Introdução
dos estudos bíblicos
Primeiro
e (Secundo ou) Novo Testamento Sempre se fala do Antigo e do Novo Testamento ou Aliança, que significa
uma deterioração da primeira parte da Bíblia, como se fosse acabada. Mas tudo é
um conjunto: a promessa de Deus a partir de Abraão até o cumprimento em
Jesus. Por isso não falo do Antigo
Testamento.
A
Bíblia hebraica Eu uso a
tradição ecumênica da Bíblia (TEB) 3.a
ed. Paris 1980, (TOB). A Bíblia hebraica guarda a divisão original e não a divisão
da tradução grega da LXX.
A
fonte profética As fontes da
Bíblia foram chamadas Jahvista (J), Eloista (E), Deuteronomista (D) e a fonte
sacerdotal (S). O Deuteronomista escreveu a história da fé a partir da Genesis
até o término da realeza de Israel. O coração de tudo é o livro Deuteronômio,
em hebraico chamado ¨Falas de Moisés¨, que não é uma secunda Lei, mas uma guia no caminho do parceiro de Javé,
com advertências, conselhos e propostas. O deuteronomista fala dos primeiros
profetas, Moisés é o grande profeta. Por isso prefiro falar da fonte profética
que reúne os textos de Javista (Judá) e Eloista (Israel) com seus escritos.
Os
nabim Os nabim são aqueles
que foram chamados de falar em nome de Javé. Sempre se fala: ¨Oráculo de Javé¨.
Também são chamados videntes, porque eles analisam a s situações,
comportamentos dos reis, buscam a justiça de Deus, denunciam os pecados. A LXX
traduz nabim ou vidente por profeta.
Pela Espírita videntes falarão.
Seu
nome é Javé A TEB não usa o
nome Javé, respeitando a tradição dos judeus, que não pronunciam o nome de
Deus. A LXX traduziu o nome Javé por
Senhor, é um dono que manda. Pior: um antigo atributo de Deus foi: ¨O das montanhas¨ que foi traduzido pela LXX por
Pantokrator, o dominador do universo. Javé significa: ¨Eu estou¨ ou ¨estarei
como estarei¨. A tradução ¨Eu sou¨ é
pensamento grego, a - histórico, enquanto ¨Eu estou¨ exprime a presença de Deus
com seu povo na história. Javé é santo, não um deus vingativo, nem macho nem
fêmeo (Hoseia).
As dez
palavras O povo, não mais escravo do Egito, entra
livremente no pacto, na aliança com Deus. Javé propõe: Não faças... Não são
mandamentos, mas são dez palavras. A resposta: Faremos tudo, o que Ele diz. O
livro Levítico mostra o lado positivo: Amar o outro (patriota), ele é como tu.
Também o estrangeiro será como patriota. Não o oprime, também você foi estrangeiro.
Sede santos como Javé é santo. O mesmo pensamento se encontra na ¨Regra de
ouro¨.
As
tentações do adversário Vêm
as provas e tentações, que não vem de Deus. Deus não tenta ninguém, quem tenta
é a serpente, o Diabo, Satanás, o Adversário Deus, o Acusador dos santos.
Tentação é a consequência da liberdade
das criaturas, ¨Quase um deus o fizeste¨.. Jó resiste às tentações do
adversário e constata finalmente ¨Tenho meu consolo no pó e na cinza. Javé se converte a ele. Jó é seu servo. Javé
não escolhe reis e poderosos. O nome de Javé não é sucesso. Javé gostou seu
servo triturado.
O
cumprimento da aliança Jesus é o cumprimento da aliança: rejeita qualquer poder, ele tem a autoridade
do Pai. Nele se mostra a força do Pai, a energia da Espírita Santa. Ruach de
Javé é feminina, no grego: pneuma ágion, ainda neutro ete..Os atos de Jesus não
são milagres, mas mostram a dinâmica, a energia dele, tudo depende da fé dos
ouvi não masculino. Os ouvintes de Jesus são ¨o ochlos¨, a massa danada que não
entende a Lei, que condena até a morte.
Deus criou o céu e a terra por amor, escolheu
seu povo por amor, Deus amou tanto o mundo que entregou seu Filho, Por amor
Jesus se entregou aos seus adversários e superou o poder deles não com armas,
mas pelo amor. A Advogada defende contra
os acusadores dos fies.
¨É a Espírita que vivifica, a carne para
nada serve¨. Também as letras da Bíblia são mortas, se não são praticadas. Na
Eucaristia bebemos seu sangue da aliança (Mateus).
A: A BÍBLIA hebraica: TA-NA-K
I Torá (Ta)
Literatura usada: Bíblia TEB
Os
livros proféticos Ribla 35/36
Einleitung in das Alte Testament 5. Auflage Kohlhammer
Jan Assmann: Êxodus, C.H.Beck 2015
Quem escreveu a Bíblia ? Richard Elliott Friedmann, Anaconda Verlag1987
Jan Assmann: Êxodus, C.H.Beck 2015
Quem escreveu a Bíblia ? Richard Elliott Friedmann, Anaconda Verlag1987
a) Organização da TANAK
b) As fontes da Bíblia
c) História de Israel
a) Organização da TANAK
I A Torá (Ta) “Guia no Caminho”:
1 Origem, Gênesis
2 Nomes, Êxodo
3 Ele chamou, Levítico
4 No deserto, Números
5 Falas de Moisés, Deuteronômio
II Os Nabim (NA): Profetas:
Videntes e Mensageiros:
1. Os primeiros profetas:
Josué, Juízes, Samuel I e II, Reis I e II.
2. Os últimos profetas: Isaías, Jeremias, Ezequiel;
3. O Livro dos doze profetas, um conjunto:
(1)Oséias, (2)Joel, (3)Amós, (4)Abdias, (5)Jonas, (6)Miquéias,
(7) Naum, (8) Habacuc, (9) Sofonias, (10)Ageu, (11)Zacarias, (12)Malaquias.
III Os Ketubim (K) Escritos:
Os Salmos Jô Os provérbios
5 Rolos: Rute, Cântico, Qohélet, Lamentações, Ester
O Apocalipse de Daniel
Esdras e Neemias, Crônicos
Deuterocanônicos:
Ester grego, Judite, Tobit, Macabeus, Sabedoria,
Sirácida, Baruc, Epístola de Jeremias.
O primeiro Testamento foi escrito durante muitas épocas composto de várias fontes orais e escritas pelos os redatores até a oficialização (Canon) da Torá e dos profetas em torno de 400 a.C. Em torno de 250 a.C. a Torá foi traduzida em grego em Alexandria (Egito), a chamada Septuaginta LXX. Na igreja primitiva foi mudada a ordem dos diferentes livros.
A Bíblia não trata da história de Israel, não é um livro histórico,
mas reflete a fé a partir de fatos históricos,
é um livro da fé e da esperança nas promessas de Javé.
Who
wrote te Bible? Quem escreveu a Bíblia?
Richard Elliott Friedmann Anaconda Verlag 1987
1. O mundo, onde surgiu a Bíblia 1200-722 a.Cr.
A religião de
Canaã foi uma religião da natureza. O Deus supremo foi EL, que foi masculino,
patriarqual, dominante, no conselho dos deuses mandou ( cf. Sl 82 e Jó 1,6).
No primeiro
tempo Israel foi orientado por 12 tribos
com os Levitas. Havia juízes e sacerdotes. O rei David uniu as tribos, mudou de
Hebron para Jerusalém, denominou dois sacerdotes: Abjathar do Norte e Zadok do Sul para unir seu reino. Salomão
preferiu o Sul em detrimento do Norte. Seu filho, Rehabeam, continuou a
preferência do Sul. O Norte revoltou e Jerobeam foi eleito rei do Norte. O
reino de David se separou.
A tenda, a arca da aliança e o sumo sacerdote
ficaram em Jerusalém. Para evitar a peregrinação para Jerusalém Jerobeam criou uma nova versão da religião, um novo centro, novas festa e símbolos. O
novo símbolo foram dois bezerros, identificados com EL dos Canaanitas. um em
Bet-El, outro em Dan. No templo (27 m
por 9 m) havia dois Querubins, pedestal de Javé. Os bezerros foram o pedestal
para Javé, identificado com EL. Os sacerdotes de Shilô, levitas, foram
excluídos por Jerobeam. Nos dois estados viviam dois autores da Bíblia. Após a
destruição de Samaria os levitas levaram a fonte E para Jerusalém.
J e
E: Javé em Judá, El em Israel
El era o supremo deus em Canaã, ele é o El
do Norte, patriarcal, soberano, onipotente. Javé é o Deus de Juda: ¨Eu estarei¨
com Moisés, com o povo, com os pequeno.
A fonte E tinha uma peça dubla, chamada P (ou S) com relatos
sobre sacerdotes, sacrifícios, pureza, datas, números e medidas (cf. Gn 6,5-8,22;)
O autor E se interessa pela
política de Jerobeam em Israel e das cidades do Norte, destaca a aliança de
Moisse no Horéb, não a aliança de Abraão, dos patriarcas como em J. E ataca o
sacerdócio do Norte e do Sul, É uma polêmica,
apresentar o bezerro como Deus. Para E a tenda é símbolo da presença de Deus,
ligado a Shilô no Norte., não aparece em J, a Arca da Aliança não aparece em E.
O autor de E é um sacerdote levitico
de Shilô. Em E Deus é sempre chamado El
até o chamado de Moisés (Ex
3,4). O autor de E foi com certeza um
homem, entre 922 – 722.
O autor de J, escreveu entre 848 – 722. Ele fala de Hebron, antiga capital do Sul, onde
Abraão vivia, onde David nomeou Sadoc da família de Aarão como sumo sacerdote, só
fala de Judá e Benjamin Nas contas da
fonte J aparecem muitos traços femininos.
2. O mundo da Bíblia 722 – 587
Com a
destruição de Israel 722 afundou o mundo que J e E criou. Os descendentes de
David ficaram vasallos dos Assirios e Babilônios. O rei Ezequias (2 Rs 18)
governou de 715 até 687 em Judá, anulou os ¨lugares altos¨e centralizou o
templo. No mundo bíblico os sacrificios serviam para a comida. Quem come carne,
destroi a vida, mas isto foi um ato sacrado, o animal (não peixes e frangos)
deviam sacrificados no altar pelos sacerdotes, agora no templo.
Na política
Ezequias recusou o domínio dos Assirios, os Assírios conquistaram muitas
cidades e cercaram Jerusalém, mas não conseguiram conquistar a cidade. Ezequias
tinha mandado de construir um tunel para fornecer água. O filho e neto dele
restauraram o cculto de outros deuses no templo e os lugares altos.
Josias voltou à
prática de Ezequias: destruição dos lugares altos e centralização do Templo.
622 veio a notícia que o sacerdote Hiquiáhu encontrou um livro da Torá (2 Rs
22,8). Josias tinha lutado contra Assur e Egito, o que significava, estar ao
lado dos Babilônios. Jeremias falou bem de Osias (Jr 22,15). Após a morte de
Josias governaram três filhos e um neto.
Nabucodonosor mandou degolar os filhos
do rei Sedecias vazou os olhos dele (Jr 39,6). 587 destruição de
Jerusalém. Neste tempo um autor escreveu
a história do seu povo a partir de Moisés.
(p 116)
Deuteronômio D e a obra do
deuteronomista Dtr 1 e 2
O que o
sacerdote Hilquiáhu no ano 622 encontrou
foi o Deuteronómio (¨Falas de Moisés¨),
mas não é de Moisés e sim de Hilquiáhu. Mas há uma relação especial com os
livros Josué, juízes, Samuel e Reis. O autor escreveu de tal modo as leis do
Deuteronômia para que servirem para todos os reis: o que é bom, o que é rium
nos olhos de Javé. Uma primeira edição da História deuteronomista foi um homem
que vivia no tempo de Josias, a secunda edição ajunta os acontecimentos depois
da queda dos reis.
D
Cap.12 até 26 contem o código das Leis,
preceitos e costumes, são um ensino de exortações, , apelos e advertências, se
referem a costumes antes dos reis. Interesse especial tem os Levitas. O autor
de D se deixa provalmente encontrar entre os levitas e não entre o pessoal do
rei.
A pessoa que escreveu as leis vem dos
sacerdotes de Siló, só os levitas são verdadeiros sacerdotes, o povo deve
cuidar deles, eles recconheceram um rei, porque o lider deles, Samuel, chamou e
ungiu os primeiros dois reis.
Dtr 1 O
deuteronomista pegou o códico das Leis e escreveu uma introdução (D 1-11) ,
depois colocou o codex e terminou com bençãos e maldiçãos ((Dt 27-28). Ele
entrega tudo aos levitas. O autor estava ligado com os sacerddotess de Siló. O
Josias foi o hero do autor, Josias reparou a injustiça, que os levitas sofreram
durante 300 anos. Jeremias: Ele admira Josias, estava associado com aqueles que mexeram com a Torá, quatro
vezes ele menciona Siló. Jeremia é sacerdote, mas nunca ofereceu sacrifícios. O
livro de Jeremijas tem a mesma linguagem como Dtr. D e E se completam.
Dtr
2 O autor exilado completou a história, vivendo
no exxílio após a destruição de Jerusalém e das prometas de Javé. .(Dt 4,26;
4,27; 28,63; 28,64; 30,18). O povo, libertado do Egito, volta a Egito. Jeremias
é o autor: durante o dominio de Josias ele estava em Jerusalem, mais tarde no Egito (Jr 42), Jeremjas, o profeta e Baruc,
o escritor ou coloaborador, são os autores. Um sigilo em argila diz:
¨propriedade de Baruc, filho de Nerias, esrevente¨.(p 154)
3. O mundo da Bíblia 587 –
400 a.Cr.
Nos livros históricos da Bíblia se encontra
pouca coisa sobre os exilados. A religião de Judá não combinou com a religião
dos povos. O Salmo 137 mostra a situação dos exilados, que sofrem sob os
Babilónios e também dos Edomitas. Javé é um deus nacional ou universal? Como
adorar Javé sem Templo? Quem lidera o povo sem reis? Os sacerdotes tinha
perdido sua influência porque não tinha mais sacrifícios.
538 venceram os Persas os Babilônios.
Os exilados podiam voltar. O II templo foi reconstruido e 516 consagrado. O
sacerdócio aaronita ganhou a influencia. 458 voltou Esra, um sacerdote
aaronita com a Torá de Moisés e a ordem
de Atarxexes de realizar a lei de Moisés.
Textos de Esra e Nehemias continham material de P. a Torá de Moisés continha todas as fontes, J,
E, D e P. Quem escreveu P (S)? Como Esra consegiu esta Torá inteira?( p197)
A
tenda é a chave para
buscaar o autor da fonte P (S),ela cabe dentro do Templo. Moisés construiu a
tenda no deserto para guardar a arca da aliança, na fonte E três vezes
mencionada, na fonte J e D nunca, em P mais de duzentos vezes. Muitos cientistas acham que a tenda é uma
invença do secundo Templo e não existia, porque para eles a tenda foi uma ficção
do secundo templo. seria o 2. Templo.
Porém, Jeremias e Hezeqiel conheciam
P. Em 1 Rs 8,4; se diz: ¨Levaram a arca
de Javé, a tenda da reunião e todos os objetos sagrados que se achavam na
tenda¨. Salmo 26,8: ¨Javé, amo a casa onde resides e o lugar onde habita a tua
glória¨ ( TEB). Coreto seria: o lugar da tenda da tua glória. (Sl 27,5;) O autor devia viver e escrever antes ¨Puseram
fogo em teu santuário, derrubaram e profanaram a tenda do teu nome¨ (Sl 74,7; )
( p 230)
Quem
esscreveu P (S) ?
Esta pessoa foi um sacerdote
aaronita, veio de Judá / Jerusalém, conhecia a prática sacerdotal, viveu e
escreveu antes da destruição de
Jerusalém 587. Os Aaronitas foram os sacerdotes em Jerusalém, Aaron foi o primeiro sumo sacerdote em Israel, Após 722 vieram os fugitivos de israel com a
sua tradição J / E, que desprezaram os
Aaronitas.
P (S) foi escrito como alternaativa a P e E.
Em JE se diz: Javé falou a Moisés, em P: Javé falou a Moisés e Aaron. Em P não
existiram sacrifícios antes do sumo sacerdote Aaron. A palavra ¨profeta¨ só uma
vez aparece em relação a Aaron. Na revolta em Num 16 J/E justifica-se Moisés, em P Aaron.
Em P não se encontra misericórdia ,
graça, fidelidade, arrepender-se como em J/E. Em P Deus é justo e exge
sacrifícios para a reconciliação.
P
omite muitas contas de J/E: J/E conta a história de José em 10
capitulos, P só alguns frases. P recusou
sonhos, anjos etc de J/E. A serpente que
fala a Eva não aparece. Importante é a criação, a aliança com Noé, a aliança
com Abraão.
Jeremias e o Deuteromista conheciam a
fonte P (S) Jeremias em 8,8; fala: ¨Mas esta Torá se tornou-se uma lei
fälsa ¨. Jeremijas pensa na Torá
sacerdotal. P foi escrito entre722 e
609. Conforme 2 Cr 31,2; Ezequias
estabeleceu as classes dos sacerdotes e dos levitas¨. D fala dos
sacerdotes, dos levitas, P de dois grupos, sacerdotes e levitas. O sacerdócio
aaronita que criou a fonte P, tinha
inimigos, os levitas. O rei Ezequias foi um rei ideal para os sacerdotes
aaronitas, para D o Josias é o ideal. Nos Crónicos Salomão e Ezequias apoiaram
os Aaronitas,, deixaram fora o negativo de Ezequias. O domínio de Ezequias
começou com a derrota de Israel no Norte, o major desafio para os acerdotes
aaronitas em Jerusalém qie Ezequias apoiou. O nome do autor de P fica
desconhecido, ele pertence ao sacerdócio aaronita, as contas são de uma pessoa,
as leis podem ser de diferentes fontes. O autor concebeu sua obra como
alternativa à fonte J / E. Quem uniu as
duas fontes? ( p 248)
A
união de J /E, P e Drt, o redator Esdras
P
era polêmico e se dirigiu contra J / E que desprezou Aarão. P desprezou Moisés. Em J / E se fala, cada
levita pode ser sacerdotes, P só descendentes de Aarão. D foi contra P. Agora
alguém uniu estas fontes. O redator foi um dos saserdotes
aaronitas. Ele começãou os quatro partes daa sua obra com contas de P. Ele usou
documentos sacerdotais, o livros das genealogias. Ele adicionou próprioss textos no estilo de P.
O
autor de P é diferente do redator. No
tempo do secundo templo os sacerdotes aaronitas tinham o poder, Esdras foi um deles. Na Bíblia duas pessoas
são legisladores: Moisés e Esdras. No tempo de Esdras se pensou, que todas as
fontes são de Moisés. Por isso foi necessário, unir todas estas fontes.( p 287)
c) A História de Israel:
Abrão de Ur,
Mesopotâmia, nos tempos remotos
Apos a criação, dilúvio e torre de Babél ficamos sabendo dos nossos pais: Térah, pai de Abrão que “serviam a outros deuses”,Abrão sai de Mesopotâmia para Canaã. (Josué 24) Isaac, seu filho. Abraão será o protótipo do homem que tem fé em Deus. Jacó com os doze filhos sai para o Egito.
A memória de
Abraão fica viva na história do povo de Israel. Várias épocas elaboraram o
texto final. (Milton Schwantes: Deus vê,
Deus ouve! Gênesis 12 – 25 São Leopoldo, Oikos
2009)
Nós estamos em Judá: o tema é Mesopotâmia -
Canaã – Egito. As historias do êxodo sob Moisés conformam o pano de fundo, aqui
a libertação de Sarai do pressão faraônica.
Nos filhos
reavive o pai Abrão, ele prefigura a identidade de Judá. Central é a questão da
família e da terra. “Serão benditos em
ti todas as famílias da roça” (12,3)
Abraão atravessou a terra até Siquém, Betel, Ai
e deslocou-se para o Négueb. Por causa de fome ele desceu para Egito. Existem
dois conflitos: a prepotência dos soberanos e a submissão da mulher ao homem.
1.
O tempo do exílio em torno de
1250 a.C.
Acontece o êxodo por Moisés em
torno de 1250 a.C. O Deus dos pais revela seu nome “Javé” que significa: “Eu
estarei com você (Moisés) ou vocês.” Os sacerdotes interpretam no exílio: “Eu estarei como Eu
estarei” (Ex. 6,3) para destacar a soberania de Javé (JHWH).
2. O tempo das tribos de Israel
2. O tempo das tribos de Israel
Segue a entrada na terra prometida e tomada da posse (Josué, Juízes. Estes livro já pertencem aos livros proféticos É o tempo ideal com famílias, clãs, tribos, anciãos, Javé é o rei. O NT se refere não ao povo, mas às tribos começando com o número Doze.
3. A
fundação da realeza c.1040 – c. 930 a.C.
As tribos querem um rei, eles rejeitaram Javé, mas Javé deixa-os agir conforme a vontade deles.(1Sm 8).
Saul o primeiro rei. Os anciãos de Israel pedem um rei. Rejeitam a
Javé, o verdadeiro rei de Israel, um rei justo, enquanto os reis em Israel
praticarão injustiça (1 Sm 8) Uma
informação sobre seu reino encontramos 1 Sm 14, 47 -48; sua rejeição 1 Sm 15, 27 -35.
David reina de 1010 – 972. Ele é marcado
por duas grandes fugas: primeiro ele foge do rei Saul (1 Sm 26), sempre
respeitando a vida dele e lamentando a morte de Saul e de Jônatan (2 Sm 1,17 –
27). David tinha 30 anos, quando se tornou rei, reinou em Hebron sobre Judá 7
anos e em Jerusalém sobre todo Israel e Juda ( 2 Sm 5, 1-10) 33 anos. Ele
conquistou a cidade dos Jebusitas, Jerusalém, por um canal que forneceu água
para a cidade. Ele recebe a promessa: “Tua casa e tua realeza serão para sempre
estáveis diante de mim” (2 Sm 7,16).
Salomão rei de Judá e Israel c. 972 –
933. Foi elogiado por sua sabedoria, chamado pai da sabedoria. Historiadores
vêem na base destas alusões um grande movimento literário durante o reinado de
Salomão e já de David. Salomão construiu o
primeiro templo (1 Rs ,6), símbolo do poder real, Javé mora nos céus, aumentou sua riqueza, amou numerosas mulheres estrangeiras.
Suas mulheres desviaram-lhe o coração (1 Rs 11). Seus gastos diários foram imensos (1Rs 5,1-8) às custas do
povo.
4. O REINO DO NORTE
933 – 722
Sob o reino de Roboão, filho e Salomão, aconteceu o cisma religioso e
politico, as tribos de norte se separaram de Juda e Jerusalém. O rei deles,
Jeroboão, deixou fazer dois bezerros de ouro, um em Betel, outro em Dan (1 Rs
12,28) para o povo não subir para o templo em Jerusalém. Samaria foi a capital, o reino ficou muito
rico e poderoso.
É o tempo dos profetas Elias, Eliseu, Amos, Oséias.
Assur com a capital de Ninive foi
a grande ameaça para o Reino de Norte, Israel. Salmanar III
858 – 824 a .C. consegui conquistar
Damasco. Em 734 a .C.
a metade do reino de Israel tornou-se uma província assíria sob Tiglat Pileser ( 2 Rs 15,29), enquanto Judá
tinha de pagar tributos ( Is. 7,10-14). Salmanasar V ( 727-721) destruiu Samaria em 722, a maior parte da população foi deportada.( 2 Rs 17).
Sanherib (
704-681) bloqueou Judá e Jerusalém, mas não conseguiu conquistar Jerusalém
(Is.10,28-32). Tempos depois os Babilônios derrotam os Assírios. Reflexões
sobre as causas das ruínas do reino do Norte 2Rs 17,7.
5.
O REINO DO SUL 933 – 586
Descoberta do Livro “Sepher hattorah” a “Guia no
caminho”.
O livro foi
encontrado no tempo do rei Josias 640 – 609 a .C que começou seu reinado com 8 anos. (Jer 22,15-19) “Encontrei na casa de Javé o Livro
Sepher Háttorah 2 Reis 22,8. Quem depositou este livro no templo, não sabemos.
Provavelmente depois da destruição da
Samaria e do Reino do Norte 722
a .C os Levitas pobres fugiram dos santuários de Israel
para o Sul levando consigo as grandes idéias dos profetas do Norte (Elias, Eliseu e Oséias e Amós). Talvez eles
já transformaram estas idéias dos profetas em concretas leis e estatutos e
mandamentos para a vida da sociedade. A profetisa Hulda adverte 2 Rs 22, 14.
Josias
inaugurou uma reforma em Judá e Israel, “demoliu as casas dos prostitutos
sagrados que se achavam na casa de Javé, onde as mulheres teciam vestes para
Aserá” 2 Reis 23,7: Josias “derrubou os ‘camarins’ dos hierodulos que estavam
no templo de Javé, onde as mulheres teciam ‘dosséis’ para a (deusa) Aserá” veja
também 2 Reis 21,3. O verbo “tecer” remete indubitavelmente a tecidos. Por isso
alguns traduzem battim por “vestidos”. Neste caso devia tratar-se de vestidos
feitos para a estátua de Aserá, uma prática atestada nos outros textos sobre as
estátuas dos Deuses.
Josias
destruiu todos os altares e santuários no país e centralizou o culto no templo
de Jerusalém, um só Deus e um só Santuário, Contrario ao costume de celebrar a
Páscoa nas famílias ele centralizou a festa da Páscoa em Jerusalém (23,21-23).
Assim ele praticou o Livro da Guia. No ano 609 o Rei Josias morreu.
6.. O EXÍLIO EM BABILÔNIA 597 - 538
Os Babilônios
só exilaram a elite de Jerusalém, mas deixaram o povo pobre na terra, (Jeremias
39,1-10 e Sofonias 3,11-5.11-13) e não organizaram uma nova elite. Na terra
ficou uma larga massa de povo, um conjunto de camponeses sem organização.
Os capítulos
40-45 de Jeremias descrevem a situação daqueles que ficaram no país. As
Lamentações (Eiká - Como? Oh!) mostram a dor e a necessidade do resto de
Israel, as primeiras duas sob os traços de uma viúva, a 3ª destaca um homem,
pode ser uma representação do povo inteiro. Todos os poemas datam antes do fim
do exílio.
Pessoa
importante neste tempo é Ezequiel,
em 597 exilado para Babilônia, ele morreu 565 a.C. A atividade dele se desenrolou
numa cidade Tel-Abib, 24. Ele foi
sacerdote, mas assumiu o papel de profeta. Ele conhece o cerco de Jerusalém em
589, Julho-Agosto 587 chegou a notícia: “A cidade caiu.” ( 33,21-33)..
Os exilados
de Jerusalém podiam admirar Babilônia, esta grande cidade, situada no rio
Eufrates: largas estradas, a estrada da procissão com o portal da deusa
Ischtar, as imagens dos deuses, os “ídolos”, os palácios com as “hortas
penduradas”. Eles podiam construir casas, exercer profissões, ser comerciantes,
subir até altas funções do Estado. Como sobreviver nos buracos de Babilônia? Não seriam os deuses dos Babilônios mais
fortes do que Javé?
O profeta Deutero-Isaías (550-539) esclarece a nova situação: o perigo não é
mais o Baalismo de Canaã, mas os deuses de Babilônia. .Javé é o único Deus. Ele
anuncia um novo êxodo, realizado pelo rei Persa. Javé que formou Israel vai
resgatar este povo, ele é santo. Dt e Isaías fala sempre de Jacó e de Israel.
Israel e Judá
tinham perdido tudo: os símbolos do povo: rei, templo, terra, o estado, a
unidade da nação acabou. Os judeus foram pessoas individuais, espalhados no
mundo inteiro. Agora se fala do Judaísmo.
A lei tinha a
função para defender e proteger a vida dos mais fracos. A salvação era
comunitária e a justiça relacionada à partilha com os pobres. Agora no exílio a
salvação torna-se um conceito individual (cf. Ez 14,12-28; 18,1-32;
33,10-20). Abandona-se a preocupação com a comunidade baseada em relações de
justiça e cresce a importância de ser individualmente justo, cumprindo as leis.
Mas
Ezequiel promete ainda a volta dos exilados para o solo: “Habitareis a terra
que dei aos vossos pais, sereis para mim um povo e eu serei para vós Deus” (Ez
36, 23-28).
7..O IMPÉRIO DOS PERSAS 538 -331
Ciro, o fundador do Império Persa, conquistava
Ekbatana, capital dos Medos, em 550 e Babilônia em 539. Ele conseguiu entrar na
cidade sem combate e sem destruir nada, foi saudado como libertador. Ciro, um
imperador tolerante deixou a cidade como era e queria um império onde cada
nação podia guardar sua cultura e religião.
Os presos da Babilônia podiam voltar para sua pátria.
A província Persa de Yehud (Judá) é uma terra reduzida à sua expressão mínima,
com um povo empobrecido, oprimido, exausto pelo tributo ao império. O povo “Israel”
não existe mais.
É uma
perspectiva falsa, que dominou a exegese e a história bíblica, sustentar que
houve uma volta de todos os exilados do exílio, isto bloqueou a leitura de
temas essenciais dos livros proféticos. O edito de Ciro não é um documento
Persa, mas um texto teológico do grupo sacerdotal judeu. Não fala da repatriação
dos exilados, mas exorta aqueles voltar que quiserem colaborar na reconstrução
do templo. A reconstrução do templo era uma demonstração do poder dos Persas.
Na
realidade, o exílio da Babilônia foi se transformando numa situação de diáspora
(dispersos pelo mundo inteiro) generalizada.
Os autores do Pentateuco deram a sua forma atual no momento da dispersão
de Israel por todas as nações e ilhas do mundo, então conhecido. Como Abraão de
“Ur dos Caldeus” e os hebreus do Egito conseguiram a terra no seu tempo
assim agora os dispersos podem ganhar a terra.
Estudos
literários sobre os profetas (Severino Croatto Ribla 35/36/37) mostram que o
Pentateuco como os livros proféticos encontram sua última redação nos tempos do
Império Persa.
A Construção do Segundo Templo:
A política dos
Persas reconhecia o culto próprio dos povos que foram incorporados no Império.
O edito sobre Jerusalém (Esd 6, 3-5) não foi assim um privilégio para os
Judeus, mas a aplicação da política geral. O templo será uma chave importante
para entender o Judaísmo pós-exílio. Judá será uma zona autônoma do Império,
criada em torno do templo e governada pelo sacerdote sadoquita até 175.
Um primeiro
grupo voltou sobre a direção do governador Sheshbasar: Esdras 1,1-11. A viagem de volta demorou
de 4 a 6
meses, mais ou menos 1.400
km . Seguem outros grupos com o sumo sacerdote Josué e
Zorobabel, pretendente ao trono de David, delegados do poder Persa: Esdras
2,1-2.
Já
no ano 538 foi constituído um altar (Esd. 3,1-4) e começou a fundação do
Templo.
Após
anos da interrupção recomeça em 520
a reconstrução do templo. Ageu renova o zelo por
uma casa digna de Javé, Agosto até Dezembro 520. Zacarias 520-518
(capítulo 1-8) anima também o povo para a construção, parece ser chefe da
família sacerdotal de Idó e mostra a mentalidade sacerdotal falando em jejum,
pureza e santidade da terra. Já 515 celebraram a dedicação do templo de Deus
(Esd 6,16-18), logo depois eles celebram a Páscoa. O terceiro Isaías critica a
construção do templo (66,1). Javé olha os abatidos no espírito.O universo é a casa de Deus (Is.66). O templo será o domínio dos sacerdotes em vez dos reis.
Neemias, funcionário do rei Persa:
Judá estava
situada entre Síria e Egito que ameaçavam o império Persa. Precisava reforçar
Judá para manter um território fiel ao império, Neemias foi funcionário
na corte do rei persa Artaschastra (465-423?) e enviado para Judá. Ele fundou a
autonomia de Judá, um território de 2.500 km quadrados com uma população de 50 a 60 mil habitantes: os
pobres da terra, estrangeiros e os repatriados de Babilônia. Ele deixa
reconstruir o muro de Jerusalém com muitos sacrifícios e ataques pelos vizinhos
(Ne 4). A situação econômica tinha piorado, porque os Persas exigiram muitos tributos.
Quem sofreu foi o pequeno agricultor, que devia vender os filhos e as filhas
como escravos (Ne. 5,1-5) em conseqüência se estabeleceu uma classe dominante
rica.
Mas Neemias
pratica o Deuteronômio, a República da Torá, ele pede aos funcionários e ricos
para perdoar as dívidas do pobre (Ne 5,6-11), para criar igualdade entre irmãos
(Ne 5,14-19). Os capítulos 8 e 9 de Neemias constituem o judaísmo com o elemento da sinagoga sem
sacrifícios e templo.
Esdras (Esd 7), um escriba na Lei,
Ele foi encarregado de uma missão oficial pelo rei da Pérsia Artaschastra, ele é competente na lei do “Deus do céu”. Na tradição rabínica Esdras é um novo Moisés
Ele foi encarregado de uma missão oficial pelo rei da Pérsia Artaschastra, ele é competente na lei do “Deus do céu”. Na tradição rabínica Esdras é um novo Moisés
Provavelmente
Esdras chega a Jerusalém tempos depois de Neemias, Esdras empreende uma reforma
radical por causa do grande número de casamentos entre judeus e pagãos. Este
sacerdote aparece no capitulo 7 de Esdras, e de repente 8 e 9 de Neemias.
Esdras 10 afastamento das mulheres estrangeiras. Neemias 13,23-29
Provavelmente no ano 398 foi celebrada a festa
das Tendas, ou cabanas ou sukot, lembra o tempo de Josué quando ele fez aliança
com o povo. Aconteceu uma promulgação solene da Torá por Esdras, o novo Moisés,
em Jerusalém (Esdras 7 e Neemias 8). Jerusalém será o centro religioso do
Judaísmo para todas as comunidades no mundo.
A praça que
fica em frente à porta das Águas: lembra da rocha onde Moisés tirou água. Não
os sacerdotes e o templo, mas o povo e o campo estão no centro da celebração.
Esdras (sacerdote
e escriba) leu o livro de Moisés (talvez o redator quisesse destacar o papel do
sacerdote por isso chama Esdras também sacerdote): Este livro da lei de Moisés
poderia ser total ou em parte, o Pentateuco atual, a primeira parte da Bíblia
hebraica que na época de Esdras e Neemias talvez já constituísse a Torá, cuja
autoridade para o judaísmo se aumentará cada vez mais no decurso dos séculos
subsequentes, Esdras o sacerdote e escriba, e os Levitas disseram a todo povo:
“Este dia é consagrado a Javé, a alegria de Javé será a vossa força”.
Após a leitura segue uma oração que reflete a história do povo até hoje.
A Torá,
tradicionalmente transmitida oralmente do pai para o filho, se converte agora
em Lei de Estado por escrito. Como Lei da província é obrigatória para todos os
Judeus, seja em Jerusalém, ou seja, na diáspora. O templo em Jerusalém é o
lugar de Javé, mas o que unifica todos os Judeus na diáspora é a Torá escrita. Mas o centro da sociedade é a família
que conserva as antigas tradições e educa para a sabedoria. O sábado, a
circuncisão e as normas de alimentação são constitutivas para o Judaísmo.
8. O
Império grego 331 – 63 a.C.
Alexandre
Grande de Macedônia, educado por Aristóteles, tinha 22 anos quando conquistou o
mundo dos Persas, em 332 ele ocupou a Palestina. Suas conquistas: Ásia menor,
Síria, Egito, Pérsia até a Índia. No Egito ele fundou a cidade Alexandria, um
centro de arte e ciência, um refúgio para os judeus e mais tarde para os
cristãos. Com 33 anos Alexandre morreu na Babilônia. Seu império foi dividido
entre os Lágidas ou Ptolomeus no Egito e os Selêucidas na Síria e Babilônia.
300 a.C. foi fundada a capital da Síria, chamada Antioquia.
O confronto com a nova política em Jerusalém:
Um só Imperador, um só deus, uma só cultura foi o lema da política grega: O Império dos Selêucidas exige um só culto, uma só religião.1 Mc 1,41 relata: O rei Antíoco IV Epífanes
ordenou que em todo seu reino todos os seus povos formassem um único povo e
renunciassem aos seus costumes, todas as nações se conformassem às prescrições
do rei.
Nabucodonosor mandou fazer uma estátua de ouro, todo o mundo devia adorar
esta estátua, “ Há judeus, que não adoram teu Deus” (Dn. 3, 12), pode se pensar
em Epifanes. Para os judeus fieis só existe Javé. A resistência contra esta
nova política começa no livro de Jó, no
Qoélet, no livro de Daniel e Ester.
Nos anos 150 Jerusalém é uma
cidade grega com costumes e cultos gregos. O camponês ficou pobre: o que ele
produzia era insignificante para o mercado grego. Mesmo oprimido o camponês
ficou tranqüilo. Mas isto mudou quando a aristocracia sacerdotal de Jerusalém
começou uma dura disputa pelo controle do mercado da cidade.
O rei Antíoco
IV Epífanes (167 a.C.) tomou partido pelo grupo helenizante e quis ficar com o
ouro do templo para pagar uma dívida aos romanos. A intervenção de Antíoco foi
violenta e descabida (1Mc 1,20-64). O ponto culminante aconteceu quando Antíoco
colocou sobre o altar dos holocaustos a estátua de deus Zeus: “a Abominação da Desolação” no ano 167
(1 Mc. 1.54).
Começou a
revolta dos Macabeus com o sacerdote Matatias, cujo avô se chamava Asmoneu. Em
164 o templo foi reconquistado e purificado (festa da dedicação). Os sacerdotes
sadoquitas deviam partilhar o poder com uma nova elite: com os Hasmoneus e mais
tarde com os Herodianos. O título do sumo sacerdote foi sempre comprado, os
sacerdotes serviam como a agência do Império. Os Macabeus com a ajuda de Roma
ganham a independência dos Sírios 142 – 64, na chamada dinastia dos Asmoneus.
Os Hasmoneus juntam o poder real com a função de sumo sacerdote. O grupo dos
fariseus não concordava com esta política.
Neste tempo
se retiraram judeus religiosos, os “Essênios”, para o deserto, “Áraba”,
rejeitando o comportamento dos sacerdotes no templo.
Os Escritos:
Quando a Bíblia foi traduzida na
língua grega, ainda não tinha a divisão em três partes. A Septuaginta inseriu
alguns livros nos livros históricos (Rute) ou proféticos (Daniel). A igreja seguiu a ordem da LXX. A divisão da
Bíblia em três partes foi pela primeira vez mencionada no livro Sirácida (38,
34b-39,1.) no ano 190 a .C.
Os Atos conhecem a Lei de Moisés, os Profetas e os Salmos
A LXX é só
testemunhada pelos autores cristãos. Mudou a seqüência dos livros: os livros
dos primeiros profetas são agora os livros históricos, inserindo Rute, Crônicos,
Esdras, Neemias, Ester. Seguem os livros de sabedoria com Jó, Salmos, Qoélet,
Cânticos. Seguem os profetas com Daniel. A LXX inclui livros deutero-canônicos
como o livro de Eclesiástico (Sirácida).
9. O Império
Romano 63. a.C.
rebaixa a
Síria e em 63 as.C. ele toma Jerusalém. Assim acabaram as pretensões dos
Macabeus. No ano 50 existe um clima de conflito: Hircano II é sumo sacerdote,
Mas Antipater (idumeu) dirige o pais. No ano 37 Herodes Magno,
filho de Antipater, toma Jerusalém e reina como vassalo de Roma até 4 a.C.
. Os Romanos
exerceram seu domínio de forma direta pelos procuradores como Pilatos ou
indiretamente através rei vassalos como Herodes. O povo percebe que é “tomado e
governado por outros”. “Estar possuído pelo demônio” é uma sensação freqüente.
Em Jerusalém mandam os sacerdotes, vassalos do procurador Romano. Os escribas
interpretam as Leis, enquanto os fariseus as observam.
Em Galileia na “região das nações” moram
judeus, gregos, veterinários romanos, estrangeiros numa região sombria da morte
(Mt 4,12).
O Imperador Romano foi juiz supremo,
sacerdote e beligerante, mantinha o poder absoluto como o “pater famílias”. No Império domina a hierarquia: o
imperador se chama “Pai da Pátria’. Em casa o pai manda em seus clientes: todos
os moradores da casa são subordinados ao pai. O
poder do pai abrange o direito sobre vida e morte da mulher, das crianças, dos
clientes. Casar significa introduzir para a maternidade (matrimônio), quer
dizer a mulher serve para a criação. Só tinham escribas, poeta é uma palavra
grega.
O culto ao Imperador Romano na Ásia menor:
A
Ásia menor foi berço e centro do
culto ao imperador. A ideologia do império culmina na paz dos deuses, no
imperador: “Senhor e Deus”. Para as comunidades é o diabo que busca a quem
devorar. O Apocalipse conta a derrota do
Império Romano e mostra um mundo novo.
O imperador Augusto 29 a.C. concordou na
edificação de uma estátua sua para ser venerada, o culto a Augusto era o mais
antigo culto imperial romano na Ásia. Tibério (14-37 d.C.) não aceitou honras
divinas, Calígula (37-41) exigiu ser tratado como um deus. Nem Cláudio (41-54)
nem Nero (54-68) foram oficialmente aceitos entre os deuses, enquanto na vida.
Vespasiano (69-79) retomou as formas do culto do imperador, somente um
imperador divinizado após a morte tornava-se um dos deuses do império.
Domiciano (81-96) exigiu ser chamado “Senhor e Deus”. O culto ao imperador não
só era celebrado nos templos, mas também em outros espaços públicos. Era uma
expressão de lealdade ao império. Entre os anos 1 d.C. até 150 mais de
140 templos foram construídos na Ásia menor.
O tempo após a destruição do Templo no ano 70 d.C.
O tempo após a destruição do Templo no ano 70 d.C.
A grande
pergunta dos sobreviventes de Jerusalém foi a seguinte: Porque a destruição do
templo e da cidade? Eles responderam: foi a nossa infidelidade a Torá,
Jerusalém foi destruída porque estava cheia de ódio. Agora: como ganhamos agora
a expiação dos nossos pecados, se não tem mais sacerdotes nem templo nem
sacrifícios? Os Rabinos responderam: Ler a Ta-Na-K, Bíblia,
celebrar nas sinagogas o Sábado, sentar-se na mesa familiar e praticar o amor e
a misericórdia. Os sobreviventes podiam tomar como exemplo a rica vivência da
gente na diáspora como mostra o livro de Tobit.
Nos anos 200
foi escrito a Mischna, um comentário da Biblia, nos anos 450 o Talmud Palestine e nos anos 500 foi composto o
Talmud Babilônico, que tem a maior autoridade para os judeus.
A TORÁ
A redação final organizou a Torá
de maneira seguinte:
Quadro Exterior
Gênesis:
Início Dt: Falas
de Moisés
Criação , Guia para a Terra prometida
Promessa a Abrão 12, 1-7 Javé
deixa ver a terra 34, 1-4
Final 49, 50
Final 33, 34
Benção de Jacó: 12 Filhos Benção de Moisés:
12 Tribos
Morte de Jacó
Morte de Moisés
Quadro
Interior
Êxodo:
Nomes Números:
No deserto
Páscoa 12
Páscoa 09
Maná 16
Maná e
Codornizes 11
Água 17
Águas da Rocha 20
Liderança 18
Liderança 11
Idolatria 32 Idolatria 25
Centro
|
A Torá foi separada dos primeiros
profetas. Ao mesmo tempo os últimos profetas encontram sua redação final,
caracterizados pelas promessas para o futuro após o desastre da destruição dos
estados. Em 398 a.C. aconteceu a
promulgação da Torá por Esdras em Jerusalém.
Esdras é o novo Moisés.
I GÊNESIS
1) a) Os primórdios segundo o Deuteronomista (D) (Gn 2,4 -4;)
Nesta narrativa o autor nos enfrenta com o ambiente rural, o campo, também o deserto, são tempos remotos. Os agricultores se perguntam como foi no início. Tinha sempre miséria?
Deus modelou o Adão - a humanidade - do humo. Humo é um barro vermelho, que lembra também o sangue, t colocou o ser humano num jardim para cultivar o solo e o graduar. Mas não pode comer da arvore da vida e conhecimento, ou a morte está marcada. Porque não se encontra uma ajuda adequada, Deus dividiu a humanidade, tomando uma costela de Adão. O homem (isch) chamou a companheira humana (ischa). O essencial: O ser humano (Adão) tem liberdade.
Esdras é o novo Moisés.
I GÊNESIS
1) a) Os primórdios segundo o Deuteronomista (D) (Gn 2,4 -4;)
Nesta narrativa o autor nos enfrenta com o ambiente rural, o campo, também o deserto, são tempos remotos. Os agricultores se perguntam como foi no início. Tinha sempre miséria?
Deus modelou o Adão - a humanidade - do humo. Humo é um barro vermelho, que lembra também o sangue, t colocou o ser humano num jardim para cultivar o solo e o graduar. Mas não pode comer da arvore da vida e conhecimento, ou a morte está marcada. Porque não se encontra uma ajuda adequada, Deus dividiu a humanidade, tomando uma costela de Adão. O homem (isch) chamou a companheira humana (ischa). O essencial: O ser humano (Adão) tem liberdade.
A queda da humanidade:
Aparece a serpente, astuta mentindo: “Deus vos disse realmente: não comereis de todas as arvores? Sereis como deuses, possuindo o conhecimento, do que seja bom ou mau”. No Antigo Oriente a serpente é potência de fertilidade ou força política (Egito). A serpente (masculino) que ataca a gente é símbolo do estado, do rei como caçador, que tira o produto do pequeno agricultor.
A mulher, mais
experta do que o homem, viu a arvore: boa de comer, sedutora de se olhar,
preciosa para agir com clarividência... Depois reconhecem que estavam nus: quer
dizer reconhecem sua fraqueza, debilidade, caducidade, que vão morrer.
Aqui não se
fala de pecado, nem de pecado original, mas da queda.
Paulo escreve aos
Romanos: “porque todos pecaram“ (Rm 5,12), nesta carta a morte é conseqüência
do pecado. Para Agostinho Adão ultrapassou os limites da sua liberdade, a morte
seria a punição deste “pecado original”.
Padres
da igreja como Irineu e Maximo explicam assim: Adão foi como uma criança,
colocado no paraíso, a fim de que pudesse crescer e se tornar adulto
exercitando a própria liberdade. Mas ele foi enganado e agiu erradamente,
aplicou erradamente a liberdade. Desde o princípio a criação se encontra em
estado de mortalidade e espera a chegada do homem para superar a morte.
(Joannis Zizioulas: A
criação como Eucaristia)
.
.
Aqui acontece a queda da humanidade, que não
consegue ser semelhante a Deus. Javé
busca os perdidos, chama “Onde estás? O que fizeste?“ Ele amaldiçoa a serpente
enganadora, porá hostilidade entre o poder masculino e a fraqueza feminina.
Nesta luta desigual a descendência da mulher vai vencer. Já aqui Deus está ao
lado do fraco e estará ao lado dele durante toda a história.
As conseqüências da queda ou da fraqueza
humana: dor e suor. Si o nosso texto alude ao tempo da exploração do rei
Salomão, o problema não é o suor, mas o poder que tira o produto. A espada
fulminante dos querubins que fecha a entrada para Éden seria a monarquia com
seus soldados, que expulsam o pequeno agricultor.
O Apocalipse conta a luta do dragão contra a mulher, aparecendo no céu (Ap 12), a mulher (Israel) vence o dragão, a antiga
serpente. As pessoas comem as frutas de
todas as arvores. (Ap 22,3).
Caim e Abel: O primeiro pecado
Conta-se um mito, uma novela ou uma lenda, que
interpreta a práxis social da lei da vingança de sangue (uma preventiva
fundamental do delito e não só castigo). Era preciso procurar uma “origem”
divina para esta lei, por isso é Javé quem a institui (Gn 4,15): se alguém
matar Caim, será punido sete vezes.
Caim, o agricultor, Abel: o pastor
semi-nômado, mais fraco do que o agricultor. Caim com o rosto abatido, o pecado
está pronto a saltar sobre o transeunte. “Mas tu, domina- o.” O irmão mais
forte, mais velho, mata o irmão mais fraco, mais novo. O fratricídio vai se
repetir durante toda a história. Mas Javé procura também Caim e protege-o.
1.b) A Criação segundo a fonte sacerdotal (S) (Gn 1, 1-2,4a)
1.b) A Criação segundo a fonte sacerdotal (S) (Gn 1, 1-2,4a)
A elite de Jerusalém, entre ela
os sacerdotes, se encontra no
Império Babilônico 587 a.C. num ambiente urbano
com os Templos, os Deuses deles: Marduk, que luta contra as potências da morte, chamado
Tiamat. A elite, os sacerdotes, veem os grandes edifícios, os templos, - a
torre de Babel- construções dos homens.
. E os judeus cativos têm nada. Em
contraposição à ideologia babilônica a tradição sacerdotal coloca a criação como o templo de Deus, não feito pelos homens.Quando o templo foi reconstruída (515) o terceiro Isaías critica este projeto. Deus mora encima do universo onde o céu é seu trono
e a terra é escabelo dos pés (Is 66,1-2), a terra terá um esposo Finalmente o templo será o domínio dos sacerdotes, porém será destruído junto com Jerusalém numa guerra desigual contra o império romano. Jesus avisou: ¨Destruam este templo¨. Ele reerguerá um outro templo: seu corpo. (Jo 213-22)
No nosso texto a criação é efeito da palavra de Deus, dez
vezes se fala: “Deus disse”. Este escrito sacerdotal faz surgir os seres e a
vida dentro do quadro litúrgico da semana (TEB). O Sábado é o grande sinal da
aliança.
No início
Deus cria o céu e a terra, quer dizer o universo. A terra era
“tohu wabohu”, deserta e vazia e havia treva. “Ruach de Deus” pairava na
superfície das águas. Ruach, o sopro ou
atmosfera, é aquilo que possibilita a vida, uma força feminina ou
materna. Num mito oriental havia a imaginação de uma galinha que choca o ovo do
mundo.
Os dias um, quatro e sete polemizam
contra os ídolos dos povos e enfatizam o ritmo das festas e a observância do
Sábado.
O secundo
dia mostra que a história humana será retomada por uma nova criação no momento
do dilúvio ( Gn 7,11) Falta a frase que “isso era bom”.
No terceiro,
quinto e sexto dia Deus disse: Que a terra produza sementes. As águas tem
peixes, o ar pássaro, a terra animais. Aqui Deus deixa é a criação mesma
produzir.
No final do
sexto dia Deus disse: “Façamos o ser humano à nossa imagem para a nossa
semelhança”. A segunda palavra
(semelhança) reforça a primeira palavra (imagem). Podemos interpretar assim: o
ser humano criado à imagem de Deus deve cuidar a criação e progredir até a
semelhança de Deus. Na Mesopotâmia e no Egito um rei colocou a sua imagem em
qualquer lugar para onde ele mesmo no podia chegar, para lá representar sua
autoridade. Assim o ser humano representa Deus mesmo na criação. A importância
da imagem a Deus significa de agir na criação como Deus, se tornar semelhante a
Ele
A benção dos seres humanos foi sempre mal interpretada na tradição do Ocidente, parecia uma ordem de dominar e explorar a criação até a sua destruição. Assim ensinou Francis Bacon (1623 d.C.) , chamado profeta da era industrial, a elite britânica: que a terra não é uma mãe que dá vida a quem nós devemos respeito como em várias religiões mas a natureza serve a ser submetida e explorada.
A benção dos seres humanos foi sempre mal interpretada na tradição do Ocidente, parecia uma ordem de dominar e explorar a criação até a sua destruição. Assim ensinou Francis Bacon (1623 d.C.) , chamado profeta da era industrial, a elite britânica: que a terra não é uma mãe que dá vida a quem nós devemos respeito como em várias religiões mas a natureza serve a ser submetida e explorada.
Porém: a benção se dirige às pessoas exiladas em Babilônia sem esperança, sem futuro:
Reproduzi - vos! Não ficar
estéril no cativeiro ( Is. 54,1-10).
Multiplicai
– vos! O medo dos exilados, não ter herdeiros e com isso perder a história
Povoai a
terra! Agora são desapossados, fora da terra de Israel.
Submetei!
Agora eles são escravizados em Babilônia, porém vão ganhar liberdade.
Dominai!
Não mais ser dominados, mas donos da terra.
As bênçãos
se repetem sobre Noé saindo da arca (Gn 8,17 e 9,1), sobre Ismael (Gn 17,20),
Jacó (Gn 28, 1 – 4) e José (Gn 47, 27).
O sentido
do Sábado nas Dez Palavras (Ex 20,8 - 11): No sétimo dia Javé repousou, por
isso o Sábado é abençoado e consagrado, ele é para Deus.
“Este é o
nascimento do céu e da terra quando a sua criação”. Podemos entender que a
criação não terminou, mas está em desenvolvimento, continua e cresce. A palavra
“toledot” designa “dar a existência” (TEB).
O
Dilúvio:
Não podemos ler o relato da criação
sem mencionar a aliança com Noé: a criação foi o ideal, a realidade foi
diferente.
Os relatos de Gênesis 1-2, 4a e
do Noé (6 -9) são do escrito sacerdotal. O que Deus havia feito era muito bom
fora do segundo dia. Homens e animais vviiam em paz, nada de uma tentação ou
maldade. Ficaria sempre assim? Não: Deus viu que a maldade da humanidade se
multiplicava na terra. Tudo corrompido. “O fim de toda a carne veio diante de
mim¨(Gn 6,13). Pois, por causa dos homens, a terra está repleta de violência e
eu vou destruí-los junto com a terra”. O relator usa um mito oriental: O Deus ENLIL quer
destruir tudo, por isso “Vou
destruí-los”. EA, o Deus da sabedoria, exige discernimento entre bom e mau, por
isso Noé é justo. Finalmente NINTU, a dona do nascimento, quer guardar a vida:
por isso “nunca mais”...
A aliança de Deus com Noé e com a humanidade
A aliança de Deus com Noé e com a humanidade
Noé,
da família do terceiro filho de Adão, é imagem de criador e de Adão (5,1), por ele os povos terão futuro. Adão
representa a humanidade, Noé vai representar os povos da terra. Ele foi um homem justo, foi íntegro como
Abrão seguindo os caminhos de Deus. Importante a preocupação de Deus com um
justo (veja a intercessão de Abraão cap. 18). Os justos salvam o mundo.
A benção de Noé (cap.
9) não é a mesma como no cap. 1.
A diferença é esta: “Sereis causa de temor e de espanto
para todos os animais da terra (9,2)”. Agora tem violência, agora pode matar os
animais que servirão de alimento. Mas não pode matar um homem.
“Todavia, não comereis a carne com vida, isto é
seu sangue. E da mesma forma, do vosso sangue, que é a vossa própria vida,
pedirei contas a todo animal e pedirei contas ao homem: a cada um pedirei
contas pela vida do seu irmão. Quem derramar o sangue do homem, pelo homem verá
derramado o seu sangue; “Pois à sua
imagem Deus fez o homem.” (Gn 9,4-6)
(Deus estabelece uma aliança
com Noé para sempre, independente do homem. É uma aliança com toda a criatura
(9,12). Como sinal ele vai colocar o arco da guerra nas nuvens, Deus não fará
guerra.
Estes preceitos precedem a Torá no Sinai. Para
os judeus existem três grandes pecados: idolatria, imoralidade e derramar
sangue. Mais tarde se junta a blasfêmia e o roubo. Mais tarde acrescentam: buscar
o direito e não comer membros de um animal vivo (proteção dos animais). Aqui
temos o fundamento para os direitos dos povos da terra, uma lei universal.
Noé
tinha 3 filhos: Shem, Ham e Jêfet .Ham é o pai de Canaã. Canaã foi maldito,
será escravo, aparece a divisão em classes, a primeira maldição (9,24). Dos 3
filhos dependem os diferentes povos da terra, Noé é pai de todos os povos, dos
filhos de Shem surge Abrão e o povo de Israel.. ( 10, 32)
Esta
aliança com Noé mostra o pensamento universal de Israel,Deus faz uma aliança com toda a
criação, com todos os povos e animais. Israel está inserido dentro de todos os
povos, pertence às famílias dos povos. No conflito entre judeu-cristãos e
cristãos pagãos Tiago decide (At 15,14): os pagãos convertidos não são obrigados
observar a Torá de Israel, mas sim “a Torá de Noé.
De Noé a Abrão
Na tradição sacerdotal pertencem a Jéfet, filho de Noé, os povos de Ásia Menor, os Lídios, os Gregos da Jônia, os Etruscos, a Espanha e Rodes, cada qual com a sua língua (Gn. 10, 4 – 5 ).
A torre de Babel
Um texto javista: Mas contando a construção da torre de
Babel (Gn 11) todos falam a mesma língua. Na Babilônia se construíram Templos,
torres com andares, chamadas “Zigurates”. Eles garantiam a unidade da
humanidade por um imperialismo político – religioso. Deus confundiu a língua de
toda a terra e dispersou os homens sobre toda a terra.
Descrevendo
uma torre inacabada, dispersando os seus construtores e ironizando o nome
poderoso de Babel, babal significa: confundir, O texto é uma recusa da cultura e de um império que destruiu
o templo em Jerusalém e conduziu a elite para o exílio (Jr 50,28-29).
Podemos imaginar quantos templos e torres os
dominadores do mundo construíram como memorial da sua força com a mão de obra
dos escravos, tirados de todos os povos.
Faz sete
bilhões de anos que tinha um Big Bang, quando começou espaço e tempo e matéria,
faz 4,5 bilhões de anos quando surgiu o nosso sol, faz 500 000 anos quando
começou o homem erigido, faz 100 000 anos quando podemos falar do homem sábio.
O Vaticano aceitou a
teoria da evolução, só destaca que Deus criou o ser humano. Podemos falar que Deus deixou a criação livre para se desenvolver no correr dos tempos
envolvendo vida e morte, catástrofes e calamidades. No surgimento do ser humano
não tem um momento decisivo da criação. O chimpanzé tem quase o mesmo cérebro
do homem. O ser humano se desenvolve passo a passo, formando a linguagem, o
contato social (mãe – filho) o suporte do fraco, o descobrir do outro até de
Deus, ate se sentir parte da criação que pode adorar o criador.
Nesta evolução o Deus
da Bíblia sempre intervém protegendo o fraco e lutando até contra o caos:´´despedaçando a cabeça dos dragões´´: Sl
74,13; Sl 89,10-14; Sl 104,5-9), Jo 38,8-11; Jr 5,22;31,35;
2) O DEUS DOS PAIS e das MÃES (At 5,30)
a) A importância dos pais e mães
A Bíblia não é um catecismo, que ensina dogmas sobre Deus, ela conta como
pessoas buscam e encontram seu Deus. Esta experiência da fé deve ser contada e
transferida para os filhos e filhas: Pergunta teus pais, eles vão contar.O amor entre homem e mulher é o exemplo fundamental de todo amor. Dela se deriva a aliança do Javé com o povo, Javé vai casar a filha de Sião, homem e mulher se referem a Cristo e à igreja, até que desce uma nova Jerusalém como esposa, simbolizando toda a humanidade.
As “falas de
Moisés”, o Deuteronômio, se refere muitas vezes ao Deus de vossos pais, não dos
sacerdotes ou autoridades, os pais são a fonte da fé em Israel. Daí a
importância da Quinta Palavra: Honra pai e mãe, para viver na terra prometida.
No pós-exílio na confissão dos pecados se fala; “Viste a humilhação dos nossos
pais no Egito “(Ne 9,9) Até o final do ultimo profeta Malaquias fala dos pais e
filhos (Mal. 3,24).
As estórias sobre
os Pais contêm fatos históricos, mas com o tempo foram enfeitadas com lendas
sobre “Os Pais”, lembram os de clãs e seminômades. A preocupação deles é a sobrevivência
da família e a busca do pasto para o rebanho. Os relatos são de origem popular
e familiar. O relato mais velho se encontra Deuteronômio 26, 5 “Meu Pai era um
Arameu Errante”, este arameu é Jacó, pai das doze tribos de Israel. As lendas
dele são ligadas aos locais como Betel, Sichem e Pnuel, enquanto as de Abraão e
de Isaac pertencem a Beersheba, Mamre.
b) Sobre o nome e os atributos de Deus:
Em Gn 14,19 ele é o “Deus Altíssimo que
cria o céu e a terra”. Em Gn 15, 1 ele disse: eu sou o “Teu Escudo” (observa-se
aqui o caráter militar da linguagem). Em Gn 17,1 Deus é o “El-Shadai”: o
Protetor, o das montanhas ou dos campos (não o todo poderoso). Em Gn 21, 33 ele
é o Deus “El-Olam” (o Eterno), em Gn 31, 53 “Terror de Isaac”, em Gn 49, 24 “O
Indomável de Jacó”.
Deus já aparece sob seu nome Javé em Gn 4,26:
“Foi a partir de então que se começou a invocar o nome de Javé”; 12,8; e 13,4;
Abrão “invocou Javé por seu nome”; 18,1: “Javé aparece a Abraão”, deve ser o
tempo dos Persas. 15,6: “Abrão teve confiança em Javé” é o contexto do VII
século, e em outros lugares, mais evidente no sacrifício de Isaac quando o anjo
de Javé interveio para impedir o sacrifício, lembrando Jr.7,30: indício que,
nestes casos, temos diante de nós a mão redacional que claramente conhece o
nome Javé.
Na tradição deuteronomista Javé é aquele que
estará com Moisés ou com as tribos, aquele que vem em socorro ao seu povo (Ex
3,12). No Dt 33,16 ele é chamado ”Aquele que mora na sarça”.
Na tradição sacerdotal Deus falou a Moisés
dizendo-lhe: “Eu sou Javé. Apareci a Abraão, a Isaac e a Jacó, mas sob meu nome
´Javé´ não me dei a conhecer a eles” (Ex. 6,2-3) Nas provações de Massá e
Meribá os filhos de Israel duvidaram: ¨ Ele está no meio de nós¨? (Ex 17,7). Os filhos de Israel queriam saber onde fica a
presença de Javé. A resposta foi: “Eu estarei como eu estarei” (Ex 3,14).
Mesmo nas desgraças da história, especialmente após a destruição de Jerusalém,
ele estará presente, precisa confiar nele (cf. Ex 19, 3-8).
Javé é aquele que age na história, não como os Elohim dos vizinhos, não é uma divindade como na filosofia dos Gregos.
Javé é aquele que age na história, não como os Elohim dos vizinhos, não é uma divindade como na filosofia dos Gregos.
c) Abraão:
Deus vê, Deus ouve!
A memória de
Abraão fica viva na história do povo de Israel. Várias épocas elaboraram o
texto final. (Milton Schwantes: Deus vê,
Deus ouve! Gênesis 12 – 25 São Leopoldo, Oikos
2009)
Abertura: 11,27 – 12,9
Nós estamos em Judá: o tema é Mesopotâmia -
Canaã – Egito. As historias do êxodo sob Moises conformam o pano de fundo, aqui
a libertação de Sarai da opressão faraônica.
Nos filhos
reavive o pai Abrão, ele prefigura a identidade de Judá. Central é a questão da
família e da terra. “Serão benditos em
ti todas as famílias da roça” (12,3)
Libertação:
12,10-20
Abraão atravessou a terra até Siquém, Betel, Ai
e deslocou-se para o Négueb. Por causa de fome ele desceu para Egito. Existem
dois conflitos: a prepotência dos soberanos e a submissão da mulher ao homem.
O tema da terra: Abrão e Lot: 13,1-18
É o tempo do exílio em Judá. Deve ser o tempo
dos Persas no pos-exílio, porque retoma a vida tribal.
Abrão e Ló
têm contenda, Ló pode escolher a sua terra, enquanto Abrão percorre a terra que
Javé dará, A riqueza gera conflitos, Abrão é generoso e nobre, desiste dos seus
direitos e fica fiel ao semi-nomadismo. Ló desceu à planície, perto das
cidades, que agrupam “grandes pecadores”. Abrão como modelo da fé fica fiel às
raízes das montanhas. Nas montanhas haverá futuro.
Abrão um libertador 14,1-24
A guerra é internacional: os reis dominam. Abrão
resgata só os despojos. Aparece o rei de Sodoma e Salém. Neste episódio Abrão
foi feito libertador à semelhança dos juízes, uma releitura dos camponeses
judaitas.
Melqisedec:
“Rei da justiça”: Conta-se uma cerimônia
religiosa que legitima o dízimo ao templo e ao sacerdote, o nome de Deus
como “El elyon” tem predicados de Javé que é criador e libertador. Melquisedec
apresenta pão e vinho. Abrão: “Nada para mim” (v.23). Só o nome Abrão remonta tempos
antigos
Destruirás o justo com o injusto? 18, 16 – 33
O tema dos povos surge nos tempos exílicos, veja
Jeremias 29,7 e Jonas, uma visão positiva dos povos estrangeiros. Os profetas
não tinham ainda esta visão. Estamos em pleno pós-exílio.
Perdoar se relaciona
com carregar. Poucos são capazes de “carregar” a “muitos” ou todos. Abraão como
resgatador é o profeta das minorias abraâmicas. O perdão é coletivo, não
individual.
Uma escolha em meio a ruínas 19, 1 – 38
Gente de
Sodoma força Lot para entregar seus hóspedes, “para que os conheçamos” (no
sentido sexual 19,5). O mal aqui é a violência e não a homossexualidade. As
cidades eram focos de conflitos e agressões. Sodoma é exemplo do mal. Poder
contra a mulher, pobre, campo, um texto anti-urbano, tem linguagem similar Gênesis
1–11 com a ameaça de água e fogo
(Juízes
19 – 21).
O tema: descendência
Palavra em visão: a descendência 15, 1 – 21
O capitulo
15 (como cap.17) é a “palavra de Javé em visão”. O contexto é o VII. século com
a opressão assíria, Israel e Judá foi deportado pelos Assírios, não tem
descendência. Promessa de família, que é núcleo do povo. Abrão “teve confiança
em Javé”. É o tempo do Deuteronômio, lembra o profeta Isaías 7,9. O gesto do
sacrifício pode remontar tempos de Abrão.
Agar e Ismael: Ele me vê 16, 1 – 16
Agar, a
egípcia, foi golpeada por Sarai, conseqüência da rebelião dela é a fuga, fuga é
libertação, veja Êxodo 14,5. O mensageiro fala com ela: “De onde vens, para
onde vais?” O menino será força e poder, a descendência é autonomia,
insubmissão. Ele vive sobre (contra) a face dos seus irmãos. É a região sul de
Judá, os Ismaelitas eram inimigos temidos.
Agar
proclama “o nome” de Deus, palavras proféticas. Deus é “EL”, o nome de Ismael
significa: EL ouve: “Javé ouviu tuas opressões”. Dentro do poço, da fonte, sai
“a vista”, o olho de deus.
O nome Javé vem dos redatores.
O nome Javé vem dos redatores.
A volta de
Agar é um acréscimo mais tarde.
A história
de Agar faz parte das memórias antigas, das tribais de Judá. As mulheres,
filhas, escravas, carregando água, contavam essas estórias, que continuam no
cap. 21.
Alianças certas: De olho nos povos 17, 1 – 27
A
circuncisão em Babilônia, sinal da aliança, assume destaque importante para se
identificar como judeu e se distanciar dos outros povos. Aliança é o tema dos sacerdotes
No cap. 15
Abrão foi a Ismael “Pai de um povo”. No cap. 17 Abraão “será pai de multidão de
nações” (v.4). Sara será mãe para nações com Isaac (v.16). O nosso capitulo é
uma reflexão dos tempos do exílio.
Deus se
apresenta como “el xaday”, a LXX traduz ”todo poderoso”, correto seria: “Deus das montanhas” ou “Deus de meus campos”. Ele diz a Abraão:
“Anda diante de mim e sê íntegro”, um apelo ético. “Estabelecerei minha aliança
entre mim e ti e, depois de ti, as gerações que descenderão de ti” (17,7). Muda
de nome Abrão para Abraão: <pai de uma multidão>. Muda do nome Sarai em
Sara <princesa>, Deus a abençoará (17,15). Abraão riu e contrário à
promessa de Deus disse: “Possa Ismael viver diante de ti” (v.18).
Sara terá
um filho 18,1 -15
“E Sara riu”
é a continuação do cap. 13, a aparição de Javé é um texto da fonte de Javé. O
tema é hospitalidade e filho, são tempos
anteriores a meados do VIII século. Yishag vem do verbo “rir”, se alegrar.
“Um filho para Sara” no tempo da vida, da primavera.
“Ela é
minha irmã 20, 1 – 18
A fonte pode ser do Eloista, posterior do
Javista, posterior de Elias, entre 800 e 750 a C.
Cap. 20–22
são tradições do Neguebe e remontam os tempos dos seminômades. O estrangeiro é
bem tratado, os vizinhos são considerados parentes, os desacertos ocorrem entre
crianças, poços, defunto, casamento. “Irmã minha – ela” (12,19) é meio
mentirosa, ela tem o mesmo pai com Abraão, mas não a mesma mãe. Menciona-se o
profeta, mas no sentido de intercessor. Aqui a pessoa pode discordar, discutir,
argumentar, prevalece um conceito sábio de Deus.
Sara
amamenta um filho 21, 1-7
Um texto de
passagem, faltava uma narrativa que contemplasse o nascimento de Isaque, estamos junto à última redação.
A prepotência dos pais sobre os filhos:
Ismael expulso por Sara: 21, 8 – 21
Um texto muito antigo, em torno de 800 a.C. Se agregava este trecho à fonte eloísta.
Deus ouviu a voz do menino. As ações violentas de Abraão estranham. “Deus ouve”
(Ismael) é o coração da narrativa.
Consonância
com o Êxodo.
Abraão quer sacrificar Isaac: 22, 1-19
Sempre na história os poderosos sacrificaram
os pequenos em nome de um poder superior, quer dizer de um Deus. Os homens
gostam de obedecer cegamente às ordens dos prepotentes.
O
texto é típico da sociedade formada, do estado. Era comum nos povos vizinhos e em Israel/Judá oferecer os próprios
filhos e filhas para acalmar a ira de Deus ou para ganhar uma vitória, Jefté
sacrificou sua própria filha (Jz 11,34), o filho de David morre como
castigo do pecado de David (2 Sm 11–12), Acaz no tempo do profeta Isaias imitou os
reis de Israel, chegando a sacrificar seu filho na fogueira, “segundo os
detestáveis costumes das nações” (2 Rs 16, 3-4). Jeremija critica a queimada
dos próprios filhos no Tafet (Jr 7,30-31) Josias profanou o Tofet (2 Rs 23,10)
para que a ninguém mais fosse possível passar seu filho ou filha pelo fogo em
honra de Môlek, o deus dos amonitas. Veja Lv 18, 21; Dt
12,31;
Em Gn 22, encontramos a crítica a um culto antigo
que termina com o versículo 14.
A vítima humana devia ser substituída pelo animal. Talvez
foi o encerramento das genealogias de Terá ( 11,27) como indicam os versículos
finais.
Deus
e Javé se confrontam. Quem será este Deus?
“Deus pôs Abraão à prova”: Na carta do
Tiago lemos: ”Deus a ninguém tenta” (1,12-14). Colocar à prova ou tentar é a mesma
palavra grega: ¨peirazein tentar¨. Mas aqui Deus tenta, um deus poderoso mas não
Javé que sempre vem em socorro dos pequenos. Intervenção do anjo de Javé: “Não estenda a mão contra teu filho, nem lhe faças nada” (22,12). Foi o próprio filho que pôs em duvida o pai?
No monte Moria ¨Javé vê¨ (22,14).
No livro de Jó
Javé também fala ao seu adversário, Satanas: “Não estenda a mão contra meu
servo Jó¨. Jó resiste e desmascara um deus que é na realidade o deus dos Gregos,
Zéus. Veja a interpretação da carta aos Hebreus 11,17-19, onde Deus tentou
Abraão.
UM MITO
GREGO: EFIGÊNIA
Situação: Agamémnon, Rei da Grécia, quer conquistar a cidade de Tróia.
Ele se reúne com seus oficiais e seu exercito em Aulide, o porto onde sai os
navios. Mas o mar fica calmo sem vento. Os navios às velas não podem sair.
Por quê? A deusa
Minerva comunica que só o sacrifício da filha de Agamémnon, Efigênia, pode
apaziguar a fúria da deusa.
1ª
Versão:
O pai mata a filha, mas ela não quer morrer
e se defendendo grita como um bezerro.
2ª
Versão:
A mãe não quer a morte da filha, mas
Efigênia está pronta a se sacrificar:
“Mãe, escuta-me vejo que te indignas em vão
contra teu esposo... mas tu deves evitar as acusações do exército... minha
morte está resolvida e quero que seja gloriosa, despojada de toda ignóbil
fraqueza. A Grécia inteira tem os olhos voltados para mim, e em minhas mãos
está que naveguem os navios e seja destruída a cidade dos Frigios... Tudo
remediará a minha morte, a minha glória será imaculada, por ter libertado a
Grécia. Nem devo amar demais a vida, que me deste para o bem de todos, não só
para o teu, muitos armados de escudos, muitos remadores vingadores da ofensa
feita a sua pátria farão memoráveis façanhas contra seus inimigos, e morrerão
por ela. E só eu vou me opor? Acaso é justo? Poderemos resisti-lo? Um só homem
é mais digno de ver a luz do que infinitas mulheres. E se Diana pede a minha
vida, me oporei, simples mortal, aos desejos de uma deusa? Não pode ser. Dou,
pois, a minha vida nos altares da Grécia. Matai-me, e devastai Tróia. Eis o
monumento que me recordará por longo tempo esses meus filhos, essas minhas
bodas, toda essa minha glória. Mãe, os gregos hão de dominar os bárbaros, e não
os bárbaros os gregos, pois uns são escravos, e outros livres.”
O final: cap. 23 – 25
Sepultura e
posse da terra 23, 1-20. Tem linguagem
sapiencial. Deus só uma vez é mencionado, Aparece o dinheiro “prata”, é tempo dos gregos. O campo serve de
sepultura, é herança da família.
Diferentes,
mas solidários 25, 1-9: Isaac e Ismael juntos enterram o pai Abraão. Entre
gente no caminho, entre pessoas pelos desertos há espaço até gente em oposição.
O
Deus dos Pais: eles estão vivos na nova aliança no NT:
No NT aparece muitas vezes Abraão e
a sua descendência:
“Deus mostrou a sua bondade para com
os nossos pais e se lembrou da sua aliança santa, do juramento que fizera a
Abraão, nosso pai” (Lc 1,73).
Deus não e um deus dos mortos, mas
dos vivos: o Deus de Abraão, o Deus de Isaac, o Deus de Jacó. (Mc 12,26).
Na carta aos Gálatas (4,22) Paulo
fala das duas alianças: Abraão teve dois filhos, um da criada, um da mulher
livre que era da promessa. “Vós, irmãos,
sois filhos da promessa”.
Paulo difere
entre os verdadeiros e falsos filhos de Deus: “É a posteridade de Isaac que será chamado a tua descendência. O que
significa: não são os filhos da carne que são filhos de Deus; somente os filhos
da promessa são levados em conta”. Rm 9, 7-8)
Também
o Evangelho de João recorre à verdadeira descendência de Abraão Jo 8,31 – 59. (Veja
também a interpretação do sacrifício de Isaac na carta aos Hebreus
11,17-19.)
b) Isaac e
Rebeca
O casamento
de Isaac com Rebeca Gn 24, 1 – 67. O servo ou amigo de Abraão busca uma mulher
para Isaque, este episódio no poço supera em tamanho o livro de Jonas. No
caminho Javé me conduziu. Repetições com vv. 36-48 fazem parte da arte
literária.
Rebeca dá à luz gêmeos: Esaú
e Jacó Gn 25,19-34; Jacó , um homem astuto, já desde o
nascimento “suplantou seu irmão”O grande servirá ao pequeno. (Os 12,3-5). Paulo aos Rm 9,13: “Eu amei Jacó
odiei Esaú”. Episódios da vida de Isaac Gn 26:
são retomadas de 12,1-20. Benção: “Eu estou contigo”.
Benção de Jacó em vez de Esau Gn
27,1-28,9: Os versículos 27,46-28,9 no final pertencem à tradição sacerdotal:
agora o motivo da partida de Jacó não é a cólera do seu irmão, mas a obrigação
de não desposar uma mulher alheia.
c) Jacó e Raquel, a mãe de Israel
Também as lendas de Jacó (Gn 28,13 - 5,29)colocam o
leitor diante da ação escondida de Deus, se tratam de conflitos entre homens e
mulheres. Só em Betel (casa de Deus) e Penuel (face de Deus) se fala direto der
Deus, Bet-El será o futuro santuário de Israel.
A promessa de Javé: “Eu estou
contigo e te guardarei em toda a parte aonde fores e te farei voltar para esta
terra, pois não te abandonarei até eu ter cumprido tudo o que te disse” 28,15. Com
esta promessa ele serve durante 14 anos Laban, agora enganado por seu tio, para
finalmente conquistar a mulher amada Raquel,
Na volta, a oração dele 32,10-14, em Penuel 32,23-33:
um homem rolou com ele no pó ate o romper da aurora. Na benção Jacó recebe o
nome Israel que significa que Deus se mostrou forte “pois lutaste com Deus e
com os homens e venceste” (32,29). “Eu vi Deus face a face, e a minha vida foi
salva”.
Jacó, que só sabia lutar, quer agora encontrar graça
nos olhos do irmão: “Eu vi a tua face como se vê a face de meu deus” (33,10).
Nova benção em Bet-El: 35,9-13; um acréscimo
sacerdotal. Raquel, a mãe de Israel, “chora seus filhos” (Jr 31,15 e Mt
2,16-18) morre no parto de Ben-Oni, <filho de luto>, Jacó mudou o nome
dele em Ben- Jamin, <filho da direita>. Raquel foi enterrada em Bet-Lehem,
35,19.
d)
A história de José
A história de José Gn 37 - 50) é uma cativante “novela”, parece
ser uma simples “história da família”, mas quer mostrar a necessidade de uma
monarquia para salvar o povo. Ressaltando o caráter sapiencial tem-se sugerido
situar o contexto da história de José na época do chamado “iluminismo
salomônico no século X a.C. Precisava se legitimar o poder dos funcionários do
estado e da política de tributos do império de David e Salomão. É uma
propaganda para a monarquia. O manto de José (Gn 37,3) designa a vestimenta do
sacerdote e dos funcionários.
Aparece o conflito entre as tribos que querem
igualdade, representado pelos irmãos e a monarquia, representado por José:
“Reinarás, com efeito, sobre nós? (37,8) Os irmãos querem fazer um golpe (37,18),
Ruben e Judá tomam uma posição intermediária. José expulso das tribos.
Intervenção religiosa: Javé está ao lado de José ou da monarquia (37,
2.3.5.21.23.) Mais tarde José falará: “Eu sou José, o irmão de vocês” (Gn
45,4).
No mundo antigo, a interpretação dos sonhos era
expressão de discernimento, sabedoria e talento (1Rs 3). José organiza o
excedente da colheita em celeiros da cidade para os tempos de escassez, serve
para o povo com fome e não para o luxo do rei. Os irmãos se reconciliam com a
nova situação. “Vós intentastes o mal contra mim, porém, Deus o transformou em
bem“
(Gn 50,20). (Ribla 23)
(Gn 50,20). (Ribla 23)
II. ÊXODO - NOMES
O redator final tem a seguinte intenção:
O livro começa o trabalho escravo dos hebreus no Egito:
I a)Anúncio, b) obstáculos e c) realização da libertação (1,1-16,36;).
II O Centro: Israel no Sinai 17,1 – 24,11
III a) Anúncio, b) obstáculos e c) realização do Santuário (24,13;-31,17;).
III a) Anúncio, b) obstáculos e c) realização do Santuário (24,13;-31,17;).
O final conta o trabalho para a construção da tenda.
Num texto
sacerdotal Javé se lembra da sua aliança com os pais
e ouve o lamento dos filhos de Israel escravizados pelos Egípcios. Por isso:
e ouve o lamento dos filhos de Israel escravizados pelos Egípcios. Por isso:
1.
Eu vos farei
sair das corveias do Egito,
2.
Tomar-vos ei como meu povo, e para vós serei Deus,
No seu livro ´Êxodo´ Jan Assmann anota que não se trata de uma
diferença entre um
deus verdadeiro ou falso, mas sim entre
fidelidade à aliança ou traição dela: 1. Egito e Israel,
2. Israel e os povos 3. Amigos tem fidelidade
e os inimigos traíram.
1. Egito e Israel: A confrontação acontece entre
serviço aos homens e serviço a Deus. Serviço aos homens escraviza, serviço a
Deus liberta. Egito simboliza o antigo, do qual precisa sair, Israel o
novo para entrar.
2. A diferença
entre Israel e os povos, quem pertence à aliança, quem não. Javé não faz
aliança com o mundo, nem com a humanidade, mas sim com o povo eleito, Israel.
Por isso existe a Lei para santificar Israel.
O texto sacerdotal destaca a santidade, o Deuteronômio a ética. (Dt
4,5-8). A relação entre Israel (am) e os gentios (gojim) é sem violência sem
polêmica.
3. Os amigos e os inimigos de Deus. A aliança
foi feita entre parceiros, Israel é partidário de Javé, por isso está no centro
o amor (Dt 4,1-40) ¨Ele se torna para ti Deus tu te tornas para Ele o
povo¨(Dt.26,16-19;). O povo entrou nesta
aliança, quem sai desta aliança enfrenta a ira e rancor de Javé, que é fiel e
está ofendido pela traição. Javé é um deus ciumento, visitando a iniquidade dos
pais nos filhos (Ex 20,5).
Agora aparece
a violência, a guerra (Dt 20,1-15). ¨Mas
nas cidades dos povos seguintes não deixarás subsistir nenhum ser vivo. Com
efeito, votarás ao interdito o hetito, o emorita, o canaanita, o perizita, o
hivita e o jebusita, a fim de que eles não te ensinem a repetir todas as
abomináveis ações (Dt 20,16-20). São os povos quem moram em Canaã e faziam
parte de Israel. A ruptura da aliança com o Bezerro de ouro mostra o perigo de
Israel trair a aliança e praticar a idolatria de Baal, o deus dos canaanitas, o
grande inimigo de Deus. Elias chegando ao monte Horeb arde de ciúme pelo Javé:
Os filhos de Israel abandonaram a aliança (1Rs 19,14;). Adoram o Baál. Oseia denunciará este pecado de Israel: ¨Javé promove processo contra os
habitantes da terra, pois não há sinceridade, nem amor ao próximo, nem conhecimento de Deus na
terra¨(Os 4,1-3).
Egito
representa qualquer opressão, Canaã representa a idolatria. A primeira tábua
das dez Palavras se dirige contra a idolatria, a secunda contra a desordem social.
O quadro deste trecho começa com
1,1-5 com os nomes dos filhos de Israel no Egito, o nome de Deus 3,13-15 e
termina 6,14-27 com listas genealógicas finalizando com Aarão e Moises, são
textos da mão sacerdotal, fala-se dos “filhos de Israel”.
Fatos
históricos:
Hesitava-se em
situar Moisés entre o século XV e o século XIII. No século o Egito fortaleceu a sua dominação sobre os
os países cananeus, que mais tarde foram agitados pelos habiru. No século XIII
instala-se a capital dos Egípcios no delta do Nilo. Os Egípcios utilizaram
mão-de-obra dos hebreus. Moisés fugiu com os irmãos para o deserto.
I a)Anúncio, b) obstáculos, c) realização da libertação.
a) Anúncio da Libertação: 1,1
– 6,27
O quadro deste
trecho começa com 1,1-5 com os nomes dos filhos de Israel no Egito, o nome de
Deus ¨Eu estarei aquele que estarei¨ 3,13-15 e termina 6,14-27 com listas
genealógicas finalizando com Aarão e Moisés, são textos da mão sacerdotal,
fala-se dos “filhos de Israel”. (S)
1,8 - 2,10: mostra a brutalidade do Faraó e a
resistência dos hebreus (mulheres), 2,11-22:
Moisés se apresenta como chefe: “Quem
colocou você para ser chefe?”
A vocação
de Moisés:
Moisés levando o rebanho além do
deserto chegou à montanha de Deus, ao Horéb na tradição eloista ou
deuteronomista (3,1), na tradição javista e sacerdotal aconteceu a vocação dele
no Sinai.
Deus vem: Jz 5,4: Dt 33, 2
e Sl 68, 8-11 falam: “Javé quando saístes de Seir, quando partistes da estepe
de Edom... Javé veio de Sinai.” É o Deus que vem ao socorro de seus veneradores,
que são ameaçados pela escravidão do Egito e na região do deserto. É um Deus
livre, espontâneo, solidário com o seu povo. Outra tradição fala que Javé desce
sobre o monte de Sinai e se revela a Moisés e a seu povo, (Ex 19, 16-25). Os Creios antigos não mencionam
a teofania no Sinai.
Porque
uma sarça está em chamas, mas não se consome? (sar em hebraico também triste):
Um Midrash interpreta: “ Moisés atormentava-se em seu coração: Os egípcios são
capazes de exterminar os filhos de Israel. E viu o Eterno que ele se aproximou para ver.
Disse Deus: Triste e irado por ver o
sofrimento de Israel no Egito, por isso ele é digno de se tornar pastor do
povo. E então chamou-o Deus de dentro da sarça.” .... “Mostrou-lhe as imagens
de uma sarça e não se consumia, como que a dizer-lhe: Do mesmo modo que o fogo
não consome a sarça, os egípcios não poderão destruir o povo de Israel.” (Reflexões
sobre a Torá, Sefer p. 70).
Javé disse:
“Eu vi, enxerguei a opressão de meu povo no Egito.
Eu ouvi, escutei-o clamar sob os
golpes...
Eu conheço seus sofrimentos,
Desci, para liberta- lo da mão dos egípcios”... (Ex 3, 7 – 8)
A duplicação dos verbos ver e ouvir significa
um reforço: vi...enxerguei a opressão do meu povo, ouvi...escutei o clamor. Já
é seu povo (cf. 3,10: Faze sair meu povo, os filhos de Israel¨ 9,1;14,31;17,2;).
Na vocação de Isaías: este povo vê, mas não enxerga, não é mais seu povo como
na vocação de Moisés. Conhecer não é um ato intelectual antes um ato de
profunda compaixão e amor (Is 6,9 e Dt 29,3).
O nome deste Deus é JHWH:
“Ele conheceu
tua caminhada neste grande deserto; há quarenta anos Javé, Teu Deus, está
contigo”. A expressão original do nome pode ser uma exclamação: “JÁ-HU: O,
ELE”. O louvor a Deus: Halelu-Já! O Já é
sufixo de Jave: O verbo hebraico não significa um ser, antes um agir ou
estar. O nome no hebraico contem 4
consoantes: J H W H, precisa inserir os vogais a,e: JaHWeH. A partir do IV
século não se usava mais o nome Javé. Uma antiga versão inseriu: e o a JeHoWaH.
O nome Javé
apareceu na península Sinai, lá Deus falou a Moisés: Ex 6,2: “Eu sou
Javé, apareci a Abraão, a Isaac e a Jacó como Deus EL-Shadai, (a melhor
tradução: Deus das montanhas e não Deus poderoso), mas sob o meu nome Javé não
me dei conhecer a eles.” (3,14-15). “Eu sou Javé” é uma expressão típica dos sacerdotes sem relação a
Moisés ou povo (Lv 19).
d) Eu estou
contigo, neste monte servireis a Deus sobre esta montanha (3,12). Moisés coloca
suas dúvidas, mas Javé responde: “Vai, pois, Eu estou com tua boca” (4,1-5:).
Javé estará com Moisés, estará com o seu povo. Ele é o Emanuel: o Deus conosco.
e) 5,6 - 6,1: os inspetores reclamam do
aumento da escravidão.
A tradição sacerdotal (S):
Nos versículos 3,9-15 fala-se dos “filhos de Israel”,
indício da redação sacerdotal.
Moisés
replica: Quem sou eu? Eu irei junto dos filhos de Israel, se me perguntam: Como
é com respeito a seu nome? Não sabemos.
A resposta: “Eu estarei como estarei”
(3,14-15). Esta inserção já prepara a diáspora, quando não tem mais o povo, só
os filhos de Israel. Por isso as tentações, pondo Javé à .prova, desafiando
Ele. Na água de Massá e Meribá os filhos de Israel tinham colocado Javé à
prova, dizendo: ”Javé está no meio de nós?” (Ex 17,7). É a pergunta dos filhos de Israel após a
destruição de Jerusalém: como Ele agora estará presente? Entendemos a terceira
palavra: ¨Não pronunciarás o nome de Javé em vão¨ (Ex 20,7;).
O escrito sacerdotal (6,2-7,7;) que menciona tantas
vezes os filhos de Israel (tratando do rito da Páscoa se fala da assembléia da
comunidade de Israel 12,6;):
A ação de Javé
contem 3 passos: primeiro fazer sair os filhos de Israel (não o povo) do Egito;
secundo tomar eles como seu povo para ser Deus para eles; assim eles conhecerão
“que sou vosso Deus”, terceiro fazer eles, os filhos de Israel, entrar na terra
(6,6-8). “Eu sou Javé”.
Moisés reclama: “Se nem os filhos de Israel escutam como o Faraó vai escutar?”
(6,12)
b)
Obstáculos 6,28 – 11,10
O quadro deste
trecho começa com a pergunta: “como é que
o Faraó vai me ouvir” e termina com as palavras: “o Faraó não o deixou sair”. Moisés e Aarão lutam contra os ídolos do
Faraó, é a luta permanente do povo de Israel contra os ídolos.
a) 9,14-16 e 10,2: o sentido das
pragas: “para que o Faraó saiba que não
há ninguém como Eu. E assim vocês
saberão que Eu sou Javé”.. Não mais Moisés e Aarão lutam contra o Faraó,
mas Javé mesmo feriu os primogênitos de Faraó, até o Faraó pedir a benção
porque tinha medo “que morressem todos”
(12,31-33). Agora entra o povo como sujeito da libertação.
b) 10,28-29: o Faraó: “saia da minha presença”. Moisés: “nunca mais me apresentarei”. c) Mais tarde o Faraó chama de novo
Moisés e pede a benção, um acréscimo Javista. (12, 31-32).
O livro da Sabedoria reflete as pragas: Sb
16,1-4→ Ex 7,26, 5,14→Ex 8,12-28, 15,29→Ex 9,24-25, Sb 17,1-18,4→Ex 10,20-23,
Sb 18,5-19→Ex 12
c). Realização da libertação 12,1 – 16,36
(S) Um
conjunto de textos litúrgicos, não um relato da saída do Egito. A
assembleia celebra na história o ritual da ceia da esperança, como um memorial
para sempre. O cordeiro lembra a festa dos pastores, os pães sem fermento
lembram a festa dos agricultores. (12,1-13,16)
Javé feriu
todos os primogênitos do Egito (12,29 – 36;): partiram de Ramses (12,37-41;). Uma
legislação pós-exílica: o texto fala da comunidade de Israel e completa o
ritual da Páscoa: exclui os estrangeiros, só os circuncidados participam; a
consagração dos primogênitos porque pertencem a Javé (12,42-13,16:)
No tempo babilônico os Judeus mudaram o inicio
do ano para a primavera o mês “Abib”. O profeta Jeremias falou assim: “Quando tirei do Egito os antepassados de
vocês, não falei nada nem dei ordem alguma sobre holocaustos e sacrifícios. A
única coisa que lhes falei e mandei foi isto: obedeçam-me e eu serei o Deus de
vocês.” (Jr 7,22-23)
(D)
Faraó deixou partir o povo: Eles acampam
a beira do deserto 13,17-22:.
Moisés fala aos filhos de Israel para acampar em Piairot. A batalha do
exército do Faraó contra Javé. O povo cheio de medo: “Você nos trouxe para o deserto para morrer?” (14,1-31). Moisés: “Fiquem firmes”, o caminho para o livre
serviço a Javé é longo, lembra o Israel pós-exílio. Agora Israel viu a mão
forte de Javé, o povo temeu a Javé e acreditou nele e em seu servo Moisés.
Javé reina para sempre sobre os impérios.
Miriâm entoava (15,21): “Cantem a Javé,
pois sua vitória é sublime”. Moisés fez Israel dirigir-se para o deserto de
Shur. Javé é o bom pastor, que caminha com seu
povo no deserto e dá água e pão. Ainda se fala do sétimo dia e não do Sábado (15,22 - 16,5-35).
II O Centro: Israel no Sinai 17,1 – 24,11
No caminho:
a) A fome Ex 16
A estrutura central é
constituída por um relato sacerdotal, se fala da comunidade dos filhos de
Israel e da observância da lei do Sábado integrando o Javista (4-5, 13b-15,
21b, 27-30, 35b,). Javé faz com que do céu chova pão, o termo designa toda espécie
de alimento. Para Nm 11,4-8 e 21,5 o maná é apenas um alimento desprezível.
b) Reclamação
de água: Êxodo 17,1-7 (cf. Nm 20,1-13)
S (Sacerdote):
Toda a comunidade dos filhos de Israel
partiu do deserto de Sin...
para as etapas seguintes, conforme a ordem
de Javé, e acamparam em Rafidim.
D (Deuteronomista):
Onde o povo não encontrou água para beber.
Então o povo discutiu com Moisés, dizendo: “Dê-nos água para beber”.
S: Moisés respondeu:
“Porque vocês discutem comigo e colocam Javé à prova?”
E (Eloista)
Mas o povo tinha sede e murmurou contra Moisés, dizendo:
“Porque
você nos tirou do Egito? Foi para matar de sede a nós, nosso filhos e nossos animais?”
Então Moisés clamou a Javé: “O que
vou fazer com este povo? Estão quase me apedrejando!”
- Javé respondeu a Moisés:
S (Sacerdote):
“Passe a frente do povo. Eu estou lá já antes de você junto à rocha do
Horeb”.
D: 5b - “Tome
com você alguns anciões de Israel, leve com você a vara com que feriu o rio Nilo e caminhe. Você baterá na rocha, e dela sairá água para o
povo beber”
Moisés assim fez na presença dos anciões
de Israel.
S (Sacerdote):
E deu a esse lugar o nome de Massa e Meriba, por causa da discussão dos filhos de Israel
e
porque puseram Javé à prova... Javé está
no meio de nós, ou não?
Explicação: Diferente da água
mortal do rio Nilo Javé, o bom Rei, dá a água viva e depois as palavras da vida.
Na
base está um texto do Eloista (só um pouco diferente de 15,22 até 25a): o povo
está quase morrendo de sede e grita ou murmura (não é pecado). Javé, o bom Rei,
escuta e manda Moisés bater na Rocha, Moisés está também ao lado do povo e
pergunta: “o que devo fazer?” Ele faz
o que Deus manda.
Segundo: O
acréscimo do Deuteronomista agrava a situação: Moisés acusa o povo de discutir
com ele e colocar Javé à prova. É um processo (rib), por isso o nome do lugar
Meriba.
Terceiro: O
texto sacerdotal avisa a aparição de Javé no Horeb. A pergunta fica para sempre:
“Javé está no meio de nós?”.Portanto: Javé estará como ele estará.
No Nm 20: o episodio é apresentado sob
a forma de um processo da assembléia com Moisés ou com as autoridades. Moisés e
Aarão reúnem a assembléia e chamam-na ´Rebeldes´. Moisés mesmo duvida: ¨Acaso
poderemos nós fazer jorrar água¨? (Nm 20,10). Moisés não entrará na terra.
c) Combate de
Amalec contra Israel 17,8-16;
Javé salva
Israel de Amalec, “ele está no meio de
nós”. O combate acontece em Rafedim: Aarão e Ur apoiam as mãos de Moisés, o gesto
das mãos erguidas pode significar: se proteger contra um agressor, ou rezar, ou
abençoar, não é a força das armas e cavalos que vence, mas Deus mesmo dá o
sucesso pela oração.
Amalec assalta
Israel que estava fugindo do Egito, passa fome e sede, é fraco e se defende
contra o assalto.
Israel está a
caminho para o Sinai em romaria, está protegido por Deus, pois os romeiros
estão amparados pela lei divina.
Amalec não é
qualquer um, mas um povo irmão, Amalec é neto de Esaú, se repete o antigo
conflito entre Caim e Abel, Jacó e Esaú.
Josué
enfraqueceu Amalec (13) não venceu. Amalec personifica o inimigo mortal de Javé,
é o império do mal do satanás “haverá
guerra entre Javé e Amalec de idade em idade” (Veja Gen 3,15 “eu porei inimizade entre você e a mulher”).
d) Jetro vem e
vai – descentralização do poder. 18,1-27.
II Os diferentes relatos
sobre a Teofania no Sinai 19,1 – 20,21:
O deserto
de Sinai é a origem dos adoradores de Javé: “Javé, quando saístes de Seir... as montanhas se abaixaram diante de
Javé, ó do Sinai” (Jz, 5,4), “Javé
veio do Sinai, por eles se elevou no horizonte pelos lados de Seir
(Dt 33,2), “ó Deus quando saístes... a
terra tremeu diante de Deus, ó do Sinai” (Salmo 68,8-9).
Sair é um termo técnico da guerra: Javé
como guerreiro sai para defender seus adoradores que estão caminhando. Nas
outras culturas os fiéis vão para o santuário, aqui Javé vem da estepe e vai
para o seu povo.
Javé se revela a Moisés no monte Horeb (Ex 3,1), é a tradição
deuteronomista ou eloísta, cf. Elias (1Rs 19,8).
Outro
modelo é o monte de Sinai, onde Javé
fala ao povo que vai para o monte. Temos aqui uma imaginação sobre a revelação
de Javé que surgiu quando o povo já estava assentado num estado. Aparecem
imagens que apresentam Javé no trono como rei, veja Isaías 6, ou Ezequiel. Os
ritos no monte lembram a liturgia em Jerusalém, quer dizer temos diante de nós a
liturgia em Jerusalém, que foi colocada no monte Sinai lembrando que toda a
experiência de Javé surgiu no deserto. Todo é uma celebração das Dez Palavras
de Javé.
Os Creios de Israel não falam nada do
Sinai só dos acontecimentos no deserto, também Josué não fala do Sinai (Js 24).
Atrás das narrativas do Sinai não está um fato histórico, mas o fato como
Israel no correr da sua historia entendeu o mistério do seu Deus que aparece
sempre de novo no meio do povo com promessas, advertências, compaixão, perdão.
O lugar da teofania será o Santo dos Santos na arca no templo.
II 1) A TEOFANIA CONFORME O JAVISTA
Toda a montanha do Sinai
fumegava,
e a
fumaça subia, como fumaça de fornalha (19,18).
Javé desceu no topo da
montanha do Sinai
E chamou Moisés lá para o
alto. E Moisés subiu e Javé lhe disse:(19,20-21)
“Desça
e avise o povo que não ultrapasse os limites para ver Javé”.
Então Moisés desceu até o
povo e o avisou(19,25)
.
.
O centro são as dez palavras de
Javé (20,1-1) E ele
levantou-se de manhã e construiu um altar ao pé da montanha e doze estrelas
para as doze tribos de Israel.(24,4-5)
E mandou alguns jovens de Israel, e ofereceram
holocaustos e imolaram novilhos a Javé. E Javé disse a Moisés: Fique preparado pela manhã, e
de madrugada, você subira até a montanha do Sinai
e vai se colocar por mim lá no alto da
montanha”.(34,1-2)
E Moisés levantou-se de madrugada, e subiu até a montanha do Sinai, como Javé tinha ordenado.(34,4) E Javé passou diante de Moisés (34,6). E Moisés apressou-se e inclinou-se por terra e prostrou-se (34,8).
E Moisés levantou-se de madrugada, e subiu até a montanha do Sinai, como Javé tinha ordenado.(34,4) E Javé passou diante de Moisés (34,6). E Moisés apressou-se e inclinou-se por terra e prostrou-se (34,8).
E Javé disse: “Veja! Vou
fazer uma aliança: Vou fazer diante do seu povo maravilhas como nunca foram feitas em nenhum país ou nação” (34,10).
Explicação
“A
fumaça da fornalha lembra a sarça na vocação de Moisés”, Javé desce (19,20)
como no
Êxodo 3,8.
Os jovens oferecem holocaustos: isto
mostra o culto celebrado em Jerusalém, o holocausto é um sacrifício de
agradecimento e totalmente queimado, novilha é um sacrifício para uma ceia
comum, são os sacrifícios dos tempos dos Reis, Moisés deve se colocar para Javé
no monte, ele se prostrou diante de Javé que passa, é mesmo modo de veneração
como na corte quando o Rei passa.
Vou fazer diante do seu povo
maravilhas, veja Gênesis 2,18, “vou fazer
para ele ‘como seu face a face’ (não como ajuda nem auxiliar, mas igual), que lhe seja adequada”, Gênesis 12,2 “vou fazer de ti uma grande nação”. Javé
fica fiel a si mesmo, vai fazer maravilhas ao seu povo diante de todos os
povos.
II 2) A TEOFANIA CONFORME O ELOÍSTA
E acamparam diante da
montanha.
E Moisés subiu a Deus, e ele o chamou
da montanha (19,2-3).
“Volte para o povo e
purifique-o hoje e amanha: que lavem suas roupas.
e estejam preparados para o terceiro dia.” (19,10-11)
E Moisés desceu da
montanha até o povo e santificou o povo
e
eles lavaram suas roupas.
E ele disse ao povo: “Fiquem
preparados para três dias!”
E aconteceu no terceiro dia, pela manha:
Houve trovões
e relâmpagos e uma nuvem espessa sobre a montanha, e um som de trombeta muito
forte.
E todo o povo
no acampamento tremeu.
E Moisés fez sair o povo do acampamento ao encontro de Deus.
E eles se colocaram ao pé da montanha.
E todo o povo ainda mais tremeu. E o som da trombeta aumentava cada vez
mais.
Moisés falava
e Deus lhe respondeu numa voz. (19,14-19)
O centro são as dez palavras de
Javé 20,1-17
20,20 –E Moisés disse ao povo: “Não tenham medo!
Deus veio para prová-los a fim de que vocês
tenham presente
o temor a ele e não pequem! ”
Explicação:
No primeiro passo o povo deve se santificar
para o encontro. Lavar as roupas alude talvez à despedida da escravidão, “Moisés fez sair” como no Êxodo 3,10.
A
revelação: trovão, relâmpago e nuvem vêm da natureza, o som da trombeta vem da
liturgia. O povo tremeu de temor, veja Elias 1 Reis 19. Observa:
Moisés fala e Deus responde.
Dirijam-se a Betel, e pequem; vão a Guilgal
e pequem ainda mais!
Ofereçam de manha seus sacrifícios
E ao terceiro dia levem seus dízimos!
Eu revirei vocês de cabeça para baixo,
Como Deus fez com Sodoma e Gomorra,
E vocês ficarão como tição puxado do fogo.
Mas nem mesmo assim vocês se converterão
para mim! Oráculo de Javé!
Pois é assim que eu tratarei você, Israel.
E porque vou tratá-lo assim, prepare-se,
Israel,
para encontrar-se com seu Deus! Amós 4,4. 11.12:
II 3) AS FALAS DE JAVÉ (DEUTERONÔMIO)
Javé fala no Horeb Dt 4,1-14; 5,1-33; 26,16-19: O povo estava de pé diante de Javé: ¨Eu os farei escutar minhas palavras¨. A aliança é bilateral,
Javé e o povo são partidários (4,4), não é um pacto entre dono e vassalo, é um
compromisso mútuo entre Javé e o povo em conjunto, “Ele se tornou para ti Deus, tu te tornas para ele o povo”, (Dt 26,16-19); “único
caso na Bíblia de semelhante declaração dupla, cada um dos parceiros da aliança
obtendo a declaração do outro” (TEB).
Deus pronunciou as seguintes
palavras ( Dt 5,6-21), não são leis nem mandamentos: Deus não manda como um
dono sobre escravos, como parceiro ELE dá conselhos à sua parceira.
que fiz você sair
do Egito,
Não tenha outros deuses diante de
mim.
I I -Não
faça para você ídolos VII –
Não cometerás adultério.
porque
eu, Javé seu Deus,
sou um deus ciumento.
III - Não
pronuncie em vão VIII – Não roubarás.
o nome de Javé
seu Deus.
IV –
Lembre-se do dia de Sábado IX – Não
darás testemunho falso
para
santificá-lo, Javé o abençoou, contra
teu próximo.
não
trabalharás!
V – Honra seu
pai e sua mãe:
assim você prolongará sua vida X – Não cobiçarás nada na terra que Javé seu Deus dá a
você. do
que pertence a teu próximo.
As dez palavras são o centro de todas as
teofanias. As primeiras cinco palavras falam da aliança de Javé com o povo
desde a libertação do Egito - atravessando o deserto - até a terra prometida.
1ª Palavra: Javé é o Deus libertador
que tirou da escravidão do Egito, por isso não ter outros deuses que
escravizam.
Ezequiel
apresenta a libertação do Egito sob a alegoria da esposa infiel. Deus fez
aliança com a mulher Jerusalém (veja Ezequiel 16,8; Oséias 2,16-22; Provérbio
2,17)
2ª Palavra: não fazer ídolos, porque
você: “não pode ver a face de Javé”
(Êxodo 33,20). O que se vê, são meramente os reflexos de Javé: nuvem, fogo, a
sarça: a glória de Javé. O nome de Deus é “ciumento” que cuida para que Israel
não faça para si ídolos e se prostitua com outros deuses. Veja a estátua do bezerro Êxodo 32 e 34,14-17.
3ª Palavra: não colocar o nome de Javé
(Eu estarei como eu estarei) em coisas vãs. “Javé falava a Moisés face a face, como se fala de pessoa a pessoa (Moisés
ouve, mas não vê)” (Ex 33,11), a
conversa com Javé deve ser séria. Na tradução para o grego, a LXX, os “Setenta”
traduziram Javé por “Senhor”, os judeus de hoje chamam Javé: “O Eterno”.
4ª Palavra: O Deuteronômio justifica o
repouso no Sábado com a libertação do Egito em favor do povo, a tradição sacerdotal
justifica o repouso com o repouso de Deus após a criação, quer dizer a observância
do Sábado se dirige a Deus. A partir do exílio o Sábado ganha importância
fundamental para os judeus no estrangeiro.
No
Êxodo 31,12-17, Javé fala: “observem meus
sábados porque são sinais entre mim e vocês: os filhos de Israel observarão o Sábado
em todas as suas gerações como aliança perpétua”. Os Judeus acolhem o Shabat
como noiva da aliança no o famoso poema “Lechá Dodi”.
5ª Palavra: É o Deus de nossos pais e
não das autoridades religiosas e políticas. Por isso: “honrar pai e mãe” para viver na terra que Javé dará. Os pais não só
geram os filhos, antes transmitem aos filhos os feitos e maravilhas de Deus com
o povo na história. Os filhos vão perguntar: porque nós celebramos estas
festas?
Da 6ª Palavra – a 10ª Palavra:
A veneração a
Javé se concretiza na relação social, na qual se comprova a fé.
“O Decálogo se
dirige a pessoas que têm pai e mãe e filhos e que podem cobiçar mulheres, Sob o
ponto da vista das relações de propriedade, ele se destina a pessoas que têm
escravos e escravas, que têm terra de cultivo e gado próprio. Os destinatários
têm a possibilidade de cultuar outros deuses, de fabricar ou pelo menos erigir
imagens de deuses. Eles são aptos a tomar em vão (por juramento) o nome de Javé
e a participar de um processo jurídico como testemunhas”. (Crüsemann p.23)
Os livros
proféticos falam da instrução de Javé.
Afirmação do povo: O
povo entra na aliança “Faremos tudo o que Javé falou”. Como Javé na criação
falou e as coisas foram feitas, assim a sua parceira quer fazer o que Javé
falou.
Código da aliança:
20,22 - 23,33:
Contem leis casuísticas ou
condicionais que talvez tenham sua origem em decisões judiciárias. O código é
dirigido a uma sociedade que se tornou sedentária. Esta sociedade começa a
juntar a prática da agricultura com a criação do gado.
Liturgia Ex 24,1-11:
A conclusão da aliança termina com
uma liturgia. O povo de Israel (“am” tem mais sentido de família, enquanto os
povos são chamados “gojim”) assume o reinado de Deus “Faremos tudo o que Javé disse” (24,1-2 e 9-11 são do Javista e
24,3-8 do Eloista).
II 4) A TRADIÇÃO SACERDOTAL
No início qualquer um pode ser sacerdote,
enquanto trouxe uma oferenda a Javé, veja Cain e Abel (Gn 4,3). Malki´Sedeq foi
sacerdote do Altíssimo. (Gn 14,18). Abraão quer sacrificar seu filho (Gn 22). Miká
convidou um levita de Bet´Lehem a ser para ele um pai e um sacerdote:¨pois este
levita tornou-se meu sacerdote¨ (Jz 17,7-13). Samuel serviu a Javé em presença de Eli, sacerdote, no templo (1Sm
3). Os sacerdotes serviam nos santuários, proferiam oráculos. David aceitou o
sacerdócio de Abiatar (2 Sm 8,17), Salomão destituiu casa de Abiatar em favor
de Sadoc (1 Rs 2,26) Genealogias ligam
Sadoc a Levi e a Aarão. A conexão de Aarão com o período de Moisés é mais
clara. O sacerdócio é como a realeza uma instituição humana. Deus não quer sacrifícios, e sim
misericórdia..
Só no Salmo 110,4 Javé mesmo
disse ao seu senhor: ¨Tu és sacerdote para sempre, à maneira de Malki-Sédeq¨
sem falar de uma pessoa concreta.
A
tradição sacerdotal foi a mais recente e foi escrita durante o exílio ou no
pós-exílio Ex 19,1-9. Portanto, a fonte sacerdotal contém vários autores, os
últimos serão os sadoquitas.
As mensagens centrais da fonte sacerdotal (S ou P): a aliança
A
Benção sobre o ser humano: Gn 1,28
A situação de miséria e desespero dos exilados
significa para eles o caos, que Deus pode transformar em situação de liberdade,
fertilidade e vida do homem e da mulher: “Deus os abençoou”.
Aliança com todos os povos: Gn 9,8-17:
“Deus
disse a Noé acompanhado de seus filhos: ‘Eu vou instituir a minha aliança
convosco com a vossa descendência e todos os seres vivos... eis o sinal da
aliança: estabeleci o meu arco na
nuvem”. A aliança com Noé
foi uma aliança com todas as nações e criaturas. O sinal foi o arco íris.
Aliança com Abraão Gn
15,1-18 e 17,1-8:
“Neste
dia Javé firmou uma aliança com Abrão, nestes termos: é para tua descendência
que dou esta terra. Eu sou El Shadai (o deus das montanhas não o deus
poderoso), anda na minha presença e seja íntegro, quero fazer-te dom da minha
aliança entre ti e mim, tu te tornarás o pai de uma multidão de nações”.
Aliança através de Moisés Ex 6, 2-7,7
Ex 6,2-7,7 é um texto sacerdotal: O nome Javé
aparece na península Sinai, lá Deus fala a Moisés: Ex 6,2: “Eu sou Javé,
apareci a Abraão, a Isaac e a Jacó como Deus poderoso, (a melhor tradução: Deus
das montanhas El - shadai), mas sobre o meu nome Javé não me dei conhecer a eles”. Ele se lembrou da sua
aliança (6,5). Aparece várias
vezes o termo: filhos de Israel: “se nem
os filhos de Israel escutam como o Faraó vai escutar?” Os escribas
sadoquitas introduziram este termo.
Em três passos
Javé vai agir: 1. “Eu vos farei sair das corvéias do Egito. 2. Tomar-vos-ei
como meu povo e para vós serei Deus. 3.Eu vos farei entrar na terra” (Ex
6,6-8). Os acontecimentos no deserto serão a comprovação desta promessa.
No deserto
Javé conclui a aliança que fez da vida de Israel um dialogo com Deus, mas não
suprimiu a desigualdade entre os parceiros: porque Javé toma sempre a
iniciativa. O deserto não inclui necessariamente o Sinai, que não foi
mencionado nos Creios de Israel, nem na aliança de Siquém no Livro de Josué. O
Sinai é Jerusalém com uma celebração litúrgica.
Aliança no Sinai Ex 19, 1-8 520 a.C. começou a reconstrução
do Templo em Jerusalém, 515 celebração da dedicação. O redator do nosso relato conhece estes
fatos.
“Os filhos de Israel chegaram ao deserto do
Sinai e acamparam no deserto”. Da montanha Javé chamou Moisés. Agora Javé fala
por intermédio do Moisés, o profeta: ¨Dirás isto à casa de Jacó e transmitirás
este ensinamento aos filhos de Israel¨ (Ex 19,3), não é um chamado direto aos
sacerdotes! Javé dá ordem (Dt
18,18) a Moisés sobre o futuro após
o fim da realeza, não é uma teofania.
Por que o
deslizamento da aliança Mosaica? O problema era o pecado de Israel, sua revolta
contra Deus fazendo o bezerro. Como ganhar o perdão? A queda de Jerusalém
mostrou a ineficácia daquela aliança, mas fica a promessa a Abraão. A
legitimidade do sacerdócio consiste em operar a expiação dos pecados após as
revoltas contra Moisés (Nm 13;14;16;).
A situação é
diferente do Ex 6,2-9. Lá Javé falou aos filhos de Israel: “Eu vos farei sair
das corvéias do Egito...tomar-vos-ei como meu povo...eu vos farei entrar na
terra...Eu sou Javé”.
O ponto da partida, a saída do
Egito, quer dizer da escravidão, fica o fato fundamental, o objetivo da saída
muda. A promessa da terra não existe mais. Agora os filhos de Israel chegaram
“ate mim”, não se fala mais da entrada na terra, em vez fala da chegada na
presença de Deus no Sinai, ou melhor: no templo para servir exclusivamente a
Javé. Sempre se repete: “Eu sou Javé”. A finalidade do Êxodo será a aproximação
a Javé. “Aquele que vos fez sair da terra do Egito, a fim de para vós ser Deus,
eu sou Javé” (Lv 22,31-33).
No Deuteronômio a aliança foi
bilateral, entre Javé e o povo. Mas a terra prometida estava condicionada na
fidelidade do parceiro, no fato que Israel guardava as palavras da aliança
amando e temendo a Javé. O povo tinha quebrado esta aliança e conseqüentemente
tinha perdido a terra.
No Ex 3,14 Javé
tinha revelado seu nome: “Eu estarei como Eu estarei” para sublinhar a sua
soberania, o que se mostra agora: “Sereis minha parte pessoal entre todos os
povos, pois a terra inteira me pertence, sereis para mim um reino de sacerdotes
e uma nação santa” (Ex 19,5-6). Agora os filhos de Israel já estão dispersos
entre todas as nações, não tem mais a terra prometida, porém a terra inteira
pertence a Javé e por falta de reis os sacerdotes substituem os reis. Não vale
mais a formula “Eu, o deus deles, eles o meu povo”, o povo será a propriedade,
o tesouro de rei, de Javé.
Agora a aliança é unilateral: Javé
fica fiel ao seu compromisso assumindo os filhos de Israel (não o povo) como
sua propriedade entre todos os povos.
“Vós
sereis para mim um reino de sacerdotes e uma nação santa.” (Ex 19,3-8).
O texto não fala “um povo santo”, mas diz “uma nação”, o termo nação designa os povos
pagãos, aqui chamados povos, enquanto o povo de Israel é chamado nação.
Esta “nação
santa” não será mais dividida em Israel e Judá, mas será uma só nação (Ezequiel
37,22), que não será mais submissa aos reis, pelo contrário será dirigida por
sacerdotes. Estamos no tempo do pós-exílio quando não tinha mais reis, porque
os Persas são os donos da província de Judá.
O ponto mais alto do serviço a
Deus será o Levítico, cap. 19: ”Fala a toda a comunidade dos filhos de
Israel: Sede santos, pois eu sou santo, eu Javé, vosso Deus” (Lv 19,2).
Como se realizará esta
aliança no Sinai mostra a construção do Santuário (Ex 24,13-31,17), onde Javé
da Tenda do encontro falou a Moisés dizendo (Lv 1,1...) Levítico significa Ele chamou,... quer dizer:
não é mais a montanha do Sinai, mas o Templo em Jerusalém, onde Moisés faz a investidura (25,22) e não mais fala pelos
profetas (Dt 18,18) mas pelos sacerdotes.
III a) Anúncio b) Obstáculos c) Realização do Santuário.
III a) Anúncio para a construção do
Santuário Ex 24,13 – 31,17
A secunda parte do Êxodo trata do anúncio,
obstáculo e realização da morada . No meio está a ruptura da
aliança com os bezerros de ouro.
O Sinai e as Tábuas do Testemunho passam a ser o veiculo ideológico
deste grupo sacerdotal para legitimar seu poder. Aqui não se trata da construção
do Templo, mas da tenda da morada, ela é agora o Sinai para onde os filhos de
Israel vão ir.
a)
Parte
interna da Tenda:
O interior da
Morada contêm a Arca, a Mesa e o Candelabro: A arca deve ser feita com dez
tapeçarias de linho retorcido (Êx 26,1) também o véu da separação (Ex 26,31).
A
Arca: O Santo dos Santos
A arca não é mais a pequena caixa de
madeira (Dt 10,1-5), o trono de Deus que acompanhou o povo na tomada da terra
(1 Rs 8,1-9). Ela será agora o “Santo dos
Santos, coberta de ouro. O véu vos servirá de separação entre o Santo e o Santo
dos Santos”. O Santo dos Santos é o lugar da santificação, é a Arca do
Testemunho (Ex 26, 31-33). Somente o sumo sacerdote poderá transpor o véu uma
vez por ano no dia da expiação (Lev 16,11-16).
Na“habitação” ou na tenda da Reunião estará a
arca do testemunho, não mais as “Tábuas da Aliança” (Dt 10,5), mas estará o “Testemunho”
(25,16). Testemunho significa: “exortar severamente”, e, como conseqüência de
uma admoestação feita pelo tribunal, significa também “testemunhar” ou “chamar alguém
para testemunha”. O Santo dos Santos é o testemunho, será um sinal de
compromisso de obediência e no mesmo tempo uma ameaça de punição, se o povo não
obedecer à suprema autoridade. Quem rompe o testemunho deve ser processado (Ex
31,12-17 sobre a observação do Sábado e as tábuas do testemunho). Assim o
“testemunho” será a ameaça constante de morte e destruição pendurado sobre a
cabeça do povo. Não tem mais dois parceiros da aliança.
Aparece também o Propiciatório (Ex 25,22). Nunca se falou disso. É um novo conceito de
“ordem e punição”. Só lá acontece a expiação pelo rito e pelo sacerdote, só ele tem o poder de perdoar os pecados. Lá Deus
vai manifestar sua vontade: “Ali virei a ti e falarei contigo” (Ex 25,22).
Lá Ele estará
presente para “falar e ordenar”. No Deuteronômio 18,18, Javé “fala e ordena” pela boca do profeta. Agora o
sumo sacerdote é a única mediação: ele
é sacerdote, rei e profeta. É o fim da
profecia.
b) Parte externa
da Tenda: O Altar
A Arca, o Santo dos Santos, está escondida,
invisível, agora precisa aparecer algo visível, santo como a Arca: será o altar
com sacerdote. O altar e o átrio (Ex 27), lá serão oferecidos dois holocaustos
cotidianos, de manhã e a entardecer (Ex 29, 42-46), costume em uso até 70 d.C.
c) O sumo sacerdote (Ex 28,36), consagrado
a Javé:
O título “o
povo consagrado a Javé” (Jeremias 2,2-3 e Dt 7,6) passa a ser monopólio do sumo sacerdote. O
sumo sacerdote será o único ungido (Ex 29,7) e substituirá a dinastia de Davi
no poder.
A roupa do sacerdote (Ex
28,29):
As roupas são exclusivas do
novo rei, que ungido reina em Judá e representa o rei Javé. O “Efod” sustentado
por duas ombreiras com os doze nomes de Israel., no meio agarrado por anéis de
ouro, o “peitoral de Julgamento”. O sumo sacerdote representa agora uma pessoa
coletiva, ele é o povo. A figura do sumo sacerdote agiganta-se.
Outra peça é o manto, cuja orla
inferior tem campainhas: quem ouve tilintar os sininhos, não pode se aproximar
“para que não morra”. (Ex 28, 33-35).
O ponto alto das roupas será a flor da
consagração, amarrada ao turbante consagrado a Javé. (Ex 28,36).
Para viver a aliança no conceito
sacerdotal, bastaria cumprir ritos e gestos litúrgicos e respeitar templos e lugares
santos. Romper as leis significa pecar. O Êxodo mudou de sentido.
d) Sobre o trabalho no Sábado 31,12-18 e 35,1-3
Entre o
anuncio do trabalho, a ruptura da aliança e a realização do santuário se
encontram dois entrelaçamentos que avisam para não trabalhar no Sábado (na construção
do Templo).
Desta
vez a motivação para o descanso no Sábado não é a memória da libertação do
Egito (Dt 5,15) nem o repouso de Deus depois da criação (Ex 20,11), mas para
fazer do Sábado “Uma Aliança perpétua” (31,16).
O Sábado significa cessação do trabalho
para Javé, Quem trabalhar nesse dia será morto. Não ascendereis fogo em dia de
Sábado (35,1-3).
O centro do livro no Sinai terminou: “Eles viram o Deus de Israel... contemplavam
a Deus e depois
comeram e beberam” (24,9-11). O final do livro diz: “Moises não podia entrar na tenda da reunião ”
(40,34-35). O que aconteceu, para que
Moises não mais podia entrar na tenda? O
povo fez um “bezerro de ouro” e o
adorou (veja Deuteronômio 9,7 – 10,5). As conseqüências são as seguintes:
O perdão não é conseguido de maneira
clara e completa (Ex 32,33–34 e 33,3 e 33,19-20). A promessa da terra permanece,
só Javé nunca mais poderá ser visto. O rosto de Moises fica invisível ao povo,
sempre haverá um véu entre ele e o povo, como haverá um véu de separação entre
o Santo e o profano..
Este trecho não só reflete o pecado
de Israel, mas sim desperta a esperança num Deus que perdoa e renova a aliança
quebrada (Jeremias 31,34). São relatos do Javista e Eloista.
3.) De Cadesh a
Moab Nm 20,1 -22,1:
V. Falas de Moisés (Deuteronômio)
a) O
pecado do bezerro 32,1-20: “estes são os seus deuses” lembra a luta dos
profetas contra a idolatria dos bezerros, erigidos por Jeroboão em Betel e Dan
(1 Rs 12, 26-33) para justificar a ruptura com Jerusalém. Os bezerros foram na
religião mesopotâmia o pedestal onde moravam os deuses. Veja Elias e Elizeu 1 Rs
17, Amós 4,4; 5,5; 7,10-17 e Oséias 8,5-6.
A punição
32,21-29: os filhos de Levi mataram uns três mil homens como Moises havia
mandado (32,28). Dt cap.9 não menciona
este episódio de violência dos Levitas. Dt 10, 6-9 só fala da escolha dos
Levitas.
b)
O pedido de
perdão: Moisés voltou a Javé dizendo: ¨Mas agora, se quiseres tirar o pecado
deles... Se não risca-me do livro¨
(32,30-35). Moisés joga sua própria vida na balança, uma antecipação do
Servo de Javé que carregará o pecado dos outros. Javé quer afastar-se do povo, Moises
intercede. Javé fala “face a face com
Moises” (33,11), mas a face de Javé não pode ser vista (33,20).
c)
Nova
manifestação de Javé 33,18 – 34, (veja capitulo 19) em reação à violação da
aliança. Javé é misericordiosa, suporta o pecado. A TEB traduz: “ele não deixa passar nada, e
visita, a iniqüidade dos pais nos
filhos e nos filhos dos filhos, até a terceira e quarta geração” 34,7, (cf. Na
1,3) (também Nm 11,10-15) Veja Ex. 20, 5 e Dt 5,9. Gn 18,16-21.
d)
Um primeiro documento que se chama decálogo
cultivo 34,9-28:. Tem sua origem no tempo de Elias ou Eliseu: servir a Javé ou
Baal. O nome de Javé é “ciumento”.
“Vou firmar uma aliança...” O nome de Javé é Ciumento. Moises escreveu sobre as
tábuas as palavras da aliança, as dez palavras (Ex 34, 28).
e)
34,29-35: a
pele do rosto de Moisés irradiava, por isso colocou um véu sobre o rosto, este
véu separa o povo de Moisés como o véu separa o “Santo dos Santos” do povo.
g)
No final do capítulo Ex 34
encontra-se um texto dos escribas sadoquitas: Aparecem os “filhos de Israel”,
não o povo. Moises tem na mão as duas
tábuas do Testemunho (34,29; 32,15;
31,18).
III c) Realização do Santuário Ex 35,1 – 40,38
O santuário se
chama: a tenda do encontro, fora do acampamento (33,7; Nm 2,2; 12,4) também morada.
¨Todos
habilidosos venham”,( 35,10;) “todos os homens generosos levaram tributos”
(35,21);
o
povo em conjunto trabalha voluntariamente, um grande mutirão . 35, 25- 35;
36,1-5;), os operários mais experientes fizeram a morada (36,8).
O interior: arca, mesa,
candelabro, altar de perfumes (37)
O exterior: altar, bacia, átrio
(38)
As vestes dos sacerdotes
(39,1-32).
Entrega
de toda a obra a Moisés (39,39-42).
40,34-38:
a glória de Javé encheu a tenda do encontro, de dia a nuvem de Javé pousava
sobre a morada e à noite dentro dele havia um fogo, durante todo o tempo de sua
viagem. (Ribla 23 p. 123).
O Projeto Sacerdotal Sadoquita do 2º Templo
A formação dos escritos sacerdotais começava a partir do exílio. A redação final é obra da escola sacerdotal sadoquita depois do exílio nos anos 445 – 398 a .C.
a) A situação política:
O Êxodo 24 – 40, o Levítico e Números 1 – 10 falam do grupo sadoquita que chegou ao poder na terra de Judá após as missões de Esdras (escriba) e Neemias (governador). Esdras, o novo Moises, e Neemias vieram em nome do Império Persa para reorganizar Judá em torno dos anos 450.
Os projetos autonomistas de Ageu, Zacarias e Zorobabel queriam que Judá deixasse de ser um estado vassalo dos Persas e passasse a reviver as antigas glorias dos tempos pré-exílicos. Isso não interessava a Dario, que retirou o seu apoio a Zorobabel. E este desapareceu da cena e todo o sonho autonomista foi derrubado. A corte dos Persas estava interessada em que Judá , vivendo uma situação estável, cumprisse um papel tranquilizador na região toda. A comunidade que transparece neste conjunto de textos não é uma nação política, mas sim uma comunidade cultual. Os Persas inviabilizavam qualquer autonomia política, favorecendo a autonomia cultural e religiosa. Se fala agora do Judaísmo.
b) O Judaísmo na diáspora:
Por sua vez, as comunidades judaicas da diáspora podiam mais facilmente identificar-se com uma única comunidade religiosa reunida em redor do templo, do que como uma comunidade política ao redor de um palácio. A dependência política judaica dos Persas vai continuar no Império dos Gregos e dos Romanos.
Tobit na diáspora escreveu uma oração de júbilo (Tobit 13):
”Celebrai-o, filhos de Israel, diante das nações, entre as quais ele vos dispersou; aí ele vos fez ver sua grandeza. Quanto a mim, celebro-o na terra em que estou deportado. Mostro sua força e sua grandeza a uma nação pecadora”. No seu Testamento ele aconselha exercer as obras da justiça, dar esmola e praticar a regra de ouro: “O de que não gostas, não o faças a ninguém” (4,15)
c) A terra de Deus é universal:
A promessa da terra não se cumpriu, porque Israel e Judá quebraram a aliança e por isso não há mais a terra de Israel, só a província Jehudá dos Persas. Mas Deus é dono de todas as terras do mundo. (veja a promessa a Noé Gn 9). Não se pensa mais num território nacional, e sim internacional: “pois a terra inteira me pertence” (Êx 19, 5). Assim os dispersos de Israel estarão também na terra prometida. O lugar da reflexão da palavra e da adoração deles será a sinagoga.
d) Os filhos de Israel:
Israel como povo não existe mais, Em vez de falar do povo se fala da comunidade, da assembléia e dos filhos de Israel. Eles são os descendentes do antigo Israel. Os filhos de Israel referem-se ao conjunto do povo de \Judá que se constituiu ao redor de Jerusalém, governado pela hierarquia sadoquita.“Filhos de Israel, no pós-exíllio, indicava os repatriados que voltaram de Babilônia e que se consideravam o verdadeiro Israel, em contraste com os judeus remanescentes, chamados povo da terra. Depois do conflito inicial, filhos de Israel passou a indicar os habitantes do Judá reformado”. (Anna Maria Rizzante e Sandro Gallazzi (Ribla 41, p 23).
Mas filhos de Israel são também os israelitas dispersos no mundo inteiro.
Mas filhos de Israel são também os israelitas dispersos no mundo inteiro.
e) Eu sou Javé:
A fórmula: “Eu, o Deus deles, eles meu povo” (Ex 6, 7) cede à fórmula: “Eu sou santo, sejam santos, Eu sou Javé” (Lv 19). A aliança é unilateral, Javé conclui o pacto com os filhos de Israel, eles serão a propriedade de Javé. O cumprimento das leis testemunha a pertencia a Javé.
O judaísmo após a queda de Jerusalém procurava segurança na lei e daí considerava uma ofensa contra a lei, mesmo inconsciente, pecado. Os que não seguissem a observância farisaica seriam pecadores. Os pagãos são, por definição, pecadores.
f) O Templo
A morada de Deus não e mais a Tenda, mas o Templo com o Santo dos Santos em Jerusalém, não partiu mais na frente do povo como antigamente (Nm 10,33), O sacerdócio sadoquita legitima o culto no Templo nos tempos pós-exílicos. A Arca ganha um novo sentido: ela é a “Arca do testemunho”, não guarda mais as duas tábuas. Quem rompe o testemunho deve ser processado (sobre a observação do Sábado e as duas tábuas do testemunho Ex 31,12-18). Assim o “testemunho” será uma ameaça constante de morte e destruição pendurado sobre a cabeça do povo.
A morada de Deus não e mais a Tenda, mas o Templo com o Santo dos Santos em Jerusalém, não partiu mais na frente do povo como antigamente (Nm 10,33), O sacerdócio sadoquita legitima o culto no Templo nos tempos pós-exílicos. A Arca ganha um novo sentido: ela é a “Arca do testemunho”, não guarda mais as duas tábuas. Quem rompe o testemunho deve ser processado (sobre a observação do Sábado e as duas tábuas do testemunho Ex 31,12-18). Assim o “testemunho” será uma ameaça constante de morte e destruição pendurado sobre a cabeça do povo.
g) A Aliança com o Sacerdócio
Moisés fez a investidura dos primeiros sacerdotes (Lv 8,1-12). No pós-exílio o Sumo Sacerdote era a pessoa mais importante na comunidade judaica com a função de um rei, ele recebeu a unção. Isto dá continuidade à promessa dada à casa de David. O sacerdote assume o titulo rei, veja o excessivo louvor ao sumo sacerdote Simão (Sr 50).
A palavra de Deus, pronunciada pelos profetas (Dt 18,18), está agora no poder do sumo sacerdote: ele fala e ordena (Ex 25,22). Acabaram os profetas, só continuam falsos profetas.
O sinal da terceira aliança é a vara de Aarão (Nm 17, 25). A escolha de Aarão é considerada a partir da ação de Finéias, filho de Eliazar, filho de Aarão. Ele recebe de Deus a promessa de uma aliança de paz (Nm 25,13). (veja J. Briend: Uma leitura do Pentateuco p.75 ss)
Alguns estudiosos ligam Sadoc – sadoquita com os Saduceus no tempo do NT.
III. Levítico – VAYIKRA (Ele chamou)
O livro Levítico começa assim: “Javé chamou Moisés e da tenda do encontro falou-lhe dizendo. (Lv 1,1). Não é mais o Monte Sinai, agora é a tenda onde Javé fala: “Lá eu te encontrarei, e do alto do propiciatório entre os dois querubins sobre a Arca do Testemunho, comunicar-te-ei todas as ordens” (Ex 25,22). A tenda é o lugar de dar ordens aos sacerdotes.
Datação e Origem
No
livro de Levítico estão organizados antigos tabus alimentares, sexuais e
relativos à saúde, nascimento, morte, com origem num tipo de sociedade
provavelmente pré-estatal.
Outros
materiais jurídicos referentes à propriedade, herança, etc., surgiram a partir
do estado, a partir dos anos 1000 a.C.
Boa parte dos
códigos já teria certa organização independente, antes da destruição de
Jerusalém nos anos 587 a.C.
O Levítico
explicitaria as propostas da reforma de Esdras. Os diversos códigos articulados
dão à comunidade judaica, aos filhos de Israel, organizada ao redor do templo,
indicações sobre todos os aspectos da observação religiosa em conexão da vida
econômica, social, sexual, ética, física.
Estrutura
A. Leis sobre os Sacrifícios 1-7
B. Leis
sobre os Sacerdotes 8-10
C. Leis sobre a Pureza 11-15
O dia da expiação “YOM KIPPUR” 16
O dia da expiação “YOM KIPPUR” 16
D. Código da Santidade 17-24
E. Pertence ao Deuteronômio 25-26
Apêndice:: Tarifação das promessas 27
A) Leis
sobre Sacrifícios 1 – 7:
O nariz de
Deus: Já
não se trata mais do Deus que fala que ordena e se relaciona: agora aparece uma
divindade que se agrada com aroma
daquilo que é queimado, que participa dos rituais. Esta divindade não pede para
ser obedecida, mas quer ser agraciada pelo perfume bom daquilo que a comunidade
oferece.
Os sacrifícios têm diferentes funções: uma vez o
sacrifício serve para o “dom da divindade”, outra vez para a “paz”, outra vez serve para a “expiação”.
Capitulo 1 fala dos holocaustos para aproximar-se
de Deus (QORBAN). São touros, ovelhas e pombas.
Capitulo 2 fala das ofertas vegetais, próprias de uma
cultura agrária. As oferendas se consomem por ocasião de uma festa na qual Deus está convidado em primeiro
lugar.
Capitulo 3 fala dos sacrifícios da comunhão: Deus recebe sua parte, enquanto a
comunidade reparte o resto, 14 vezes aparece o sacerdote, 7 vezes aparece “perfume aplacador para Javé”.
Capítulos 4 - 5,1-13 decidem se alguém pecar “por inadvertência” ou pecar sem saber
(4,1), dá para entender, por causa de tantas proibições (365) e prescrições
(240), os quais o povo não pode lembrar. Pecado no conceito sacerdotal e uma ofensa ao culto. O pecado por descuido gera uma desordem, que
exige a reparação através de sacrifícios
ou ritos de absolvição. A imposição das mãos (1,4 e 4, 4) não tem o
objetivo fazer passar o pecado da pessoa para o animal, exprime antes a
identificação da vítima com o oferente, assim o oferente se dá a Deus. Os
sacrifícios pelos pecados (hattat e asam) têm uma função preparatória, eles
querem quitar tudo o que impede a relação com Deus.
a- Se o sacerdote,
consagrado pela unção, pecar (ele representa o povo), o que fazer (4,3...)
b- Se a comunidade
pecar (4,13...)
c- Se um príncipe
pecar (4,22...)
d- Se um homem do
povo pecar (4, 27...)
e- Casos particulares: 5,1-13... O pecado será perdoado
se o culpado confessar.
Capitulo 5,14-26 fala dos sacrifícios penitenciais. O sacerdote
expiará pelo pecado cometido e perdoará. Capítulos 6 e 7 falam dos diferentes rituais dos sacrifícios.
B) Leis sobre os sacerdotes 8-10
Os capítulos 8 -10 reúnem leis
acerca dos sacerdotes e suas tarefas. 10,1-7 conta a história de Nadab e Abiú,
que foram mortos por não se comportarem conforme as instruções.
Mantém-se certa hierarquia: Deus –
Moises – Aarão e seus filhos e o povo. O que legitima essa hierarquia é Deus: “como ordenou Javé”, isto se repete 14
vezes.
C) Leis sobre a pureza: 11 - 15
A noção de impureza está bem próxima a de “tabu”, ela
supõe que a pessoa quer viver uma vida estável, protegida da angustia do
desconhecido. Precisa evitar tudo o que é anormal.
A impureza não é um ato culpável. O ato culpável
acontece, quando o impuro se comporta como puro, quer dizer transgride os
limites.
A lei da pureza tem como ponto de vista o culto,
relaciona estas leis com o Deus da aliança (11,44-45). A distinção entre puro e
impuro não é uma coisa da higiene ou da ética e sim da distinção entre sagrado
e profano. Somente o puro tem acesso ao templo. Veja no NT Marcos 7,1-23; Atos
10 e 1Cor 6,12-20.
A comida cap. 11: comer é uma troca: individual e
comunitária, é troca com a natureza, faz parte da criação. O que se
pode comer hoje em dia e o que não se pode comer?
O parto cap. 12: se uma mulher “conceber” será imunda...? Todas as culturas conhecem
procedimentos de separação da mãe após o parto, (até hoje em dia quarentena dias)
Saúde e doença
cap. 13 e 14: os capítulos tratam de lepra que significa qualquer mancha, marca
ou sinal que aparece no corpo.
Sexo cap. 15: fluxo seminal do homem, menstruação da
mulher. Os capítulos 18 e 20 tratam de novo a sexualidade em relação com à
santidade de Deus. Israel tem leis severas contra o incesto.
Doenças: Há muitas narrativas que vinculam a atividade
profética ao trato com doentes e doenças, 1Rs 13,4-6; 2 Rs 4,18-37; 5; 18;
20,1-11.
Agora só o sacerdote decide: “será imundo durante os dias em que praga estiver nele; habitará só fora
da comunidade” 13,46. O que interessa não é a saúde do individuo ou da
comunidade, mas sim a pureza do culto. A contaminação atinge o corpo, a casa, o
cosmo.
O dia do Grande Perdão Yom Kippur Lv 16
A festa, introduzida após o tempo de Esdras, colocada
após a instrução sobre puro e impuro, foi uma grande purificação para livrar
Israel das impurezas de todos os tipos. Tornou-se mais tarde uma liturgia de
perdão dos pecados propriamente ditos. A Mishna diz: “O Dia do Grande Perdão
não expia, enquanto um não se reconciliar com o outro”. (TEB). O bode expiatório tem tradições antigas.
D) Código da santidade 17 – 24:
O código se dirige não a uma entidade política e sim
religiosa, as leis são ligadas ao culto e ao clero. Isto corresponde ao projeto
dos Persas nesse período de 445
a .C. ”Era a lei, suplementada pela administração persa,
e era o sistema de santidade sacrifical e ritual centralizado no templo”
Cap. 17: O lugar do sacrifício: a tenda (ou templo)
Cap. 18-20 A santidade exigida (sexo, uniões
proibidas, incesto 18)
O termo Santo significa agora ser “separado” dos
outros povos do mundo. Assim Deus é
separado do mundo. Deus separou os
Israelitas do Egito, da casa da escravidão, para agora ficar presente diante de
Deus. Observa: que não se fala mais da terra, porque a maioria vive na diáspora como estrangeiros,
lá eles estão presentes diante de Deus e toda criatura, um novo universalismo.
Também não escutamos: Eu, o Deus de vocês, vocês meu povo.
O ponto mais alto do Levítico será o capitulo 19: ”Fala
a toda a comunidade dos filhos de Israel: sede santos, pois eu sou santo¨ (19,2)
No meio de um desfile de leis, ritos e tabus dedica-se
este capítulo (19) às deveres para com o
próximo. Mais que um código jurídico este capitulo apresenta um modelo
ideal de vida.
A santidade se caracteriza pela prática da justiça libertadora para produzir um
relacionamento comunitário. Não são leis com a consequência de punição, são
normas, observações e conselhos como as normas e os estatutos no. Dt 12-26. São
comentários das Dez Palavras (não
mandamentos). A norma fundamental é o amor ao concidadão e ao estrangeiro.
“Não te vingues
e não sejas rancoroso em relação aos
filhos do teu povo: é assim que amarás o teu próximo, ele é como tu” Lv 19,18. O hebraico
não fala “como a si mesmo”, mas sim “ele
e como tu” (tradução de Martin Buber). A exegese judaica antiga
compreendeu às vezes Lv 19,18 da seguinte maneira: “Amarás o teu próximo como a
outro tu mesmo”. (Introdução: Sirácida TEB p. 1714)
¨O imigrante
será para vocês um concidadão, você o amará ele é como tu, porque vocês foram imigrantes na terra do Egito¨
(19.33).
A
Máxima, chamada “Regra de Ouro”
O chinês Confúcio 551-479 a.C. foi um dos
primeiros a articular a regra de Ouro. Seus discípulos devem cada dia praticar
este ensino, o mais importante para a vida, chamado <ren>. A religião não
pode ser separada do altruísmo, tratar o outro com absoluto respeito.
No Canon Páli o “Buda” Gautama,
nascido por volta 563 a.C. na Índia se diz: “Como eu sou, estes são; como estes
são, sou eu. Se assim um homem se iguala ao outro, não quer matar ou se deixar
matar”. “Respeitando a mim mesmo eu respeito o outro, respeitando o outro eu
respeito a mim mesmo”.
Na Bíblia a fonte sacerdotal
aconselha num sentido positivo: “É assim que amarás ao teu próximo, ele é como
tu”. E num sentido negativo; não repetir o que os Egípcios fizeram com Israel:
“Esse migrante tratá-lo-eis como um nativo, amá-lo-ás, ele é como tu”. (Lv 19,
18 e 34). Esta tradução de Martin Buber:
“ele é como tu” rompe com o egocentrismo “como a ti mesmo”. O pai Tobit ensina
o filho: “O de que não gostas não o faças a ninguém”. Tobit 4,15. Rabi Hillel
(30 a.C.-9 d.C.) repete esta regra argumentando, que esta regra é toda a Torá,
o resto é explicação.
O Evangelho de Mateus confirma esta
regra: “Portanto, tudo aquilo, que querei que os homens façam a vós, fazei-o vós mesmos a eles: esta
é a Lei e os Profetas” (Mt 7,12).
As tradições de Maomé (Hadithe)
ensinam: Ninguém é um muçulmano verdadeiro enquanto não deseja para o seu irmão
o que deseja para si. “Deseja aos outros homens, o que desejas para ti”.
Empatia: Na empatia
trata-se de sentimentos, emoções, compaixão, misericórdia, o que não se pode confundir com a simpatia ou antipatia. Na simpatia eu
gosto o outro, na antipatia eu não gosto do outro. Na empatia eu quero sentir o
que sentiria caso se estivesse na situação vivenciada por outros.
(veja o livro: Twelve Steps to a compassionate Life Copyright 2011 Karen Armstrong The Bodley Head
Random House, 20 Vauxhall Bridge Road, London SWIV 2 SA www.rbooks.co.uk)
Cap. 20-24: penalidade, santidade dos sacerdotes (21),
alimentos sagrados (22), festas do ano (23), respeita a Deus e à vida, lei do
talião (24).
E) Conselhos
do Deuteronômio 25,1 – 26,46
Estes capítulos pertencem ao estilo e
pensamentos do Deuteronômio que busca uma sociedade soberana e
igualitária. Javé não fala da tenda, mas
por Moisés no monte Sinai aos filhos de Israel, “Os filhos de Israel” é a mão
sadoquita (25,1). O texto fala do jubileu, da distribuição da terra, do resgate
e das dividas, “Se teu irmão tem dívidas”
(25,35, 42;) recorda a aliança 25,55 e promete benção e maldição. “São os preceitos com os quais Javé fez
aliança com os filhos de Israel no monte Sinai, por meio de Moisés”
(26,46).
IV. Números: Bamidbar:
No Deserto
Do Egito até o Sinai:
Na promessa de uma aliança de Javé com Abrão ainda não há diferença entre amigos e inimigos da aliança, Javé entregará a terra aos descendentes de Abrão (Gn 15,19-21). Não se fala da violência e do extermínio dos habitantes. Porém, a libertação de Javé provoca revolta e resistência da parte do povo: o povo murmura:
A primeira revolta houve diante do mar e dos Egípcios (Ex 14,11-12) quando Javé mostrou sua solicitude e salvou.
Logo após a passagem pelo mar eles encontram água amarga e o povo murmurou (15,14,27). Eles encontraram água.
Entrando no deserto de Sin (Ex 16) de novo murmuração, revolta, falta carne e pão. Javé manda codornizes e maná.
Em Refidim de novo falta água. Eles colocam Javé à prova. O nome de lugar: Massá e Meribá: Prova e Contenda.
Nesta caminhada do mar até o Sinai não houve ira ou punição de Javé, ainda não tinha a aliança. Javé se mostra como um bom pastor, Israel podia confiar em Javé e Moisés (Ex 14,31;).
A aliança no Sinai
Agora mudou tudo com aliança que Javé fez com os israelitas. Israel deve cumprir este pacto, deve contribuir da sua parte. Javé é fiel (emunah), é um Deus ciumento (el-qannã). A segunda palavra anunciava: ¨Não faça para você ídolos, porque eu, Javé seu Deus, sou um deus ciumento¨! (Ex 20,4-7, Dt 5,8-10;)
¨Não te prosternarás diante desses deuses e não os servirás pois eu sou Javé, teu deus, um Deus ciumento, visitando a iniquidade dos pais nos filhos, por três ou quatro gerações – se eles me odeiam – mas provando a minha fidelidade a milhares gerações.- se eles me amam -.
A cólera de Javé:
Agora há o pacto entre Javé e o povo. Javé é um deus ciumento que de sua parte guarda a aliança enquanto o povo é traidor e quebra a aliança. Moisés demora na montanha e o povo faz um bezerro de ouro. ¨ É um povo de dura cerviz, minha cólera se inflama contra eles. Vou eliminá-los¨ ( Ex 32,9-10. Os filhos de Levi reuniram-se em volta de Moisés que manda: cada qual mate irmão, amigo vizinho. Houve cerca de três mil mortos no meio do povo (Ex 32,25-29). ). A cólera de Javé se dirige primeiro contra o próprio povo e não contra os habitantes da terra.
O livro dos Números é o grande final do
projeto sadoquita, ainda no deserto do Sinai, um mês depois de ter sido erguida
a tenda da Reunião, Javé determina o recenseamento do povo: clãs, famílias (1,2),
por exércitos (as tropas fornecidas por uma tribo).
Com
certeza as lições do deserto foram um elemento aglutinador de memórias
provenientes de vários lugares e grupos.
Vamos ver como a mão sadoquita interveio no conjunto das memórias para dar
fundamento e substancia ao projeto hierocrático.
As palavras “filhos de Israel” indicam quase sempre um
escrito sacerdotal pós-exílio e significaram os repatriados que voltaram de
Babilônia em contraste com os judaítas remanescentes, chamados povo da terra. 53 vezes aparecem os “filhos de Israel”
no Levítico, 54 vezes no livro dos Números.
Os escribas do secundo templo fizeram a última revisão
dos livros sagrados e mudaram as antigas memórias do povo para legitimar o
poder sacerdotal como aconteceu no livro dos juízes (Jz 17-21) “E violentaram
sua memória” Ribla 41, p.17.
1.) Os Levitas, os filhos de Leví: (S)
Os levitas não foram recenseados, eles se encarregarão
da morada do testemunho (1, 58), acamparão em redor da tenda (1,53), enquanto
os filhos de Israel formam o acampamento a certa distância em torno da tenda: a
leste (2,3)...ao sul (2,10)...a oeste (2,18)...ao norte (2, 25) com
um número fantasioso de exércitos.
Na ruptura da aliança (Ex 32, 25-30) são os filhos de
Levi que mataram cerca de três mil homens, “Recebei hoje a investidura da parte
de Javé, cada um ao preço até mesmo de seu filho e de seu irmão”. Mostra o zelo
religioso desta tribo. O Deuteronômio não menciona este massacre. Nos capítulos
19 – 21 dos Juízes encontramos a mão do redator final da Torá: se fala dos
filhos de Israel, da assembléia, como comunidade com soldados em número
fantasioso. A mulher de um levita foi maltratada e morta pelos Benjamitas e
segue a vingança.
Somente a
tribo de Levi está encarregada da morada do Testemunho (Documento na tradução
TEB, mas não aliança como traduz a Bíblia pastoral) 1,49-53. Os levitas são
diferenciados dos sacerdotes, eles estão à disposição do sacerdote Aarão (3,5-13),
são doados aos sacerdotes, estão em troca de todos os primogênitos.
“Os
Levitas acamparam ao redor da habitação do Testemunho. Deste modo a ira não se
manifestará contra a comunidade dos filhos de Israel” (1,53). Os levitas são
agora os limites do espaço sagrado que antigamente impediam o acesso do povo no
Sinai. A Tenda da Reunião será o centro (2,1).
A grandeza
dos Levitas é também, sua limitação: “faze
aproximar-se a tribo de Levi e põe-na a disposição de Aarão, o sacerdote; Eles
estarão a seu serviço... Darás, pois, a Aarão e a seus filhos os Levitas, como
doados ” (3,6). “Se os Levitas
ultrapassarem os limites e tocarem as coisas santas, de uso sacerdotal, eles
também morrerão” (4,15-20).
A função
dos Levitas lhes advém do Santuário, da Arca e do Altar, mas eles serão
devidamente distanciados destes mesmos objetos.
Seguem o
estatuto dos levitas, (cap.3), prescrições rituais (cap. 5-9)
2,) Do Sinai pelo deserto até Cadesh:
A partida:
O capitulo 10 volta a falar em termos militares,
quando é definida a ordem de marcha. Toda a ação da comunidade será comandada
pelos diferentes toques das trombetas, como em todo o exercito, como em todas
as antigas guerras. “Serão os filhos de
Aarão, os sacerdotes, a tocar as trombetas” (10,8). Os chefes desse
exército serão os sacerdotes. O exercito é uma figura de um povo ordenado e
obediente. As trombetas estarão ligadas ao santuário e ao altar (veja Josué
6,9; 1 Samuel 4,5).
. O “Príncipe” de Judá não é mais o rei, mas
sim o Sumo Sacerdote. A terra de Judá será considerada “porção santa” reservada a Deus e preservada pelo sumo sacerdote.
O elemento
estabilizador deste sistema será a separação e distinção entre o que é sagrado
e o que é profano, o que é impuro e o que é puro. O livro dos Números segue as
orientações de Ezequiel 40 – 48.
Este modelo de sociedade hierocrática foi idealizada
como a imagem da comunidade ideal, a “societas
perfecta”, o tipo do novo Israel, figura da igreja reunida ao redor de
Cristo e de seus ministros e sacerdotes .
Até
Cadesh:
(Nm 10,29-12,16) A memória da profecia e não do sacerdócio marca esta página, é a mão do Javista. O maná era parecido com a semente de coentro (11,7). Fala dos setenta anciãos, que recebem do espírito de Moisés (11,17 ss)
(Nm 10,29-12,16) A memória da profecia e não do sacerdócio marca esta página, é a mão do Javista. O maná era parecido com a semente de coentro (11,7). Fala dos setenta anciãos, que recebem do espírito de Moisés (11,17 ss)
“Oxalá todo o povo de Javé se tornasse um
povo de profetas! (11,29). A presença de Miriam mostra a antiguidade do texto 11,35-12,16;
(veja Ex.15,20-21).
A missão dos
doze exploradores (Nm 13).
Foi incluída a
figura de Caleb e Josué, esticando até 40 anos a viagem no deserto. Aarão está
sempre ao lado de Moisés (antes não). Na revolta Moisés intercede e cita Ex
34,6-7: “Eu sou Javé, lento par a cólera
e cheio de bondade fiel, que tolero a iniquidade e a rebeldia, mas sem nada
deixar passar... (14,18). Javé responde:” Eu juro, não entrareis na terra em que
fiz juramento de vos estabelecer, a
não ser Kaleb e Josué
(14,30). A mão
sadoquita acrescentou umas páginas legislativas: oferendas, tributos, ritual,
Sábado (15).
O protesto contra Moisés em Haran:
Todos os filhos de Israel protestaram contra Moisés e Aarão (Nm
14,1-4). A crise mais grávida após o bezerro de ouro. Eles querem nomear um
chefe e voltar para o Egito. Pela primeira vez não Moisés mas Javé mesmo fica
responsável pelo êxodo. Punição: esta geração de dura cerviz não entrará na
terra prometida (Nm 14,26-38).
Revolta de Qôrah, Datan e Abirâm:
Revolta da aristocracia levítica contra Moisés e
Aarão:¨ Com que direito vos elevais acima da assembleia do Senhor¨? (Nm
16,1-3). A terra se fendeu e os engoliu (Nm 16,32). Revolta do povo e 14700
foram vítimas (Nm 17,13). Esta
passagem resulta da fusão do Javista (revolta de Datan e Abirâm contra Moisés)
com a mão sadoquita que acrescenta a revolta de Qôrah por não aceitar a autoridade sacerdotal.
O povo
consagrado a Javé (16,3) murmura contra
a autoridade de Aarão (16,11). O antigo conflito entre os chefes e Moises
vira-se agora o conflito entre levitas e sacerdotes (16,9-10). A terra
engoliu toda a gente de Qôrah. O povo gritou: Fujamos, senão a terra nos
engolirá também (16,31).
O bastão de Aarão (Nm 17,25)
A comunidade dos filhos de Israel se
revolta, de novo vítimas de flagelo. Destaca-se: o poder propiciatório de
Aarão (17,11-15), o primado dele (17,16-25), supremacia dos sacerdotes sobre
levitas (18,7). A legitimidade
dos sacerdócios consiste em operar a expiação dos pecados após as revoltas
contra Moisés. Agora o sinal da terceira aliança é a vara de Aarão (Nm 17, 25).
A escolha de Aarão é considerada a partir da ação de Finéias, filho de Eliazar,
filho de Aarão. Ele recebe de Deus a promessa de uma aliança de paz (Nm 25,13).
Todos os capítulos destacam o poder sacerdotal
para expiar e perdoar. Seguem prescrições diversas
3.) De Cadesh a
Moab Nm 20,1 -22,1:
Da mão
sadoquita são as águas de Meriba e o castigo de Moisés e Aarão (20,1-13), a
morte de Aarão e a investidura de Eliazar (20,22-29).
A
narrativa sobre a água em Números foi redigida mais tarde do que Êxodo 17 e
mostra o conflito entre a comunidade e a liderança (Moisés e Aarão). Este
trecho fala do pecado de Moisés.
1 – A comunidade inteira dos filhos de Israel acampou em Cadesh.
A palavra “Cadesh” corresponde
ao versículo 13 onde se
fala da “Cadoshe” da santidade de Javé)
2 – As pessoas se amotinaram contra Moisés e Aarão
3 – Quem dera tivéssemos morrido... Porque você trouxe a comunidade a
este deserto?
6 – Moisés e Aarão foram à entrada da tenda e a glória de Javé
apareceu...
7 – Javé disse: “ordene que a rocha dê água” (a fonte dos sacerdotes
valoriza a palavra. Moisés
devia
falar “que a rocha dê água” em vez disso, Moisés acusa o povo e duvida se pode
fazer jorrar água. Seu pecado é não obedecer a Javé.
10 – Moisés disse ao povo: “Ouçam rebeldes: acaso poderemos nós fazer
jorrar água?”
11 – Moisés bateu duas vezes na rocha (em vez de falar ele bate na
rocha).
12 – Javé disse: “Visto que não
acreditando em mim, não manifestaste minha santidade não fareis entrar esta assembleia
na terra”.
(É o único texto que
explica porque Moisés não introduziu o povo na terra. Apesar disso é uma
advertência aos sacerdotes que não estão a serviço do povo).
13 – Meriba: significa contenda ou processo, Javé manifestou sua
Cadoshe = santidade.
Desta vez Moisés duvida: ¨Acaso poderemos nós fazer jorrar água deste
rochedo¨? Eles devem falar ao rochedo,
mas não bater nele. Moisés e Aarão não vão entrar na terra. (Nm 20,1-13). Morte
de Aarão (20,22-29)
Primeiro interdito contra os canaanitas: (Nm 21, 1-3)
Israel votou os canaanitas ao interdito, tanto eles como suas cidades. Deu- se a este lugar Hormá, se parece com herem = interdito..
Israel votou os canaanitas ao interdito, tanto eles como suas cidades. Deu- se a este lugar Hormá, se parece com herem = interdito..
Violência contra os costumes e cultos dos outros povos é santa e necessária para que Israel fique santa. ¨O Dt 7,1-6 decretou: ¨Quando Javé te tiver feito entrar na terra cuja posse vem assumir e ele tiver expulso de diante de ti numerosas nações, o hetita, o guirgashita, o emorita, o canaanita, o perizita, o hivita,e o jebusita, sete nações mais poderosas e mais fortes do que tu, vota-los- ás por completo ao interdito¨.( Cf. Dt 20, 1-20;.
A serpente de bronze:
Continuação de Meribá: Partiram de Hor-a - Montanha o povo perdeu a
confiança em Javé que enviou serpentes abrasadoras. Pediram a Moisés que Javé
afaste de nós as serpentes. (Nm 21,4-9).
4.) Moab
Os oráculos de Bileam
Na terra de Balaq, rei de Moab na frente de Jericó
Bileam, montado num jumento, deve amaldiçoar os tribos de Israel, mas abençoa.(Nm
22,1-24,25).
Estas
memórias são bem antigas e proféticas. Balaão (Bileãm) segundo um relato
Eloísta era um adivinho arameu, ele não cedeu às instâncias do rei de Moab,
antes de ser sido autorizado por Deus. Como no outro relato era midianita
(31,8), pôs se a caminho para atender ao apelo de Balaq sem permissão por Deus.
Barrado pelo anjo (a jumenta) teve de retornar e Balaq teve de ir procurá-lo.
Mas na
redação sadoquita ele é apresentado como falso profeta (31,8 e 16). Balaão vê
uma estrela que avança de Jacó (24,17) veja Mateus 2,7.
Traição de Israel
Israel
trai Javé, pois prostituiu com as filhas de Moab. Israel se pôs sob o jugo do
Baál de Peor. Moisés disse aos juízes: Cada um de vós mate aqueles que se
puseram sob o jugo do Baál de Peor. O sacerdote Pinhás mata os culpados. (Nm
25,1-18).
A benção de Finéias, filho de Eleazar (25,12-13) serve
de contrapeso às bênçãos de Balaão sobre todo o povo. O novo chefe é Josué
(27,12-23), mas quem consulta a Javé será Eleazar: o sacerdote será a suprema
autoridade.
5.) Instruções para Canaã
Josué sucede Moisés (Nm 26-27) Oferendas dos dias da festa, votos da mulher (Nm 28-30) Regras na guerra contra os Midianitas (Nm 31)
Gad, Rúben e Makir se instalam a leste do Jordão (Nm 32)
As etapas, as fronteiras da terra, instruções (Nm 33-36)
A violência sexista no Livro de Números:
5,11-31: a prova da mulher suspeita de
adultério
12,1-16: castigo de Mirjam e 20,1 a morte
dela
25,1-18: o massacre de Cozbi, a midianita
27,1-11: cinco irmãs e a terra
30,1-16: voto de mulher
31,1-18: o massacre das midianitas
36,1-13: o controle da herança das
mulheres (Ri 41, p. 11)
Consequências na história:
O
Êxodo significa primeiro uma saída revolucionária de um império opressora,
secundo a eleição de um grupo santo e superior, terceiro a entrada e a colonização
de uma terra prometida. Carolo V mandou
ler cap. 20 do Deuteronômio para
justificar o extermínio dos índios na América Latina. No sec. XVII os
`Puritanos` da Inglaterra saíram para o novo mundo conscientes de ser o novo
Israel para fundar uma nova sociedade conforme os mandamentos de Deus. Até hoje
os EUA se acham chamados de trazer democracia
e capitalismo ao mundo.
O
nacionalismo na Europa do sec. 19 se fundou nestas ideias da eleição de
Israel (Max Weber). O radicalismo da direita em Israel
contra Palestina tem aqui sua raiz. Não
é de admirar como os muçulmanos radicais (IS) acabam os seus inimigos no
extermínio.. (Jan Assmann, p. 277 e 397)
V. Falas de Moisés (Deuteronômio)
Por causa das leis, preceitos e
costumes a Septuaginta (LXX) traduziu “As falas de Moisés” por “Segunda Lei”
(Deuteronômio cap. 12-26).
INFORMAÇÃO:
A ideologia
dos Sadoquistas só aparece no final com alguns comentários a partir do cap. 31.
Jesus segue a tradição das ´Falas de
Moisés´ e dos Videntes (profetas).
Organização do Livro:
1 Caminho do Horeb para o Nebo: todo o tempo
do deserto 1, 6 – 3,29 :
2 Admoestação: Agora Israel, escuta 4 ,1
– 4,40 :
3 Acontecimentos no Horeb: As 10 Palavras da
Aliança 5,1 – 6,3:
4 Admoestação: Escuta Israel Javé é um, amarás
Javé. 6,4 – 11,25:
5 As leis, preceitos e costumes. 11,26 – 26,19
6 Aviso para o futuro, benção e maldição”
27,1
– 28,69;
D Cap.12 até 26 contem o código das Leis,
preceitos e costumes, são um ensino de exortações, , apelos e advertências, se
referem a costumes antes dos reis. Interesse especial tem os Levitas. O autor
de D se deixa provavelmente encontrar entre os levitas e não entre o pessoal do
rei.
A pessoa que escreveu as leis vem dos
sacerdotes de Silo, só os levitas são verdadeiros sacerdotes, o povo deve
cuidar deles, eles reconheceram um rei, porque o líder deles, Samuel, chamou e
ungiu os primeiros dois reis.
Dtr 1 O
deuteronomista pegou o código das Leis e escreveu uma introdução (D 1-11) ,
depois colocou o codigo e terminou com bênçãos e maldições ((Dt 27-28). Ele
entrega tudo aos levitas. O autor estava ligado com os sacerdotes de Silo. O
Josias foi o herói do autor, Josias reparou a injustiça, que os levitas sofreram
durante 300 anos. Jeremias: Ele admira Josias, estava associado com aqueles que mexeram com a Torá, quatro
vezes ele menciona Siló. Jeremia é sacerdote, mas nunca ofereceu sacrifícios. O
livro de Jeremijas tem a mesma linguagem como Dtr. D e E se completam.
Dtr
2 O autor exilado completou a história, vivendo
no exílio após a destruição de Jerusalém e das prometas de Javé. .(Dt 4,26;
4,27; 28,63; 28,64; 30,18). O povo, libertado do Egito, volta a Egito. Jeremias
é o autor: durante o domínio de Josias ele estava em Jerusalém, mais tarde no Egito (Jr 42), Jeremjas, o profeta e Baruc,
o escritor ou colaborador, são os autores. Um sigilo em argila diz:
¨propriedade de Baruc, filho de Nerias, esrevente¨.(p 154)
7 Palavras sobre felicidade ou desgraça 29,1-
30,20; 8. Investidura de Josué 31;
9 Cântico de Moisés, 32; a benção
e a morte de Moisés: 33 – 34;
1. O Caminho do Horeb para o Nebo 1, 6 –
3,29
Moisés fala
depois 40 anos na Arábia, no monte Nebo (1,1) Estes capítulos lembram a dura
caminhada de Horeb até o monte Nebo. Moisés fala no monte Nebo onde ele vai
morrer.
Ele quer
entrar na terra prometida, mas Javé não o escutou por causa do povo (3,23 -29 e
4,21–22). Já no Êxodo 32,32 Moisés tinha falado “Se quiseres tirar o pecado
deles... Se não, risca-me do livro”. No Deuteronômio 32, 51 Javé falou a
Moisés: “Pois vós (Moisés e Aarão) cometestes uma infidelidade contra mim, no
deserto de Sim quando não reconhecestes minha santidade”. (Nm 20,10) Moisés e
Aarão não confiavam na efetividade da palavra de Deus e falavam: “Acaso
poderemos?”. Tudo mostra a solidariedade de Moisés com seu povo.
Diante de
Bet-Peor Moisés fala encarando a morte, ele não pode ver o resultado do seu
trabalho. Na Bíblia os verdadeiros lideres
são aqueles que, liderados por Deus, fracassam.
O relato do
Dt pode ser o modelo para o livro dos Números, 1,3 acrescenta os filhos de
Israel, o que não aconteceu depois:
Juizes:
1,9-18 (Nm 11,11-17 e 24-30)
Revolta em
Cadesh-Bernea: 1,19-2,1 (Nm 13+14)
Travessia
pacífica de Edom, Moab e Amon 2,2-23;
Ocupação de
Sihon,2,24-37 (Nm 21,21); Og 3,1-7 (Nm 21,33-35)
Partida de
Guilead 3,8—22 (Nm 32)
2. Agora Israel escuta 4,1 – 4,40
Este
discurso lembra a aliança no Horeb. No Livro Êxodo Moisés ouviu as DEZ PALAVRAS
e os transmitiu ao povo. Agora o povo mesmo é partidário de Javé: “enquanto
vós, os partidários de Javé, estais vivos ainda hoje”. (TEB 4,4). Agora as DEZ
PALAVRAS são pronunciadas a todo o povo: “Desde o dia em que Deus criou a
humanidade... aconteceu a algum povo escutar, como Tu, a voz de um Deus?
Escutaste suas palavras” (4,32 – 38).
Moisés não
transmite as dez palavras, mas as leis preceitos e costumes ao povo. O livro
fala dos pais e filhos, os pais contam a história da libertação, os filhos
perguntam. O Deus é Deus dos pais Abraão, Isaac e Jacó. Observa: não se
menciona sacerdotes ou escribas ou mestres e sim os pais. por isso a importância da quinta palavra:
Honra pai e mãe para viver feliz na terra prometida 4,9; 4,25; 4,31; 4,40;
5,16; 6,1-3; 10,15;).
3. AS DEZ PALAVRAS da Aliança 5,1 – 6,3
No Êxodo
33,11 “Javé falou com Moisés face a face”, aqui (Dt 5, 4) “Javé falou convosco
face a face”.
As dez
Palavras da Aliança são escritas em duas tábuas. As primeiras cinco Palavras
falam do compromisso com Javé que libertou Israel do Egito (primeira Palavra).
O Sábado está em favor do trabalhador. A quinta Palavra avisa a Terra
Prometida. Os filhos escutem o que os pais falam da experiência de Deus com o
povo.
As outras
cinco Palavras falam do compromisso social do povo.
Javé falou
estas palavras a toda a vossa assembléia (5,23 – 27). A assembléia é um termo
pós - exílio (qahal, veja Coélet), o grego traduz ekklesía (igreja).
4. Shema Israel 6,4- 11,25
Escuta Israel: Este
chamado avisa o futuro na terra prometida.
“Javé, nosso Deus, Javé é um. Amarás Javé teu Deus com todo teu
coração, com todo o teu ser, com todas as tuas forças” (6,4). Javé é um: Em
geral se traduz único, frisando que não tem outros deuses, mas “um” significa
que Javé não é divisível, separável, Ele é inteiro, por isso amarás totalmente
Javé. Ele é um Deus ciumento (6,15), uma linguagem de enamorados.
Precisa
guardar e praticar. Como resposta ao discurso de Moisés e em conseqüência das
leis, preceitos e costumes o povo professa o Creio de Israel: “Quando teu filho
perguntar: porque essas exigências?” (6,21 – 25). Por ocasião da oferta das primícias da terra,
o povo confessa de novo o Creio: Declaro hoje a Javé que cheguei a terra... “O
sacerdote receberá o cesto de tua mão.” Os sacerdotes são os pobres Levitas,
que junto com o migrante, órfão ou viúva recebem o dízimo trienal (26,1 – 12).
7,1-26 Como Israel
deve tratar as nações e gentios na terra que Israel vai ocupar. Javé escolheu Israel, não por ser uma
nação grande, Israel é a menor de todos os povos, mas Javé ama Israel (7,8),
por isso não deve se contaminar com os costumes dos pagãos. “Pois tu és um povo
consagrado a Javé, (7,6) ”porque Javé vos ama”. (7,8 e 7,13).
8,1-20 Lembra o
deserto, quando o povo aprendeu que “nem só de pão vive o homem, mas que ele
vive de tudo o que sai da bocas de Deus”. Moisés avisa a tentação na terra
prometida, não pode esquecer as lições do deserto.
9,1-9,29:
Escuta Israel: lembra o bezerro de
metal fundido. Moisés intercede diante de Javé. “Vejo este povo” (não mais “meu
povo”) é um povo de dura cerviz. (9,13). Não menciona o massacre dos Levitas
(Ex 32,25-29)
10,1-11 As tábuas novas e a arca: Nas tábuas foram escritos as dez palavras. Javé separou a tribo de Levi para
transportar a arca de madeira (6-9).
10,12-11,25: Conclusão “Agora:
Israel, o que Javé, teu Deus, espera de Ti? Temer a Javé amando e servindo Javé
(10,12)”. Javé ama o migrante, por isso amarás o migrante, pois foste migrante
(10,19).
5.
As leis, preceitos e costumes 11,26 – 26,19.
Estas
leis, preceitos e costumes não se apresentam na forma literária de um código de
leis, mas são um ensino acompanhado de exortações, apelos e advertências. O
amor ao irmão ultrapassa qualquer lei. O livro fala sempre do irmão, mas não
como masculino, mas também feminino. Moisés aparece mais como um mediador da
Torá. Como um Rabi ele ensina as leis e entrega esta tarefa aos levitas 33,10.
Estes
capítulos começam com uma benção e maldição celebrativa no monte Garizim
(benção) e Ebal (maldição) “Vede, eu ponho hoje diante de vós benção e
maldição” (11,26 – 32) e terminam com a celebração da aliança em Siquém (entre
Ebal e Garizim) onde se encontra o poço de Jacó (27,1- 28,69). “Eis as palavras
conclusivas da aliança 28,69” .
O lugar
escolhido por Deus para os sacrifícios (12,2 -15).
Suprimir
completamente os lugares dos deuses com seus altares e estelas, só tem um santuário
“No lugar que Javé tiver escolhido” (12,5), assim como só tem um Deus. O texto
não menciona o templo em Jerusalém, talvez avisa ainda a grande liturgia em
Siquem (Dt 27).
Lá se
oferecem os sacrifícios a Deus. Oferecer é o mesmo termo que se usa para abater
um animal para consumo doméstico (No Levítico 1 se fala dos sacrifícios
inteiros a Deus e no cap. 3 dos sacrifícios a Deus, da qual uma parte é para os
sacerdotes e o resto para o povo).
O Dizimo 14,22 – 14,29
O povo deve
separar o dizimo dos produtos do campo, mas não é para o templo nem para os
sacerdotes. Após a oferta eles comem diante de Javé. Por quê? Para aprender a
temer a Javé. O dono do produto não é qualquer poder político ou sacerdotal,
mas o único Javé que devolve ao povo o que o povo apresenta. Nunca mais um
produto aos outros donos, o povo é autônomo. A santidade de Javé é a sua
misericórdia, Ele cede seu direito aos pobres: se aproximar Dele significa
vida.
Os Levitas 14, 27 – 29
O
nosso livro não menciona os sacerdotes como o Livro Levítico, só fala dos Levitas
em 10, 8-9; 12,12; 14, 27–29; 16,13–15 e 26,10–11. Os Levitas, provavelmente na
reforma de Josias, perderam sua função no santuário (Nos Números os Levitas têm
uma função inferior aos sacerdotes, serão doados aos sacerdotes para guardar o
santuário Nm 3,5-10 e 4,15-26). No final de três anos o povo deve distribuir o
dizimo aos Levitas na porta de sua cidade.
Eles são pobres como a viúva, o órfão e o estrangeiro.
Remissão das dividas 15,1-11
A
cada sete anos acontecerá a remissão (renuncia, desistência, abdicação) das
dividas, “É verdade que no meio de vocês não haverá nenhum pobre (ebjon)” (15,4).
Mas isso só vale, se o povo na verdade pratica a Torá, se não pratica, haverá
pobre. Quem emprestou uma coisa do próximo, deu um penhor, na maioria das vezes
a própria vida. Apos sete anos o credor deve abrir mão e perdoar as dividas (a
mesma coisa acontece com a terra no sétimo ano) “deixa a terra em descanso” (Ex
23,10-11).
Irmão e Irmã como escravos 15,12-18
A palavra
irmão não significa só masculino ou macho, mas sim irmão e irmã (hebreu e hebreia).
Na antiguidade, em Atenas o escravo era uma coisa, não uma pessoa. Para se
libertar da escravidão precisava pagar. Não é assim no Deuteronômio: o escravo
não só merece roupa, alimento, moradia, merece muito mais: ele aumentou com seu
trabalho o valor dos bens do dono, ele trabalhou um excedente, por isso: ler
15,13. Sobre escravidão naquele tempo veja Ne 5,1-11.
A teologia das festas 16, 1 - 17.
Páscoa,
festa das semanas e a festa das tendas não são um rito nem um sacrifício a
Javé, elas são uma ceia em comum: “faça
uma festa alegre, com filhos e filhas, escravo e escrava, levita e migrante,
órfão e viúva” (16,13-15). Depois do encontro com Javé sempre tinha um banquete
(Ex 24, 17). A ceia de Jesus também é um banquete.
Sobre o poder dos lideres
O nosso livro quer um povo de
irmãos, quer autonomia e igualdade: só Javé (5, 32 – 6,9), não mais um
rei em cima deles, que exige tributos. Temos uma divisão dos poderes:
Os juízes (16,18; 17,7): eles não
devem defraudar o direito, mas procurar a justiça. Quem faz o que é mau aos
olhos de Javé vai ser levado às portas da cidade. A morte será feita mediante o
depoimento de duas ou três testemunhas. Num caso grave se vai ao tribunal
chamando o sacerdote – levita e juiz. (início do sinédrio).
Prescrições para os reis (17 14;
20): precisa escolher um rei dentro dos irmãos, ele não pode ter muita riqueza,
deve ler todos os dias a Torá...
Os
levitas (18,1 – 8). Às vezes são chamados sacerdotes levitas da tribo de Levi,
não são os sacerdotes de Aarão como no Levítico, eles não terão patrimônio, são
como órfão e viúva, recebem dos sacrifícios os partes menos importantes.
Os profetas. (18, 9 – 22)
Moisés é
apresentado como profeta: “Será um profeta como eu que Javé suscitará dentre
teus irmãos”. (Dt 18, 15 –18) “Nunca mais em Israel surgiu um profeta como
Moisés” 34,10. Moisés fala para uma comunidade no caminho, a terra é só
prometida, precisa conquistá-la (4,40; 5,16; 6,2; 10,13; 11,8).
A conquista militar 20,10-20
Ela é uma
construção ideológica: símbolo da fé, não uma ação concreta, não é mérito, mas
graça (9,1-7). As leis da guerra 20,10-20 (veja Nm 21,1-3): No combate primeiro
fazer uma proposta de paz, se não aceitar passar os varões ao fio da espada,
mas conservar as mulheres e as crianças.
Regras e advertências no Levítico 25-26,2
Lv 25,1-26,2 pertence a esta República da Torá.
Nestes capítulos Javé chama do monte Sinai, não da tenda. Deuteronômio e Levítico
tratam do mesmo assunto.
O ano sabático: Lv 25,2-7
O schabbat
no sétimo ano será um ano de festa, um ano de cessação (largar). Esta cessação
serve a Javé, mas Ele dá os frutos deste ano para o dono do campo junto com
aqueles que pertencem a casa.
O jubileu Lv 25,8-13
O Jubel é
uma trombeta que anuncia o quinquagésimo ano (jubileu). Neste ano cada família
endividada ou escravizada devia voltar para sua terra. Quem havia comprado
terra no correr dos cinqüenta anos devia devolver à (shub). Shub = devolver,
voltar, converter e não “fazer penitência”. Javé deixa devolver (shub) para Jó
o que tinha antes Jó 42,10. Javé deixa voltar (shub) os exilados de Babilônia
para a terra de Israel. Assim se restabelece a igualdade entre irmãos.
Compra e venda Lv 25,14-17
Não vale a
lei do mercado “oferta e procura”, (se temos muita oferta e pouca procura o
preço cai, mas no contrario o preço sobe). Precisava resolver o problema: qual
é o preço justo da mercadoria. A resposta: “não explorar” (Ex 22,20). Aqui se
trata de compra e venda da terra, a terra mesmo não tem valor, o que vale é o
produto da terra. Em geral o comprador tinha vantagem, porque o dono da terra
devia vender. O sentido é: não fazer como o Egito fez. Egito explorou, eles não
devem explorar. A terra nunca será vendida em caráter perpétuo: “pois a terra é
minha” (Lv 25,29).
Se teu irmão no fundo do poço Lv 25, 25 - 47.
Os
versículos 25, 35, 39,47 do capitulo 25 falam o que fazer “Se teu irmão está
bem no fundo do posso e a mão dele vacila contigo”. O “Goel”, o resgatador, tem
obrigações com os parentes e deve resgatar o parente enquanto está na miséria,
no fundo do posso. O livro de Rute ilustra esta situação. Nos versículos 29,34
diferencia-se o valor da casa na cidade, da vila ou campo.
Se teu irmão
está no fundo do posso, não cobre dele juros (a palavra hebraica é morder) a
fim de que ele possa sobreviver.
Vendido ao
próprio irmão Lv 25, 39 - 46.
Se teu irmão
precisa se vender ao irmão (irmão judeu) 25,39-46: na realidade não tem
igualdade, sim há escravidão. Não deve ser tratado o irmão vendido como os
escravos no Egito. Os filhos de Israel pertencem a Javé, eles podem voltar para
a terra dos pais. Não assim os filhos das nações, eles podem ser comprados.
Vendido a um
estrangeiro Lv 25,47-55
Aqui se regula
o resgate se um irmão judeu no fundo do poço foi vendido a um estrangeiro. Mas
o estrangeiro precisa respeitar a lei do
resgate.
“Pois é para
mim que os filhos de Israel são servos; são meus servos eles, a quem fiz sair
da terra do Egito, Eu sou Javé vosso Deus” (Lv 25,55).
Uma festa celebrativa depois de tomar a posse
da terra Dt 26, 1 – 15
(Primeiro é
uma ação cultual, é uma festa anual agrária com a palavra chave “entrar”: a)
entrar na terra, b) entrar na
colheita nos celeiros e c) entrar nos santuários com a Profissão da Fé.
(26,5...) Segundo é uma partilha: “farás festa com o Levita e o Migrante. Cada
três anos o dízimo é para o Levita, migrante, órfão e viúva que não tem terra.”
Compromisso mútuo entre Deus e Israel Dt
2616-19
“Ele se torna para ti Deus, tu te tornas para
ele o povo”, “único caso na Bíblia de
semelhante declaração dupla, cada um dos parceiros da aliança obtendo a
declaração do outro, declarações muito semelhantes” (TEB).
6. Celebração da aliança em
Siquém 27,1 – 28,69
Os últimos
capítulos do Dt olham para o futuro e confrontam o povo com a gravidade das
exigências da aliança.
Quando o povo atravessará o Jordão celebrará
uma aliança em Siquém entre o monte Garizim e Ebal. Siquém fica no centro do
país, já Abraão tinha erguido lá um altar (Gn 12,6 – 7). Josué vai fazer esta
aliança em Siquém (Josué 24).
Os levitas
proclamarão as doze maldiçoes e o povo responderá: Amem. Amem significa: o que
é sólido e digno de confiança. De lá vêm as palavras verdade (emet) e
fidelidade (emuna): Amem. É um texto antigo litúrgico (27,14-26).
Seguem promessas de fidelidade e ameaças de
infidelidade (28,1-68). As ameaças (15-68) são duras e se cumpriram na
destruição de Samaria e Jerusalém. Tudo isso Moisés falou na terra de Moab (28,
69).
7.
Ultimo discurso de Moisés 29,1 – 30,20
Mais
uma advertência de Moisés após a promulgação dos preceitos, costumes e leis: Lembra
– te o que Javé fez (29,1 - 8).
Agora, todo mundo está de pé diante
de Javé, que proclama com imprecações (maldições) a Aliança. O compromisso para
servir a Javé vem acompanhado de um juramento imprecatório, quer dizer de uma
maldição. (29, 1 – 20).
A ameaça se
realizou na história do exílio: na sua cólera, em seu furor, em sua grande ira
os arrancou do seu solo, expulsando-os para outra terra (29,21 – 28).
Mas isto não
é a ultima palavra de Javé: Ele voltará atrás e mostrará sua ternura. Ele
circuncidará o seu coração para que você ame a Javé. Ele te fará reingressar na terra (30,1 – 10).
A palavra
não está fora de seu alcance, não está no céu, não está no além mar, está na
sua boca e no seu coração. (30, 11 – 14).
Conclusão:
Escolha a vida e felicidade, não a morte e infelicidade, se não escutas, eu
hoje vos declaro: desaparecereis totalmente (30,15 – 20).
8. Investidura de Josué,
Investidura
de Josué: Finalmente Moisés escreveu a lei e a deu aos sacerdotes, filhos de
Levi, que conduzem a arca (31,1 -13).
Segue um
comentário sacerdotal (31,14-29): Moisés e Josué na tenda da reunião. O
cântico, que segue, serve de testemunho contra os filhos de Israel (31,19). Moisés
acabando de escrever as palavras da lei num livro deu ordem aos Levitas,
portadores da arca da aliança de colocar este livro junto da arca da aliança,
“Ele ficará ali como um testemunho contra ti” (31,26). Testemunhas serão o céu
e a terra (31,28). Esta concepção difere-se dos sadoquitas com a arca do
testemunho (Ex 30,26).
Cântico em honra
do Rochedo de Israel (31,30 – 32,47) do tempo exílio: abertura do processo
v.1-6; benefícios de Javé v. -14; rebeldia de Israel v.15-18; anúncio de
castigo v.19-25; julgamento de Deus contra os inimigos de Israel v. 26-35;
ruína dos falsos deuses v. 36-42; final 43.
Anuncio da
morte de Moisés pertence à tradição sacerdotal (32,48 -52), lembra Nm 20,13.
Moisés abençoa os filhos de Israel, quer dizer as doze tribos (33,1-29) como
Jacó abençoou seus filhos. (Gn 49). A morte de Moisés (34,1 -12). Javé o
enterrou, até hoje ninguém conhece o lugar de sua sepultura (34,6). “Nunca mais
em Israel surgiu um profeta como Moisés, a quem Javé conhecia face a face” (34,10).
9. Cântico, benção e morte de Moisés 31,1 - 34,12 (S)
9. Cântico, benção e morte de Moisés 31,1 - 34,12 (S)
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