer clientelismo, é a sua glória.
As cartas foram também escritas em Éfeso entre 54 - 57 (1 Cor. 16, 8). Em 2 Cor 1, 8 Paulo se refere da prisão que sofreu na província da Ásia, ameaçado até a sentença de morte. Uma primeira carta está perdida (1 Cor. 5,9).
A primeira Carta à Igreja de Corinto:
A opção de Deus é pelos pobres (1 Cor. 1, 26-28): na comunidade há uma minoria que domina a maioria:
A minoria está composta por:
a - Sábios segundo a carne, são filósofos ou mestres importantes, é a camada cultural;
b - Poderosos, importantes na cidade, é a classe política;
c - A classe alta,é a camada social.
A maioria está composta por:
a – Estultos no mundo, eles não têm educação, cultural ,
b – Fracos no mundo, não têm voz nem vez na política,
c – Desprezáveis no mundo, a classe baixa, social.
A opção de Deus pela maioria dos excluídos: para confundir e envergonhar a minoria. Ele se dirige à minoria: vocês já estão fortes, ricos, reinam, mas os verdadeiros apóstolos seguem a opção de Deus, ocupam o ultimo lugar (cultural) condenados morte (político), espetáculo para o mundo (social) 1 Cor 4, 8-13.
Paulo se apresenta à comunidade: fraco, receoso e todo trêmulo ( 2,1-5), mostra o papel dos pregadores ( 3,1-4,13), oferece gratuitamente o Evangelho, sem usar dos direitos que este Evangelho me confere ( 9,1-23)
Por causa desta minoria dos poderosos surgem os conflitos na comunidade. Eles são os oponentes internos de Paulo que encarna a opção de Deus pela maioria pobre.
1 Cor 6,1-8: os ricos acusam os pobres perante os tribunais
Só podem ir aos tribunais os que têm dinheiro, poder e reconhecimento. Podemos supor que foram alguns da minoria que acusaram os pobres. A mais dura crítica às autoridades.
1 Cor 11,17-22: a Eucaristia, enquanto um passava fome, outro se embriagava. Eles envergonham aqueles que nada têm.
1 Cor 12-14: ricos, poderosos e carismáticos exaltados: a carisma serve para satisfação própria e não para a edificação da comunidade. São eles que criam divisões na comunidade ( cap.1-4)
Fornicação foi um ponto importante: O corpo é templo do Espírito Santo. Conselhos sobre matrimônio e celibato.Carne imolada dos ídolos (8), Paulo dá o exemplo da sua própria vida (9).Perigo da idolatria (10). Curiosa comparação de Gênesis 1, 27 :o ser humano, imagem e semelhança de Deus, que coloca no mesmo plano o homem e a mulher, é substituída por uma disposição hierárquica, a mulher subordinada ao homem (11, 1-16).
Sobre ressurreição com o mais antigo testemunho da ressurreição: “A morte veio por um homem e também por um homem vem a ressurreição dos mortos” (15,21) A carta aos Romanos fala diferente: Por um homem o pecado entrou no mundo, e pelo pecado a morte...( Ro 5,12).
Sobre ressurreição com o mais antigo testemunho da ressurreição: “A morte veio por um homem e também por um homem vem a ressurreição dos mortos” (15,21) A carta aos Romanos fala diferente: Por um homem o pecado entrou no mundo, e pelo pecado a morte...( Ro 5,12).
A carta termina com um assunto sobre coleta em favor de Jerusalém 16.
A secunda Carta à Igreja de Corinto:
Sobre esta carta temos mais dúvidas do que certezas. Lucas deixou uma lacuna narrativa. Paulo menciona uma carta precedente escrita com lágrimas (2, 3-4),podem ser os capítulos 10- 13. Ele avisou uma terceira visita e uma missão de Tito (13, 1).
O problema fundamental que Paulo deve enfrentar não é interno mas externo: chegaram pregadores carismáticos, possivelmente de Jerusalém, os quais Paulo chama”super apóstolos”, são autênticos Israelítas. Eles desprezam Paulo por sua aparência modesta e fraca, por não ter carismas. Paulo se defende:
1) Primeira defesa: 2 Cor.2,14 – 6,13, também 7,2-4
2) Paulo faz uma visita rápida a Corinto...
3) Segunda defesa: cap. 10 – 13
4) Paulo é preso em Éfeso, depois libertado vai a Filipos enviando Tito para Corinto.
5) Carta da reconciliação 2 Cor 1,1 - 2,13
6) Cartas sobre coletas 2 Cor. 8 e 9
7) Paulo visita Corinto e escreve a carta aos Romanos.
Em resumo: Paulo fez uma segunda viagem para Corinto, foi gravemente injuriado, um grupo de rivais discutiam a autoridade de Paulo, ele escreveu uma carta que se encontra nos capítulos 10-13. Tito volta de uma visita pacificadora e Paulo responde com 2 Cor. 1-7. Capitulo 8-9 pode ser um ou dois bilhetes, nos quais se promove a coleta para Jerusalém, difícil a entender para gente como os coríntios com cabeça do clientelismo romano.
7.6 A Carta aos Romanos.
PAULO E O IMPÉRIO ROMANO
Paulo,apesar dos perigos vindos de meus irmos de estirpe, menciona também os perigos dos gentios (2, Cor. 11, 26). Poucos versos mais adiante, Paulo relata sobre a prisão planejada em Damasco. O procurador do rei Nabateu, Aretas, vassalo romano, quer prender Paulo. Paulo, preso em Éfeso como cristão deve se defender diante do Tribunal Supremo da Província, um processo de vida ou morte (Fl. 1, 20).Três vezes ele sofreu a flagelação, não permitida para cidadãos romanos (2 Cor. 11, 25), Paulo como trabalhador e missionário itinerante não aparece como um cidadão romano. Já 1 Cor. 15, 32 alude a sua luta com as feras em Éfeso veja 2 Cor. 1,8. Voltando para Jerusalém ele evita esta cidade.
Em 1 Cor 6, 1- 8 Paulo questiona, como submeter uma desavença ao julgamento dos pagãos, ele chama os juízes de injustos e assim desqualifica-os como juizes. Paulo distancia-se dos dominadores “Os príncipes deste mundo”, que crucificaram o Senhor da Glória (1 Cor. 2, 6-8). A paz e a segurança do Império vão ser destruídas 1 Ts. 5, 3. Todo o principado... está ao lado da morte (1 Cor. 15, 20-28). Em Filipenses 3, 2 fala :Nossa cidadania está nos céus, (um conceito político), de onde esperamos como o Salvador o Senhor Jesus Cristo... só aqui chamado o Salvador, contra os salvadores do Império.
Como se comportar diante do Império? Paulo fundamenta a sua exigência dizendo que as autoridades são os servidores de Deus, enquanto para o ambiente helenístico- romano as autoridades são divinas, filhos de Deus. Paulo assume uma tradição dos Essênios: manter sempre a fidelidade a todos, sobre tudo, porém, às autoridades, pois sem Deus ninguém alcança posição de autoridade. Rm 13, 1-7 ele diz: Seja todo homem submisso às autoridades que exercem o poder, pois no há autoridade a não ser por Deus. As autoridades constituídas são os numerosos cargos do aparato do Estado. O termo “princeps” significa o poder civil, o termo” imperador” o poder militar. Paulo exorta: Por isso devemos submeter-nos. Diferente à 1. carta de Pedro 2,13: ser submetido a qualquer instituição humana por causa do Senhor. Jesus tinha falado: devolver ao César o que do César. O comportamento em relação aos inimigos mostra o Evangelho, por exemplo, Lucas 6, 27ss, precisa suportar 1 Cor. 4, 12, no retribuir o mau com o mau (1 Ts 5, 15), finalmente vem o Dia do Senhor. Mas precisa ler este texto em relação a 1 Tss. 5,1-11: Aqueles, que dizem paz e segurança, estão do lado da noite e das trevas.
Finalmente temos paz com Deus (Rm 5, 1) que não é uma paz de coração, mas de estar livre do julgamento, da ira de Deus, pela ressurreição de Jesus. Esta esperança de um mundo novo não é passiva, mas ativa: vencer o mal com o bem (1 Ts 5, 15; Ro 12,17 e 1 Pedro 1,9)
INFORME SOBRE A IGREJA PRIMITIVA EM ROMA
A relação de Roma com Jerusalém era estreita no século I. Em Roma tinha uma colônia com mais de 40.000 judeus. Depois de 70 d.C. famosos rabinos visitavam Roma. Os Judeus gozavam de vários privilégios: podiam reunir-se no Sábado, coletar dinheiro para o templo, não prestavam serviços militares e tinham seus próprios tribunais, assim conviviam com o Império.
A origem do cristianismo de Roma é mais desconhecida, nasce possivelmente nos anos 40 pela ação missionária de Jerusalém. No ano 49, segundo o historiador Suetónio, o imperador Cláudio expulsou de Roma os Judeus que provocavam tumultos, por ocasião de tal Cresto, entre eles Áquila e Priscila, já judeu-cristãos (At. 18, 2-4). Será que Cláudio confundiu os Cristãos com os Judeus?
O nome: Christianos (At. 11, 26) é um nome latino que significa o grupo dos partidários políticos, que pertence a Cristo crucificado, a pena da morte mais cruel do Império. Assim os cristãos eram suspeitos de deslealdade ao Império.
No sabemos nada a respeito de quando Pedro chegou a Roma, ele no foi bispo de Roma. De Tácito temos as seguintes informações após o incêndio de Roma em 64:
Nero acusou os cristãos, eles já tinham fama de serem inimigos do Império e foram declarados culpados, não tanto do crime de fogo posto, mas, como de sua atitude cheia de ódio para com o gênero humano... Odiados por causa de suas infâmias... Culpados que tinham merecidos os castigos mais duros.
Conforme Atos 28, 3 Paulo ficou dois anos inteiros em Roma numa moradia que havia alugado. Teria Paulo encontrado falta de hospitalidade por parte da comunidade? Talvez Paulo tinha feito questão de autonomia econômica para poder exercer com maior desprendimento o seu apostolado.
As fontes assinalam uma forte tendência para a concentração de cristãos em áreas suburbanas, densamente povoadas e ligadas a confluência de vias terrestres na entrada da cidade. Especialmente destaca, neste caso, o bairro de Trastevere e os subúrbios à direita e esquerda da via Ápia. Trastevere possua 4.405 insulas (quer dizer casas de aluguel) isto indica uma pertence de cristãos aos estratos mais baixos da sociedade romana. O cristianismo da capital foi nos seus princípios uma fé de subúrbios e baixada. Teve um berço entre o suor e o mau cheiro, por isso: sedes condescendentes com os humildes (Ro 12, 16).
O imposto a quem é devido, a taxa a quem é devida (Ro 13, 6). As” taxas” foram pagas por todas as pessoas cidadãs romanas ou peregrinas: pedágios, alfândega, manutenção de vias publicas e aquedutos, também o ICM, uma taxa a ser paga por todos. Os impostos “tributo” deviam pagar todos os estrangeiros e peregrinos (imposto por cabeça por cabeça, e impostos sobre as rendas). (Fonte:Estudos Bíblicos n 25 p 46...).Pedro e Paulo morreram mártires no tempo de Nero (Imperador 54-68).
A CARTA AOS ROMANOS
A carta aos Romanos, não escrita para a igreja de Roma, mas a todos consagrados em Roma (1, 7). Paulo quer visitá-los (1, 8-14). Provavelmente Paulo escreveu no final da sua terceira viagem por volta 55 - 58 em Corinto após a reconciliação com a comunidade. Agora, sem ter conflitos, com mais calma pode refletir.
Paulo, depois de traçar uma linha de Jerusalém até a IIíria, agora traça uma linha de Roma a Espanha. Se Jerusalém foi o ponto de partida para a primeira parte da sua missão, agora quer que Roma seja o ponto de partida para a segunda parte de sua missão para a Espanha(15, 23-33). A carta tem afinidade com a Carta aos Gálatas.
Paulo se chama escravo de Jesus Cristo... (1, 1) se identificando com a classe dos escravos do Império, escreve aos escravos (6,19), conhece muita gente de Roma (16). Ele está muito preocupado quanto ao êxito da viagem para Jerusalém (15, 30-31). A carta foi ditada por Tércio (16, 22). O Evangelho, prometido pelos profetas, concerne ao seu Filho, estabelecido, segundo o Espírito Santo, Filho de Deus por sua ressurreição para conduzir todos os povos pagãos. Paulo escreve esta carta no âmbito greco-romano. ( 1,1-7)
Um justo vive por sua fidelidade:
Um professor da jurisprudência na Suíça falou assim: ”O que é injustiça sabemos, o que é justiça não sabemos.” Cada um experimenta injustiça na própria vida e deseja a justiça. Não podemos determinar a verdadeira justiça que fica no futuro.
O tema da carta é a justiça escatológica de Deus: “A justiça de Deus se revela, pela confiança e para a confiança: “Aquele que é justo pela fé viverá” (Rm 1,17). Fé é confiança em Deus justo que fará justiça aos injustiçados que sofrem a estrutura injusta dos prepotentes.
O profeta Habacuc gritava: “Ate quando, Javé, não se elevou meu pedido de socorro? Diante de mim, só devastação e violência” (Hab 1,2-4; S 13). A resposta de Deus foi uma visão referente ao prazo, se pareça tardar, espera por seu término: ”um justo vive por sua fidelidade” (Hab 2,4; Rm 1,17). Javé fará justiça, fidelidade significa: confiar na promessa de Deus e já viver esta futura justiça.
O livro da Sabedoria analisa justiça e injustiça: o pobre é o justo que incomoda aqueles que usam a força (Sb 1 – 2). Existem bastante justos que sofrem injustiça.
A carta fala primeiramente da injustiça dos homens que mantêm a verdade cativa da injustiça (1,18), o que o Império pode entender porque a justiça é um conceito fundamental dos Romanos, portanto no sentido de restituição da ordem pela punição ou sacrifício aos deuses. A justiça de Deus é o Evangelho, a mensagem boa: a salvação e o perdão. “Pela fé para a fé” é uma aclamação para a batalha. Exemplos da injustiça são perversidade sexual e homicídios, brigas (1,26 – 32). São estruturas injustas.
Depois Paulo fala dos judeus que apesar da lei pecaram sob o regime da lei (2,12). Ele não fala da injustiça dos judeus, mas do pecado deles. Conclusão de Paulo: ”Todos, judeus e gregos, estão sob o império do pecado, como está escrito: Não há justo, nem mesmo um só” (3,9). Para os Gregos vale a injustiça, para os Judeus pecado (1,18-3,20).
Agora Paulo (3,21-5,10) fala da nova justiça que começa com a ressurreição. Deus destinou Jesus “para servir de expiação por seu sangue, por meio da fé, para mostrar que era justiça, pelo fato de ter deixado impunes os pecados de outrora” (3,25). Jesus é sinal da reconciliação, alusão ao quarto canto do servo de Javé: “Ele verá uma descendência, ele distribuirá a justiça em benefício das multidões, pois as iniquidades delas toma sobre si” ( Is 53,11). “Cristo morreu por nós, fomos reconciliados com Deus pela morte do seu filho” (5,8-10).
Paulo apresenta Abraão como homem justo (4,1-25). “Abraão teve fé e isso lhe foi levado em conta de justiça”. Deus prometeu a Abrão que era sem filho descendência, tão numerosa como as estrelas. “Abrão teve fé em Javé, e por isso Javé o considerou justo” (Gn 15,6). Fé é uma fidelidade ou confiança ou esperança na promessa de Deus, e Abraão confiou nesta promessa, por isso ele é justo. Nós cremos naquele que, “dentro os mortos, ressuscitou Jesus, nosso Senhor, entregue por nossas faltas e ressuscitado para nossa justificação.
(Otto Michel, Göttingen, Vandenbroeck 1966)
(Otto Michel, Göttingen, Vandenbroeck 1966)
O homem velho e o homem novo ( 5,12-6,14):
O homem velho é Adão: No cap. 5,12 temos uma comparação de Adão do passado e de Cristo do futuro. Paulo não fala de Adão, “no qual” todos os homens pecaram (assim traduzem os padres latinos), mas sim:”porque”, (pelo fato de que, visto que, aliás...) todos os homens pecaram, como ele explicou no início da carta. O pecado entrou no mundo, e pelo pecado a morte. Na carta anterior 1 Cor.15,21 ele falou diferente: “visto que a morte veio por um homem”. Pecado seria a conseqüência da morte. O aguilhão da morte é o pecado, e o poder do pecado é a lei” (1 Cor 15,56). Portanto em Rm 5,14 ele corrige: de Adão até Moisés a morte reinou, mesmo sobre “os que não tinham pecado por uma transgressão idêntica à de Adão”.
O homem novo, que é Cristo: “O nosso homem velho foi crucificado com ele”, única vez ( 6,6-8) que Paulo menciona a cruz na carta aos Romanos, tão importante nas outras cartas.” Para que seja destruído esse corpo de pecado: que está morto, está libertado do pecado...cremos que também viveremos com ele.” Nota-se que Paulo fala do futuro: viveremos, o ser humano novo vive o futuro.
O ser humano sob o domínio do pecado (6,15-7,25):
Como viver a nova justiça? Paulo fala da vida concreta dos Romanos, eles são escravos, foram escravos do pecado, agora escravos de Deus, libertados do pecado são escravos da justiça.
“Assim, pois, a lei é santa, e o mandamento santo, justo e bom” ( 7,12). O problema: “ Mas em meus membros descubro outra lei...ela faz de mim o prisioneiro da lei do pecado que está nos meus membros” (7,23) “Ao mesmo tempo sujeito pela inteligência à lei de Deus e pela carne à lei do pecado.” (7,25)
O ser humano sob a graça da mãe Espírito, ruach (8,1-39):
“Pois a lei do Espírito, que dá a vida em Jesus Cristo , liberou-me da lei do pecado e da morte” ( 8,2). O Espírito de Deus mora em nós, somos filhos de Deus ( 8,14) e clamamos “Abba”, não somos mais escravos. Toda a criação espera a revelação dos filhos de Deus (8,19). A vida nova abrange o universo. Seu Filho seja o primogênito de uma multidão de irmãos.(8,29).
Eleição e esperança de Israel ( 9,1-11,36):
“Eles que são os Israelitas, a quem pertencem a adoção, a glória, as alianças, a lei, o culto, as promessas e os pais” (9,4). Mas só os filhos da promessa são verdadeiros Israelitas (9,8). Haverá injustiça em Deus? Não, tudo depende da misericórdia de Deus: “Eu farei misericórdia a quem quiser misericórdia” (9,15). Eles não esperavam a justiça da fé, mas pensavam obtê-la das obras.
( 9,32). Judeus e pagãos têm o mesmo Senhor (10,12), os Judeus esperam o Messias, os Cristãos vêem em Jesus o Messias, que aparecerá na sua vinda gloriosa.
Deus rejeitou Israel? “Ora, se a falta deles causou a riqueza do mundo e a degradação deles a riqueza dos pagãos, que não fará a total participação deles na salvação?” (11,12) A parábola da árvore ensina os ramos enxertados a não ficar orgulhosos (11,16-24): ”o endurecimento de uma parte de Israel vai durar até que haja entrada a totalidade dos pagãos. E assim todo o Israel será salvo” (11,25-26).
Exortação concreta:.(12 a 15)
8. As outras cartas do NT
8.1 A EPÍSTOLA DE TIAGO
Não há duvida que “Tiago, servo de Deus e de Jesus Cristo” (Tg 1,1) é o irmão do Senhor. Tiago foi executado às pressas antes da chegada do novo procurador pelo sumo sacerdote Ananias. O Sinédrio acusava Tiago de transgredir a lei. Os que se consideravam os mais justos viram muito mal o assunto, o rei Agripa removeu Ananias do cargo, que ocupou só três meses.
O que estava atrás? A situação era crítica. Poucos anos antes os sicários tinham assassinados vários sacerdotes. Acendeu-se uma inimizade de uns contra os outros e uma luta entre os sumos sacerdotes e líderes do povo. Os sacerdotes mais pobres estavam morrendo de fome. Provavelmente os sacerdotes cristãos estavam ao lado dos pobres. Tiago foi a vitima nesta luta e tinha amplo respaldo por parte dos rebeldes.
Na carta fala-se da fé que deve se expressar em obras e declara morta uma religião que diz ter somente fé (1,27; 2, 15-17). Deus não pode ser tentado a fazer o mal e a ninguém tenta (1,13) repete a tentação do livro de Jó. No final da carta Jó foi lembrado “como resistiu” (5,11).
A guerra (66-70) tinha o componente de uma revolução social. Isto pode ver-se na carta de Tiago: “Agora vós ricos chorai e gemei... o salário, do qual privastes os trabalhadores...” (Tg. 5, 1-4). Temos aqui alusões aos fazendeiros que exploravam os camponeses e ao problema urbano com as autoridades: “Não são os ricos que vos exploram, os que vos arrastam aos tribunais?” (Tg. 2, 6). Possivelmente os sumos sacerdotes levaram os sacerdotes comuns perante as autoridades romanas. A epístola situa a igreja ao lado dos pobres na luta de classes na década de 60.
Tiago é chamado o Justo, não é sem motivo: ele era pacífico. Era uma grande tentação de matar neste clima de terrorismo. Homicídio era tão normal como adultério (Tg. 2,11), “Matais e cobiçais, lutais e fazeis guerra”; (Tg. 4, 1-2). Cap.5,6 contem uma referencia misteriosa a um homicídio “Matastes o justo e ele não resistiu”. O leitor terá pensado no justo Jesus ?
Fugiram os cristãos judeus de Jerusalém ou morreram com os demais judeus? A fuga para Péla parece uma lenda, mais provável é que a igreja de Jerusalém morreu também na guerra de 70.
Quando Hadriano 132 d.C. proibiu a circuncisão dos Judeus, mesmo os Judeu-Cristãos foram atingidos. Muitos “nazarenos” fugiram e mais tarde chamavam-se “Há Ebijonim” (os pobres). Eles sobreviveram até o 7º século
8.2 CARTA AOS HEBREUS (não de Paulo)
Os destinatários da carta não são conhecidos. Este documento foi escrito possivelmente para Roma, entre 70 – 95. Sua autenticidade duvidou-se até século IV. Na carta critica-se o sacerdócio sadoquita, Jesus é sacerdote secundo a ordem de Melquisedec. Clemente refere-se a esta carta: a carta procura deter os possíveis efeitos negativos da queda de Jerusalém, procura impedir uma rejudaização do culto cristão. É paradoxal, que justamente no século IV a cristandade sofreu profunda rejudaização teocrática e cultural. Se a gente estuda o culto e o comportamento do sacerdócio sadoquita, fica surpreendida, como voltou tudo na igreja do Estado Romano.
Jesus, sumo sacerdote, se oferece a Deus?
No NT Jesus nunca aparece como sumo sacerdote,
pelo contrário: o sacerdócio é o grande adversário que mata Jesus, Será que nos cap. 5 até 10 da epístola aos Hebreus se
quer salvar de uma forma purificada a
ideologia da fonte sacerdotal?
¨Todo sumo sacerdote, com efeito,
tomado dentre dos homens, é constituído em favor dos homens no que respeita às suas relações com Deus. Sua função é
oferecer sacrifícios pelos pecados¨. (Hb
5,1).
Jesus é proclamado por Deus
(5,4-10) não como os levitas com a lei (7, 23-28.
Há uma nova aliança, nova tenda, um
novo culto citando Jeremias 31,31-34.
O sacerdote ofereceu o sangue de bodas e
novilhos pelos pecados (Hb 9,12). O sangue é símbolo da vida, é santo. O sangue de bode santifica os corpos os
maculados:, ¨Quanto mais o sangue de Cristo, que pelo espírito eterno se
ofereceu a Deus como vítima sem mancha, purifica nossa consciência...¨(Hb 9,14).
Impossível que o sangue de touros e
bodes elimine os pecados (10,4). A
epistola cita Sl 40,7-9; mas o texto hebraico diz: ¨Holocaustos e sacrifícios pelo pecado não te
agradaram ,abriste em mim ouvidos para ouvir. Não pediste nem holocausto nem
expiação. Eis que venho com o rolo de um livro escrito para mim¨
A
LXX traduziu; tu me formaste um corpo. Eu vim, ó Deus, para fazer a tua vontade¨. A
epístola suprime os sacrifícios de touros para estabelecer o sacrifício de
Jesus, uma volta atrás de Abraão 10, 3-10). Conseqüentemente ele não poupou
Isaac mas ¨ofereciu o filho único¨ (11,17), numa espécie de prefiguração da
ressurreição o recuperou.
Conclusão: ¨Ora, onde houver perdão,
já não se faz oblação pelos pecados¨ (Hb 10,18). A epístola não questionou Deus a quem se
oferece o Filho.
No .12,1-4 Jesus é o iniciador da fé, renunciando à alegria sofreu a cruz e assentou-se à direita do trono de Deus. Ele sofreu da parte dos pecadores tal oposição contra si. Aqui a carta não dá uma interpretação sacrifical da morte de Jesus, mas propõe um modelo da fé que nos inspira a resistir até o sangue. “Ainda não resististes até o sangue no vosso combate contra o pecado”.
8.3 AS IGREJAS NA ÁSIA MENOR
INFORME: CENTRO DO CULTO AO IMPERADOR
A Ásia menor foi o berço e o centro do culto ao imperador (Ribla 29 p 97). Os estudos sobre este tema demonstraram que alguns imperadores aceitaram, favoreceram e difundiram esta prática.
O aparelho ideológico romano apoiava-se justamente no culto ao imperador. O Apocalipse de João, proveniente da mesma região e da mesma época é uma amostra deste culto ao imperador.
Éfeso foi o porto mais importante da Ásia Menor: em 29 a.C . foi instituído o culto a Deusa Roma e ao Deus Julio César.
Esmirna, rival de Éfeso construiu em 195 a .C. um templo a Deusa Roma e em 26 d.C. um templo ao imperador Tibério.
Pérgamo é a partir de 133 a .C. capital da província romana da Ásia, foi o centro do culto imperial, tem um templo dedicado ao Augusto, lá é o trono de Satanás (Apocalipse 2,13). A ideologia do Império (paz Romana) culmina na paz dos Deuses, o imperador é “Senhor e Deus”. Para as comunidades o Império é o diabo que busca a quem devorar (1 Pedro 5, 8). Pérgamo é o trono de Satanás (Ap 2, 13).
8.3 As cartas pastorais: Timóteo e Tito
As pastorais representam o ápice da teologia pós-paulina no que se refere à exaltação e valorização da autoridade de Paulo. Paulo se tornou um marco de referência da fé desta comunidade: ele foi uma espécie de fundador da experiência religiosa do grupo (ver 1 Tm. 1,12-17; 2,1-7 e Tt. 1,1-4). Ele foi apresentado como o apóstolo que garante a fé de sua comunidade. Para tanto detém o “depósito” (paratheke) da fé. A reafirmação da autoridade paulina é uma reação da comunidade a uma situação de crise em que viviam. Para superá-la reavivem a imagem de Paulo e comprometem de novo a sua vivência com a tradição paulina.
A escatologia dos escritos paulinos autênticos, por exemplo, desaparece. A “Graça de Deus” que tinha papel predominante em Paulo adquire um papel educativo: ela “nos ensina a abandonar a impiedade e as paixões mundanas, para vivermos neste mundo com autodomínio, justiça e piedade” (Tt. 2,11-13).
A vida rígida por autodomínio e piedade passa a ser uma das prioridades da vida dos cristãos. Se Paulo organizava suas comunidades em casas, as Pastorais apresentam comunidades que desenvolvem este “ethos” (ética) consequentemente. A organização de um grupo religioso em torno de uma casa não é invenção de Paulo ou de cristãos pós-paulinos. Parece ter sido praxe de comunidades religiosas asiáticas, sendo, portanto, um elemento de influência cultural asiático.
A postura destes cristãos frente à sociedade era de busca por compreensão e tolerância com certo toque de assimilação. Eles eram leais, ou, no mínimo, cooperativos para com as autoridades e demonstravam isso através de suas orações (1 Tm 2, 1-2).
Mas sacrificar ao Imperador nunca. A proposta de vida na sociedade das Pastorais pode ser resumida no desejo de levar: “Uma vida calma e serena, com toda a piedade e dignidade”.
A mulher na 1ª carta a Timóteo:
Vários biblistas sustentam que 2,11 – 15 é um texto acrescentado dentro de uma passagem que fala do adorno das mulheres. Foi interpolado na época da controvérsia montanista e que pertence à mesma mão paulistina que encontramos 1 Cor. 14, 34-35, também uma interpolação bem conhecida. Os montanistas eram um grupo carismático na segunda metade do sec.II. Montano dividia a liderança com duas profetisas, Priscila e Maximila. As mulheres podiam ser bispos e líderes. Eva tinha o privilégio de ser a primeira a comer da arvore de conhecimento. Os montanistas não conheciam os dois textos. Os antimontanistas deviam colocar esta interpolação no início do III sec. O primeiro a citar estes textos é Orígenes (+ 230). Veja Ribla 37 p. 43 ss.
8.4 AS CARTAS AOS COLOSSENSES E EFÉSIOS
Numerosos autores consideram as duas cartas não como obra de Paulo, mas de um discípulo da segunda geração. Não aparecem como cartas concretas, mas como um tratado, uma exposição de um tema: Teologia: doutrina sobre Deus, Cristologia: doutrina sobre Jesus, Pneumatologia: Espírito Santo. Eclesiologia: doutrina sobre a igreja, Escatologia: doutrina sobre o fim.
Colossenses:
Deus nos transferiu para o Reino do seu Filho amado (1,13). Pedindo conhecimento, sabedoria e inteligência, (1,9) para conhecer a economia (eco = oikos - casa) de Deus, o segredo escondido por séculos e gerações, agora revelado (2,26). O centro deste segredo é Cristo, um Senhor cósmico, cabeça da Igreja (1,15-18). Paulo falando do corpo não mencionava Cristo como cabeça (1 Cor 12). Já entra o pensamento hierárquico greco-latino.
Difícil é traçar o perfil dos mestres perigosos (2,16 s): veneram criaturas angelicais, se submetem aos poderes cósmicos e praticam uma ascética por si mesmo, desprezam o corpo, pcarecem pertencer aos pensamentos gnósticos.
Morrestes para os elementos do Cosmo (2,20) e ressuscitastes com Cristo (3,1), Paulo falou da ressurreição no futuro (ver Rm 6,5), aqui já aconteceu. A carta usa o símbolo de despojar a roupa velha e se revestir de Cristo (3,9-10). Como viver a vida nova: 3,12-17.
Andar, caminhar numa vida nova (1,10; 2,6). O andamento lembra os Atos 9,2 “os do caminho”
Efésios:
A carta depende de Colossenses, fala mais de eclesiologia. As categorias jurídicas cedem lugar às místicas. A igreja é esposa (5,22) corpo de Cristo (1,23) e edifício santo (2,21).
No hino aos Efésios (1,3-14) “Deus nos escolheu em Cristo antes de criar o mundo...enquanto esperamos a completa libertação da aquisição”, Ex 19,5 disse: “Sereis minha parte adquirida” “De duas coisas ele fez uma só coisa” (Ef 2,14), não fala do povo. Cristo é o homem novo: “Deus derramou abundantemente sua graça sobre nós...marcados com o selo do Espírito prometido”(1,6; 1,13; 2,18; 2,22). Cristo destruiu o muro da separação entre Judeus e Pagãos (2,14). Os pagãos não são mais estrangeiros, ou “Xenoi” (xenofobia = medo dos estrangeiros) e “Paroikos” (fora da casa como na carta 1 Pedro), mas são concidadãos dos santos, moradores da casa de Deus, são a morada de Deus pelo Espírito, uma casa espiritual (1 Pedro 2,5) só uma vez aparece a palavra templo (2, 18-21).
Jesus Cristo é a cabeça suprema da Igreja que é seu corpo (1,22), os pagãos são membros do mesmo corpo (3,6) um é o Corpo, um é o Espírito (4,4). A mais primitiva enumeração dos ministérios na igreja: têm apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e mestres (4,11) para construir o corpo de Cristo. O corpo vai crescendo e construindo-se com o amor (4,16).
A igreja é também esposa: Cristo amou e se entregou por ela para apresentar uma igreja gloriosa (5,25-27). O casal prefigura Cristo e a Igreja.
Nas “Tábuas domésticas” (Ef 5,22-6,9) aparece de novo a ética greco–romana: submissão da mulher ao marido como ao Senhor, filho aos pais em atenção ao Senhor, escravo ao dono como ao Senhor, (contra Gal. 3,28). Como a Igreja se submete a Cristo assim as mulheres os filhos e os escravos aos maridos, pais e donos que recebem autoridade de Cristo. Tudo isso vem da cultura greco-latina. Aparece de novo várias vezes a palavra andar (2, 2 e 4,1 e 4,17 e 5,2 e 5,8)
8.5 A PRIMEIRA CARTA DE PEDRO
Olhemos para as comunidades da Galácia, do Ponto e Bitínia, já mencionadas em At. 2, 3.
A 1ª carta de Pedro fala desta região, o último documento do Novo Testamento. Esta carta tem duas partes 1,1- 4,11; e 4,12- 5,11; cada parte termina com uma doxologia. Na primeira parte pode-se pensar nos tempos do Imperador Domiciano, que foi um tempo tranqüilo. Mas nos anos 93 – 96 houve uma crise política e começou a perseguição dos inimigos do Cesar e uma luta para impor melhor o culto ao imperador endeusado. Contrário a teologia de Lucas e Clemente esta carta e o Apocalipse mostram a vigência do pensamento apocalíptico (1,5; 1,7; 1,13; 4,13; 5,1;). O apocalipse é um forte protesto contra o Império Romano: A igreja aparece como um povo de mártires, perseguidos pelo Império..
a) A carta é dirigida aos “estrangeiros residentes”, 1,1 “fora do povo”: (veja Hb 13,14): ”Pois não temos aqui a nossa pátria definitiva, mas buscamos a pátria futura.” Parece que são residentes sem direito de cidadania. As restrições que pesam sobre estes estrangeiros residentes impedem que tenham propriedade da terra, o que limita totalmente a possibilidade de acesso a classe fundamental e aos níveis superiores da escala econômica. Os que estão submetidos à servidão seriam escravos, artesãos urbanos e servos domésticos (2, 18), são “paroikos” (paróquia) quer dizer ”fora da casa” 1, 17; eles não têm casa, ficam fora deste sistema. A casa representa em pequena escala o grande Império, a casa é o micro- cosmo dentro do macro-cosmo do Império.
b) A esperança na revelação 1,3 – 1,12.
Eles mantêm uma esperança viva na aparição do Senhor (não secunda vinda) para sustentar os sofrimentos porque vem o juízo de Deus contra os governantes deste mundo romano hierárquico com seu clientelismo (1,5; 1,7; 1,13; 4,13; 5,1). A esperança deve ser praticada 1, 13–25.
c) A casa do Espírito e o povo de Deus 2, 4 –12
Para os “fora da casa e fora do povo” (2, 11) tem uma nova vocação: ser casa do Espírito e povo de Deus: “Vós, porem, sois a raça eleita, a comunidade sacerdotal do rei, a nação santa, o povo que Deus conquistou para si.“ Justamente os fora do povo, os estrangeiros, são povo de Deus. Aqui se - fala claramente que os cristãos são o povo de Deus. Nunca se - fala do novo povo de Deus. Somos ramos enxertados na raiz de Israel (Rm 11,16 ss).
No Império a casa é hierárquica, o pai manda em seus clientes: todos os moradores da casa são subordinados ao pai. A mesma hierarquia, que acontece na casa, acontece no império: o imperador se chama “Pai da Pátria”. Todo mundo deve se submeter às autoridades. Conforme Gl 3, 26-28 as comunidades de Paulo tinham se colocadas fora desta hierarquia, foram democráticas: não havia mais judeu-grego, escravo - livre, homem-mulher...Casa do Espírito Santo é comunicação, igualdade e amor.
A nossa carta também utiliza a figura da casa (oikos) para os de fora da casa (paroikos). A nova construção é de pedras vivas 2, 4, uma casa espiritual (não templo), todos formam um sacerdócio santo e oferecem sacrifícios espirituais. Aqui não há uma hierarquia sacerdotal como no Ex 19. Todos os demais deuses são falsos, o imperador é um ser humano respeitável, mas não uma deidade. Assim os cristãos se opõem ao culto do imperador com seus sacrifícios diários (2,5).
d) Tábuas domésticas 2,11 - 3,7:
Por um lado a casa aparece como um lugar de segurança e consolo, mas por outro lado apresenta com sua forte estrutura patriarcal um espaço hierárquico, onde mulheres, escravos e jovens devem ceder diante da autoridade do pai. Mas, diferentes das “Tabuas domésticas” do Império na carta de Pedro estes conselhos não estão dirigidos aos pais das famílias para ordenar a sua casa – são justamente os únicos que não são mencionados - mas aos subordinados: escravos e esposas. “Pedro espera que os cristãos construam as comunidades de fé como uma casa própria, hospitaleira e fraterna, onde possam encontrar refúgio e alivio aqueles que padecem dor e perseguição. Uma casa onde se ponha fim as práticas violentas. Por outro lado, porem, aceita como uma situação dada que, nas casas reais onde vivem, especialmente diante de maridos ou patrões não cristãos, devem mostrar uma disposição que não oferecem motivo de castigos ou vingança, embora isso às vezes significa tolerar tratamentos injustos, são conselhos práticos, e não “palavras normativas ditas a partir do poder”. Confira as tábuas domésticas em Efésios 5, 22 - 6,9 e Cl 3,18 – 4,1. Aqui se devem submeter a qualquer “instituição humana” 2,13, enquanto para o Império é uma instituição divina.
A submissão segue o exemplo do Messias 2, 21-25 e 3, 18-19. Foi esta na realidade a prática de Jesus?
e) Na perseguição dar razão a esperança 3,8 – 4,11;
f) Na segunda parte da carta tem uma perseguição mais forte, alarmados como uma fornalha da provação 4,12, não estranhar.
Vigiar porque o adversário o diabo procura a que devorar 5, 8.
No capitulo 4, 15 Pedro aconselha “Não se fazer bispos dos outros”, e no capitulo 5, 1 ele exorta como “colega” não exercer um poder autoritário: o ressuscitado é o poder supremo.
Após o conflito epílogo da era Domiciano Nerva ascende ao poder (96-98), sucede-o Trajano que governa dezenove anos que designa Caio Plínio o jovem como governador que escreve por volta de ano 110 d.C. a Trajano.
Plínio o jovem relata que as comunidades se estendem no campo rural, uma “multidão de pessoas”. Esta “superstição perversa e desmedida” sacode a ordem; os templos pagãos foram descuidados, não há compradores das carnes dos sacrifícios...
A atividade dos cristãos: reuniões matinais de louvor e a comida noturna em comum. Nas reuniões matinais os presentes reiteravam um compromisso (Plínio usa a expressão sacramento) que não os obriga ao nenhum crime, mas a manter um comportamento distante do roubo, do adultério, da infidelidade a palavra dada. Segue a promessa de não renegar o “depósito”, quando forem interrogados (coincide com 1 Pedro 3, 4, 1-11). A comida deles é comum é “promiscum” não tem distinção de origem, riqueza, raça, lei, pai... Isto levanta suspeita e Plínio deixa prender duas escravas, chamadas “ministras” pelos cristãos. Parece que não tem ordem hierárquica nestas comunidades. Plínio relata ao imperador que tem listas sem assinaturas, que acusam os cristãos. Plínio no final fala de uma ‘multidão de homens’ se poderia emendar. (Ribla 29, p 100).
Da Carta de Plínio a Trajano
...“Pois bem afirmavam eles que, em suma, seu crime ou, preferindo-se, seu erro reduzira-se a ter tido por costume, em dias marcados, reunirem-se antes do raiar do sol e cantar em coros alternados, um hino a Cristo como a Deus e obrigando-se por solene sacramento não a crime algum, mas não cometer furtos, nem latrocínios, nem adultérios, a não faltar à palavra dada, a não negar, quando lhes for reclamado, o depósito confiado. Terminando tudo isso, diziam que o costume era se retirar cada um para a sua casa e se reunirem novamente para a comida em comum, no entanto, e inofensiva; e até isso tinham deixado de fazer depois de meu edito pelo qual, conforme o teu mandato, proibira as associações secretas (heterias). Com estas informações, pareceu-me ainda mais necessário inquirir o que em tudo isso havia de verdade, mesmo com a aplicação do tormento a duas escravas chamadas ministras. Nenhuma outra coisa achei a não ser uma superstição perversa e desmentida”...
9. O
Evangelho de João
I Introdução
1. OS AUTORES DO EVANGELHO:
Os autores do 4° Evangelho são pessoas
anônimas, certamente são lideranças das comunidades. A edição final terá sido
pelo ano 110. Juntaram-se discípulos de João Batista, samaritanos e helenistas.
Eram igrejas pobres e frágeis. Betânia significa casa dos pobres. Maria
Madalena teve um papel destacado, Betesda significa casa da solidariedade. Por
volta do ano 90, teria havido uma primeira redação. No final da década de 90
foram incluídas os cap. 15 a17. Pelo ano 110 acrescentaram o Prólogo, 6,67-71 e
o Epílogo cap. 21. (Gass,8 p.122)
O documento mais antigo do Novo Testamento é
um fragmento do Evangelho de João, já no inicio do 2º século encontrado no
Egito: 18, 31-33 e 18, 37-38.
2. A ÁSIA MENOR COMO CENTRO DO CULTO AO IMPERADOR:
O Império Romano está presente no
Evangelho. Os sacerdotes só têm um Cesar em Roma. Pilatos, o representante do Cesar, ganha mais
importância (cap.19).
A
Ásia menor foi o berço e o centro do culto ao imperador (Ribla 29 p 97). O
Apocalipse de João, proveniente da mesma região e da mesma época é uma amostra
deste culto ao imperador.
Éfeso
foi o porto mais importante da Ásia Menor: em 29 a.C. foi instituído o culto a
Deusa Roma e ao Deus Julio César.
Esmirna,
rival de Éfeso construiu em 195
a .C. um templo a Deusa Roma e em 26 d.C. um templo ao imperador Tibério.
Pérgamo é a partir de 133 a .C. capital da província
romana da Ásia, foi o centro do culto imperial, tem um templo dedicado ao
Augusto, lá é o trono de Satanás (Apocalipse 2,13). A ideologia do Império (paz Romana) culmina
na paz dos Deuses, o imperador é “Senhor e Deus”. Para as comunidades o Império
é o diabo que busca a quem devorar (1 Pedro 5, 8). Pérgamo é o trono de Satanás
(Ap 2, 13)
3. A CORRENTE DA GNOSE (CONHECIMENTO)
Origem: A corrente gnóstica se encontra
no Iraque (manda), no Egito, na Índia e China, e na Sírio-palestina nos tempos do cristianismo primitivo, já no fim do
1. século, onde o Evangelho foi escrito. A Gnose tem influência no judaísmo
tardio.
Cosmologia: No pensamento grego o
cosmos era a ordem no universo. Na Gnose o cosmos é desordem, mau, ruim, hostil.
O Divino está absolutamente fora do mundo.
O mundo é obra ruim de potências inferiores, Entre o divino e humano
existem entidades como um demiurgo, um arquiteto, que criou o mundo, depois
demônios, anjos, potestades..
Antropologia: Como posso me salvar
deste mundo ruim para participar do divino? Mas dentro do ser humano se esconde um
espírito. Espírito é uma faísca da parte divina, que entrou no ser humano,
ignorante, dormindo, esperando a libertação pelo conhecimento. Pela ignorância
surgem escassez e sofrimento, pelo conhecimento desaparece a ignorância. Precisa
largar o corpo como parte do cosmo.
Depois o verdadeiro EU, um faísco preexistente sobe e volta na sua pátria. A
alma (anima) veio dos deuses e vai para os deuses. A salvação é a libertação do
mundo finito para o mundo infinito para participar da divindade. Uma morte que salva não tem sentido.
A morte liberta as almas
No seu livro ¨História da guerra
judaica¨ após a caída de \Jerusalém no ano 70 d.C. Flavio Josefo descreve como
o exército Romano encontrava um suicídio coletivo no bastião de Massada, uma
prática que o judaísmo não conhece. Os
sitiados, os Sicários e Zelotas, tinham matado suas mulheres e crianças e si
mesmos. O líder Eleazar, argumentando com a filosofia do hinduísmo que ensina a
imortalidade da alma, dá o seguinte discurso:
¨ Não a morte, a vida é uma desgraça para os homens. Pois a morte dá
liberdade às almas e abre o acesso ao lugar puro, onde não há sofrimento.
Enquanto a alma está presa no corpo mortal, ela deve ser na verdade morta, pois a ligação do divino com o mortal é contra
a natureza. Mas quando ela está livre do peso puxando para a terra ela chega á
verdadeira pátria, que fica invisível aos olhos humanos como Deus. A prova
disso é o sono, quando a alma goza do repouso, imperturbado do corpo. Olhemos
para os Índios (no extremo oriente): Esses homens nobres suportam a vida de má
vontade como um serviço necessário devido à natureza e apressam-se a desligar a
alma do corpo. Desejando o estado da imortalidade anunciam aos outros que
querem sair deste mundo. Ninguém os impede, cada um os louva e dá mensagens aos
parentes mortos.
Os
gnósticos cristãos: Eles
entendiam Jesus como salvador que revela o conhecimento de Deus à humanidade.
Ele teria descido in forma humana. No entanto, não era verdadeiro homem. Não
teria passado pelo sofrimento e pela morte. Afastaram-se de um Cristo encarnado
na condição humana. Transformaram o Evangelho do reino em uma religião que não
representa nenhum perigo às estruturas deste mundo, (Gass Nr 8 p.95
4.
O JUDAÍSMO FORMATIVO: OS FARISEUS
Para escapar
da aniquilação do Templo Jochanan Ben Sakkai foi carregado num caixão para fora
da cidade, ele se encontrou com Vespasiano, saudou-o como imperador, como
“César” e anunciou a destruição de Jerusalém. Depois pediu a Vespasiano a
formação de uma escola em Jâmnia, onde se dará a origem ao “Judaísmo
formativo”. A tradição fala de um encontro em Jâmnia por volta do ano 90, que
foi decisivo para a posterior identidade do judaísmo.. O judaísmo formativo
fixou certas regras, manifestando-se nelas a exclusão das comunidades
judeu-cristãs: “Nenhuma esperança reste aos renegados e o poder irresistível os
faça desaparecer. E os nazarenos (os judeus chamam os cristãos nazarenos) e os
minim (dissidentes) pereçam instantaneamente. Sejam apagados do livro da vida e
não sejam inscritos com os justos”.
¨Os fariseus¨
do Evgl representam o judaismo formativo no Evgl. Eles estão ligados com sacerdotes antes da destruição do ano 70. Este
Judaísmo rabínico gozava certos privilégios concedidos pelos Romanos ao
judaísmo, que estava desobrigado de
prestar culto ao império e ao imperador, bem como de servir no exército romano,
uma relativa independência política e social do Império Romano. Quem foi
expulso da sinagoga, perdeu estes privilégios romanos, perdeu também sua
herança israelita e um digno enterro,
(Uma
introdução à Bíblia v.9, Ildo Bohn Gass p.125)
II O próprio do
Evangelho:
1. Galileia e Jerusalém
O Evgl. não dedica tanta atenção a
Galileia, só o casamento em Caná da Galileia (2,), a Samaritana e o oficial
romano (4), a partilha e a palestra
sobre o pão da vida (Jo 6).
Importante é a
confrontação de Jesus com o poder sacerdotal em Jerusalém:
1. A Páscoa em Jerusalém, confrontação: os judeus destruirão o seu corpo. 2,13-22;
2. No Sábado: cura do
paralítico, os judeus puseram-se a hostilizar Jesus 5,1-18;
3. Festa das Tendas: de onde e
para onde Ele vai? Alguns já querem prende-lo 7,1-52;
4. Festa da Dedicação: dar a vida
para retomá-la, querem apedrejar Jesus
10,22-42;
5. De novo em Jerusalém: Jesus
desperta Lázaro: resolveram fazê-lo perecer 11,45-54;
Festa da Páscoa: Hora da glorificação, do
levantamento 12,12-34; 3,13-21;
2. Importância da fé contra os ritos dos
sacramentos
Os sacramentos
faltam, podem ser um mero rito, separam. Jesus não batizava com água, só com a
Espírita Santa (1,33; 4,2). Não se menciona a eucaristia, em vez Jesus lava os
pés dos discípulos.(13). Jesus autoriza todos os discípulos, a perdoar (20,23)
3. O amor da comunidade contra o poder da
hierarquia
No Evgl. não aparecem
apóstolos, só discípulos que devem se amar, não há hierarquia, Há rivalidade entre Pedro e
o discípulo amado (20,3;). Pedro como líder deve aprender o amor (21, 15-19)., mas foi elogiado em 6, 67-71;)
4. Eu dou a minha vida para recebê-la de novo
Como Moisés levantou a serpente,
assim o Filho do homem seja levantado, a fim de que todo aquele que crê tenha a vida eterna (Jo 3,14-21).
Não se fala da
cruz ou tomar a cruz para seguir Jesus como os Sinóticos e outros Escritos
dizem, Em vez: o grão de trigo cai na
terra e morre para dar fruto em abundância (12,24-26).
Não se fala da ressurreição de
Jesus, ele recebe a vida de novo e aparece aos discípulos e à aqueles que
acredita, sem ter viso. Não há uma secunda vinda : ¨Estive morto, eis que estou
vivo pelos séculos dos séculos¨( Ap 1,18).
Mas há Comentários tradicionais sobre a
cruz e a ressurreição;
No cap. 6 Jesus diz: ¨Quem comer
deste pão viverá para a eternidade (6,51). Parece que um comentarista inseriu:
¨E eu o ressuscitarei no último dia (6,39; 40; 44; 54;). Mas quem comeu esta
pão e vive para a eternidade, não precisa ser ressuscitado no último dia.
No
cap. 5 o Pai reergue os mortos e os faz viver, o Filho também, faz viver
(5,21;). ¨Quem acredita não vem a juízo, mas passou da morte para a
vida¨(5,24 e 25). ¨Os que tiverem feito o bem sairão para a
ressurreição que conduz à vida, os que tiverem praticado o mal, para a
ressurreição que conduz ao julgamento¨ (5,29). O julgamento acontecerá no
futuro.
No
cap.11 Jesus acorda aquele que ele ama. O dialogo com Marta é secundário. Jesus diz: ¨Eu sou a ressurreição e a vida¨ Quem morre viverá e quem vive não morrerá.
(11,25).
No
cap. 20,9 o comentarista esclarece: Eles não tinham compreendido que Jesus
devia ressurgir. 21,14 Foi a terceira
vez desde Jesus ressurgira dentre os
mortos.
5. Chegou a hora da glória
È a hora da
glória, não da vitória! È hora do Pai e
do Filho, falta uma reflexão da Espírita Santa, a forca do alto, do amor, que
age em Jesus desde a concepção na Maria.. O conceito é apocalíptico, quer
dizer: agora e não no futuro (profético). Jesus se dirige aos gregos: ¨Chegou a
hora em que o Filho do homem deve ser glorificado¨(12,23). Esta hora se
preparou em Cana. ¨Que queres de mim, mulher? A minha hora ainda não chegou¨
(2,4;), se cumpre em 19,27: ¨Mulher, eis aqui o teu filho¨. Aos parentes ele
dizia:: ¨Meu tempo ainda não chegou ¨ (7,6), Quando Judas saiu, Jesus disse:
¨Agora o Filho do homem é glorificado¨ (13,13,31).
6. Agora é o julgamento deste mundo
¨Agora o príncipe deste mundo
será jogado abaixo¨ (12,31), no Apocalipse o acusador dos nossos irmãos foi
derrubado ( Ap 12,10), ele não mais tem lugar no céu, mas continua na
terra. ¨ Quanto a mim, elevado da terra,
atrairei a mim todos os homens ¨. O julgamento acontece no presente: Quem não acredita em Jesus, tem seu
juiz(12,48).
As
testemunhas do julgamento Jesus
mesmo dá testemunho da verdade (18,37. O
Evangelho fala 33 vezes de testemunhar (martirein),
14 vezes do testemunho (martíria).Testemunho,
testemunhar é um conceito jurídico. Num tribunal há o juiz, o promotor, o
advogado e as testemunhas.
O Paráclito, a
advogada, a Espírita Santa, dará testemunho de mim, e, por vossa vez, vós
dareis testemunho ( 15,26). ¨Com a sua vinda, confundirá o mundo a respeito do
pecado, da justiça e do julgamento¨ (16,7-11), aconteceu o julgamento definitivo,
apocalíptico, agora, na história precisa testemunhar este julgamento.
III O
Evangelho mesmo:
1. O Prólogo
No Início
era o Verbo 1,1-5
O Verbo era a luz dos homens
1,9-14
A lei de Moisés, a graça
por Jesus Cristo 1,16-18
O Prólogo foi
adicionado no final do Evangelho.
a) No inicio era o LOGOS (Verbo, Palavra)
e o Verbo estava voltado para o Deus. A preposição ´pros´ indica uma orientação
rumo a alguém (TEB), assim o Verbo estava orientado rumo ao Deus, Deus está com
artigo para destaca a personalidade de Deus e o Verbo era Deus, sem artigo.
O Deus e o Verbo estão em íntima relação, um ao outro.
b) Tudo se fez por meio dele. Na
Gnose o mundo é tão ruim que não pode ser criado por Deus mesmo precisava um
“Demiurgo”, um intermediário. No Prólogo é o Verbo, que faz o cosmo, que é bom.
c) O verbo
era a verdadeira luz, lembra como Deus separou a luz da treva (Gn 1,4). Ao
longo do Evgl. Jesus é a luz para a humanidade. Ele estava no mundo e o mundo
não conheceu o Verbo. O mundo no Evgl
recebe vários sentidos: É o mundo universal:
(17,5; 11,9;21,25;). É o mundo humano que Deus amou tanto: (3,16; 8,12;
6,51;) É um mundo de pecado: (1,29). O príncipe do mundo vai ser julgado. O
mundo odeia os discípulos (12,31, 15,18). Jesus não roga por este mundo hostil
(17,9). Este mundo hostil se concretiza
no Império Romano, o centro do poder mundial.
d) O Verbo veio para o que era Seu, os Seus não
o receberam (1,11). “Os Seus” referem-se aos judeus. Já aparece o termo “conhecimento,
importante na Gnose”. “O Verbo se fez carne e armou sua tenda entre nós
1,14”.
e) ¨Deus Filho único, que está no seio do Pai, no-lo revelou¨ (1,18). O seio do Pai aluda
à mulher, mãe. Se tornar filhos de Deus não vem de um querer do homem, mas de
Deus (1,13). Nos contos do nascimento de Jesus se fala: ¨Maria estava grávida
de Espírita Santa¨ (Mt 1,18) e ¨A Espírita Santa virá sobre ti...aquele que vai
nascer será santo e será chamado Filho de Deus¨(Lc 1,35)
f) O Verbo se fez carne e estabeleceu sua tenda
entre nós. O Evgl. destaca a importância da encarnação, uma reação à Gnose(cf a
1.carta de João) . “Nós vimos a sua
glória” (1,14).
g) Conclusão:
A Lei foi dada por Moisés, mas a graça e
a verdade vieram por Jesus (1,17). A Lei, promulgada pelos sacerdotes
sadoquitas, trazia a salvação. Mas há uma revolução radical: a vida não vem da Lei mas da graça. Aos que acreditam
em seu nome ele deu o poder de se tornarem filhos de Deus, que nasceram de Deus
1,12, quer dizer: que nasceram de novo da Espírita Santa. A palavra acreditar
aparece 89 vezes, a palavra fé nunca.
2. O ciclo do
Batista
João enviado por Deus 1,6-8; 15;
O testemunho de João 1.19-34
Discípulos de João e Jesus 1,35-51
Jesus o esposo, João o amigo 3,22-30;
Abre-se o ciclo do Batista, que se encerrará
3,30. João não é o Messias contra a expectativas dos sacerdotes e levitas. João
apresenta Jesus não como futuro messias-rei mas como cordeiro, vítima do poder,
que carrega o pecado do mundo (29) e como o filho de Deus (34) João não é digno de soltar a correia da
sandália daquele que vem, porque João é só amigo do noivo (Dt. 25,5-9 e Rt 4).
João batizava com água. Aquele sobre qual
desce a Espírita como pomba (alude ao Cântico, onde a noiva é como uma pomba)
batizará com a Espírita (cf. Jesus e Nicodemos e a Samaritana). João confessa:
”Eu não o conhecia” (1,31,33;). Mas ele deu seu testemunho, testemunho é uma
palavra - chave do Evgl. Se fala 33 vezes de testemunhar (martirein), 14 vezes do testemunho (martíria).
O Evangelho
não conta que Jesus foi batizado com água, ele batizará com Espírita Santa. Na
maioria das vezes o Novo Testamento só
diz ´Espírito´ sem o artigo, parece que
Espírito é uma força ou graça, que sai de Deus ”. ¨Sempre quando aparece sem artigo refere-se ao poder
criador de Deus que transforma situações e condições¨ (Ribla 44 p.55)
O Concílio chama o Espírito Santo ”Senhor¨ como Javé e Jesus (kyrios) para esclarecer, que ele é pessoa que age. ”Que
dá vida” é função da mulher, da mãe, não do homem que gera. Precisaríamos
falar: Mãe, que dá vida. O Concílio não aplica à Espírita nem o título “deus”
nem ¨consubstancial¨.
¨Com o advento do
cristianismo o arquétipo feminino foi totalmente eliminado da ligação com o
divino, o atributo de sabedoria associado com Jesus e depois transformado na
terceira figura da trindade: O Espírito Santo como Senhor, masculino. A igreja
ortodoxa preservou por um bom tempo o título grego de Sofia como sendo a
sabedoria divina dedicando-lhe inúmeras igrejas. A Santa Sofia foi uma adaptação à Grande Mãe
gnóstica, simbolizada pela pomba de Afrodite e depois transformada no Espírito
Santo”. www.teiathea.org. Mirella Faur.
Símbolos para a Espírita: Vento ou sopro ou brisa que solta dos
depósitos (S 135,7):¨O vento sopra onde quer, e tu ouves a sua voz, mas não
sabes nem de onde vem, nem para onde vai. Assim acontece com todo aquele que
nasceu da Espírita Santa¨ (Jo 3,8) Água:
No ultimo dia das festas das tendas derramaram água no Templo, mas Jesus
proclamava em voz alta: “Se alguém tem
sede venha a mim e beba aquele que crê em mim”. Como disse a escritura: “do seu seio jorrarão rios de água viva ”
(Jo 7, 37-39)
Os discípulos 1,35-51
Jesus encontra
discípulos 1,35-51. Eles professam Jesus como Rabi, Messias, ¨Aquele de quem
está escrito na lei de Moisés e nos Profetas (Dt 18,18), o filho de José de
Nazaré, Filho de Deus e Rei de Israel, nestes títulos eles expressam as expectativas
de Israel e Jerusalém. ¨Bendito seja o rei de Israel¨ (12,13).
Jesus mesmo responde a todos
esses títulos: ¨Vereis o céu aberto e os
anjos de Deus subindo e descendo sobre o
Filho do Homem¨ (Gn
28,10-17). Pela primeira vez aparece o
título ¨Filho do homem¨. ¨O que é o
homem para que dele te lembres, o filho de Adão para que dele te ocupes?¨(Sl
8,5; 80 (79),18; Sl 143(1 44). Os filhos do homem são os descendentes de Adão e
designam toda a humanidade da terra, este termo aparece bastante nos Escritos
do Judaísmo exílico / pós-exílio. (cf.
Is 56,2; Jr 49,18; Dt 32,8; Dn
3,82; Sr 40,1; 17,1; 17,30;)
O subindo e descendo dos
anjos alude ao fato que Jesus vem do Pai e volta ao Pai, o tema central do
Evangelho: ´Ninguém subiu ao céu senão
aquele que desceu do céu, o Filho do Homem¨ (3,13-14). O Filho do Homem dá o alimento que permanece
(6,27 e 53). O Filho do Homem vai ser
exaltado (8,28, 12,13), vai ser glorificado (14,31). Os sacerdotes dirão: ¨Esse homem¨. Pilatos dirá: ´´ Eis o homem´´ (19.5)
3. Dois cenários: As bodas de Caná e o Templo de
Jerusalém
Caná prefigura as obras de Jesus em Galileia 4,43-54 e 6;
Jerusalém prefigura as idas de Jesus para
lá. 2,1-25
Caná está na Galileia dos povos, dos estrangeiros, da gente sem
guia, dos impuros, Jerusalém com a sua liderança sacerdotal espera um Messias.
São lugares opostos..
Em
Cana da Galileia aparece a primeira manifestação da Gloria de Jesus durante um
casamento. A cena avisa as núpcias do Cordeiro no Apocalipse.. No terceiro dia
da semana aconteceram os casamentos no Judaísmo. As bodas de Caná são festas do
povo que não mais observa a lei (6 potes sem água para a purificação). Segundo
costumes orientais a noiva era banhada e adornada (Ez 16,9 e Ef 5,26).
¨Que queres de mim, mulher?¨ O Evgl.
rejeita qualquer poder: o patriarcado, a matriarcado e a hierarquia, todos são irmãs
e irmãos (cf. 19,26). Jesus só escuta o seu Pai e faz as obras dele. Maria como
mulher simbolizará a noiva, a igreja. ¨Que
queres de mim, mulher? A minha hora ainda não chegou¨ (2,4;).
Seu momento (kairos) ainda não se completou
(7,8): ¨Mas o vosso momento é sempre
favorável¨ diz Jesus aos seus irmãos
(7,6). em 12,23 Jesus dirá: É chegada
a hora em que o Filho do homem deve ser glorificado¨. Se cumpre a hora, quando Judas , um dos discípulos saiu
para entregar Jesus (13,31).
Jesus
transforma a água em vinho, sinal dos tempos das núpcias do Cordeiro. O
Evangelho não fala de milagres, mas sim de sinais que sempre avisam o futuro.
A primeira ida de Jesus para Jerusalém
na Páscoa, primeira confrontação: O templo virou um mercado. Os judeus exigem
um sinal: ¨Destruam este templo e em três
dias eu o reerguerei¨. Ele falava do
seu corpo 2,13-22;. Os judeus destruirão
o seu corpo.
Jesus erguerá
outro templo, que é seu corpo. Muitos em Jerusalém creram em seu nome. O Evgl. fala
de ¨acreditar nele¨. Jesus conhecia a todos, ele sabia o que há no homem
(2,23-25).
4. Duas pessoas: Um Mestre em Israel
Nascer
do alto 3, 1-13
Crer no Filho 3,31-36 e 22-30
(3,14-21 pertence
a 12,32, que fala do levantamento e julgamento)
O
lugar é ainda Jerusalém é lugar da Lei e poder dos sacerdotes. É noite. A
ortodoxia fica nas trevas. Um professor
em Israel, Nicodemos, veio à noite ter com Jesus.
O assunto é o renascimento pela Espírita, ela é como o vento: ¨O vento sopra onde
quer, e tu ouves a sua voz, mas não sabes nem de onde vem, nem para onde vai¨
(3,8), a Espírita é tão soberano e universal que não pode ser fixada pelas
estruturas hierárquicas ou eclesiais. Quem nasce da carne, fica preso numa
estrutura de leis. “Quem não nasça (da água e) da Espírita, não
pode ver e entrar no Reino de Deus”. Necessário é de nascer do alto ou de
novo. No início se fala ainda do Reino, depois da vida eternal.
Como pode
nascer de novo? Como pode (também 6,42;) é a pergunta daqueles que buscam poder e
não acreditam. Jesus pode como o Pai pode. Precisa acreditar no Enviado por
Deus, que vem do alto (3,31-36).
Rivalidade entre os discípulos de
João e de Jesus: quem batiza mais? O batismo com ¨água” alude aos discípulos
que batizavam. Aparentemente tinha concorrência entre os discípulos de João e
de Jesus. Todos correm para Jesus. “Na
verdade, Jesus mesmo não batizava com água, mas os seus discípulos” (4,2)
Jesus é o noivo e tem a noiva. “É preciso que
ele cresça e eu diminua” são palavras de fecundidade, ou esterilidade (22-30).
O Batismo com a Espírita abrange qualquer um, uma oferta universal.
Jesus deixou a Judeia e foi para a Galileia.
5.
A mulher samaritana: Dá me esta água
Conversa
sobre a água viva, o espírito da verdade. 4,1-42
Na
Galileia cura do filho de um oficial régio (4,43-54;)
Passando por Samaria Jesus parou no poço de
Jacó em Sicar na Samaria. Para os Judeus de Jerusalém os samaritanos são
heréticos, cismáticos, são uma população
mista com gentios, estão fora da Lei. Jesus quebra os preconceitos. É meio dia.
Jesus, cansado da viagem, pede água de uma
mulher samaritana que estava tirando água no poço de Jacó. Os samaritanos foram
tratados como prostitutas pelos judeus, a samaritana com cinco homens era
prostituta? Jesus, maior que o pai Jacó, dá água viva.
Jesus sabe
tudo o que há na pessoa: ¨Tu dizes bem:
`Não tenho marido´ Nisso disseste a verdade. Diante de Jesus a mulher (e
nós) pode falar a verdade.
Ele é o
profeta que ensina o culto autentico: adorar o Deus em Espírito e Verdade, em
qualquer lugar, a adoração não está ligada aos lugares sagrados, a criação é o
templo de Deus.. Muitos Samaritanos acreditaram em Jesus. Os judeus dirão de
Jesus: “Tu és um samaritano e um possesso” (8, 48).
Conclusão
43 -54: Jesus deixa Samaria e volta para a Galileia, “um profeta não é honrado em sua própria pátria”. Apesar desse
provérbio a Galileia aceita Jesus.
. Em Caná Jesus faz o segundo sinal:
desta vez é a cura do filho de um oficial régio de Herodes Antipas.
6.
A massa em Galileia: Dá- nos este pão.
Acontecimento: Jesus reparte o pão e anda
sobre o mar (6,1-21)
Discurso sobre o pão da
vida (6,22-59)
Resultado (6,60-71)
Em
4, 46 Jesus volta a Caná de Galileia e passou para outra margem do mar de Galileia
6,1. Devemos ler o cap. 6, 1-71 antes do
cap.5 quando Jesus subiu a Jerusalém por ocasião de uma festa e ficou lá,
Mas os judeus procuravam matá-lo. Por
isso em 7,1 ele percorria Galileia.
Jesus agora passando para outra margem do mar
da Galileia da Tiberíades, cidade que o tetrarca Herodes tinha construído em
honra do Cesar Tibério, habitada por gentios, lugar dos poderosos. Jesus subiu à montanha, viu uma grande massa
(ochlos) e pergunta:”Onde compramos pão?”
Jesus põe os discípulos à prova? Deus nunca coloca à prova, a tentação vem
do inimigo. A pergunta é retórica, ele
sabe o que fazer. Ele tomou os pães, deu graças e distribuiu. Jesus analisa
bem: há gente na massa que quer fazer Jesus rei (6,15).
Mudança para Cafarnaum: os discípulos num barco
no mar, na noite. Jesus andando sobre as águas, manifesta Javé: “Sou
eu”(6,16-21), simbolizando o caminho para a libertação.
Disputa em Cafarnaum (22-34.) com a massa que
comeu pães à saciedade, mas não
entenderam o sinal, que significa acreditar em Jesus que dá um pão diferente.
No final disseram: ¨Dá nos sempre este pão¨. Jesus é o pão da vida.
¨Todos os que o Pai me dá, virão
a mim… que eu os ressuscite no ultimo dia¨. Parece que um comentarista tradicional
inseriu: ¨E eu o ressuscitarei no último dia (6,39; 40; 44; 54;). Mas quem
comeu esta pão e vive para a eternidade, não precisa ser ressuscitado no último
dia.
Veja também
5,28-30; e no diálogo com Marta numa
inserção, quando Jesus diz: ¨Eu sou a ressurreição e a vida (11,25), um conceito escatológico, que avisa o futuro..
Só nestas ocasiões se fala da ressurreição e do último dia que não combina com
o conceito do Evgl.O final se cumpre no levantamento de Jesus.
Agora segue uma disputa com
os “Judeus” (6,41-59)
O contraste
entre judeus e aqueles que acreditam em Jesus são estas: de um lado Moises com
o Maná no deserto e do outro lado Jesus, o Filho
do Homem, com o Pão da vida que vem de Deus. Como ele pode dar seu corpo e
seu sangue? De novo: como pode? Poder
contra fé. ”Aquele que crê, tem a vida eterna. Eu sou o pão da vida (6,47-59)”.
Neste mundo perecível com seus alimentos perecíveis Jesus dá um pão
imperecível. Não se menciona a
Eucaristia.
Conclusão (60-71): Divisão entre aqueles que
se escandalizam e aqueles que acreditam. A Espírita vivifica não a carne. Uma
palavra dura, muitos de seus discípulos se retiraram, podem ser aqueles que
querem fazer de Jesus um rei. Simão
confessa: “Quanto a nós, cremos e
conhecemos que tu és o Santo de Deus¨ (não Messias, nem Rei). (6,69) O conhecimento pela fé dá vida. Termina a
ação de Jesus em Galileia, começa a disputa em Jerusalém.
7. O Pai deu-lhe autoridade de julgar porque é o Filho do homem.
Acontecimento:
cura do paralítico, os judeus puseram-se a hostilizar Jesus 5,1-18;
Discurso: O Pai deu-lhe autoridade de julgar
(5,19-30)
As obras de Jesus testemunham (5,31-46);
A cura no Sábado ensina de julgar o que é justo
(7,15-24;)
Jesus e o Pai dão testemunho válido (8,13-20)
Resultado
Jesus voltou para a Galileia (7,1)
Sobre o julgamento
(não condenação) 5,19-30 e testemunho: 5,31-47; continua em 7,15-24 que
refere-se à cura de um homem num Sábado. ¨Cessai de julgar¨ (7,24) e termina em 8,13-20 que refere-se ao
testemunho de Jesus e do Pai. Jesus
ensinava no templo 8,20.
Segunda ida de Jesus para Jerusalém:
onde tinha a piscina Betzatá, um bairro de Jerusalém a nordeste do Templo,
aparentemente o lugar dos doentes, que são impuros. É o dia do Sábado, Jesus vê
um homem enfermo, fazia já 38 anos. “Levanta-te, toma a tua cama e anda”. É o
dia sagrado, a Lei não permite carregar a cama. Jesus transgrediu a lei e manda
um doente carregar sua cama. Jesus trabalha no Sábado como o Pai continua
trabalhando.
Os judeus
puseram-se a hostilizar Jesus, procuravam dar-lhe a morte, porque Jesus chamava
Deus seu próprio Pai e fazendo-se igual a Deus. (5,1-18).
A controvérsia com os Judeus sobre o julgamento (5,19-30):. Deus continua
sua obra no dia de Sábado como juiz, porém julga ninguém e deu ao Filho do
homem a autoridade (exusia) de julgar.
Quem te deu autoridade (não poder) de exercer o julgamento? (5,27). O
Pai reergue (não ressuscita) os mortos para viver, o Filho também dá vida. Quem
crê no Filho tem a vida eterna e não vem a juízo, até os mortos podem ouvir a
voz dele e viver.
O comentarista
fala da hora que vem e da ressurreição, que não combina com o conceito apocalíptico
do Evangelista. Os que tiveram praticado o mal sairão do túmulo para a
ressurreição que conduz a um julgamento (não à condenação (5,28-29). Poucas
vezes o Evangelho fala da ressurreição 6,54;e 11,23-25.
Sobre
o testemunho (martiria): Num julgamento
precisa testemunhas: as obras de Jesus testemunham que ele é o enviado do Pai,
o ensinamento de Jesus é o ensinamento do Pai, Jesus refere-se a Moisés
(31-47).
Em
7,15-24 continua a controvérsia com os Judeus: Como ele é tão letrado, se não
estudou? Jesus: Por que procurais matar-me? A massa argumenta: “Tu estás possuído de um demônio Quem
procura matar-te?”. A resposta de Jesus: A lei de Moisés permite a
circuncisão no Sábado, porque não curar um homem no dia de Sábado? Cessai de
julgar segundo a aparência
Em 8, 13-20 termina o discurso de 5,1-47: os
fariseus disseram: “Tu dás testemunho em teu favor, não é válido”. Jesus
respondeu: ¨Eu dou testemunho de mim
mesmo e o Pai que me enviou também dá testemunho de mim. Vós não me conheceis e
não conheceis a meu Pai”.
Mas ninguém o deteve porque não havia
chegada a sua hora (8, 20).
8. De onde vem o Messias e para onde vai o Filho do Homem
Acontecimento:
Jesus vai para a festa das tendas em Jerusalém? (7,2-10)
Dúvidas (7,11-14), de onde
ele vem, para onde vai? (7,25-36 e 8,13-20)
A água viva (7,37-39)
separação (7,40-52)
Resultado: Jesus foi para o
monte das Oliveiras (8,1)
(7,15-24; pertence ao cap.5
que terminava com a cura de um paralítico)
Terceira
ida de Jesus para Jerusalém na festa das Tendas: Jesus preferia percorrer a
Galileia e não a Judéia, onde os judeus queriam matá-lo. Os irmãos de Jesus
querem que Jesus manifeste o seu poder, buscam prestígio, mas o tempo de Jesus
ainda não chegou (cf. a hora nas bodas de
Caná). Jesus vai para a festa às escondidas simbolizando sua chegada e sua
subida.. Lá eles procuram Jesus
perguntando: ¨Onde está ele?¨ (7,1-13).
Discurso com os Judeus sobre o Messias: sua
origem e seu destino: de onde ele vem e para onde Ele vai. Eles sabem de onde Jesus vem. Quando vem o Messias não se sabe, de onde ele
vem. Para onde Jesus vai, eles não podem ir: (7,14; 25-36).
O discurso continua em (8, 21-30). ¨Para onde
eu vou, vós não podeis ir¨. Eu parto, vocês
morrereis em vosso pecado. “Quando tiverdes elevado o Filho do Homem,
conhecereis que EU SOU”. De novo: o
autor fala da elevação (e não da cruz) do
Filho do Homem.
Na liturgia da festa havia no
final uma procissão com água, levada da fonte para o Templo. Jesus mesmo é a fonte da água viva: Jesus
proclama: ¨Se alguém tem sede, venha a mim e beba aquele que crê em mim..¨ Do
seu seio jorrarão rios de água viva”.
Ele designava assim a Espírita Santa que deviam receber os que creriam
nele. Ainda Jesus não foi glorificado
(7.37-39). A promessa se cumpre quando um soldado feriu-lhe o lado com a
lança e saiu sangue e água (19,34;)
Dentro da
massa (ochlos) tinha divisão: uns falavam, ele é o Messias, outros que não
Alguns já querem prende-lo. Os fariseus falam aos guardas:
¨Apenas
há essa massa (ochlos) que não conhece a lei, essa gente maldita¨ (7,49).
A palavra grega ‘ochlos’aparece 174 vezes
no NT. Em espanhol a turba é uma aglomeração agressiva. O português conhece as
palavras “conturbar, perturbar-se”, “turbulência”. Em geral se traduz óchlos por multidão
(pletos), um número indefinida de gente: Porém, o termo ‘ochlos’ designa a massa fora da Lei, plebe,
ordinário, marginalizado. ‘Ochlos’ é a massa dos empobrecidos, sem lideres,
perdidos, excluídos da sociedade religiosa e política. típico para a literatura
apocalíptica que encontramos na fonte Q e no Evgl. de Marcos. Movimentos
apocalípticos nascem em situações de desintegração, perseguição, opressão e
exclusão. (Paulo Richard em “Apocalipse” (p.49). “Eu vi: era uma imensa massa (ochlos). Eles vêm da grande tribulação” (Ap 7,9-14). A massa popular anônima, sem
importância política e cultural.
Os doentes fazem parte da massa: A
enfermidade é entendida como estar de costas para Deus. Igualmente no mundo
helenístico-romano a saúde corporal é entendida como um estado de “pureza“; “Os
doentes não são aceitos no convívio da comunidade. São excluídos de cargos e
lugares públicos. Ficam sem assistência social e médica (já bem precária). São
obrigados a mendigar para prover a sua penúria e fome. Assim, são vistos caídos
pelo caminho (Mc 10,46), nas portas dos lugares públicos (Jo 5,3 Ribla 57, p.123)
Os
gentios, as nações, povos ´goim´, (não pagãos): Os estrangeiros, as gentes,
as nações são automaticamente ochlos, massa excluída do povo eleito, Jesus
dirige se a eles. A mulher samaritana (Jo 4;) os gregos, representando as nações
(12,,20)
Eles voltam para casa, Jesus vai para o monte
das Oliveiras (7,40-8,1).
9. Os
verdadeiros filhos de Abraão:
Acontecimento: A mulher
adúltera deve ser apedrejada (8,2-11)
Discurso: os verdadeiros
filhos de Abraão não matam (8,31-58)
Resultado: Os fariseus querem
apedrejar Jesus (8,59).
Neste cap. se trata do grande conflito entre o judaísmo formativo com a
lei e Jesus em quem se precisa acreditar. Após a destruição do templo no ano 70
d.C. não mais aparecem sacerdotes, por quais Javé falou e ordenou (Ex 25,,22)
mas os fariseus (e escribas) que dão continuidade à Lei sadoquita para os judeus dispersos no mundo. Se alguém
pecar por inadvertência , sem saber , precisa reparar o pecado através de
sacrifícios ou ritos de absolvição (Lv 4,1) ou ser apedrejado.
Ao clarear o dia Jesus volta ao Templo e se
pôs a ensinar (8,2;). O discurso começa com a apresentação de uma mulher
adúltera ((8,3-11). Trata-se de uma tradição independente, o seu caráter
canônico não é contestável
Os escribas e fariseus trouxeram uma mulher que fora surpreendida em adultério. A lei ordena apedrejar uma mulher adultera. Jesus não condena.
Os versículos 8,13-20 tratam sobre o testemunho de Jesus e do Pai e pertencem ao cap. 5. Os versículos 8,21-30 tratam do levantamento de Jesus e pertencem ao cap. anterior.
Os escribas e fariseus trouxeram uma mulher que fora surpreendida em adultério. A lei ordena apedrejar uma mulher adultera. Jesus não condena.
Os versículos 8,13-20 tratam sobre o testemunho de Jesus e do Pai e pertencem ao cap. 5. Os versículos 8,21-30 tratam do levantamento de Jesus e pertencem ao cap. anterior.
Jesus se dirige primeiro aos crentes,
depois aos judeus: “Se permaneceis na minha palavra, conhecereis a verdade e a
verdade fará de vós homens livres” (8,31-58). Agora não se recorre só a Moisés
e à Torá, mas a Abraão e à fé dele. “Não somos filhos da prostituição” (veja
Oséias Jeremias e Ezequiel 16,3). “Meu pai era arameu, tua mãe uma hitita (não
judia)”. Não a descendência física de Abraão, mas a fidelidade dele à promessa libertará.
Agora a fidelidade em Jesus, que é o filho prometido a Abraão, libertará.
Estes fariseus são filhos do Diabo que faz
morrer os homens (8,44) como vimos na vontade de apedreja a mulher
adúltera. Para os judeus Jesus é um
samaritano, um possesso (8,48). Resultado: Jesus é major do que Abraão: ¨Antes
que Abraão fosse: “Eu sou” (8,58).
Recolheram pedras para apedrejá-lo. Jesus saiu
do Templo 8,59.
10. O bom pastor tem autoridade
de dar a vida e de recebe-la
Acontecimento: Festa da Dedicação: messias-rei (10,22-24)
Parábola sobre a tarefa de um pastor (10,1-6)
Discurso: autoridade de dar a
vida para recebê-la, (10,7-38);
Resultado: Jesus voltou para além
do Jordão ( 10,39-42).
Em Jerusalém houve a Festa da Dedicação: no
Pórtico de Salomão do Templo, A Festa da dedicação lembrava a purificação do
altar no tempo de Judas Macabeus 164
a .C. e despertou a esperança messiânica na libertação.
Era inverno. Controvérsia polemica: os Judeus buscam um Messias poderoso:¨Se és
o Cristo, dize nos abertamente (10,24).
O Evangelista
usa uma comparação envoltório (10,1-6): Quem entra no redil pela porta, é o
pastor, quem penetra, é ladrão. O pastor conhece as ovelhas, mas elas fogem do
ladrão.
Aplicação:
Jesus é a porta das ovelhas. Quem não entra no redil pela porta, é ladrão e
assaltante. Jesus é o bom pastor que se despoja da própria vida, o mercenário
foge do lobo. “Eu conheço as minhas ovelhas, e as minhas ovelhas me
conhecem”. Jesus tem ainda outras
ovelhas que não pertence a este redil, não se fala mais do Templo (10,7-16).
O Pai ama Jesus, porque se despoja da vida,
para depois de receber.”Ninguém tira a minha vida, eu tenho autoridade plena (exusia) de dar a
vida e recebê-la (lambanein)”. (10,18;)
Na 1. Carta de Pedro (3,18) ¨Vivificado pelo Espírito Santo¨. Um hino em 1 Tm 3,16) diz: ¨ Manifestado em
carne, justificado em Espírito¨. Em João
20,22: Jesus sopra este Espírito. ¨Recebei Espírita Santa¨.
Os judeus não creem nem no Pai, nem em Jesus,
eles não são das ovelhas de Jesus (10,17-18 e 25-30). ¨Eu e o Pai somos um¨
(10,30), uma primeira reflexão binitária.
Os judeus apanharam de novo pedras para
apedrejá-lo (10,31). Jesus é acusado de blasfêmia, porque se faz Deus (10,33). Só havia blasfêmia no momento em que se pronunciava
o Nome Divino (Sinédrio 7,5) Mesmo a lei chama de deuses as pessoas as
quais a Palavra de Deus foi dirigida. .
Conclusão: Eles tentaram prender
Jesus, mas ele escapou de suas mãos e voltou para além do Jordão, no lugar onde
João começou a batizar, e aí permaneceu. (39-42).
11. Jesus
desperta o discípulo amado
Jesus volta agora para Betânia, a terra de Maria e Marta: (11,1-16)
Discurso com Marta sobre
a ressurreição(11,17-37)
Jesus desperta Lázaro:
(11,38-44;)
Conclusão: resolveram
fazê-lo perecer (11,45-54)
Quarta ida: Jesus estava num lugar além
do Jordão e volta agora para Betânia, a terra de Maria e Marta: ´´Senhor, a quem tu amas, está doente´´.
Trata-se do discípulo amado, o nome Lázaro devia ser inserido mais tarde. Este
texto vem da fonte dos sinais e contém os versículos: 1, 3, 4a, 6, 7a, 11b, 17,
32, 33b, 34, 38acd, 39a, 41a, 43b, 44.
O dialogo com
a Marta: Se fala de novo da ressurreição como em 6,36-40.e 5,28-29; A Ressurreição
pertence ao conceito escatológico e acontecerá no futuro, cruz e ressurreição
são tema central nos Sinóticos. Mas o Evangelho defende o conceito
apocalíptico: o futuro acontece agora. O ultimo dia se realiza agora na fé em
Jesus (11,18-31). Na aparição do Senhor só uma vez se fala da ressurreição
citando as escrituras ( 20,9).
Jesus vai
despertar Lázaro. O discípulo amado já estava quatro dias no túmulo. Jesus gritou com voz forte: “Lázaro, vem para
fora”. “Deixam-no ir”, Os circunstantes são chamados a ajudar. O discípulo
amado representa a comunidade. Sinal, que o ultimo inimigo de Deus vai ser
vencido.
Conclusão do sumo sacerdotes
Caifas (11.45-54):
Nos sinóticos foram os sacerdotes, escribas e
anciãos, e não os fariseus que acusam Jesus. No tempo do Evangelho de João após
a destruição do Templo não existem mais estes sacerdotes, mas sim a hegemonia
farisaica, por isso o autor liga os sacerdotes com fariseus de Jamnia.
O
Sumo Sacerdote Caifás analisa as consequências: Na ideologia sadoquita só o
sumo sacerdote é profeta, por quem Javé “fala e ordena” (Ex 25,22). Muitos
acreditavam em Jesus, ele provocou uma divisão entre a massa em Jerusalém.
Havia o perigo que todos crerão nele, os Romanos intervirão e destruirão o
lugar santo e a nossa nação (11,48). “Ser de vosso interesse que um só homem
morra pelo povo e que não pereça a nação inteira”. Jesus, vítima dos interesses
dos poderosos. O Evangelista destaca que
o depoimento de Caifás é profético. Jesus como o bom pastor dá a vida pela
nação e para reunir os filhos de Deus. No relato da glória do Filho do Homem se
mostrará a soberania de Jesus, ninguém tira a vida dele, ele dá livremente para
recebe-la.
Jesus se
absteve de ir e vir abertamente entre os judeus, se retirou para uma cidade
chamada Efraim onde permaneceu com os discípulos (11,54).
12. A hora da glorificação:
o
levantamento do Filho do Homem:
Acontecimento: A
unção na Betânia(11,58-12,11)
Chegada em
Jerusalém (12,12-19)
Hora da glorificação, (12,20-34;)
Levantamento do Filho humano (3,13-21)
A luz
ainda está entre vós (12,35-36; e 12,44-50.)
Conclusão: Jesus se escondeu deles ( 12,36 b)
A quinta e última ida de Jesus para Jerusalém na Festa da
Páscoa: Hora da glorificação, do levantamento do Filho do Homem e do julgamento
12,12-34; 3,13-21;.
Festa da
Páscoa em Jerusalém: Preparação pela unção na casa de Marta e Lázaro, que Jesus
despertava (não ressuscitava). Conforme Marcos 14, 3-9 e Mateus 26,6, a unção aconteceu na casa
de Simão leproso. Mas era é impossível, a lei proibia de entrar em casa de um
leproso. No aramaico a palavra ´leproso´ é semelhante à palavra <
essênio>, por isso podia ser a casa de um essênio. Se alguns (Marcos, em
Mateus são os discípulos) comentavam indignados: “Para que este desperdício?”
eles demonstram a rigidez da pobreza dos essênios, o que Jesus rejeita. No
Evgl. Judas Iscariotes pergunta: “Porque não se vendeu esse perfume.”. Um comentarista
faz dele em ladrão (12, 1-11).
Chegada em Jerusalém: Grande massa ia
para a festa. Muita gente exclamava: ¨Hosana! Bendito seja em nome do Senhor
aquele que vem: O rei de Israel¨ (Jo 12,13).
Pilatos escreverá:: Rei dos judeus.
Os sinóticos relatam:
Bendito seja o reino que vem¨ (Mc
12,10)
Hosana ao filho de David! (Mt
21,9)
O rei, paz no céu (Lc 19, 38)
Jerusalém não terá paz.
Alguns gregos (estrangeiros) querem ver
Jesus. Eles representam o Império greco-romano, todos os povos. Agora o discurso se dirige não só a
Israel, mas abre o portal para todos os povos:”É chegada a hora em que o Filho do Homem deve ser glorificado”.
È
chegado a hora:
O conceito do
Evangelho é apocalíptico. Na escatologia se espera a salvação no futuro: ¨no
terceiro dia¨, ou no último dia do julgamento, significa uma evolução. Na
apocalíptica acontece a salvação no presente: agora é o julgamento, agora o
Filho do homem vai ser glorificado, é uma revolução. As testemunhas atestam o julgamento na
hi
É o ponto culminante da história: o
julgamento. Este fato sobre Jesus deve
ser testemunhado na história, testemunhado pelos mártires junto com a Espírita
Santa. A advogada defenderá os discípulos na história diante dos tribunais do
mundo e confundirá o mundo a respeito do pecado, da justiça e do julgamento.
A glorificação:
O
autor não fala da vitória, enquanto os poderosos gloriam-se das vitórias sobre
os fracos, que serão derrotados. O autor fala sempre da glorificação.
Para a Gnose a cruz e a morte não tem
valor e não traz a salvação. A salvação deste mundo ruim acontece pelo
conhecimento, pela sabedoria e educação para participar do divino. Uma morte
que salva não tem sentido. Precisa se
libertar deste cosmo, largar o corpo como parte do cosmo. Quem tem conhecimento
desrespeita e rejeita este mundo. “A salvação perfeita é o conhecimento da
grandeza inefável”.
O Evangelho não cita os três avisos
dos sinóticos sobre a crucificação e ressurreição de Jesus. A cruz só aparece
no cap. 19. Em vez o Evgl. fala: Jesus
tem autoridade (do Pai) de dar a vida e a receber de novo (10,18).
Do mesmo modo
não se fala, tomar a sua cruz e seguir Jesus. O exemplo mais forte e mais belo
é a lei da natureza: o grão do trigo
morre para produzir fruto em abundância (12, 24-26), é o ciclo de toda a natureza
que serve para o ser humano. O ser humano
tem liberdade, ele pode agir como a natureza: quem perde a vida guardará para a
vida eterna. Pela primeira vez Jesus convida todos para o seguimento..
Na realidade a morte de Jesus foi uma derrota
causada pelo príncipe do mundo, não é a hora de Deus mas da escuridão, do poder
das trevas. Jesus está perturbado:¨Que
direi? Pai, salva-me desta hora? Mas é precisamente para esta hora que eu vim.
Pai, glorifica o teu nome¨ (12,27-28). Assim esta hora terrível será a hora
da glória. ¨Sucesso não é o nome de Deus.¨
(Martin Buber).
O Levantamento:
A massa
pergunta: ¨Como podes dizer que é
necessário que o Filho do Homem seja elevado?¨ (12,34). ¨Quem é esse Filho do Homem?¨ Muitas
vezes o Evangelho falou do Filho do Homem: 1,51; 6,53; 5,27, 8,28;9,35; Este
título veio de Daniel: ¨Com as nuvens do céu vinha um como Filho do Homem (Dn
7,13;) uma pessoa divina ao lado do ancião.
Falta uma
resposta de Jesus que encontramos nos versículos 3, 14-21, que prefiguram e
explicam o levantamento de Jesus: Os que no tempo de Moisés olhavam para a
serpente de bronze, levantada na hasta, sobreviviam (Nm 21, 4-9). Agora Deus
não enviou o seu Filho ao mundo para julgar o mundo, mas para que o mundo seja
salvo por ele. Aquele que crer não será julgado, quem não acredita já está
julgado, quer dizer: ele mesmo se julga. Os homens preferem a escuridão (3,19).
Acreditar em Jesus significa fazer as obras da verdade e rejeitar as obras da
escuridão (3,19-21).
Agora é o julgamento deste mundo:
Agora o príncipe deste mundo que está acima de
tudo e domina o mundo será lançado fora.
Ele é jogado abaixo enquanto Jesus vai ser elevado e atrairá todos os
homens (12,20-36). O julgamento já aconteceu no levantamento
de Jesus, mas precisa ser verificado na história num processo pela advogada e
pelas testemunhas mártires. O julgamento acontece na própria pessoa. O mundo do
poder se julga a si mesmo. A Espírita da verdade vai guiar para a verdade
plena. (16, 6-15). .O testemunho mais forte dava Jesus diante do Pilatos: ¨Eu
nasci e vim ao mundo para dar testemunho da verdade (18,37).
Último convite para acreditar 12,44-50: Eu vim ao mundo como luz. Se alguém ouvir as minhas palavras e não
as guardar, tem o seu juiz. Jesus não julga ninguém, a própria pessoa
julga-se mesma, é seu juiz. Ainda resta um breve tempo de luz.
13. O mestre se despede dos discípulos
Jesus saiu de
Deus e volta para Deus 13,3
O lava-pés, Judas entregará Jesus (13, 21-30)
O
novo mandamento: amar como Jesus amou (13,31-38)
Agora Jesus vai ao Pai,(14,1-14)
Promessa do Advogado (14,15-31)
Conclusão: Levantai-vos, partamos daqui (14,31)
Jesus saiu de Deus e volta para Deus
(13,3).
A despedida
do mestre, agora ele volta para o Pai. O autor não menciona a descida à mansão
dos mortos, não terceiro dia nem da ascensão. O pai deu a Jesus a vida pela Espírita Santa e de
Maria, agora depois da sua missão de dar testemunho da verdade ele volta ao Pai
como homem maltratado, rejeitado, morto pelos poderes religiosos e políticos.
Assim o Pai, triste, recebe seu filho rejeitado, não pune, em vez dá vida ao sei Filho as chagas permanecem..
O ensinamento dos
discípulos
se faz durante a última refeição, não no
caminho como nos Sinóticos. O autor não menciona a eucaristia. Uma liturgia só pode ser uma farsa, um mero culto
do mesmo modo como acontece com o batismo.
Era costume se
deitar na mesa “triclínica”, uma mesa sempre para três pessoas: Jesus no meio,
o discípulo amada reclinado à direita, Judas à esquerda, o lugar de honra.
Jesus dá um exemplo na ceia derradeira:
Exemplos atraem. O mestre se torna escravo e lava os pés dos discípulos. “Pois
o Filho Humano não veio para ser servido, mas pra servir e dar a vida como
resgate por todos”. (cf. Mc 10,45). Simão Pedro primeiramente resiste, depois
quer privilégio, 13, 1-20.
Judas entregue Jesus:
Agora se
realiza a hora da glorificação: não é a mãe em Cana,, não são os parentes de
Nazaré, mas um dos discípulos amados, a quem Jesus dá o bocado, entregará ( não trair) o mestre (13,31). Jesus
dirige a cena: “Um de vocês me entregará” (não trair), Jesus até exorta seu
amigo ”O que tens a fazer, faze-o depressa (13,21-30). Jesus respeita qualquer
liberdade dos homens.
Um mandamento novo:
“Como eu vos amei, vós também amai-vos uns aos
outros (13,34). O amor de Jesus consiste em dar a vida pelos irmãos e dar
testemunho da verdade que conduz o justo à morte pelos corruptos. O amor é o principal
mandamento, nada mais.
Agora Jesus vai ao Pai:
O mundo não me verá
mais, vós, porém, me vereis vivo (14,19).
Simão
Pedro: “Aonde vais?” Na casa do Pai há muitas moradas. A casa do Pai não está
restringida a qualquer estrutura das igrejas, que são tentados a excluis os
dissidentes. Tomé pergunta: Não sabemos para onde vais. Como saber o caminho?
Jesus: ¨Eu sou o caminho, a verdade e a vida¨.
Promessa
do “paráclito”, advogado ou advogada,
Jesus não deixa os discípulos órfãos (14,18). A advogada é como uma mãe que não
esquece a sua criança (Is 49,15) “Vós o conheceis”, é uma promessa aos
discípulos, não ao mundo. Espírita da verdade que ensinará tudo e recordará
tudo, lembra o passado, avisa o futuro. O Jesus histórico não está mais
corporalmente na história.
Agora
termina o ensinamento na refeição: “levantai-vos! Vamos sair daqui”. (14,31)
14. A atividade
do Paráclito, da Advogada
A seqüência natural de 14,31 é
18,1. Por volta de ano 90 terá havido uma primeira redação. No final da década
de 90 fizeram uma nova edição, incluindo os cap. 15 a 17; uma repetição
aprofundada de cap. 13 e 14. Quase a
metade da palavra ´mundo´ aparece aqui .( Gass 8 p.122)
a) Exemplo da a vinha (15,1-6)
b) Discurso sobre amor e ódio (15,7-25)
c)A advogada na história (15,26-16,15)
d)
Da aflição à alegria (16,16-24)
e) Conclusão: Jesus já venceu o mundo
(16,25-33)
a)
A vinha
A
parábola da vinha é bem conhecida, veja o Salmo 80 (79) que representa Israel
retirada do Egito (S 80, 9), ela é a casa de Israel e a gente de Judá ( Isaias
5,1-7); Agora o Pai é o
vinhateiro, Jesus é a verdadeira vinha, a comunidade é sarmento. O Evgl fala
muito do Pai junto com o Filho. Ainda não há uma reflexão trinitária, falta a
Espírita Santa. Se olhamos para a videira, podemos não ver mas constatar a
seiva, que dá a vida à vinha e aos sarmentos. Seria a Espírita Santa que dá a
tudo a vida, bem escondida.
O
julgamento acontece primeiro na comunidade. O Pai corta os ramos que não dão
frutos. (15,1-8).
b)
Amor dos discípulos, ódio do mundo: (15,7-17
O amor entre os discípulos:
¨Produzir fruto em abundância¨ significa amar uns aos outros como Jesus amou
que deu a vida pelas ovelhas perdidas. O Evangelho não manda pregar, mas sim
praticar o amor. Os discípulos são amigos de Jesus porque ele comunicou tudo o
que ouviu do Pai a eles.
O ódio do mundo (15,
18 – 25). Os discípulos serão
perseguidos por causa do testemunho deles, eles serão colocados diante dos
tribunais na hora deles. O mundo hostil ainda parece ser o judaísmo: “o que
está escrito na lei deles, eles expulsarão vocês das sinagogas”
O uso mais característico do termo
“mundo” conota o conflito da comunidade com o Império. Mundo é o âmbito social
oposto a Jesus e à comunidade 17, 6; 8,23. O mundo é um sistema injusto e tem
seu príncipe 12,31; 14,30. Este mundo é o oposto ao espírito da verdade 14,17.
O mundo sócio religioso é inimigo de Deus, de Jesus, do Espírito e dos
discípulos (veja 19, 36-38) “meu reino não é conforme deste mundo”. O confronto de
Jesus com Pilatos é modelo de confronto dos discípulos com os oficiais Romanos.
O Império Romano está muito mais presente no 4º Evangelho do que nos sinóticos.
c) O Paráclito na história (15,26- 16,15).
Em 14,16; Jesus prometeu que ¨o Pai
dará um outro Paráclito que permanecerá convosco para sempre¨. Quem foi o
primeiro paráclito? Jesus mesmo! Em
18,37 Jesus disse: ¨Eu nasci e vim ao mundo para dar testemunho da verdade.
Todo aquele que é da verdade escuta a minha voz¨.
O outro
Paráclito, a advogada, enfrenta os impérios: A advogada defende os discípulos
diante dos tribunais do mundo: ¨Quando vier o Paráclito que eu vos enviarei de
junto do Pai, o Espírito da verdade, que procede do Pai, ele próprio dará
testemunho de mim, e, por vossa vez, vós dareis testemunho¨ (15,26-27).
O Evangelho
fala 33 vezes de testemunhar (martirein em grego), 14 vezes do testemunho
(martírio).
A
advogada confundirá na história o mundo a respeito do pecado, da justiça e do julgamento.
Pecado não é mais a violação da Lei, mas a incredulidade em Jesus. Justiça: o
inocente justo sofreu a maior injustiça do mundo: foi julgado como rebelde
contra o Império. Ele é o justo. O julgamento já aconteceu no levantamento de
Jesus, um pensamento apocalíptico, mas precisa ser realizado na história pela
advogada e pelos mártires. ¨Quem me rejeita
e não recebe as minhas palavras tem o seu juiz¨ (12,48). O “último
julgamento” realiza-se na própria pessoa. O mundo do poder se julga a si mesmo.
Pela primeira vez a Espírita Santa é uma pessoa como Jesus mesmo, o primeiro
advogado.
d) Da aflição à
alegria (16,16-24;)
¨ Que quis ele nos dizer: Ainda um pouco
e não me tereis mais diante dos olhos e ainda mais um pouco e me vereis¨
(16,19). Jesus tinha falado de modo enigmático.
Agora eles sofrem tristeza (16,20-24);
Virá a alegria. A comunidade é como a mulher grávida até que ela dá à luz (cf.
Is. 66, 7; Ap 12). A Samaritana,, Maria e Marta, Madalena são exemplos da
comunidade amada.
e) Conclusão: Jesus já venceu o mundo (16,25-33;)
No final Jesus pergunta: ¨Credes agora?
“Tende confiança, eu venci o mundo” (16,25-33). Os mártires dando as suas vidas
como vítimas dos poderosos assistidos pela advogada dão testemunho da verdade
como Jesus.
Esta oração é tão diferente da oração de Jesus no Getsêmani (Mc 14,32).
Lá Jesus está triste a ponto de morrer e tem a tentação de fugir. Aqui Jesus é
o soberano que baixou o príncipe deste mundo.
Pedido da glorificação (17,1-5)
¨Glorifica
o teu filho afim de que o teu filho te glorifique¨ (17,1), no Pai Nosso:
rezamos: “Santificado seja vosso nome”.
Ora, a vida eterna é que eles te conheçam a ti e àquele que enviaste Jesus
Cristo (17,3; no v.20,31 ele é Jesus, o Messias, o Filho de Deus). Concluí a obra que me deste para fazer. E
agora glorifica-me junto de ti. Jesus glorificará o Pai sofrendo a
condenação do mundo
Pedido
pelos discípulos, (17,6-19)
¨Eu rogo por eles; não rogo pelo mundo.
Guarda-os no teu nome. Guarde os do maligno. Consagra-os com a verdade. O
que o Pai deu ao Filho, o Filho deu aos seus.
Pedido
por aqueles que crerão em mim (17,20-26)
Que todos sejam um (cf. 11,52) É um
pedido pela unidade no futuro, é um desejo e ainda não uma realidade. A unidade
se funda na verdade que Jesus testemunhou.
Não há um
pedido pelos inimigos de Jesus. Mas estava claro, quem não acredita em Jesus,
tem seu juiz, está julgado. É a própria decisão daqueles que não acreditam. É o
pecado contra a Espírita Santa, que não tem perdão. Resta só repetir o que
Jesus disse Judas: O que pretendes de fazer, faça logo! Acreditar ou rejeitar é
a nossa liberdade.
16. Tenho
autoridade de dar a vida 18,1 – 19,16
Observemos com
qual dignidade Jesus enfrenta a hora da morte: ele não se submete. Jesus lidera a cena, ele é o
soberano com autoridade do Pai, escolhe
o lugar, conhece os motivos de Judas e se dá a conhecer à tropa: Sou eu!”
(18,5). Simbolicamente os solados caiem
no chão, o poder só é dado. É impossível que os
sacerdotes com fariseus pegaram Jesus (18,3;) estes fariseus representam
um grupo da liderança dos judeus após a destruição do Templo. O termo “speira” significa a coorte romana,
600 soldados com o seu comandante; os guardas dos sacerdotes são os policiais
do templo. Jesus tinha dito (10,18): “Ninguém
tira a minha vida, mas por mim mesmo eu dela me despojo”. Ele rejeita a
militância de Simão Pedro, armado de espada. Simão não conhece mais este Jesus,
18,1-12; 15-18.
Diante do poder religioso:
Eles
conduziram Jesus à casa de Anás, sogro de Caifás (não houve o Sinédrio). . Anás
só interroga Jesus sobre os seus discípulos e seus ensinamentos 18,19-24. O
Evangelho já tinha explicado o ensinamento de Jesus durante as cinco idas de
Jesus para Jerusalém. A decisão de Caifás já estava conhecida (11, 45-54). De novo Jesus demonstra a sua soberania. Ele
não tem necessidade de se defender. Um dos guardas esbofeteou Jesus: ¨É assim
que respondes ao Sumo Sacerdote?¨
Diante do poder político:
O único
interesse dos sacerdotes era manter seu poder sob a proteção do Império. Jesus
é um perigo para os sacerdotes e para o Império: os Romanos vão destruir o
templo e a nação, é melhor sacrificar Jesus, ele será o cordeiro de Deus.
Os sacerdotes
(´os judeus´) apresentam Jesus a Pilatos como um indivíduo que praticou o mal.
Todo o relato é tendencioso: o Evangelho quer apresentar Pilatos como um juiz
justo e jogar toda a culpa sobre os sacerdotes. “Tomai-o vós e crucificai-o”
(19,6). Será que os cristãos depois da perseguição por Nero tinham medo de
falar contra o Império e responsabilizavam os judeus pela morte de Jesus?
O reino
secundo este mundo (18,36): assinala o Império Romano, é incorreto traduzir:
deste mundo (Ildo Bohn Gass tomo 8, p.115). Jesus veio ao mundo para dar
testemunho da verdade: ¨Eu nasci e vim ao mundo para dar testemunho da
verdade¨(18,37).
O
titulo “rei dos judeus” é típico para os Romanos, os sacerdotes tivessem
falado: Rei de Israel. As respostas de Jesus: “tu és que o dizes” é expressão ambígua, mas conforme a “Lex Julia
Majestatis” é causa para uma crucificação.
A cena diante
de Pilatos é uma composição de um dramatismo intenso, a linguagem é poética.
Jesus é o soberano, que tem autoridade de dar a sua vida. Não houve uma
participação do povo, só tem os sacerdotes e as guardas! Os sacerdotes não
entraram na residência de Pilatos para ficar puros, por isso Pilatos sai de
dentro e vai para fora.
I - 18,28-32 (fora) Os sacerdotes
entregam Jesus a Pilatos.
II - 18,33-38 a (dentro) O Reino de
Jesus não é secundo deste mundo do poder.
III - 18,38 b-40 (fora) Os Judeus votam
pelo poder, querem Barrabás, um revoltoso.
IV - 19,1-3 (dentro) Sua investidura: os
soldados investem o rei com coroa e manto.
V - 19,4-8 (fora) Pilatos apresenta o
“o homem”, os sacerdotes aclamam: “crucifica-o”
VI - 19,9-11 (dentro) O poder político é
dado ou emprestado (Sb 6,1-10).
VII - 19,12-16 a (fora) Os sacerdotes
proclamam César como único Rei.
¨Eis o homem¨:
O direito romano não conhece o costume de soltar um preso sem licença do
Imperador. Barrabás foi um ´lestes´ , um bandido, um dos guerrilheiros contra
Roma. “Barrrabás (filho do pai) estava na prisão com os sediciosos que tinham
cometido um homicídio durante a rebelião” (Mc 15,7). O termo ´lestes´ foi
muitas vezes aplicado aos zelotas que recorriam à ação política violenta. Pilatos quer soltar o rei dos
judeus (Jo 18,39) “Então eles, quer dizer os sacerdotes, se puseram a gritar:
Não este, mas Barrabás”. Barrabás é o protótipo dos guerreiros, dos violentos,
Jesus é o protótipo da não-violência, da paz. Os sumos sacerdotes gritavam: ¨À morte, à morte! Crucifica-o (19,15).
Pilatos apresenta Jesus: ¨Eis o homem¨, maltratado pelos poderosos. Os sumos
sacerdotes tinham também falado: ¨Que
faremos? Este homem opera muitos sinais¨(11,47)
17. Tudo é
consumado 19, 17-42:
Para o autor as três Marias (ou foram quatro?) estão perto da cruz, nos Sinóticos só a certa distância. Jesus disse à sua mãe ¨Mulher, eis aí o teu filho¨, ao discípulo: ¨eis a tua mãe¨ (lembra as bodas de Cana 2,4). As Marias representam o Israel fiel, o discípulo amado representa a nova comunidade.
Para o autor as três Marias (ou foram quatro?) estão perto da cruz, nos Sinóticos só a certa distância. Jesus disse à sua mãe ¨Mulher, eis aí o teu filho¨, ao discípulo: ¨eis a tua mãe¨ (lembra as bodas de Cana 2,4). As Marias representam o Israel fiel, o discípulo amado representa a nova comunidade.
Soberano
até a morte Jesus não grita, mas diz: “tudo está consumado e inclinando a
cabeça entregou a Espírita¨. Esta entrega refere-se à Espírita Santa que
haveriam de receber os que creem nele (7,39).
Aquele que
tinha sede (19,28) foi traspassado com uma lança e imediatamente saiu sangue e
água. Cumpre-se a promessa na festa no templo: “ Se alguém tem sede, venha a
mim e beba. Do seu seio jorrarão rios de água viva” (7, 38).
O
corpo de Jesus foi colocado num jardim num sepulcro novo que simboliza o novo
paraíso. Tudo é festivo: há 32,7
litros de perfume, panos de linho que não servem para
envolver um morto, mas servem para o vestido da noiva. Veja Cântico 4,14.
18. Ele recebe
a vida 20,1-31;
Jesus recebe a vida, a mesma expressão como no Apocalipse: ¨Estive morto, eis que estou vivo¨ (Ap 1,18; e 2,8). Não se fala da ressurreição. Só um comentarista explica: Ainda não tinham compreendido as Escrituras secundo a qual Jesus devia ressurgir (20,9).
Lucas usou outro esquema: Jesus ressuscitou no terceiro dia, apareça
durante 40 dias aos discípulos, foi arrebatado) ao céu (Lc 24,51) e há de vir (At 1,11).
João: Se
cumpre o dito dês Jesus: ¨O mundo não me verá mais; vós, porém, me vereis vivo¨
(14,19)
Maria Madalena vai ao sepulcro, O
túmulo está vazio (veja como não se encontrou o corpo de Moisés e Elias). Ela não
vê o cadáver e avisa Pedro e outro discípulo. Só o amado por Jesus viu e creu
(20,1-10).
Maria em busca do amado, Jesus em busca da
Maria: “Mulher porque choras?” Parece ser o jardineiro, Maria Madalena representa a noiva e deve
anunciar aos irmãos que Jesus vai para o seu Pai e o Pai deles (20,11-18). Cumpre-se
o que Jesus disse: ¨Eu vou e venho à vós, vós vos alegraríeis por eu ir para o
Pai¨ (Jo 14,28). É o levantamento de Jesus. Tudo lembra o Cântico dos Cânticos
que os Judeus leem na Páscoa: a amada em busca do amado, os guardas são aqui
dois anjos... (20,11-18)
Na tarde do primeiro dia Jesus veio
no meio dos discípulos e mostra as mãos e o lado. O Filho do homem, rejeitado
dos poderosos, está vivo ao lado do Pai, guardando as marcas da sua condenação,
as chagas lembram também o Pai de todas as vítimas da história.
Jesus envia os discípulos dizendo:: “Recebam Espírita” (sem artigo, em
19,30 ele tinha entregado a Espírita), um outro paráclito, que permanecerá
convosco para sempre (14,16).
¨A quem
perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados¨. Espírita Santa significa
perdão dos pecados.. Mas o perdão depende daquele que se converte e pede perdão. Jesus (cf. 17,9)
também não reza pelo mundo incrédulo. Quem não acredita, fica no pecado. É o
pecado contra a Espírita Santa. Quando Satanás entrou em Judas, Jesus só podia
dizer: ¨O que tens a fazer, faze-o depressa¨
Os discípulos não tinham informado Tomé sobre
as chagas. Tomé não acredita num Jesus espiritualizado, ,insiste nas marcas,
Jesus não é um fantasma, um além da história, já começou a tendência de
espiritualizar Jesus sem carne e ossos.
Mas ele é aquele que vive e sofre em todas as vítimas da história. Precisa acreditar como Tomé e colocar simbolicamente o dedo nas chagas do
Filho humano e dizer “Meu Senhor e meu Deus¨ (20,24-31).
Resultado: ¨Felizes
os que não viram e contudo creram¨
19. Apêndice:
O cap. 21 é
certamente um apêndice posterior ao tempo 90 d.C..
Os
discípulos pescando no Lago de
Tiberíades: são sete nos seus trabalhos cotidianos, (cf. Lc 5,1-11). Jesus de
pé na beira do lago. Ele dá o pão, Eucaristia, pela terceira vez ele se
manifestou após ser despertado dentre dos mortos (21,1-14).
O discípulo amado foi o primeiro a reconhecer Jesus. Pedro pode ser
pastor se reconhece em primeiro lugar a comunidade do discípulo amado. A igreja
discípula garante a memória e tradição de Jesus, a tradição apostólica fica
subordinada. O Evangelho não mencionava os “apóstolos” (só 13, 16 com o sentido
comum “enviado”). Pedro que representa a autoridade eclesial deve converter-se
e amar a Jesus para ser pastor. O amor
não conhece hierarquia. Pedro foi martirizado em Roma.
O discípulo amado, que representa a
comunidade, deve permanecer no amor até Jesus vem. 21,20-25. Em cada Eucaristia a igreja que ama, chama: Vinde, Senhor Jesus.
20. Crise e escrita das cartas joaninas nos
anos 90 a
120 d.C.:
O
autor da primeira carta se esconde atrás de um “nós”, que representa a
comunidade. Na 2ª e 3ª carta o autor é o “presbítero”, representa o “ancião”, o
idoso da comunidade, guiado pelo paráclito.
Nestes
anos acontece a crise da comunidade, nasce uma corrente helenizante e gnóstica
que espiritualiza o Evangelho. Esta corrente dá valor à divindade de Jesus, mas
não a sua humanidade.
O Evangelho devia destacar
que Jesus, o Filho do homem, é filho de
Deus. Agora precisa destacar que Jesus,
ele é verdadeiro homem.
Outro
conflito com os dissidentes era a ética: os espiritualistas pretendem ter tal
intimidade com Deus que pensavam serem perfeitos e sem pecado. Por isso a
primeira carta insiste tanto no amor fraterno (3, 14).
Um
terceiro conflito era a escatologia. Os dissidentes defendiam uma escatologia
já realizada. A primeira carta condiciona esta escatologia no guardar da
palavra da prática do amor, à confissão dos pecados (3, 18-28) (4, 1-6).
Outro
ponto é a pneumatologia: os dissidentes seguem a mestres e profetas que dizem
possuir o Espírito. O autor se opõe a um eu-autoritário e lembra que todos os
crentes são mestres (2, 20-27).
Curioso
constatar que hoje em dia existem as mesmas correntes espiritualistas:
desvalorizam a humanidade de Jesus, não se preocupam com o amor e a prática,
elas acreditam que já estão salvos e seus lideres monopolizam o Espírito.
14 . O APOCALIPSE DE JOÃO:
¨des-ocultamento
Pablo Richard: Apocalipse,
Reconstrução da esperança Vozes
Petrópolos 1996
Da profecia à apocalíptica
O profeta atuou dentro dos estados
de Israel e Judá nos tempos dos reis e dos sacerdotes. O profeta é vidente e
homem de Deus no mundo político, busca realizar o plano de Deus com o seu povo.
O
pensamento apocalíptico na Bíblia surge quando Israel e Judá já estão destruídos
pelos Babilônios, e os deportados vivem submissos aos Persas e Gregos. O
Apocalipse reconstrói o plano de Deus na consciência com visões, símbolos e
mitos para construir um mundo diferente dentro da história.
A literatura apocalíptica é uma literatura de
homens oprimidos, do óchlos, dos excluídos. São situações próprias e
diferenciadas em que nascem movimentos apocalípticos: Situações de desintegração
depois de grandes catástrofes: a apocalíptica nasce após a destruição de todas
estruturas de Israel (no ano 586 a.C. ou no ano 70 d.C.).
Outra causa é a perseguição,
como se deu so o império de Antíoco IV Epífanes quando nasceu o livro de
Daniel.
Uma terceira possibilidade é a permanente opressão pelo
templo, sacerdotes, escribas e pelo Império Romano. Três situações diferentes: desintegração,
perseguição, opressão (p.49).
Pior
ainda a exclusão: O excluído fica
fora do sistema,, não conta, é lixo descartável. Paulo em 1 Cor.1,28): ¨Deus
escolheu o plebeu e o desprezível do mundo, aquele que não é¨. As comunidades
cristãs não podem “comprar e vender”, não podem participar da sociedade. A
“tribulação”em Ap 1,9 e 7,14 é uma situação permanente de exclusão. As repostas
apocalípticas têm em comum de criar um universo simbólico com a finalidade
criar esperança para os excluídos. Eles são os “habitantes do céu”, a
alternativa ao sistema dominante, os “habitantes da terra”.
O Império Romano: A Ásia menor foi berço do culto ao Imperador, ¨a
terra clássica do culto ao imperador¨. A ideologia do império culmina na paz
dos deuses, representados no imperador: “Senhor e Deus”. Para as comunidades o
Império é o diabo que busca a quem devorar.
O Imperador Augusto 29 a.C. concordou na
edificação de uma estátua sua para ser venerada, o culto a Augusto era o mais
antigo culto imperial romano na Ásia. Tibério (14-37 d.C.) não aceitou honras
divinas, Calígula (37-41) exigiu ser tratado como um deus. Nem Cláudio (41-54)
nem Nero (54-68) foram oficialmente aceitos entre os deuses ainda em vida.
Vespasiano (69-79) retomou as formas do culto do imperador, somente um
imperador divinizado após a morte tornava-se um dos deuses do império.
Domiciano (81-96) exigiu ser chamado “Senhor e Deus”. O culto ao imperador não
só era celebrado nos templos, mas também em outros espaços públicos. Era uma
expressão de lealdade ao império. Entre os anos 1 d.C. até 150 d.C. mais
de 140 templos foram construídos na Ásia menor.
A resistência dos judeus:
Dos anos 168
a.C. - 135 d.C. tinham na Palestina 6l revoltas, começando com a luta dos
Macabeus contra o Império dos Gregos e terminando com as revoltas contra o
Império Romano.
A aniquilação
de Jerusalém 70 d.C.: Titos, o filho do Vespasiano, começou a conquista, com
quatro legiões (uma legião tinha 6.000 soldados, 12 cavaleiros e tropas
auxiliares). De 5 de julho até 10 de Agosto o templo foi destruído, mais de 10.000 de judeus perderam a vida. Um
resto se retirou no castelo de Massadá e resistiu até 73. Quando os romanos
entraram no castelo, só encontraram cadáveres: houve um suicídio coletivo.
Ainda a chama da revolução não tinha se apagada. Em 131 aparece um Bar-Kochba,
saudado como salvador de Israel. De novo os romanos destruíram tudo em 135. O
nome Judá desaparece, a terra foi chamada Palestina. Sob a pena de morte nenhum
judeu podia entrar na cidade, todos os costumes dos judeus foram proibidos.
Jerusalém recebe o nome Aelia Capitolina.
O Apocalipse: a mãe da teologia crista:
A apocalíptica é o verdadeiro começo
da teologia cristã primitiva, é a sua mãe. O centro e o novo da apocalíptica
não é a segunda vinda do Senhor no final dos tempos, mas a presença do
Ressuscitado na história. Enquanto tal é uma teologia histórica, política, popular,
escatológica, oposta a uma teologia greco-latina, excessivamente helenizada.
Tendências greco-latinas já se
encontram nos escritos de Lucas, Clemente, pos-paulinas, pastorais. Nasce, assim, uma teologia helenista de corte
intelectualista, individualista, elitista.
Platão e Aristóteles substituíram a memória histórica de Jesus. O Deus
dos filósofos é um deus cósmico, não um Deus da história. O resultado é um
cristianismo anti-material, anti-social, individualista (salva a tua alma),
patriarcal. ¨A helenização do cristianismo levou também ao esquecimento do
Espírito Santo. A cultura helenista não oferecia nenhum lugar ao Espírito¨
(p.40). ¨A apocalíptica, a partir do
segundo século a.C. até meados do segundo século d.C. desempenhou um papel
determinante na luta contra a helenização (p. 42).
A perspectiva de tempo do Apocalipse difere radicalmente
das pastorais e do cristianismo pós-paulino. João interpreta o seu tempo como o
início das perseguições eschatológicas contra a comunidade dos justos (Dn 7,24).
Antes da libertação haverá um tempo de provação (cap.6 e 8). João condena o
culto imperial (2,13; 9,20; 13,11; 14,9; 16,2; 19,20; 20,4;). A queda de Roma é
a condição para a felicidade humana.
O Apocalipse de João situa-se dentro
do cristianismo apocalíptico.
Principalmente Marcos e a fonte ¨Q¨
representam a tradição apocalíptica. Toda a concepção de Jesus, do Reino de
Deus, da luta contra os demônios, da tradição do filho do homem, e, sobretudo
da sua ressurreição, é apocalíptico (cf. Mt 24 – 25 e Lc 21). Não há pesquisa
sobre os destinatários deste Evangelho. O texto fala sempre do ‘ochlos’’
(traduzido geralmente por ‘multidão’) e
não do ‘laós’, do povo, quer dizer fala dos excluídos da sociedade política e
religiosa. O capítulo 13 é uma reflexão apocalíptica e inclui toda a
história e o universo. O Filho humano está sentado a direita do Todo Poderoso
(14, 62)
A
exegese deu um salto qualitativo ao situar o movimento de Jesus no fundo
histórico dos movimentos populares de sua época, dos movimentos apocalípticos.
O fundo histórico de Jesus é a apocalíptica, como mundo de idéias, mitos,
demônios, filho do homem (Dn). É a apocalíptica, e não o zelotismo, que explica
a resistência dos pobres contra o Império. Os Zelotas como resistência
organizada aparecem na guerra contra Roma.no ano 130, depois sumiram
Paulo na 1ª carta aos Tessalonicenses (1 Ts.4,13-5,11
também 1 Cor.15, Gl.1, Rm 1-8), pensa em Apocalipse. A 1. carta de Pedro é
apocalíptica.
Os livros de Daniel (entre 167 e 164
a.C.) e do Apocalipse de João (entre
90 e 96 d.C.) são os únicos livros apocalípticos que entraram no Cânon. A
Bíblia hebraica colocou Daniel no final dos Escritos e não dos profetas, o
Apocalipse de João no final do NT.
O Apocalipse de João
Orientações fundamentais
1)
O Apocalipse nasce em tempos de perseguição, de caos,
de exclusão e de opressão constante, permite à comunidade cristã reconstruir
sua esperança e sua consciência, transmite uma espiritualidade de resistência.
2)
O Apocalipse representa um movimento importante nas
origens do cristianismo que fundamenta suas raízes na história do povo de
Israel e no movimento profético-apocalíptico no qual nasce o movimento de
Jesus.
3)
O Apocalipse
cumpre na igreja uma função crítica e de resistência frente à helenização do
cristianismo.
4)
O fato central é a morte e ressurreição de Jesus. O
Apocalipse não está orientado para a“secunda vinda de Jesus” ou para “o fim do
mundo, mas está centralizado na presença de Jesus ressuscitado.
5)
O Apocalipse é um livro histórico, que possui duas
dimensões: uma visível que é a “terra” e uma invisível que é o céu. É uma só
história que se realiza simultaneamente no céu e na terra. A utopia não se
realiza além da história, porém além da opressão.
6)
O Apocalipse é revelação (desocultamento) da presença
transcendental e libertadora de Cristo ressuscitado.
7)
O Apocalipse se expressa através de mitos e de
símbolos. O mito é histórico e busca identificar e mobilizar a comunidade. O
mito está sempre disponível a novas interpretações.
8)
As visões não só devem ser interpretadas, mas também
contempladas e transformadas em ação.
9)
O ódio e a violência que expressam a situação-limite da
extrema opressão e angústia para provocar uma purificação e assim transformar o
ódio em consciência.
10)
O Apocalipse de João une apocalipse e profecia que com
seu Espírito profético modera e transforma os movimentos apocalípticos
radicais.
11)
O Apocalipse une escatologia e política, mito e práxis.
A história não está unicamente nas mãos de Deus, os mártires, os profetas
derrotam Satanás, destroem o poder do mal.
(Apocalipse, Pablo Richard, Editora Vozes
Ltda 1996 p.18-22)
Estrutura do
Apocalipse:
A estrutura gira em torno do presente, e não em torno do “fim
dos tempos”.
Prólogo: (tempo
presente) 1,1-8
Destacamos uma nítida correspondência entre prólogo e
epílogo.
A) 1,9-
3,22: visão apocalíptica da Igreja (7
igrejas)
B) 4,1-
8,1:visão profética da história
C) 8,2-11,19:
as 7 trombetas (releitura do Êxodo)
Centro:12,1-15,4: a
comunidade entre as Bestas ( a mulher)
C’) 15,5- 16,21:
as 7 taças (releitura do Êxodo)
B’) 17,1- 19,10:
visão profética da história
A’) 19,11-22,5: visão apocalíptica do futuro ( a
esposa, a nova Jerusalém)
Epílogo: (tempo
presente) 22,6-21
A
seção A e A’ tratam do juízo da igreja e do mundo.
Na
seção B e B’ estamos no presente, cada seção começa com uma grande liturgia, 4
e 5 e no fim 19,1-10. Os sete selos têm outro sentido do que os trombetas e
taças.
Na
seção C e C’ se correspondem 7 trombetas 7 taças, uma releitura das pragas no
Êxodo,
agora a intervenção do Deus libertador com o
Cristo no Império Romano.
No
centro está a comunidade em meio das Bestas.
Prólogo: (tempo presente) 1,1-8
Apocalipse significa revelação, revelação de algo, que
estava oculto, escondido, inacessível, revela-se aos pequenos, e oprimidos. O
apocalipse des-oculta o mundo dos pobres e legitima sua luta pelo Reino de
Deus.
Deus concede a revelação a Jesus, Jesus a significou a
João, João deu testemunho dele à comunidade, que está lendo, ouvindo guardando.
O tempo está próximo. Tempo é a hora de Jesus (Evgl. de
João). Tempo é a hora certa (em grego kairos). Se trata da manifestação de
Jesus, não de uma secunda vinda, como se ele tivesse ido para outro lugar.
Jesus nunca partiu. O que a comunidade deseja não é que ele volta, mas que se
manifeste, que atue, que liberte. O Deus
como ¨o todo-poderoso¨ aparece 9 vezes, no NT só uma vez em 2 Cor 6,18 como
citação do AT (p.75-77).
A saudação é trinitária. O Espírito é apresentado de uma
forma ambígua: os sete Espíritos (3,1; 4,5; 5,6;)
Epílogo: (tempo
presente) 22, 6-21
Temos aqui um dialogo entre Jesus (seu anjo) e João. Entre
os v. 10-16 fala Jesus, entre os v.17-20 temos a liturgia final, onde intervem
o Espírito, a nova Jerusalém e a comunidade. Deus é designado como o Deus dos
espíritos dos profetas. Três vezes se fala¨venho logo¨.
O Prólogo como o Epílogo marcam o Apocalipse no kairos
presente, neste kairos quando Jesus vem.
A) 1,9-3,22:
visão apocalíptica da Igreja
Há certa correspondência entre a
primeira seção (1,9-3,22) e a última seção (19,11-22,5). Jesus é a pessoa
central. Antes de julgar o mundo, Jesus julga a Igreja. Na primeira seção,
Jesus prepara a Igreja para viver o presente, na última seção Jesus põe um fim
ao tempo presente. Entre as duas seções João situa o tempo presente, o que deve
acontecer em breve.
João apresenta-se como irmão e companheiro, isto exclui toda
hierarquia de poder, a Igreja é dirigida pelos profetas. João é companheiro na tribulação, no reino e na resistência
(Traduzimos hypomoné corretamente por ¨resistência¨, e não por ¨paciência¨p.
92). João se encontra na ilha de
Patmos ¨por causa da Palavra de Deus e do testemunho de Jesus“¨.
“Vi com vida”: dos que tinham sido imolados por causa da
palavra de Deus e do testemunho que tinham dado¨ (6,9; 12,17; 17,6; 20,4;)
Por causa da Palavra de Deus: João alude a Dn 1, 12-14,
onde quatro jovens israelitas não se querem tornar impuros com as comidas e as
bebidas da mesa do rei. Assim cristãos não comem carne sacrificado aos
ídolos.(Klaus Wengst, Pax Romana p.175)
Por causa do testemunho de Jesus: não se fala de profetas,
pois estamos no tempo apocalíptico, já é o final decisivo, precisa testemunhar
Jesus, que também veio para dar testemunho da verdade (Jo 18,37;) Precisa
martirein, testemunhar Jesus.
Cheguei a estar em
espírito”. João apresenta o “O filho do homem” (Dn7): ¨Estive morto, eis
que estou vivo¨ (1,18;2,8;). Não é mais
a situação dos tempos de Jesus histórico, a comunidade vive no Império Romano,
perseguida. Precisa agora a assistência da advogada Espírita Santa para viver e
agir nos novos tempos.
Os diversos símbolos
(1,13-18) como vestes, cabeça, pés, voz, mãos, boca espada acerada ressaltam a
transcendência e a majestade do Filho humano. Ele reaparece no epílogo, montado
num cavalo branco (19,11-16). Ele é o anti-símbolo da besta.
Mensagens proféticas às 7 igrejas (2,13,22)
Mensagens proféticas às 7 igrejas (2,13,22)
Jesus está vivo no meio das
igrejas. O número 7 é para dar
plenitude e caráter universal a uma realidade concreta. A comunidade de Esmirna e Filadélfia são
perfeitas, Éfeso e Tiatara possuem mais virtudes de que defeitos,Pérgamo é boa
e má, Sardes é negativo, Laodicéia é um
desastre.
Quem são os oponentes internos de João? Os que se chamam
apóstolos sem sê-lo (2,2), os Nicaloítas (2,6) Nicolau significa: aquele que
vence o povo, alguns que sustentam a doutrina de Balaão ( 2,16) aquele que
consome o povo, a profetiza Jezabel (2,20).A doutrina de Balão é idolatria (Nm
22-24), a prática de Jezabel é a mesma.
Os oponentes internos são
conhecedores das profundezas de Satanás, seria uma corrente gnóstica, cujos
membros creem possuir um conhecimento superior de Deus, desprezam os humildes.
Eles transformam o cristianismo para poder participar da vida econômica,
política e social do Império. O cristianismo se espiritualiza para participar
das estruturas nas associações e grêmios, são os ricos e poderosos. O
gnosticismo nasce como uma adaptação do cristianismo ao Império.
Os oponentes externos: Segundo os
capítulos 12 e 13 o Diabo ou Satanás atua na história através da Besta que é o
Império Romano. Satanás simboliza a força “espiritual e sobrenatural do
Império¨.
Éfeso (2,1-7): O
porto mais importante da Ásia Menor. Adorava-se nela a deusa-mãe Artemísia (At
19), depois da destruição de Jerusalém a igreja mais importante no Império
Romano.
As sete estrelas são os profetas das
Igrejas, os candelabros são as sete igrejas, Jesus caminha entre elas.
Insiste-se na resistência que se dá pelo testemunho, martírio. Os oponentes da
igreja buscavam uma adaptação ao Império. A comunidade perdeu o primeiro amor.
O ágape é o amor fraterno, a solidariedade. No final da cada carta há uma
promessa: a árvore da Nova Jerusalém sem lei ou proibição.
Esmirna (2,8-11) Um
porto próspero, rival de Éfeso, leal ao Império com um templo ao Imperador
Tibério ( 26 d.C.). A Igreja escreverá o relato do seu bispo Policarpo, que
sofreu o martírio no ano 155. Jesus não recrimina nada. São pobres, não podem
comprar nem vender (cap. 13), sofre as calúnias dos judeus, que são aliados ao
Império.
Pérgamo (2,12-17) Capital
da província Romana, centro do culto imperial, por isso “o trono de Satanás”,
tinha o primeiro templo dedicado a Augusto. Já tinha o seu primeiro mártir
Antipas. Todavia, a Igreja tem pecado, tolera os opositores, segue a doutrina
de Balaão comendo de carne sacrificada aos ídolos e pela imoralidade sexual.
A promessa é maná escondido, seria o
pão de Deus, o pão pela vida do mundo (Jo 6).
A
pedrinha pode ser um sinal distintivo dos cristãos.
Tiatira (2,18-29)
Não tem importância, é antes uma cidade de comerciantes e artesãos, organizados
em grêmios e associações. A igreja tolera Jezabel que ensina a
se prostituir e a comer das carnes sacrificados aos ídolos.
A promessa inspira-se no Salmo 2,
por isso Jesus apresentado como filho de Deus que recebe o poder sobre os reis
da terra. A comunidade como luzeiro da alva, deve anunciar o fim das trevas
(Rm13,12).
Sardes (3,1-6) A
cidade de um grande esplendor no passado, agora reduzida a menos, sua economia
era a produção de gêneros do algodão e da arte de tingir. A comunidade reflete
esta situação, está morta. São somente poucos, que não mancharam suas vestes. É
importante o tema da veste, símbolo da conduta ou da prática das pessoas (cf.
19,8).
Filadélfia (3,7-13) Em
17 d.C. foi destruída por um terremoto, reconstruída por Tibério. Esmirna é
pobre, Filadélfia é sem poder. Ela foi louvado: ¨guardaste minha palavra¨ Jesus tem poder para abrir ou
fechar o acesso ao Reino de Deus, ele tem as chaves de David. Possivelmente a Sinagoga estava fechando suas
portas aos cristãos. A sinagoga de Satanás é a sinagoga dos judeus que se
integraram ao Império, não é anti-semita, mas anti-imperial. A hora de prova
sobre toda a terra é o mundo dominado pelo Império, terra significa os ímpios.
Jesus coloca o vencedor como coluna no
santuário de Deus, coluna na nova Jerusalém.
Laodiceia (3,14-22) Era a mais rica da Frígia com bancos, indústria
de linho e de algodão, com sua escola médica.
Jesus é o príncipe da criação, ele tem a primazia cósmica e política. A
comunidade é nem fria, nem quente, mas
tíbia. O frio simboliza a indiferença do mundo pagão e rico frente aos
cristãos, o quente simboliza a indignação dos cristãos pobres frente às
estruturas opressoras. Os laodicenses querem ser ao mesmo tempo ricos (frios) e
cristãos (quentes), mas são tíbios. Eles querem viver um cristianismo
espiritualista, individualista, a-histórico: sou rico, enriqueci-me e não tenho necessidade de nada. Jesus
recrimina:és infeliz, miserável, pobre,
cego e nu. O que Jesus aconselha é buscar uma riqueza não adquirida com a
exploração dos outros. Eis que estou à
porta não da alma, mas da comunidade para a ceia.
Flavio Josefo descreve no seu
livro ¨História da guerra judaica¨ após a caída de
Jerusalém no ano 70 d.C. como o exército Romano encontrava
um suicídio coletivo na bastião de Massada,. Os sitiados tinham matado suas
mulheres e crianças e si mesmos, uma lei que o judaísmo não conhece.
Àqueles que no início não
quiseram matar seus parentes por causa da compaixão o líder Eleazar deu uma
fervorosa palestra: ¨ Não a morte, a vida é uma desgraça para os homens. Pois a
morte dá liberdade às almas e abre o acesso ao lugar puro, onde não há mais sofrimento. Enquanto a alma está presa
no corpo mortal, ela deve ser na verdade morta,
pois a ligação do divino com o mortal é contra a natureza. Mas só quando
ela está livre do peso que puxa para a terra ela chega á verdadeira pátria, que
fica invisível aos olhos humanos como Deus. A prova disso é o sono, quando a
alma imperturbada do corpo goza do supremo repouso.
Olhemos para os Índianos (no extremo oriente),
estudiosos na filosofia: Esses homens nobres suportam a vida de má vontade como
um serviço necessário devido à natureza e apressam-se a desligar a alma do
corpo. Desejando o estado da imortalidade anunciam aos outros que querem sair
deste mundo. Ninguém os impede, todos os
louvam e dão mensagens aos concidadãos eternos.¨ (Reclam, Leipzig 1994
p. 496)
Os
gnósticos cristãos: Eles
entendiam Jesus como salvador que revela o conhecimento de Deus à humanidade.
Ele teria descido in forma humana. No entanto, não era verdadeiro homem. Não
teria passado pelo sofrimento e pela morte.
Afastaram-se de um Cristo encarnado na condição humana. Transformaram o
Evangelho do reino em uma religião que não representa nenhum perigo às
estruturas deste mundo,(Gass Nr 8
p.95
B)
4,1- 8,1: visão profética da história
a)
Visão inicial: liturgia no céu (4 e 5)
A visão deve ser contemplada, é uma
reconstrução da consciência coletiva da comunidade. A terra é o lugar onde
dominam os ímpios, os opressores, o céu é o mundo transcendente de Deus dentro
da história, é o mundo dos santos, dos que não são opressores e idólatras.
Cap.4: Havia uma porta aberta. O Espírito
tomou conta de João. O trono no céu é o trono de Deus, na terra o trono é do
Império. Ao redor do trono 24 anciãos que representam o povo das 12 tribos de Israel e o povo dos
12 apóstolos. Os quatro viventes simbolizam o cosmos, também o cosmos participa
da liturgia no céu que proclama: Santo, o Senhor Deus (4,8).Os anciãos também
louvam o criador.
Cap.5: João vê depois um livro na
mão daquele que estava sentado no trono: é o Cordeiro, ele é digno de abrir os
selos do livro (5,9). Canta se a Jesus com os sete Espíritos: agora ele é o
cordeiro imolado, ele é o primeiro mártir, assassinado pelo Império. Ele comprou para Deus homens e
mulheres (econômico), finalmente organizou uma comunidade alternativa ao
Império (político).
O livro selado simboliza a história
humana, nele está o mistério da história.
Os cânticos expressam a alegria e
esperança dos pobres, em segundo lugar explicam aos ouvintes o que está
acontecendo, por último possuem uma forte densidade política.
b)
Os sete selos
(6,1-8,1):
Nos sete selos
João nos dá uma interpretação profética da história, revela o sentido oculto
dele na terra.
.1.a 4.
selo: na terra: (6,1-8)
5. selo: no céu: (6,9-11)
6. selo: na terra e no céu: (7,9-17),
7. selo: silêncio de meia hora (8,1)
Os 4 primeiros selos representam
simbolicamente a realidade de morte do Império Romano, são 4 cavalos.
A cor branca do cavalo é sinal da vitória,
o guerreiro sai vencendo: é a mais terrível realidade do Império, uma realidade
trágica para as vítimas do Império. O Império triunfa à moda dos bárbaros.
O
secundo cavalo é vermelho, tira a paz para se degolem uns aos outros.
Degolar exprime um grau extremo de violência, Jesus foi degolado, os mártires
foram degolados.
Num
terceiro cavalo negro o cavaleiro leva uma balança, símbolo do poder
econômico. Há uma inflação terrível que afeta os produtos de consume popular,
trigo, cevada, os preços do luxo, azeite e vinho, não sobem. (Entre 92 ou 93
d.C. o preço de trigo duplicou, tinha tumulto do povo por causa de fome. Diante
da falta de cereais e do excesso de vinho Domiciano ordenou que na Itália não
fosse permitido plantar mais vinhas.)
O
nome do cavaleiro do quarto cavalo esverdeado chama-se Tánatos, significa morte.
Ele mata com espada, com a fome, a peste, as feras. Peste e feras simbolizam as
forças mortais da natureza, conseqüência do Império da morte.
O
5. Selo no céu: “Vi as almas”
deve ser traduzido: “vi com vida”: dos que tinham sido imolados por causa da
palavra de Deus e do testemunho que tinham dado¨, completado pela multidão em 7,9-17. Eles gritam por
justiça e vingança (6,10). Mas precisa esperar.
O
6. Selo na terra: O que se passa na terra (6,12-7,8): São catástrofes
históricas, até a comunidade tem medo dela. Os ímpios se escondem nas cavernas,
a terra continua a existir. Quem pode
manter-se em pé? Os mártires estão de pé diante do trono e do cordeiro (7,9
e 15,2). Os reis da terra, os magnatas, os capitães, os ricos e os poderosos,
todos, escravos e homens livres, esconderam se nas cavernas. (6,15). Há 4 anjos
que seguram os 4 ventos da terra. Outro
anjo gritou em alta voz aos quatro anjos, que tinham sido encarregados de fazer
mal a terra e ao maar: ¨Não prejudiquem
a terra, nem o mar, nem as arvores. Primeiro vamos marcar a fronte dos servos do nosso Deus¨(7,1-3).
Primeiro as doze tribos de Israel, depois uma grande massa de todas aas nações.
O
que acontece no céu (7,9-17): A
dimensão oculta e profunda tem um momento atual litúrgico (7,9-15 a) e um
momento futuro utópico (7,15 b-17). “Uma
multidão (ochlos como no Mc) imensa”, universal, está de pé diante do trono e do cordeiro. Salvação é um termo
político no Império, significa paz, segurança e bem-estar. Na terra não tem
salvação, no céu sim. “Deus estenderá sua
tenda sobre eles, já não terá fome nem sede...”.
O
7. selo: silêncio de meia hora (8,1): O silêncio do céu nos impele a buscar
Deus na terra, concentra nossa atenção sobre a terra. No céu (8,2-5) se
preparam os sete anjos com trombetas
C) 8,2-11,19: as 7 trombetas (releitura do Êxodo) antes do centro
C’) 15,5-16,21: as 7 taças (releitura do Êxodo) depois do centro
O tema central de C e C’ é uma releitura do
Êxodo, agora vivido no Império. Deus escuta o clamor do seu povoe decide
libertá-lo. Para segui-lo manda pragas. São ações históricas, apresentadas em
forma cósmica e mítica. As pragas ou castigos são ação parcial de Deus,
realizada no presente. Por isso só destruição de um terço do cosmo.
Nas taças insiste-se que os punidos são os que
trazem a marca da besta. O objetivo do juízo de Deus é a conversão dos
opressores e dos idólatras e a libertação dos santos.
Estes desastres caiem sobre os
pobres: os pobres são obrigados a viver perto dos rios, nos lugares perigosos,
sem infra-estruturar sanitária.
Estrutura
das trombetas e taças:
Visão
no céu: C: 8,2-6, C’: 15,15-16,1;
1,
Trombeta: granizo, fogo sobre a terra 8,7
1.Taça: úlcera maligna na terra 16,2
2.Trombeta:
montanha sobre o mar 8,8-9
2 Taça: o mar, convertido
em sangue 16,3
3.Trombeta: estrela sobre rios e fontes 8,10-11
3 Taça: sobre os rios, a água converte-se em sangue 16,4-7;
liturgia da
justiça de Deus
4. Trombeta: terceira parte do sol, lua, estrelas 8,12; Ai,
Ai, Ai: 8,13;
4 Taça: sobre o sol
para abrasar a todos 16,8-9
Esta esquematização é típica do mundo
judaico, que divide o universo em terra, mar, rios, sol.
5, Trombeta: Ai! Gafanhotos do abismo, o rei deles o Anjo do
abismo: 9,1-11
A quinta trombeta refere-se em geral à ação
de Deus contra a arrogância do tirano.
O Império é uma estrela caída.
5. Taça: sobre o
trono da Besta (16,10-11
6. Trombeta; Ai! 4
anjos do rio Eufrates com 200 000 cavalaria ( são os Persas): 9, 13-21
Movimento
profético: 10,1-11,13: visão do anjo, vocação de João, igreja profética
6. Taça: Rio Eufrates
seca para preparar o caminho dos reis do oriente: 16,12-16
Eufrates foi o limite do
Império, proteção contra os bárbaros. Os inimigos do Império, os Partos
podiam invadir o Império.
Movimento anti-profético: 16,13-16:
falsos profetas, revelação sobre eles.
7. Trombeta: O Reino do mundo é agora de nosso Senhor e do
seu Cristo, 24 anciãos,
abriu- se o templo
de Deus e a Arca da aliança 11,15-19
7, Taça no ar: taça
de vinho, do furor, e de sua cólera, granizo 16,17-21
Chaves de
interpretação:
A visão inicial no céu:
Na visão dos
trombetas aparece um altar com as orações dos santos, a função ativa deles Na visão das
taças aparece o Santuário da Tenda,
acentua se o furor de Deus. Importante o verbo: consumir: fim do tempo presente, fim dos
1000 anos, juízo final (sem fim).
As
quatro primeiras trombetas e taças
Nas trombetas
predomina a linguagem cósmica. A comunidade não é espectadora do Êxodo que Deus
está operando no Império Romano, mas participa do mesmo na liturgia.
As quintas e sextas trombetas e taças
As pragas são
dirigidas contra os ímpios. Ai para os habitantes da terra! Designa os ímpios,
os que são da Besta e trazem sua marca ( do Império). A estrela caída (9,1)
agora é o Imperador de Roma, convertida em demônio, provoca as gafanhotos que
atacam os homens que não trazem na fronte
o selo de Deus. A quinta taça é derramada sobre o trono da Besta (Roma).
Nas sextas há
referência ao rio Eufrates, limite do Império contra os Partos.
Qual é o
sentido global que João vê depois do som das trombetas e realizadas pelas
taças? É a tradição do Êxodo. Deus escuta o clamor do seu povo e decide
libertá-lo. Apenas um terço dos elementos é destruído. Não se trata de
desastres naturais (terremoto, furacões, pestes) que caem sobre os pobres,
essas dores cósmicas são conseqüências diretas das estruturas de dominação e de
opressão. São as dores da Besta por sua própria idolatria e criminalidade
(p.149).
7. Trombeta: O sétimo anjo tocou sua trombeta: O Reino do mundo é
agora de nosso Senhor e do seu Cristo.
Abriu- se o templo de Deus e a Arca da aliança 11,15-19.
Segue o centro do livro. È agora
da comunidade de Deus.
A
sétima taça: Após as seis taças (16,1-16)
o 7. Anjo derramou a sétima. taça pelos ares 16,17-21. Trata-se da dimensão invisível do Império. Em
Ef 2,2 se diz: ¨O príncipe do poder do ar¨. A queda de Roma e do Império vai
ser descoberta na visão profética da história (17.1-19,10).
Centro: 12,1-15,4: A comunidade entre
as Bestas
Não só estamos no centro literário
do livro, mas também no centro do tempo presente, estamos igualmente no coração
da comunidade (14,1-5), em situação decisiva entre as bestas (12,1-13,18) e no
juízo de Deus (14,6-15,4).
a: Do céu à terra: 12,1-18;
b: Na terra as duas bestas: 13,1-18;
Centro: A comunidade segue o Cordeiro:14,1-5;
b’ Na terra: o juízo de Deus 14,6-20;
a’: Da terra para o céu: 15,1-4;
Encontra-se
a mesma estruturação como Daniel 7: Lá, a oposição entre as quatro bestas e o
filho do homem, na Apocalipse entre as duas bestas e o filho do homem. Jesus
ressuscitado se identifica com o filho do homem, mas esta figura humana (filho
do homem) continua sendo o símbolo do povo de Deus.
a: Do
céu à terra: 12,1-18:
O mito organiza a consciência
coletiva do povo, temos o mito da mulher e do monstro, o confronto entre a vida
e a morte, a mulher dá à luz um filho, o monstro é sinal da morte. Nos mitos do
Egito e Grécia vencem os poderosos, nos mitos da Bíblia vencem as vítimas.
O povo de Deus na Bíblia é apresentado como uma mulher (Is
66,5-9). Em Gn 3,15 fala-se da inimizade entre a serpente e a mulher, no
Apocalipse a descendência da mulher, o Messias, derrota o Império. Em 12,5 a
mulher deu à luz um homem, que foi arrebatado para o céu. O melhor é pensar
aqui, não em Belém, mas no Golgata, são as dores e tormentos do Messias na
cruz. Aplica-se o Salmo 2,7: “Tu é meu filho, hoje eu te gerei”. Cf. Is
26,17-19.
Miguel é uma figura mítica que
representa a força do povo de Deus: ”Quem como Deus?’, agora confronta a força
do Império (veja Ef 6,10-20). O demônio, Satanás, Diabo arremessado à terra, já
perdeu sua força sobrenatural (Jo 12,31; Lc 10,18).
Diabo é a tradução grega do termo
hebraico Satanás ou Satã, ele é o adversário, o acusador, o caluniador. O Diabo
como sujeito absoluto não existe, como personificação do mal. É um mito e expressa as forças sobrenaturais
do mal (Ef 6,12). Serve nada mais nada menos que para personificar estas forças
ocultas que saem da acumulação histórica do pecado, tanto pessoal como social.
É a capacidade de construir ídolos, perverter a imagem de Deus. Esta perversão
é o mistério da iniquidade. Em Gn 3 a serpente é símbolo da Cidade-Estado,
representa Faraó, mas também os reis de Israel e Judá em nome de Baal. É o modo
de justificar e sancionar o poder: os poderosos se comportam divinos. O Satanás
defende os poderosos e acusa os oprimidos. Os mártires derrubam esta ideologia
do poder santo: foi derrubado o acusador dos nossos irmãos, aquele que os
acusava dia e noite diante de nosso Deus (12,10).
Chegou a salvação. Poder, reino são
termos políticos. A chegada do reino é fato histórico. Os mártires são capazes
de atirar o Demônio para fora do céu.
b: Na
terra as duas bestas: 13,1-18;
A besta surge do mar (13,1-10). O mar é símbolo do caos, do mal.
Geograficamente é o mar do Ocidente, donde vêm os Romanos. Satanás, precipitado
à terra, deu à besta seu poder: o Império tem seu poder dado por Satanás, por
isso adoravam Satanás. A autoridade foi
dada, e está sob controle último de
Deus, não é absoluto (13,5-7).
No versículo 3 uma das cabeças da
besta estava como que degolada, é provavelmente uma paródia ou zombaria de
Cristo, ou referir-se-ia ao mito de Nero redivivo.
Quem é como a Besta? (13,4).
Ninguém! Na tradição do Evgl de João: A todos, que recebem a palavra “Deu-se a autoridade de se tornaram filhos de
Deus’. O poder da Besta lhe foi dada,
no fundo todo poder vem de Deus, poder em si mesmo é bom, mas esse
poder, que vem de Deus, a besta
transforma em poder perverso e criminoso (Rm 8,20: a criação entregue ao poder
do nada, e 13,1: não há autoridade a não ser por Deus). Na criação Deus
entregou o jardim ao ser humano para cultivar e guardar (Gn 2,15 e 1,28). “Tu o fazes reinar sobre as obras de tuas
mãos, tudo submetestes a seus pés “(Sl 8). Deus deu liberdade para reinar a
criação, Mas por causa dos homens a terra está repleta de violência (Gn 6,13). Foi concedido à Besta fazer a guerra aos santos e vencê-los.
No v. 9-10 aparece uma exortação à resistência: a palavra resistências
(hypomoné) muitas vezes é traduzida falsamente por paciência.
Fazer guerra contra os santos
(13,7): refere-se a Daniel (7): as bestas contra os santos do Altíssimo.
Outra besta surge da terra
(13,11-18). Só aqui chamada Besta, em todos os outros lugares é designado como
falso profeta, 16,13; 19,20; 20,10.
O Dragão, a Besta e o falso profeta
configuram uma trindade perversa (16,13-14). Só pode comprar e vender que tem a
marca da Besta. Os que não foram marcados ficam excluídos. O sentido do número 666 é a imperfeição,
nunca chega ao número sete, símbolo da perfeição (17,8-11)
O falso profeta simboliza a
estrutura ideológica do Império: sacerdotes. filósofos, mestres, cultos, circo,
teatro, hipódromo, ginásios, exército, moeda, mercado. A imagem da Besta nas
moedas seria a representação visível do Império. O dinheiro se transforma em
sujeito, os adoradores da Besta em objeto, Os cristãos rejeitam ser
transformados em objetos de Baal, do deus do dinheiro: o Mamom. (Mc 13,22:
falsos profetas)
Como os cristãos rejeitavam a
idolatria da Besta acabam a serem condenados à morte economicamente, excluídos
do mercado, e condenados à morte política, cultural e espiritualmente.
- Centro: A comunidade segue o Cordeiro: 14,1-5;
Estamos no centro do centro: o
centro na salvação: o presente, entre o passado e o futuro: é o povo de Deus,
junto ao Cordeiro no monte Sinai. A comunidade que resiste na terra se
identifica com a comunidade que canta no céu. O que João vê no céu, os sete
anjos com sete pragas, acontece na terra. Sião aqui é um símbolo de encontro da
comunidade em torno de Jesus ressuscitado. São 144 000 na fronte o nome do
cordeiro e do pai. A comunidade se encontra bem organizada, mais ampliada do
que a igreja. Só eles aprendem o cântico. Estes são que não se macularam com
mulheres, quer dizer não se restituíram com a prostituta Roma, pois são
virgens. Mas o que mancha é a idolatria, fornicação e prostituição são símbolos
da idolatria. Os limpos de coração, porque verão a Deus (Mt 5,8) referem-se a
mesma coisa. Os cristãos resistem à Besta até a morte. Foram comprados como
primícias para Deus e o Cordeiro.
b’ Na terra: o juízo de Deus 14,6-20;
Em Daniel 7 Deus realiza o juízo, no
Apocalipse o filho humano. Os anúncios são feitos no céu, a ação se realiza na
terra.
14,6-13: Os horrores não falam do
inferno, mas nesta vida daquele que adora a Besta. Agora se fala do furor de
Deus. Fala-se de ódio, por que João quer precaver os seus ouvintes para que
resistam a essa integração idolátrica ao Império Romano, para transformar o
ódio em resistência. João está também refletindo a desesperação dos excluídos.
14,14-20:
Aparece o título: “Filho do homem” tirado de Daniel 7, literalmente “Filho da
humanidade” (TEB). A figura do Filho do Homem aqui não tem referência a Cristo,
mas aos santos do Altíssimo. Há elementos que não aparecem em Daniel: a cor
branca, estar sentado, com coroa e a foice, uma ordem de anjo, quem pisa o
lagar do furor de Deus. A figura humana no Daniel é símbolo dos Santos do
Altíssimo. Esta figura está em oposição às bestas, que são os governantes que
se comportam desumanos. A realeza vai ser entregue aos “Santos do Altíssimo”,
eles são filhos humanos (Dn 7, 18). No Apocalipse 14,14-20 João dá ao símbolo
“Filho do Homem” o sentido original, que é coletivo: “O Filho do Homem sentado sobre a nuvem branca é a representação
transcendental do povo de Deus que resiste à Besta” (Pablo Richard). Jesus
mesmo se identificava com a massa que sofre a exclusão e a perseguição dos
poderosos.
a’: Da terra para o céu: 15,1-4;
No começo estava vencido Satanás no
céu, agora está vencida a Besta. É a vitória dos mártires. O cântico de Moisés é
o cântico do Cordeiro, retoma a vitória dos mártires em 12,10-11 e a comunidade
no centro 14,1-5. Prepara a seção das 7 taças.
C’)
15,5-16,21: as 7 taças do furor de Deus (releitura do Êxodo)
Visão no céu 15,5-16,1, canto de Moisés
1.Taça sobre a terra, úlcera os que traziam a
marca da Besta 2. Taça sobre o mar, 3. Taça sobre rios 16,2-4; Liturgia da
justiça de Deus 16,5-7
4. Taça sobre o Sol, mas blasfemaram... e não
se converteram
5. Taça sobre o trono da Besta, mas
blasfemaram... e não se converteram
6. Taça sobre rio Eufrates para preparar o
caminho para os reis do Oriente
Movimento anti-profético 16,13-16, batalha no
Harmaguedon
7. Taça no ar 16,17-21 não obstante os homens
blasfemaram contra Deus
O
cataclismo cósmico-histórico: Roma partiu-se em três partes. A queda de Roma e
do Império vai ser descoberta em 17,1-19,10.a
B’)
17,1-19,10: visão profética da história
Estrutura:
Introdução: 17,1-2
a) A Besta e a meretriz: 17, 3-18
b) O juízo da Grande Babilônia ( a meretriz)
18,1-24
Sai
dela, meu povo 4-8
Lamentação
pela queda de Roma 9-19;
Alegrai-vos, céus, santos... 20-24
Alegrai-vos, céus, santos... 20-24
c) Liturgia do triunfo final 19,1-18
Esta seção corresponde 4,1-8,1, lá começa com uma liturgia,
agora temos a visão profética da história e a seção termina com uma liturgia. O
que acontece agora, não acontece após a sétima taça, mas anuncia como vai
realizar-se esta sétima taça.
Em 17,1 o anjo mostra a João o juízo
da grande Meretriz, em 21, 9 mostra-lhe a Noiva, a esposa do Cordeiro. A
palavra ´meretriz´ prostituta provém do
verbo vender. Os reis da terra se vendem a Roma. A mulher está embriagada com o
sangue dos santos e dos mártires de Jesus. Roma é personificada como mulher ou
prostituta.
A Besta e a Meretriz: 17,3-18:
João vê a meretriz no deserto, símbolo de desolação. As
sete cabeças da Besta são 7 reis, cinco já caíram, um é.. Quando chega um
sétimo, dura pouco. O autor vive sob um
poderoso imperador, aparece o numero 6, da mesma forma como em 13,18, onde se
chama 666. O Império Romano trata de ser o 7, porém não consegue jamais, sempre
será o 6, ou melhor 666. A Besta não consegue ser o 8, pois a Besta é dos 7.
Agora o autor faz uma análise histórica em três fases 8-11: Primeiro: aliança dos reis com a
Besta. Os 10 chifres da Besta são 10 reis, são possivelmente todos os reis das
províncias, eles participam da autoridade da Besta.
Secundo: A Besta
e os reis farão guerra ao Cordeiro v.14. mas serão vencidos.
Terceiro: Todo o
Império odeia Roma e a destrói, uma crise interna do Império (15-17)
O juízo da Grande Babilônia
18,1-24:
O
juízo é anunciado em 17,1, realiza se em cap. 18 e é celebrado em 19.2. Há o
juiz, que é Deus, o acusado, que é Roma, os
acusadores, que são os profetas, os santos e todos os imolados por Roma, a causa, que é o assassinato, riqueza e
luxo, a prova,que é o sangue encontrado
na cidade, a sentença, que é a
condenação de Roma, a execução, Roma não
mais aparecerá. 18,1-8.
Sai
dela, povo meu”, titulo solene do povo de Deus (18,4). Esta saída de Roma é
econômica, social, política, espiritual: “Não
os tires deste mundo, mas que os defendas do Mal” (Jo 17,15).
Lamentação pela queda de Roma (9-19): Lamentação dos reis
da terra, dos mercadores e da marinha mercante. O máximo valor é o ouro e o
último valor, os escravos e o comercio
humano.
Alegria dos santos, dos apóstolos e dos profetas v.20.
Ação do anjo
poderoso 18,21-24.
Uma liturgia
19,1-8
O tempo presente começou 4,1 e
termina com uma liturgia 19,1-8. Na liturgia do céu (19,1-5) celebra-se o juízo
de Roma, enquanto a liturgia da terra (19,6-8) está orientada para o futuro: as
bodas do Cordeiro.
A’)
19,11-22,5: visão apocalíptica do futuro
Introdução:
Nos capítulos anteriores analisamos esse longo presente
desde 4,1 até 19,10; começando com uma liturgia e noutra no final. O autor já
nos apresentou o fim: não o fim do mundo, mas o fim dos sofrimentos e
perseguições. A sétima trombeta anunciava a chegada do reino, a sétima taça
proclamava a queda de Roma. Na visão profética da história narra-se que põe fim
ao sofrimento, mas ainda não é o juízo final. A seção antes do momento presente (1,9-3,22) corresponde à seção após o momento presente (19,11-22,5).
Elas começam com uma visão cristológica.
Estrutura:
a) O começo do futuro da história: Satanás e os mil anos 19,11-20,15
b) O futuro da história: Novo céu, nova terra 21,1-22,5
No texto apareçam dois quadros: o
primeiro (19,11-20,15) é sombrio, marcado pelo juízo, no entanto, tem um centro
luminoso: o reino dos mil anos. Temos três juízos: 1. A Besta (19,11-21), 2.
Satanás e mil anos (20,1-10), 3. Os mortos (20,11-15).
O secundo quadro é
luminoso (21,1-22,5): Primeiro há duas visões, secundo a visão da Nova
Jerusalém, terceiro a dimensão universal da cidade.
Interpretação:
Não se trata de uma cronologia, não
é um calendário. Não se trata de uma secunda vinda de Cristo no fim do mundo,
pois Cristo nunca partiu. Não há o fim do mundo, mas uma nova criação.
Não se trata nem de uma segunda vinda
do Senhor nem do fim do mundo. Não há do fim da história, mas de uma história
nova.
O primeiro quadro: O começo do
futuro da história 19,11-20,15
1.Cristo contra a Besta, o falso
profeta e os reis da terra 19,11-21. O confronto se dá agora, seu lugar se
chama miticamente Harmagedon.
O montado no cavalo branco tem três nomes: O Fiel e
Verdadeiro, seu nome: Palavra de Deus, Rei dos Reis, Senhor dos senhores, sobre
o cavalo branco (19,11-16): Jesus combate unicamente com sua palavra. Ele vai
apascentar, é pastor. Jesus tem sobre a cabeça muitos diademas, Satanás só sete,
a Besta dez. Jesus veste um manto ensopado de sangue: seu sangue nos libertou,
ele leva as marcas do seu martírio na cruz.
O grande banquete de Deus
(19,17-18): os que não participam das núpcias do Cordeiro participarão do
banquete de Deus para comer a carne dos reis, tribunos e poderosos.
Guerra e aniquilamento (19,19-21):
não há guerra, pois a guerra já foi ganha pelo martírio de Jesus e dos
mártires.
2..Julgamento de Satanás e Reino
de mil anos (20,1-10): Histórias de Satanás: primeira: Satanás no céu (12,1-6);
secunda: Satanás arremessado do céu para a terra (12,7-12); terceira: Satanás
na terra (12,13-17), dá poder à Besta (16,13-16); quarta: arremessado para o
abismo por 1000 anos, é solto um tempo e em seguida aniquilado (20,1-3 e 7-10).
O
reino dos mil anos (20,4-6): Um texto que fez muita história, com força
libertadora. Os que se sentaram no trono são os que foram decapitados e que não
adoraram a Besta, que vieram da grande tribulação (7,9-17), eles estão vivos e
fazem a justiça. Eles são os mesmos de 6,10, que gritavam por justiça. Eles
participam da primeira ressurreição, já foram julgados e entram no céu novo e
na nova terra, na nova Jerusalém. Se refere a Daniel 7.
¨Vi alguns tronos e aos que estavam
neles sentados foi dado poder para fazer justiça. Vi também com vida os que
foram decapitados pelo testemunho de Jesus e da palavra de Deus e todos que não
adoraram a Besta...reviveram e reinaram com Cristo mil anos. Os outros mortos
não reviveram até que se acabaram os mil anos. Esta é a primeira
ressurreição...Sobre eles a segunda morte não tem poder¨ (20,4-6). Há a ideia
do reino, junto com o Messias e dos mártires ressuscitados. Eles não participam
da segunda morte que é o lago que arde com fogo e enxofre, isto é, a morte
definitiva, o retorno ao não ser (21,8)
No NT há muitos testemunhos acerca deste Reino de Deus
sobre a terra: cf. Mt 19,28; Lc
22,28-3-; At 3,21; 1 Cor. 15,21-26;
. Em síntese,
podemos dizer que o reino dos mil anos é a utopia de todos os que lutam
contra a idolatria e a opressão dos impérios. É a esperança daqueles que creem
num Deus sobre terra, é a esperança de uma comunidade que crê num Deus que faz
justiça agora na história, que destrói os impérios, a utopia dos pobres e dos
oprimidos. Não se trata de uma etapa
cronológica, “daquela hora ninguém sabe
nada” (Mt 24,36; Lc 21,28).
3.Juízo
final dos mortos, (20,11-15): Deus aparece sozinho num trono branco. Deus não
esquece, mas julga conforme as obras.
São aniquilados os que fizeram a opção pela morte (cf. 1 Cor 15,26). O lago de
fogo é a morte última e definitiva.
O que
não entra no mundo novo fica aniquilado, reduzido a nada. ¨Não se trata de um
lugar eterno. Não pode haver um eschaton negativo... Não poder haver um mal
eterno. Só o bem pode ser eterno. O
inferno é o aniquilamento total ¨ (p. 282)
O
secundo quadro: O futuro da história
(21,1-22,5):
Este quadro é luminoso e cheio de esperança.
Podemos dividir em três partes: 1. Há duas visões: Novo céu e nova terra e
desce do céu a nova Jerusalém (1-8) 2. A
nova Jerusalém (9-21) 3. O que se vê
nela (21,22-22,5).
6.
O futuro da
história (21,1-22,5)
Novo céu e nova
terra:
Não há o fim do mundo, mas a utopia
de um novo céu e de uma nova terra 21,
1-8. Os termos céu e terra são usados
para designar o cosmo ou natureza em sua totalidade, a morada de Deus com os
homens. Cumpre-se a antiga promessa de Javé a seu povo: Uma voz já tinha
falado: (18,4): “Saí desta cidade, o meu povo”. “Ele habitará com eles. Eles serão seu povo e ele será o Deus que está
com eles” (21,3-5). Já não haverá
morte, nem luto, nem sofrimento.. ”Eis
que faço um mundo novo” (21,5).
A nova cidade:
A nova Jerusalém, não é como
Babilônia, nem como Roma, a grande prostituta, nem como Jerusalém. A
cidade tem doze portas com os nomes d as doze tribos de Israel (21,12) e
doze fundamentos com os nomes dos doze
apóstolos (21,14).. Ela possui doze mil estádios (2.200 km), um gigantesco
cubo. Os materiais da cidade: a praça é de ouro puro, e todos os que passam a
pisoteiam. Não precisa dinheiro para comprar e vender (21,18). Não se vê um templo, seu templo é Deus e o
Cordeiro (21,22), Não precisa sol e lua, a gloria de Deus ilumina, a sua lâmpada é o Cordeiro. Mas há exclusão
da nova Jerusalém: imundície,
abominação, mentira (21,27),
A cidade lembra o jardim de Èden:
Há um rio de água e árvores da vida. A água viva jorrava do trono de Deus e do Cordeiro. Não haverá mais
maldição como no Gênesis 3,1-7 . Deus tinha avisado: ¨Dela não comereis e não a
tocareis, para não morrerdes¨ A serpente
tentou mentindo: Sereis como deuses o conhecimento possuindo do que seja bom ou
mau. Porém, a serpente, o dragão, Satanás foi precipitado no fogo. A arvore da
vida serve para a cura das nações. Os servos de Deus prestarão culto, verão a
face de Deus e o nome de Deus estará
sobre suas frontes (22,3-4;) Não haverá
distinção entre santo e profano, crentes e ateus, todos são sacerdotes olhando a face de Deus.
Chegaram as núpcias do Cordeiro
As núpcias do Cordeiro com a sua esposa já
foram avisadas em 19, 7-9: a esposa se preparou. Desce do céu, de Deus a
nova Jerusalém, preparada como uma esposa
que se enfeitou para seu esposo (21,2;) O grande modelo para o casamento é Is. 62, 1-9). ¨Assim
como o jovem desposa a sua noiva o teu Criador te desposa¨.,
Roma foi a grande prostituta, a nova
Jerusalém é a virgem esposa, que não se juntou com a besta. A noiva são todos
que não tinha a marca da besta, mas seguiram o Cordeiro, são todos que vieram
da grande tribulação (14,4).
Epílogo: O futuro está no presente: 22,6-21
Feliz o que guarda as palavras
proféticas deste livro (22,7). Vão ficar fora os cães, feiticeiros,
imorais, assassinos, idólatras, que praticam a mentira. ( 22,15)
A Espírita e a esposa dizem: Vem!
(22,27). Amém. Vem, Senhor Jesus!
C
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